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Osteopoiquilose, também denominada osteopatia, condensada disseminada ou ossos manchados, é uma alteração óssea que geralmente não apresenta sintomas e, assim, é comumente diagnosticada de forma acidental, por meio de radiografias relacionadas a outras patologias. Ocorre, sobretudo, em pacientes de idade entre 15 e 30 anos e é um pouco mais frequente em indivíduos de sexo masculino - provavelmente porque, estatisticamente, eles se submetem a mais radiografias. Na maioria das vezes as lesões surgem na infância, persistindo até o fim da vida, mas há alguns casos de diminuição e até desaparecimento completo dessas manchas.
Em uma revisão de 210.000 radiografias do Hospital de Viena, observaram-se apenas 12 casos, gerando uma proporção aproximada de 1:50.000. Assim, em razão da doença ser bastante rara e de, na maioria dos casos, ser diagnosticada acidentalmente, informações sobre ela são relativamente escassas.
Sabe-se, entretanto, que em tal patologia, relatada pela primeira vez em 1905, há alteração na maturação dos ossos que, vista ao microscópio, reflete condensações de osso compacto na região esponjosa. Nas radiografias, apresentam-se como pontos espessos, arredondados ou ovalados e de dimensões que variam de um a dez milímetros de diâmetro. As lesões são, na maioria das vezes, simétricas e presentes nas extremidades ósseas. Destas, as das mãos e dos pés são mais vulneráveis e mais frequentes. Entretanto, costelas, vértebras, clavícula, mandíbula, pelve, crânio e escápula também podem ser afetados, em menor grau.
Acredita-se que a doença possua influências familiares e hereditárias, uma vez que há na literatura muitos relatos de pacientes da mesma família, em várias gerações, sendo portadores. Além disso, há o argumento de a osteopoiquilose ser mais presente em regiões onde a frequência de casamentos consanguíneos é maior. Nesses casos, as lesões seguem padrões de distribuição parecidos entre os familiares.
Na maioria dos casos, não é necessário tratamento, uma vez que a doença é assintomática para a maioria dos portadores (dor articular é presente em 15% a 20% dos casos). Entretanto, visitas regulares ao especialista garantem um melhor acompanhamento a fim de monitorar sua benignidade e verificar o surgimento ou não de doenças associadas – caso ocorram, remédios serão prescritos (geralmente anti-inflamatórios não esteroides).
Oteossarcoma, condrossarcoma, tumores de células gigantes, artrite reumatoide, esclerodermia, diabetes mellitus, queratose palmo-plantar, desenvolvimento de tumores de células gigantes, osteossarcomas e baixa estatura foram descritos como presentes em alguns pacientes, mas a associação definitiva entre as patologias não é confirmada. Em aproximadamente 10% dos casos há lesões de pele, formando a síndrome de Buschke-Ollendorff, com aumento de fibras elásticas e, às vezes, de colágeno.
Apesar dessa lista significativa, vale lembrar que esses casos de evolução da doença são raros e é principalmente em virtude delas que a orientação e acompanhamento médicos são necessários.
Por Mariana Araguaia
Graduada em Biologia