Maria Bethânia

Maria Bethânia é uma das maiores cantoras do Brasil e uma das principais representantes da Música Popular Brasileira (MPB).

Maria Bethânia com roupa dourada e azul em apresentação musical.
Maria Bethânia é uma das maiores representantes da Música Popular Brasileira (MPB).
Crédito da Imagem: Roncca / Instagram @mariabethaniaoficial | Reprodução
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Maria Bethânia é uma das cantoras brasileiras de maior sucesso da Música Popular Brasileira (MPB), com mais de 50 anos de carreira. Natural de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, a artista se tornou a primeira mulher a vender mais de um milhão de discos no Brasil.

Irmã de Caetano Veloso, Bethânia foi influenciada desde muito nova a seguir carreira artística. Conquistou diversos prêmios e homenagens ao longo de sua carreira, marcada por obras e apresentações musicais que relacionam arte, folclore, religiosidade, teatro e literatura.

Leia também: Caetano Veloso — detalhes sobre um dos maiores cantores do Brasil

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Maria Bethânia

  • Maria Bethânia é uma das maiores cantoras do Brasil.
  • Ela nasceu no Recôncavo Baiano, na cidade de Santo Amaro, em junho de 1946.
  • Aos 14 anos, mudou-se com seu irmão para Salvador, onde começou a vivenciar a diversidade da cena cultural da capital baiana.
  • Começou sua carreira na década de 1960, após convite de Nara Leão para substituí-la em show no Teatro Opinião, no Rio de Janeiro. Na ocasião ficou conhecida pela interpretação de Carcará.
  • Gravou com importantes nomes da música brasileira, tanto da Bossa Nova quanto do tropicalismo.
  • Foi a primeira mulher a ultrapassar a marca de um milhão de discos vendidos no Brasil.
  • Com dezenas de álbuns musicais, Maria Bethânia se tornou um ícone da música popular brasileira.
  • As religiões de matriz africana, como o candomblé e umbanda, são referenciadas em algumas canções da cantora.
  • Em 2025, completa 60 anos de carreira musical.

Biografia de Maria Bethânia

→ Nascimento de Maria Bethânia

Maria Bethânia Vianna Telles Velloso nasceu no dia 18 de junho de 1946, na cidade de Santo Amaro, Recôncavo Baiano. Seus pais foram José Velloso e dona Claudionor Telles Velloso, conhecidos como Seu Zeca e Dona Canô.

Foto em preto e branco de Maria Bethânia criança com Caetano Veloso e Dona Canô.
Maria Bethânia ao lado de sua mãe, Dona Canô, e do irmão, Caetano Veloso. (Crédito: Roncca Instagram @caetanoveloso | Reprodução)

O nome da artista foi escolhido por seu irmão, Caetano Veloso, devido a uma canção do compositor pernambucano Capiba, chamada Maria Betânia. A música foi sucesso com interpretação de Nelson Gonçalves na década de 1940.

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→ Infância de Maria Bethânia

A formação musical da cantora começou quando ainda era pequena. Entre artistas que estavam presentes em sua casa devido aos pais e irmãos, estiveram Francisco Alves, Orlando Silva, Maysa, Marlene, Inezita Barroso e Emilinha Borba.

A poesia entrou na vida de Maria Bethânia com a influência de seu pai e dos amigos dele que eram poetas e leitores. Ainda criança, a artista gostava de ouvir as conversas dos encontros de José Velloso com seus amigos, diálogos em que havia muita poesia, contou a baiana no programa da TV Globo Conversa com Bial. A voz de seu pai era muito forte em sua memória, com versos de poemas que vinham à cabeça do patriarca.

Momentos marcantes para Maria Bethânia, segundo depoimentos da cantora, eram aqueles com música em família, quando cantava com seus pais e irmãos. As canções eram acompanhadas de instrumentos musicais, como o piano.

→ Juventude de Maria Bethânia

Aos 14 anos, Maria Bethânia se mudou com Caetano Veloso para Salvador. O objetivo da mudança era iniciar os estudos na fase do ginásio, no Colégio Severino Vieira. Em sua família, era costume dos pais colocar as filhas mulheres para estudar na capital baiana assim que concluíssem o primário, enquanto os homens faziam o primeiro ciclo do secundário em Santo Amaro.

