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Ludismo

O ludismo foi um movimento operário contrário à industrialização. Ele ocorreu na Inglaterra entre o fim do século XVIII e o início do século XIX.

Gravura do final do século XVIII na qual trabalhadores adeptos do ludismo estão quebrando uma máquina em uma fábrica.
Gravura do final do século XVIII na qual dois trabalhadores adeptos do ludismo estão quebrando uma máquina em um estabelecimento industrial.
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O ludismo foi um movimento operário inglês ocorrido entre o final do século XVIII e início do XIX que consistia na contestação à industrialização. Seus adeptos, operários das fábricas inglesas, invadiam fábricas e quebravam máquinas como forma de protesto. Como reação, o governo inglês criminalizou os atos e os combateu com penas extremas, como a deportação e a morte.

Confira em nosso podcast: O que preciso saber sobre a Primeira Revolução Industrial?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre ludismo

  • O ludismo foi um movimento social inglês ocorrido entre o final do século XVIII e início do século XIX.

  • Ele consistia no protesto contra a industrialização através da invasão de fábricas e quebra de máquinas.

  • O ludismo não era um movimento político ou partidário.

  • Suas pautas eram práticas e voltadas à crítica acerca das condições de trabalho dos operários e a industrialização.

  • Os ludistas se diziam seguidores de Ned Ludd, de quem deriva o nome do movimento.

  • O Estado inglês combateu o ludismo através da edição de leis que criminalizavam o movimento, estabelecendo penas rígidas, como a deportação e a pena de morte.

  • Enquanto o ludismo foi um movimento contrário à industrialização e não era político nem partidário, o cartismo foi um movimento político e tinha pautas como o voto universal masculino e eleições anuais.

O que foi o ludismo?

Ocorrido no contexto de transição da Primeira Revolução Industrial para a Segunda Revolução Industrial, o ludismo foi um movimento social inglês no qual se contestava a maquinização e industrialização da Inglaterra. Seus membros eram oriundos das camadas operárias da indústria têxtil e através de prática delituosas, como a invasão de fábricas e a quebra de máquinas, demonstravam seu descontentamento em relação à situação.

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O que o ludismo defendia?

O ludismo não era um movimento político ou partidário, por isso não tinha como característica defender pautas específicas, mas era um movimento de contestação à industrialização. Como tal, praticava ações violentas contra a indústria e seu maquinário, como a invasão de fábricas e a quebra de máquinas. Como exemplo dessas ações, pode-se destacar o assalto à tecelagem de William Cartwright, no condado inglês de York, em 1812. Nesse evento, diversas máquinas foram destruídas e muitos dos ludistas foram presos e condenados à morte ou à deportação para as colônias da Inglaterra.

Qual o principal líder do ludismo?

Os ludistas se diziam seguidores de Ned Ludd, de quem deriva o nome do movimento. Durante a época dos movimentos ludistas, diversos manifestos foram assinados com o nome Ned Ludd e algumas variações, tais como “Rei Ludd” ou “Capitão Ludd”. Historiadores indicam fontes da época que apontam que Ludd foi um aprendiz da cidade de Anstey que, ao ser condenado por indisciplina, se revoltou, destruindo a marteladas a máquina onde trabalhava. Há debates na historiografia acerca da real existência de Ludd, existindo pesquisadores que defendam se tratar de uma figura lendária.

Gravura “O líder dos ludistas”, publicada em 1812, representando Ned Ludd, o líder do ludismo.
Gravura O líder dos ludistas. Nela, Ned Ludd é representado como o líder do ludismo e, ao fundo, é possível ver uma indústria em chamas.

Características do ludismo

O ludismo foi caracterizado pela contestação à industrialização e a suas consequências através da invasão de fábricas e da quebra de máquinas. Os ludistas eram trabalhadores da indústria que, revoltados com condições de trabalho — como as muitas horas da jornada, os salários considerados baixos ou a força física necessária para operar o maquinário —, organizavam invasões noturnas às fábricas, em horários nos quais elas estariam sem trabalhadores e mais vulneráveis.

Acesse também: Capitalismo — o sistema econômico que se consolidou no contexto da Revolução Industrial

Como os ludistas agiam?

Os ludistas agiam em grupo tanto para decidir sobre as invasões das fábricas quanto para realizar essas invasões. Em determinada localidade havia diversas fábricas, cada qual com seu grupo de trabalhadores; entre eles, se organizavam as células ludistas. Assim organizados, os trabalhadores discutiam, em segredo, suas reivindicações e estabeleciam dias e horários para promover a invasão das fábricas e proceder à quebra das máquinas.

Repressão ao ludismo

O ludismo foi um movimento duramente reprimido pela legislação inglesa. Uma lei anterior à eclosão do movimento, datada de 1721, criminalizava a destruição de máquinas e a punia com deportação para as colônias, o que mostra como o ludismo já nasceu como um movimento criminalizado. Porém, essa repressão endureceu a partir de 1812, ano em que foi promulgado o Frame-Breaking Act, que, além de criminalizar a invasão de fábricas, tornou mais dura a punição pela quebra de máquinas, que passou a incluir a pena de morte.

Diferenças entre o ludismo e o cartismo

Diferentemente do ludismo, que não era um movimento político nem partidário, o cartismo foi um movimento político surgido na Inglaterra na década de 1830. Seu nome deriva de um documento intitulado “Carta do Povo”, de autoria de William Lovett e Francis Place, ativistas sociais ingleses. O movimento cartista tinha várias pautas políticas, como o voto universal masculino, o voto secreto, a possibilidade de operários serem eleitos membros do Parlamento e receberem salário por isso e eleições anuais.

Apesar de também ser considerado um movimento radical, o cartismo não usou violência nem práticas delituosas, o que também o diferencia do ludismo.

Fontes

HOBSBAWN, Eric J. The Machine Breakers. Past & Present, v. 1, n. 1, p. 57-70, 1952. Disponível em: https://academic.oup.com/past/article-abstract/1/1/57/1508444.

HOBSBAWN, Eric J. A Era das Revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 2012

 

Por Tiago Soares Campos
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Soares Campos Bacharel, licenciado e doutorando em História pela USP. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito pela PUC. É professor de História e autor de materiais didáticos há mais de 15 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "Ludismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/ludismo.htm. Acesso em 30 de dezembro de 2024.

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