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Toda vez que falamos sobre um conflito, as imagens de morte e destruição podem se tornar comuns àqueles que se prestam a refletir sobre o assunto. Sem dúvida, a capacidade de destruição de nossa tecnologia bélica é responsável pela execução de terríveis genocídios que envergonham a trajetória de várias nações. Contudo, não podemos nos esquecer que a História sempre nos presenteia com uma ironia que a faz tão interessante.
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918) uma série de armamentos e técnicas de combate foi empregada a serviço das disputas envolvendo as grandes nações imperialistas. Armas automáticas, tanques e aviões demonstraram ao mundo como o “progresso” e a “civilização” seriam capazes de estudar meios de dizimar o próprio homem. Além disso, várias epidemias, como a gripe espanhola, se espalharam em meio a centenas de pessoas assoladas pelo horror dos conflitos.
Surpreendentemente, foi nesse contexto desolador que uma série de exercícios fora inventada e, hoje, se mostra como uma interessante alternativa para se levar uma vida mais saudável. Tudo isso aconteceu no início do século XX, na cidade alemã de Düsseldorf, lugar onde um jovem magro e desnutrido chamado Joseph Pilates começou a se interessar pelo aprimoramento de sua condição física.
Quando jovem, Joseph trabalhou como auxiliar de um médico de sua cidade. Nesse tempo, teve a oportunidade de entrar em contato com uma ampla literatura médica e conhecer um pouco mais sobre a cultura de antigas civilizações, como a grega e hindu. Fascinado pelo equilíbrio entre mente e corpo elogiado na cultura clássica, Joseph Pilates passou a desenvolver uma série de exercícios que lhe ofereceram uma disposição física de atleta.
Por volta de 1912, aproveitando de suas habilidades, decidiu viajar com uma companhia de circo com destino à Inglaterra. Infelizmente, seu trabalho artístico não durou muito tempo por conta da eclosão da Primeira Guerra Mundial. Tendo nascido em uma nação inimiga da Grã-Bretanha, acabou sendo encarcerado pelas autoridades locais. Mediante o impasse, parecia que o saudável Joseph Pilates teria que amargar a monótona vida de uma cela.
No entanto, foi justamente nessa condição adversa que ele teve a ideia de desenvolver uma série de exercícios que pudesse manter sua invejável forma física. Para tanto, usou o que tinha: beliches, molas de cama, estrados e barras para colocar ele e todos seus companheiros de prisão para se exercitar. Em meio à epidemia de gripe espanhola, a rotina de exercícios criada pelo engenhoso alemão acabou deixando todos os detentos imunes àquela temível doença.
Passados os desconfortos da guerra, Pilates decidiu transformar o improviso e força de vontade em uma apurada técnica que pudesse ser executada por qualquer pessoa. Não por acaso, em 1926, rumou para os Estados Unidos e lá montou o Pilates Studio, academia que se espalhou pelos quatro cantos do mundo. Hoje em dia, a técnica é praticada em diversas academias e vários de seus adeptos atestam a sensível melhora na qualidade de vida.
Por Rainer Sousa
Graduado em História