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O pensamento crítico dos filósofos da Escola de Frankfurt (EF) tem em comum o direcionamento de suas críticas à ordem política e econômica do “mundo administrado”. Essa ordem vigora aos moldes de um aparato tecnológico que, de certa forma, incide na sociedade o seu condicionamento padronizado, homogêneo e, sobretudo, sem a perspectiva de empreender a vida de cada indivíduo de forma autônoma.
Com isso, cada pensador dessa linha contribuiu para o fomento da Teoria Crítica (TC). Das obras marcantes restritas a cada autor tem-se: Max Horkheimer concentrou seu pensamento em “Eclipse da Razão”, onde uma coletânea de textos perpetua assaz a sua bagagem teórica, embora o filósofo sempre se encontrou produzindo artigos e outros textos que o identificou como um árduo intelectual engajado em âmbito acadêmico. Teodor Wiesengründ Adorno, que embora tenha se inserido na TC após o seu exílio, comprometeu-se em expor seu pensamento crítico na mesma perspectiva que os demais, porém devem ser pontuadas, em sua reflexão, algumas divergências ou distonâncias. Em sua obra “Dialética Negativa” (DN), Adorno enfrenta toda uma tradição histórico-filosófica, incidindo nela a desconstrução da concepção de “dialética”.
É, portanto, sua proposta de “filosofia-viva’, a negação da dialética, o que corrobora a não sistematização, ou seja, contrariamente à dialética hegeliana, a dialética negativa não possui o seu momento de síntese. Nesse sentido, Adorno é radicalmente contrário à posição de reconciliação, como termo conceitualmente abrangente, mas que determina os preceitos da dialética hegeliana, uma vez que tal posição preserva uma visão burguesa, cujo alvo se dá, para ele, tanto na filosofia quanto na arte. Embora a DN possua maior acentuação de máxima crítica, Adorno possui inúmeros artigos e textos encontrados em coletâneas. Teve também grande respaldo ao trabalhar em conjunto com Horkheimer naquilo que resultou a “Dialética do Esclarecimento”.
Herbert Marcuse, assim como Adorno, passou a contribuir com a TC após seu exílio nos Estados Unidos. Sua fundamentação crítica preserva a base da negação dialética, porém distancia-se de Adorno naquilo que julga, pela filosofia, uma forma ideal de sociabilidade, uma vez que para Adorno, a barbárie já está posta, pois não há como fugir do sistema da ordem estabelecida. Nesse sentido, Marcuse é mais ameno, confiando à tecnicidade de um progresso humanitário, ressaltando a necessidade de conscientizar a massa trabalhadora e torná-la omissa à ordem vigente. Para ele, a emancipação já está dada, contudo não ocorre em razão do aprisionamento da condição humana no “reino da necessidade”. Este reino, segundo Marcuse, abarca a situação social de um progresso técnico equivalente ao suprimento das necessidades vitais do homem. Portanto, não caberia ao aparato do mundo administrado condicionar a sociedade a dar um passo à frente e inserir-se no “reino da liberdade”. Isso não ocorre, devidamente por não condizer com a lógica do aparato da sociedade industrial. Marcuse escreveu, além de artigos, sua obra de referência “Razão e Revolução”, em que condensa grande parte de seu pensamento crítico. Editou também “Eros e Civilização”, uma interpretação filosófica de Freud, cujo teor conceitual ilustra a noção de progresso, apontando o seu caráter retificador ou emancipatório da dominação social e, por outro lado, a sua perpetuação.
Walter Benjamim, também exilado nos Estados Unidos, contribuiu fielmente para a propagação da TC. Benjamim escreveu inúmeros artigos que refletem a condição temporal humanitária, partindo de sua reflexão acerca da arte e da sociedade. No que concerne a sua crítica da arte, ele analisa o drama do século XVII, buscando nele uma concepção de História. Diante da crítica social, buscou na arte a situcionalidade histórica para proferi-la, uma vez que sua ênfase à concepção de arte lhe permite elaborar tal analogia. Seus ensaios estão sempre sintonizados a este viés, ou seja, através da arte de poder discursar sobre o conceito de História.
Estes são os principais autores da EF e suas contribuições para a TC.
Por João Francisco P. Cabral
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP