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A legitimação do Estado sempre foi motivo de grande debate entre pensadores da história. Teorias de grande envergadura como as criadas por Georg Hegel e Karl Marx entraram em rota de colisão quando o motivo se tratava da existência e da fundamentação do Estado. Foram nessas discussões que se destacou a tese do sociólogo Zygmunt Bauman em relação ao conceito do Estado Jardineiro.
Entende-se por Estado Jardineiro o discurso científico adotado por políticos e cientistas europeus a partir do século XIX, que, através do processo de seleção das espécies, queriam criar modelos e padrões universais de sociedades perfeitas que caminhariam rumo ao progresso desconectado de problemas biológicos. Em seu livro intitulado “Modernidade e Ambivalência”, Bauman afirmou que a modernidade excessivamente pautada pelo discurso racional e científico buscava a possibilidade de extinguir todos os problemas da raça humana.
Dentro da busca pela perfeição, o Estado adotava o uso de metáforas para explicar os objetivos do que seria a higiene social na Europa. Essa higiene social praticada pelo Estado consistia numa analogia com o papel de um jardineiro, que para proteger as flores saudáveis de seu jardim, extirpava as ervas daninhas. Com essa perspectiva, as pessoas que não se encaixavam dentro do padrão estabelecido pelo Estado eram segregadas ou esterilizadas.
Deficientes físicos ou mentais eram vistos como inferiores e, por isso, teriam que ser excluídos socialmente do mundo, pois os gastos financeiros com eles eram elevados para o Estado e prejudicavam os investimentos nas pessoas “saudáveis”. Essa prática esteve presente dentro da ideologia da modernidade, em que essa ânsia da ciência para dominar a natureza humana acarretou em grandes catástrofes mundiais.
O nascimento do nazismo e fascismo aconteceu, sobretudo, com a influência direta dos conceitos científicos da modernidade a partir do século XIX, pois foi essa herança que líderes totalitários como Hitler e Mussolini herdaram da prática do Estado Jardineiro. O preço foi alto, com enormes catástrofes eclodidas no mundo, entre elas os milhões de judeus que pagaram com suas vidas pela equivocada prática da seleção das espécies.
Por Fabrício Santos
Graduado em História