Caetano Veloso afirma em seu livro Verdade tropical que Maria Bethânia não estava contente em viver na capital. Foi a vista para o Dique do Totoró, marcada por águas verdes, que fez com que a cantora construísse seu primeiro vínculo de amor com Salvador, segundo Caetano.

Maria Bethânia em foto publicada no Jornal do Brasil, em julho de 1969.
Maria Bethânia em foto publicada no Jornal do Brasil, em julho de 1969. (Crédito: Evandro Teixeira / Instagram @mariabethaniaoficial | Reprodução.)

Um dos acontecimentos que marcaram essa fase foi a noite do espetáculo A história de Tobias e de Sara, apresentado no Teatro Santo Antônio. A peça foi, para Caetano, responsável por abrir a sensibilidade e inteligência de sua irmã.

Desde então, Maria Bethânia e Caetano Veloso, juntos, passaram a assistir a concertos, peças, filmes, além de acompanhar exposições e grandes festas populares que eram comuns naquela época nas ruas de Salvador.

→ Casamento e filhos de Maria Bethânia

Maria Bethânia é casada desde 2017 com a estilista Gilda Midani, mãe do ator João Vicente.

A artista não tem filhos e vive uma vida discreta ao lado de sua esposa, havendo poucas aparições públicas das duas juntas.

Maria Bethânia e a relação com Caetano Veloso

Maria Bethânia e Caetano Veloso são irmãos, e a relação dos dois é marcada por companheirismo e união. Em seu livro Verdade tropical, Caetano relata que houve um estreitamento da relação com sua irmã nos últimos anos que passaram em Santo Amaro. Eles se tornaram “cúmplices”, e o irmão tinha o hábito de analisar o comportamento da irmã e explicar a dramaticidade de Bethânia para os pais.

Maria Bethânia com os braços dados com Caetano Veloso, seu irmão.
Maria Bethânia e Caetano Veloso em turnê no Rio de Janeiro. (Crédito: Roncca / Instagram @caetanoveloso @mariabethaniaoficial | Reprodução)

Os irmãos subiram ao palco pela primeira vez de forma profissional na inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador. Desde então, Caetano foi responsável por muitas composições interpretadas por Maria Bethânia, tanto de forma solo quanto com participações de grandes nomes da música brasileira. Em 1976, os irmãos saíram para uma turnê musical com Gal e Gil, formando o grupo Doces Bárbaros.

Com muitos trabalhos juntos, Maria Bethânia demonstrou várias vezes em declarações e entrevistas o seu carinho e admiração para com Caetano Veloso.

Carreira de Maria Bethânia

A carreira de Maria Bethânia começou na década de 1960, quando se mudou para Salvador com Caetano Veloso. Foi na capital baiana que a artista conheceu outros grandes nomes da música brasileira, como Gal Costa e Gilberto Gil. Nesse período, começou a vivenciar os trabalhos do grupo Teatro dos Novos. Em 1964, o show Nós, por exemplo reuniu Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Tom Zé.

Foto preto e branco de Maria Bethânia e Gal Costa, jovens.
Maria Bethânia ao lado de Gal Costa. (Crédito: Roncca / Instagram @mariabethaniaoficial | Reprodução)

Sua primeira apresentação solo aconteceu em 1964 e foi chamada de Mora na Filosofia, composta por grandes sambas de compositores como Monsueto Meneses, Ataulfo Alves e Batatinha.

Ainda em 1964, foi convidada para substituir Nara Leão no show Opinião, no Teatro Opinião, no Rio de Janeiro. O espetáculo, que começou poucos meses após o Golpe Militar de 64, consistia em um show-protesto, com a presença de letras que mostravam as realidades do Brasil urbano e rural. Maria Bethânia substituiu Nara Leão no projeto e ficou nacionalmente conhecida, principalmente pela interpretação da canção Caracará, que fez parte desse show.

A projeção nacional da carreira da artista baiana começou a tomar forma a partir de 1965, quando se mudou para o Rio de Janeiro. Fez gravações com artistas do movimento musical da Bossa Nova, como João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Moraes, e também parcerias com os cantores do tropicalismo, como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Torquato Neto.

Os primeiros anos de carreira foram marcados por um repertório diverso, com marchinhas, sambas-canção e boleros. Maria Bethânia desde sempre homenageou compositores e intérpretes que influenciaram sua trajetória artística, tais como Noel Rosa, Dalva de Oliveira e Aracy de Almeida.

