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Liberalismo x Socialismo

Karl Marx e Adam Smith: pensadores fundamentais das teorias socialistas e liberais
Karl Marx e Adam Smith: pensadores fundamentais das teorias socialistas e liberais
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Entre os séculos XVIII e XIX, as diversas transformações que marcaram a Europa e o continente americano, possibilitaram o surgimento de novas concepções preocupadas em dar sentido ou teorizar a rápida ascensão do sistema capitalista. Para tanto, vários pensadores se debruçaram na árdua tarefa de negar, reformar ou legitimar as novas relações de ordem social, econômica e política que ganhavam fôlego em um mundo que passava a ter uma nova roupagem.

Uma das mais marcantes transformações trazidas pelo capitalismo foi, sem dúvida alguma, a sua impressionante capacidade de racionalizar o gasto dos recursos e gerar riquezas. Após a deflagração da Revolução Industrial, as possibilidades de se aperfeiçoar a exploração da mão-de-obra, da tecnologia e dos recursos naturais parecia ter alcançado patamares inimagináveis. Contudo, as transformações desse novo período histórico não se resumiam somente à implicações de caráter positivo.

Mesmo com o desenvolvimento de tais potencialidades e a criação de governos que prometiam colocar os homens em posição equivalente, a nova ordem consagrada pela burguesia tinha seus problemas. Em linhas gerais, a ordem capitalista e os governos liberais ainda conviviam com as desigualdades que promoviam a distinção dos indivíduos em classes sociais. Foi nesse contexto que surgiram duas grandes linhas interpretativas dessa nova realidade: o liberalismo e o socialismo.

A corrente liberal defendia os vários pressupostos que compunham essa nova realidade oferecida pelo capitalismo. Aprovavam o direito à propriedade privada, amplas liberdades no desenvolvimento das atividades comerciais e a igualdade dos indivíduos mediante a lei. Além disso, elogiavam a prosperidade do homem de negócios ao verem que sua riqueza beneficiava a sociedade como um todo. Dessa forma, ao acreditavam que a riqueza seria uma benesse acessível a todos que trabalhassem.

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Com relação à miséria e as desigualdades, a doutrina liberal acredita que a pobreza do homem tem origem em seu fracasso pessoal. Para que pudesse superar essa situação de penúria, o pobre deveria ter uma postura colaborativa para com seus patrões tendo o cuidado em preservar os seus bens e dar o máximo de sua força de trabalho na produção de mais riquezas. Concomitantemente, lhe seria exigida paciência e fé enquanto virtudes que o ajudariam na superação de sua condição.

Partindo para a interpretação socialista, temos um outro tipo de compreensão que nega os argumentos liberais que tentavam naturalizar as desigualdades. O pensamento socialista, inspirado por pressupostos lançados pelo Rousseau, tenta enxergar esses problemas como conseqüência das relações sociais estabelecidas entre os homens. Seguindo tal linha, os socialistas passariam a realizar uma crítica ao comportamento assumido pelos homens em sociedade que estabelecia tais diferenciações.

Dessa forma, os argumentos que justificavam as desigualdades por meio do fracasso pessoal perdem terreno para o questionamento profundo de toda a lógica que formava a sociedade capitalista. Antes de apontar o progresso do capital como um benefício, os socialistas realizam uma investigação que vai detectar na oposição entre as classes sociais a força que opera grande parte dessas relações e problemas da sociedade.

Tendo suas bases lançadas, liberalismo e socialismo vão compor duas matrizes interpretativas distintas e, algumas vezes, opostas. Contudo, esses pressupostos serão posteriormente reinterpretados em um processo de compreensão da sociedade que, até hoje, apresenta novas possibilidades. Por isso, novos intelectuais se debruçam na mesma importante tarefa de se compreender, criticar e apontar alternativas para nossos moldes de desenvolvimento.

Por Rainer Sousa
Graduado em História

Escritor do artigo
Escrito por: Rainer Gonçalves Sousa Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUSA, Rainer Gonçalves. "Liberalismo x Socialismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historia/liberalismo-x-socialismo.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

(ENEM, 2000) O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela algumas características de uma determinada corrente de pensamento:

Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a utilização do mesmo é muito incerta e está constantemente exposto à invasão de terceiros porque, sendo todos senhores tanto quanto ele, todo o homem igual a ele e, na maior parte, pouco observadores da equidade e da justiça, o proveito da propriedade que possui nesse estado é muito inseguro e muito arriscado. Estas circunstâncias obrigam-no a abandonar uma condição que, embora livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade. (Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991.)

Do ponto de vista político, podemos considerar o texto como uma tentativa de justificar:

a) A existência do governo como um poder oriundo da natureza.

b) A origem do governo como uma propriedade do rei.

c) O absolutismo monárquico como uma imposição da natureza humana.

d) A origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e aos direitos.

e) O poder dos governantes, colocando a liberdade individual acima da propriedade.

Exercício 2

Leia o texto a seguir:

Todos os sistemas socialistas, inclusive aquele de Karl Marx e seus apoiadores ortodoxos, partem da suposição de que, em uma sociedade socialista, um conflito entre os interesses do indivíduo e do coletivo jamais poderá surgir. Todos irão agir com total interesse em dar o seu melhor, pois ele participa da produção de toda a atividade econômica. A óbvia objeção de que o indivíduo está muito pouco preocupado em determinar se ele próprio é diligente e entusiástico, e que é da maior importância para ele que todos os outros o sejam, é algo completamente ignorado por eles. Quando muito, é insuficientemente abordado. Eles acreditam que podem construir uma economia socialista tendo por base apenas o Imperativo Categórico. O quão suave é a intenção deles em proceder desta maneira foi bem explicitado por Kautsky quando ele diz, “Se o socialismo é uma necessidade social, então é a natureza humana, e não o socialismo, quem deve se reajustar às necessidades caso os dois venham a colidir.” Isso nada mais é do que uma absoluta quimera. (Von MISES, Ludwig. O Cálculo econômico sob o socialismo. São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises Brasil, 2012. p. 43.)

Sobre a crítica de L. Von Mises ao socialismo, pode-se afirmar:

a) parte de uma concordância com Marx, mas acaba criticando os discípulos deste.

b) ancora-se no argumento de que um dos erros do socialismo é ignorar o confronto latente entre indivíduo e coletividade.

c) enumera argumentos que não dizem respeito à economia.

d) defende o coletivismo em detrimento do indivíduo.

e) não tem nenhum vínculo com o liberalismo clássico dos séculos XVIII e XIX.