O subdesenvolvimento é um termo elaborado após o término da Segunda Guerra Mundial para designar aqueles países que possuem um baixo índice de riquezas, uma economia enfraquecida, com ausência de fatores estruturais e sociais, além de altos registros de pobreza, concentração de renda e miséria. Os países subdesenvolvidos – também chamados de “em desenvolvimento” – correspondem àqueles territórios que, em maior ou menor grau, apresentam uma relação de dependência econômica e estrutural para com outros países.
É incorreto pensar que o subdesenvolvimento seja um “estágio” para o desenvolvimento de um país. Em uma célebre frase, Josué de Castro coloca que "O subdesenvolvimento é um produto ou um subproduto do desenvolvimento, uma derivação inevitável da exploração econômica colonial ou neocolonial, que continua se exercendo sobre diversas regiões do planeta".
Em um primeiro momento, os países subdesenvolvidos eram conhecidos pelo chamado “terceiro mundo”, em uma regionalização político-econômica do globo que o segmentava também em primeiro mundo (países capitalistas desenvolvidos) e segundo mundo (países socialistas ou de economia planificada). Com a queda do segundo mundo, passou-se a regionalizar o planeta em países do norte desenvolvido, composto basicamente por boa parte da Europa e os Estados Unidos, além de Austrália e Rússia, e os países do sul subdesenvolvido, formado pelos demais territórios nacionais.
Quais são os critérios para definir se um país é subdesenvolvido ou desenvolvido?
O principal fator para definir o nível de desenvolvimento de um país é o econômico. No entanto, esse fator não é o único, pois existem países que não possuem uma economia muito forte, mas são considerados desenvolvidos, a exemplo da Suíça. Além da economia, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), a dependência econômica e tecnológica que um país possui ou exerce, os problemas sociais crônicos existentes e a qualidade dos serviços oferecidos à população, como moradia, educação e saúde, podem ser destacados.
É preciso ressaltar, porém, que a pobreza e a miséria não são elementos exclusivos dos países periféricos. Mesmo em países desenvolvidos há pobreza e miséria, a exemplo dos Estados Unidos, que apresentam um grande número de pobres, mesmo em cidades como Nova York. Nesse caso, a pobreza intensifica-se pelo elevado custo de vida nos espaços sociais urbanos.
Geralmente, os países subdesenvolvidos possuem um passado colonial ou de grande dependência econômica. Um caso exemplar são os países africanos, todos constituídos a partir do processo de colonização executado logo após a partilha do continente pelas potências imperialistas da época. Como herança, muitos conflitos armados nasceram ou foram intensificados, além da grande exploração de recursos naturais e a má distribuição de renda.
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Além do mais, os países subdesenvolvidos possuem um histórico de pouca ou nenhuma influência no quadro político internacional. A Rússia, por exemplo, mesmo apresentando problemas econômicos e sociais – sobretudo pela crise sofrida no país durante os anos 1990 –, é enquadrada no mundo desenvolvido pelo seu poderio político e pelas estruturas bélicas e materiais herdadas da extinta União Soviética. Há autores, no entanto, que classificam a Rússia como um território “em transição”.
O Brasil é um país subdesenvolvido? E a China? Ela entrou para o grupo dos desenvolvidos?
Brasil e China são, ao menos por enquanto, considerados países subdesenvolvidos. Contudo, esses países, assim como a Índia, vêm apresentando sucessivos crescimentos econômicos nos últimos anos, em uma média muito superior ao crescimento dos países desenvolvidos, posicionando-se entre os dez maiores PIBs do mundo. Mesmo com a crise financeira que atingiu o mundo a partir de 2008, esses países não sentiram efeitos muito significativos.
Assim, para que se pudesse dar o destaque merecido a essas nações, criou-se a categoria de países emergentes para fazer referência àquelas economias que apresentam um desenvolvimento relativamente elevado em comparação com os demais territórios periféricos. No entanto, esses países não deixam de ser subdesenvolvidos.
São considerados países emergentes: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS), embora haja discordância sobre a questão russa, além de México, Turquia, Coreia do Sul, Taiwan, Indonésia, Argentina, Uruguai, entre outros.
Um país subdesenvolvido pode tornar-se desenvolvido?
Como já frisamos, o subdesenvolvimento não é um estágio ou etapa que antecede o desenvolvimento econômico. No entanto, há economistas que acreditam que países subdesenvolvidos possam, eventualmente, tornar-se desenvolvidos, desde que eles consigam melhorar suas economias, diminuam as condições de miséria e pobreza extrema, ofereçam serviços como saneamento a toda a população e melhorem significativamente o desenvolvimento humano.
Em oposição a essa concepção, existem pensadores mais céticos que consideram o subdesenvolvimento uma condição intrinsecamente ligada ao sistema capitalista mundial, que, para existir, depende da existência de profundas desigualdades sociais entre classes e entre povos. Além disso, nessa perspectiva, o subdesenvolvimento não seria combatido sem que as relações de dependência econômica e política em relação às nações desenvolvidas fossem rompidas, o que é praticamente impossível no cenário global atual.
Por Me. Rodolfo Alves Pena