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Ao longo de sua brilhante carreira militar, Júlio César foi reconhecido pela incrível capacidade de organização e mobilização das tropas que tinha em seu comando. Em campo, cativava os seus subordinados com um carisma e fluência que os colocavam em uma condição para além do simples combatente. Por outro lado, o general tomava a frente em batalhas muito bem organizadas, em que as legiões eram meticulosamente instruídas e treinadas para garantir a vitória romana.
Desde que alcançou a condição de procônsul da Gália, Julio César nunca tinha sofrido um revés nos campos de batalha em que esteve presente. Na região, a falta de unidade política e militar dos gauleses impedia que este povo tivesse reais condições de oferecer uma sólida resistência contra os romanos. Entretanto, o gaulês Vercingetorix, que servira cinco anos na cavalaria romana, conseguiu empreender uma rápida colisão que imprimiu a primeira derrota do general, na região da Gergóvia.
Passados os efeitos mais imediatos do golpe recebido, Julio César organizou as suas tropas até que conseguiu cercar as tropas gaulesas na região da Alésia. Logo que se fixou ao redor das tropas inimigas, o general Júlio Cesar ordenou que grande parte de seus 70 mil soldados construíssem fossos, trincheiras e armadilhas ao redor do sítio imposto aos gauleses. Além disso, ordenou que valas e muros fossem construídos para fora dos limites dos seus exércitos, impedindo o avanço de tropas aliadas aos gauleses.
Enquanto se protegiam na Alésia, as tropas de apoio aos gauleses empreenderam três ataques contras as forças romanas. Na primeira tentativa, os gauleses foram derrotados em um confronto de cavalarias. Entretanto, no dia seguinte, os gauleses que atacavam pela retaguarda quase venceram o conflito, não fosse a habilidade do tenente Marco Antonio em cobrir as brechas do batalhão romano. No último confronto, a intervenção estratégica direta de César conseguiu subjugar o avantajado exército gaulês.
Ao notar que a manutenção da resistência seria completamente inútil, Vercingetorix organizou uma assembleia e ali deliberou que a rendição era o único caminho. Desse modo, o jovem líder gaulês colocou sua armadura, preparou o cavalo e atravessou os portões de Alésia. Ao encontrar César, jogou suas armas aos pés do general e se ajoelhou como alguém que aceitava a derrota.
Tendo o principal líder inimigo sob controle, Júlio César o manteve vivo para atingir objetivos de ordem política e militar. Do ponto de vista estratégico, a preservação de Vercingetorix anulava a possibilidade de transformá-lo em uma mártir dos povos que resistiam à conquista romana. Politicamente, a exposição do derrotado no momento em que chegava às ruas de Roma dava maior prestígio à conquista realizada.
Por Rainer Sousa
Mestre em História