PUBLICIDADE
Quando falamos sobre guerra, geralmente as pessoas associam o evento ao sofrimento, estragos, violência e à destruição que esse tipo de evento tem a capacidade de promover. Contudo, a situação de conflito também pode se transformar em uma via pela qual novas tecnologias são propostas e conquistadas. De fato, a vitória contra os inimigos pode se tornar uma motivação para que armas e invenções sejam rapidamente desenvolvidas.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os combatentes das forças aéreas tinham a complicada missão de realizar ataques e prospecções sem que fossem alvo das forças inimigas. Naquela época, já havia aviões que cumpriam essa missão atingindo velocidades bastante significativas. Contudo, as aeronaves sofriam com sérios problemas de instabilidade quando atingiam velocidades superiores a mil quilômetros por hora.
A explicação científica dada para esse fenômeno se relacionava ao fato de o som produzir uma onda pressurizada que se move pelo ar em grande velocidade. Quando um avião atingia uma velocidade próxima ao deslocamento dessa onda, sofria com a resistência imposta pela chamada “barreira do som”. Após notarem o problema, e após o fim da Segunda Guerra, os cientistas e militares norte-americanos tentaram fabricar o primeiro avião capaz de superar a poderosa barreira.
Já em 1947, o Comitê Nacional de Assuntos Aeronáuticos e a fabricante de aviões Bell, convocaram o piloto Charles "Chuck" Yeager para realizar os primeiros testes no Bell X-1, o primeiro avião supersônico. Acoplado a um avião B-29, o Bell X-1 realizou o seu voo inaugural atingindo a impressionante marca de 1540 Km/h. Naquele momento, o sucesso da experiência estabeleceu um importante marco na história da aviação mundial.
Uma das grandes preocupações dos idealizadores daquele avião eram as altíssimas pressões que a aeronave sofreria atingindo uma velocidade daquelas. Por isso, o Bell X-1 foi construído com uma fuselagem reforçada de alumínio, para que sua estrutura não se despedaçasse ao romper a barreira do som. Da mesma forma, o motor XLR-11 era todo feito em aço para que suportasse o impacto das explosões geradas por uma eficiente mistura de álcool etílico e oxigênio líquido.
Aliado a esse reforço, o Bell X-1 carregava uma imensa parafernália em equipamentos que pesava mais de 200 quilos. Entre outros elementos, este modelo supersônico levava uma câmera capaz de gravar os instrumentos da cabine; um telêmetro, que verificava a velocidade e a aceleração durante o voo; e um manômetro, que indicava os níveis de pressão em diferentes pontos da aeronave. Além disso, o avião fora desenhado com asas finas e seu formato imitava o design do projétil da metralhadora Browning 50.
Por Rainer Sousa
Graduado em História