Um espetáculo de destaque foi Rosa dos ventos - O show encantado, realizado em 1971. Nele, Maria Bethânia mostrou elementos do rock, tornando-se uma das primeiras artistas a conciliar o público desse gênero com a MPB. Além disso, o projeto evidenciou um sentido político ao fazer referência a artistas exilados no período da ditadura. A obra foi roteirizada por Fauzi Arap.

O ano de 1972 foi marcado por importantes acontecimentos na vida da artista, como sua primeira turnê na Europa e a estreia no cinema com o filme Quando o carnaval chegar, de Cacá Diegues.

Maria Bethânia com roupa e acessórios dourados sorrindo e segurando microfone.
Maria Bethânia lançou dezenas de álbuns musicais ao longo de sua carreira. (Crédito: Diego Moreira / Instagram @mariabethaniaoficial | Reprodução)

O trabalho musical de Maria Bethânia apresenta sua religiosidade, que é de matriz africana, a exemplo da umbanda e do candomblé. Nas letras, há citações a orixás, além de santos do catolicismo, religião que fez parte da sua infância por conta de Dona Canô. Suas obras se tornaram uma forma de divulgar os traços e características das religiões de matriz africana bem como de enfrentar a intolerância religiosa.

A cantora incorporou, em sua construção artística na música, uma diversidade de instrumentação que acompanhou a evolução da Música Popular Brasileira. Entre os instrumentos, estão o piano, o baixo e a bateria até aqueles ligados às giras, como o atabaque e o berimbau.

Veja também: Chico Buarque — outro grande nome da Música Popular Brasileira (MPB)

Discografia de Maria Bethânia

Capa do álbum “Ciclo de Maria Bethânia” com sua foto em preto e branco.
Capa do álbum Ciclo, de Maria Bethânia. (Crédito: Instagram @mariabethaniaoficial | Reprodução)

Entre os álbuns de Maria Bethânia, estão:

  • Maria Bethânia - Ao vivo (1970)
  • A tua presença (1971)
  • Rosa dos ventos - O show encantado (1971)
  • Drama - Anjo exterminado (1972)
  • Drama - Luz da noite (1973)
  • A cena muda (1974)
  • Chico Buarque & Maria Bethânia (1975)
  • Pássaro proibido (1976) 
  • Pássaro da manhã (1977)
  • Mel (1979)
  • Talismã (1980)
  • Alteza (1981) 
  • Ciclo (1983)
  • A beira e o mar (1984)
  • Maria (1988)
  • Âmbar (1996)
  • Imitação da vida (1997)
  • Maricotinha (2001)
  • Brasileirinho (2003)
  • Tempo, tempo, tempo, tempo (2005)
  • Mar de Sophia (2006)
  • Dentro do mar tem rio (2007)
  • Tua (2009)
  • Encanteria (2009)
  • Amor festa devoção (2010)
  • Noite luzidia (2012)
  • Oásis de Bethânia (2012)
  • Carta de amor (2013)
  • Meus quintais (2014)
  • Abraçar e agradecer (2016)
  • Mangueira - A menina dos meus olhos (2019)
  • Noturno (2021)

Músicas mais famosas de Maria Bethânia

Cantora Maria Bethânia sorrindo em apresentação musical.
Maria Bethânia conta com canções que integraram a trilha sonora de novelas de sucesso. (Crédito: Instagram @mariabethaniaoficial | Reprodução)

Confira quais são as músicas mais famosas de Maria Bethânia:

  • As Canções que Você Fez pra Mim
  • Brincar de Viver
  • Maninha (com Caetano Veloso)
  • Mel
  • Detalhes
  • Não Dá Mais pra Segurar
  • Olhos nos Olhos
  • Negue
  • Esse Cara
  • Sonho Impossível
  • Ronda
  • Sonho Meu
  • Eu Preciso de Você
  • Reconvexo
  • Terezinha
  • Fera Ferida
  • Grito de Alerta
  • Vai Levando
  • A Voz de uma Pessoa Vitoriosa
  • Um Jeito Estúpido de te Amar

Legado de Maria Bethânia

O legado de Maria Bethânia se consolida na forma com a qual construiu e apresenta suas obras artísticas. A composição do seu trabalho é formada por uma multiplicidade de manifestações da cultura brasileira.

