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A capacidade de interpretação que o homem tem diante dos símbolos pode assumir as mais variadas formas possíveis. Mesmo não partilhando dos códigos e tradições de uma cultura, podemos reinterpretá-los ao nosso modo, e assim consolidar algum tipo de significado. Quando estudamos algumas expressões idiomáticas, temos um claro exemplo de que o uso da língua pode transformar-se de forma muitas vezes imprevisível.
Uma vez questionadas sobre o significado da expressão “quebrar um galho”, muitas pessoas prontamente explicarão que o termo é utilizado para as situações em que alguém nos auxilia com algum problema ou dificuldade. Para essas mesmas pessoas, o galho (de árvore) representa o obstáculo a ser superado com a ajuda alheia. De tal forma, poderíamos naturalizar essa explicação para a origem do termo. Mesmo sendo lógica, existem outras explicações para o surgimento dessa mesma expressão cotidiana.
Uma primeira explicação sobre a origem do termo tem relação com uma pequena particularidade dos conhecimentos hidrográficos. Além de designar o segmento de um tronco, a palavra “galho” também serve para nomear um conjunto de riachos que se unem para transformar em um mesmo rio. De tal modo, muitos viajantes têm o antigo costume de dizer que “quebram um galho” ao navegarem por um riacho que dá acesso ao rio principal.
A segunda teoria sobre a gênese dessa expressão recupera uma das várias divindades que povoam o panteão das religiões afro-brasileiras. Costumeiramente, vários praticantes da umbanda recorrem aos poderes do chamado “Exu Quebra-Galho” quando precisam conquistar ou recuperar o amor de uma mulher. Sendo assim, o termo que designava tal entidade, foi paulatinamente popularizando-se até ser empregado para outros problemas que vão além da esfera afetiva.
Ao lermos essas explicações, podemos ter a certeza de que muitas pessoas desconheciam a historicidade dessa forma coloquial, usada com tanta frequência. Nem de longe se desconfia do labirinto que a fala pode percorrer ao longo do tempo! Agora, se alguém procurava por uma explicação mais detalhada sobre o tema, esperamos ter “quebrado um galho” para ela também.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola