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Lendária heroína portuguesa da vila de Monção, que no séc.XIV ficou para sempre ligada à sua história, pois quando Monçao foi cercada pelos soldados de Castela, com sua bravura e inteligência fez com que o inimigo levantasse o cerco às muralhas do castelo. Era casada com o alcaide-mor de Monção, D. Vasco Rodrigues de Abreu, comandante da praça de Monção, quando Portugal se viu, como foi comum durante toda a Idade Média, em mais uma refrega com Castela, sendo que desta vez (1368), o conflito opunha Fernando de Portugal a Henrique de Trastâmara ou Enrique II de Castilla.
Monção estava cercada pelo exército castelhano, comandado por Pedro Rodrigues Sarmento, e depois de um longo cerco às muralhas de Monção, a fome reinava no interior da fortaleza, enquanto o sitiante parecia disposto a esperar e obter a rendição dos lusos pela fome e o medo. Como D. Vasco estava ausente, coube a esposa a defesa do castelo. Em gesto desesperado e estratégico, ela mandou reunir pegou nos últimos pães e atirou-os do alto das muralhas aos inimigos, gritando que se quisessem mais, só teriam de pedir, procurando, assim, iludir os castelhanos. O estratagema deu certo, pois os galegos, convencidos de que dentro das muralhas de Monção havia fartura e que resistiriam por muito tempo, abandonaram o cerco e seu nome virou lenda e sinônimo de mulher corajosa.
Não há registros sobre o local exato de seu nascimento, porém o episódio parece verddeiro a medida que há um cenotáfio da heroína, uma torre no cimo da qual se encontra a figura da heroína segurando um pão, construído pelo seu 3º neto e que o brasão da vila ostenta a figura da nobre mulher a distribuir pães do alto da fortaleza, símbolo da coragem que perdurou para além da espessura da história. Na capela-mor, ao lado da epístola, está colocado um túmulo com os restos mortais da heroína.
OBS: Monção era uma vila pequena rodeada por um castelo cujas muralhas desenhavam uma planta circular, demolidas em parte ou ocultas por posteriores habitações. São incertas as suas origens, mas Monção toma forma durante o reinado de D. Sancho I, numa altura em que era necessário resguardar a fronteira do Minho.
O nome é derivado ou abreviado de Monsanto e do latim Mons Sanctus, cujo significado era Monte grande ou Monte forte, como consta no foral dado por este monarca D. Afonso III (1261), encontrava-se situada na margem direita do rio Minho, quase em frente da povoação galega de Salvaterra. A fortaleza voltaria a fazer história no confronto com os vizinhos e a se destacar pela presença feminina. Quando sofreu um novo ataque espanhol (1643), mais uma vez, foi uma mulher que comandou sua resistência, a Condessa de Castelo Melhor. Quinze anos mais tarde, Monção foi novamente posta à prova e desta vez, a fortaleza foi defendida inicialmente por contingente inicial de cerca de dois mil soldados, mas cuja violência da batalha reduziu os defensores a 236 defensores que resistiram corajosamente a todas as investidas, animados pela presença de mais uma mulher, Helena Peres, a viúva de um dos militares, e de mais 30 mulheres, que acudiam a todos os feridos e encorajavam os soldados.