Além da música, a artista baiana incorpora em sua arte o folclore, o teatro, a religiosidade e a literatura, resultando em um trabalho de uma musicalidade diversa e uma cena polissêmica (de várias vozes), afirma Renato Forin Junior em sua dissertação.

O processo de identificação do público diante das várias brasilidades encontradas nas obras de Maria Bethânia é outra característica que torna a baiana única no modo de fazer arte.

Acesse também: Rita Lee — cantora e compositora conhecida como a “rainha do rock brasileiro”

Maria Bethânia na atualidade

Cantora Maria Bethânia cantando em show junto com Caetano Veloso.
Maria Bethânia e Caetano Veloso juntos em turnê em Recife. (Crédito: Roncca / Instagram @mariabethaniaoficial @caetanoveloso | Reprodução)

Maria Bethânia e Caetano Veloso começaram, em agosto de 2024, uma turnê especial intitulada com seus próprios nomes. Juntos se apresentaram em diversas capitais brasileiras. Ambos resgatam suas trajetórias na música na turnê que reuniu mais de 500 mil pessoas em estádios por diferentes regiões brasileiras. Em meio ao projeto, os irmãos fizeram um show durante o Réveillon 2025 na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.

Prêmios e homenagens a Maria Bethânia

Maria Bethânia ao lado de plantas.
Maria Bethânia é uma das cantoras brasileira com mais indicações ao Grammy Latino.[1]

Entre os prêmios e homenagens que Maria Bethânia recebeu, estão:

  • Prêmio da Música Brasileira - MPB: recebeu mais de 20 troféus por álbuns e canções, tornando-se uma das artistas mais consagradas nesse prêmio.
  • Grammy Latino: diversas indicações em diferentes categorias.
  • Prêmio Shell de Música: primeira intérprete a levar o prêmio que antes era restrito a compositores.
  • Prêmio Multishow.
  • Prêmio Tim de Música.
  • Academia Brasileira de Letras: título de Imortal, ocupando a cadeira 18 - 2021.
  • Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Ceará (UFC) - 2024.

Frases de Maria Bethânia

Entre as frases de Maria Bethânia que marcaram suas canções, estão:

  • “A arte de sorrir cada vez que o mundo diz não.”
  • “Só digo o que penso. Só faço que o gosto. E aquilo que creio.”
  • “Chorando eu refaço as nascentes que você secou.”
  • “Sou pequena para compreender tanto.”
  • “O mais importante do bordado é o avesso. O mais importante em mim é o que eu não conheço.”
  • “Sou como a haste fina, que qualquer brisa verga, mas nenhuma espada corta.”

Crédito de imagem

[1] A.PAES / Shutterstock

Fontes

ENCICLÓPEDIA Itáu Cultural. Maria Bethânia. Disponível em: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoas/4843-maria-bethania.

FLÓRIO, Marcelo. Sou de Keto. Os tambores sagrados bateram pra mim”: o canto, as narrativas cênicas e as memórias da cantora Maria Bethânia. História & Democracia: precisamos falar disso, Guarulhos, 2018. Disponível em: https://www.encontro2018.sp.anpuh.org/resources/anais/8/1525015836_ARQUIVO_--artigoAnpuhMarceloFlorio2018++.pdf.

FORIN JUNIOR, Renato. Sereia-pássaro: Maria Bethânia e o encontro do teatro com a canção. Londrina, 2013. Dissertação (Mestrado em Letras) – Programa de Pós Graduação em Letras, Universidade Estadual de Londrina, 2013

VELOSO, Caetano. Verdade Tropical. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

SANTOS, Carlos Alberto et al. Ancestralidade e resistência dos povos de Santo através da voz de Maria Bethânia. Textura - Revista de Educação e Letras. v. 22, n. 52, 2020. Disponível em: http://www.periodicos.ulbra.br/index.php/txra/article/view/5482.

YOUTUBE. Entrevista de Maria Bethânia ao programa da TV Globo “Conversa com Bial”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QnXymy8LvSQ.

Escritor do artigo
Escrito por: Lucas Afonso Jornalista pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e bacharel em Educação Física pelo Centro Universitário Internacional (Uninter).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

AFONSO, Lucas. "Maria Bethânia"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/maria-bethania.htm. Acesso em 22 de abril de 2025.

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