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Em boa parte dos livros didáticos, a questão da organização e exploração econômica das terras na América Espanhola ganha pouco ou nenhum destaque. Contudo, sendo a mineração um tipo de atividade econômica finita, devemos também falar sobre como os colonizadores espanhóis elaboraram o uso das terras no tempo em que estiveram no continente americano. Dessa forma, passamos a discutir sobre a formação das haciendas, grandes extensões de terra controladas por representantes da elite hispânica.
Inicialmente, podemos equiparar este tipo de unidade produtiva à plantation brasileira. Em ambos os casos, observamos a existência de uma grande extensão de terras tomada pela formação de monocultura de gêneros agrícolas tropicais e subtropicais. Sob o ponto de vista sócio-econômico, ainda temos que grifar a utilização do trabalho compulsório e a presença de um proprietário que controlava as atividades ali desenvolvidas.
Apesar de tantas semelhanças, devemos mostrar que a destinação da produção agrícola das haciendas era bem diferente das grandes propriedades encontradas no território colonial português. As grandes unidades agrícolas da América Hispânica tinham o interesse de suprir as necessidades de consumo regionais e intercoloniais. No entanto, havia algumas exceções, como nos casos do México e das Antilhas, onde o modelo agroexportador foi empregado para a comercialização de açúcar.
Outro ponto bastante particular das haciendas gira em torno da mão-de-obra empregada pelos colonizadores. Em poucos casos, podemos registrar a utilização de mão-de-obra escrava africana. A falta de entrepostos na costa africana e a grande presença da força de trabalho indígena motivaram os colonizadores espanhóis a não utilizarem os escravos negros. A mais conhecida exceção aconteceu em Cuba, onde o desenvolvimento da indústria açucareira e a falta de índios motivaram o uso dos escravos africanos.
Mesmo com o processo de descolonização, um grande número de haciendas foi preservado. Na Argentina e no México, este modelo produtivo foi responsável por uma grave desigualdade econômica que ainda se manifesta em ambos os países. No caso da região de Santo Domingo, hoje capital da República Dominicana, a desintegração do sistema colonial foi substituída pela organização de várias propriedades rurais de pequeno e médio porte.
Por Rainer Sousa
Graduado em História