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Em qualquer tipo de grandes campeonatos, seja Copa do Mundo, Pan-americanos ou Olimpíadas, a preocupação com a estrutura da sede é fundamental. Tanto que a proposta desse fator modifica a estrutura física dos países escolhidos para sediarem os campeonatos.
Um exemplo bastante recente, e muito próximo de nós, foi a escolha do Rio de Janeiro como sede do campeonato Pan-americano: os dormitórios construídos para abrigar atletas, hoje são vendidos a baixo custo e com auxílio de financiamento de um programa de moradia do Governo Federal. Isso significa dizer que, muito embora o custo para sediar um campeonato de grande porte seja alto, o retorno à população existe, porque o custo de ser uma sede se transforma em melhoria de vida para a população após o campeonato.
Outro exemplo ainda mais atual ocorreu recentemente, em meados do mês de junho de 2010. A cidade de São Paulo, esperando que o estádio do Morumbi fosse um dos estádios-sede da Copa do Mundo de 2014, planejara uma linha de metrô que desse acesso ao estádio. No entanto, a Fifa se posicionou, excluindo o Morumbi da lista de estádios que sediarão a Copa. O resultado é que o metrô cancelou o projeto da linha que serviria à região do Morumbi, causando prejuízos estruturais à população paulistana.
Da mesma forma, a África do Sul, por sediar a Copa do Mundo de 2010, foi beneficiada com muitas vantagens. Segundo a central de informações da embaixada sul-africana, a expectativa era de criar por volta de 129 mil empregos e ampliar a contribuição para o PIB com, aproximadamente, 2,7 bilhões de dólares.
A África do Sul disponibilizou dez estádios para a Copa do Mundo. A maior cidade do país, Johannesburg, é local de dois estádios: o estádio Soccer City e o Ellis Park, que acomodam 95.000 e 70.000 pessoas, respectivamente. Para abrigar 70.000 pessoas também há os estádios Cape Town (antigo Green Point), na Cidade do Cabo e o Moses Mahbida, em Durban. Os outros estádios têm capacidade para receber entre 45.000 e 50.000 pessoas. São eles: Loftus Versfeld, em Pretória; Nelson Mandela Bay, em Port Elisabeth; Free State, em Bloemfontein; Royal Bafokeng, em Rustenburg; Mbombela, em Nelspruit e Peter Mokaba, em Polokwane.
O deslocamento entre os estádios deve ser feito ou por meio de transporte aéreo (há aeroportos em todas as cidades) ou através de trens. A reforma impecável do aeroporto de Johannesburg e a construção do novo aeroporto internacional de Durban são dois benefícios indiscutíveis que a Copa do Mundo trouxe para os sul-africanos. Durban, a terceira maior cidade da África do Sul, ganhou o aeroporto internacional de King Shaka, onde foi investido 1 bilhão de dólares.
Johannesburg também inaugurou um trem de alta velocidade (o primeiro em todo o continente africano) ligando o aeroporto internacional a Sandton, bairro muito procurado pelos turistas. O projeto é que, no futuro, esse trem cumpra um percurso que ligue Soweto, no subúrbio de Johannesburg, a Pretória, capital administrativa da África do Sul. Além disso, o governo sul-africano investiu perto de 6 bilhões de dólares para adaptar sua malha ferroviária de carga a um melhor transporte de passageiros.
Nesse sentido, entende-se que sediar um campeonato de grande porte não é um fato ruim, como é muito comum de se ouvir. Fala-se muito de que países tidos como pobres investem muito dinheiro na estrutura para sediar essas competições, ao mesmo tempo em que deveriam proporcionar melhorias diretas para seus habitantes. Ora, se essas melhorias nunca ocorrem, então porque não sediar um grande evento que trará algum tipo de benefício para o país?
Por Paula Rondinelli
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Mestre em Ciências da Motricidade pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Doutoranda em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo - USP