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Malala Yousafzai

Malala Yousafzai é uma garota paquistanesa internacionalmente conhecida por defender o direito das mulheres de estudarem. Sobreviveu a um atentado do Talibã em 2012.

Malala Yousafzai é uma ativista paquistanesa que ganhou reconhecimento por lutar pelo direito das mulheres de estudarem.
Malala Yousafzai é uma ativista paquistanesa que ganhou reconhecimento por lutar pelo direito das mulheres de estudarem.
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Malala Yousafzai é uma ativista paquistanesa internacionalmente conhecida por defender o direito das mulheres de estudarem. Ela ganhou notoriedade por ter defendido essa causa no Vale de Swat, região dominada pelo Talibã. Em 2012, sobreviveu a um atentado promovido por essa organização fundamentalista, e atualmente vive na Inglaterra.

Acesse também: Como o Talibã retornou ao poder do Afeganistão em 2021?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Malala Yousafzai

  • Malala Yousafzai nasceu no Vale de Swat, no Paquistão, em 12 de julho de 1997.

  • Foi incentivada a estudar por seu pai, dono de escolas em Mingora.

  • Quando era criança, viveu na região que viria ser ocupada pelo Talibã, organização fundamentalista.

  • Passou a defender o direito das mulheres de estudarem, e ela e seu pai, por isso, sofrerem ameaças.

  • Em 9 de outubro de 2012, ela sofreu um atentado do Talibã, e uma bala atingiu sua cabeça. Ela sobreviveu.

  • Em 2014, recebeu o Prêmio Nobel da Paz.

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Primeiros anos de Malala Yousafzai

Foto panorâmica de Mingora, no Paquistão.
Mingora, cidade paquistanesa onde Malala cresceu e sofreu o atentado promovido pelo Talibã, em 2012.

Malala Yousafzai nasceu no dia 12 de julho de 1997, em Mingora, cidade que faz parte do Vale de Swat, na província de Khyber Pakhtunkhwa, no Paquistão. Por nacionalidade, Malala é paquistanesa, mas ela pertence à etnia pachto, um grupo minoritário no Paquistão. Os pachto se espalham pelos territórios do Paquistão e Afeganistão.

Ela era filha de Ziauddin Yousafzai e Tor Pekai Yousafzai. O sustento da família vinha das escolas que seu pai havia fundado em Mingora, mas, de toda forma, a família tinha uma vida muito simples. A própria Malala conta que, quando ela nasceu, na casa de seus pais não havia cozinha nem banheiro.|1|

Malala cresceu em uma família muçulmana, com destaque para a sua mãe, que é muito religiosa. Já seu pai era conhecido por ser um homem dedicado à educação e à cultura. Ele participava de grupos literários e atuava como militante pelo meio ambiente e pela educação. Além disso, foi um grande incentivador para que sua filha estudasse. Esse inventivo fez com que ela fosse fluente em três idiomas: pachto, urdu e inglês. A família de Malala se completava com seus dois irmãos mais novos: Atal Yousafzai e Khushal Yousafzai.

Saiba mais: Marie Curie – a primeira pessoa a ganhar o Prêmio Nobel duas vezes

Educação de Malala Yousafzai

Ainda em sua infância, Malala teve acesso à educação, e isso se deu por influência de seu pai, que, como vimos, era um educador e dono de escolas. Foi por meio da educação que Malala conseguiu se tornar fluente em três idiomas, e logo ela demonstrou ser uma estudante muito dedicada, sempre procurando ser a melhor da turma.

Ela estudava na instituição fundada por seu pai: a Escola Khushal. Ela fazia parte de uma turma composta somente por meninas, e a influência de seu pai fez com que ela, mesmo sendo uma criança, defendesse o direito feminino de estudar. A escola de seu pai, além de ter garantido que Malala tivesse acesso aos estudos, permitiu que sua família pudesse melhorar de condição financeira.

Malala narra que, durante sua infância, ela gostava de ler livros como os de Jane Austen, embora ela e suas amigas também gostassem de ler produções da cultura popular, como os livros da série Crepúsculo. A jovem paquistanesa cresceu ouvindo sobre os horrores cometidos pelo Talibã no país vizinho, e considerava-se sortuda por viver no Vale de Swat, uma região que não estava sob a influência dessa organização fundamentalista. Entretanto, tudo mudou quando o Talibã chegou.

Acesse também: Rosa Parks, a mulher que desafiou o racismo nos Estados Unidos

O que é o Talibã?

O Talibã é um grupo fundamentalista islâmico que surgiu no Afeganistão em 1994. O Talibã surgiu durante a Guerra Civil Afegã, formando-se no interior dos mujahidin, os ditos guerreiros santos que lutaram contra os soviéticos na Guerra do Afeganistão de 1979. O grupo extremista surgiu com o intuito de tomar o poder desse país asiático.

O Talibã faz uma interpretação radical da Sharia, a lei islâmica, e ficou conhecido por governar o Afeganistão de 1996 a 2001. Nesse período registrou-se inúmeras violências por parte dos membros do Talibã. As mulheres foram proibidas de estudar e trabalhar e eram obrigadas a usar a burca, e delitos eram punidos com execuções, amputações ou açoitamentos públicos.

O Talibã foi destituído do poder em 2001, quando o Afeganistão foi invadido por tropas norte-americanas. A invasão do Afeganistão se deu pelo fato de o Talibã ter dado abrigo para Osama bin Laden e a Al-Qaeda. Assim, o Talibã foi destituído do poder, viveu um período de enfraquecimento, e então passou a crescer novamente, estendendo sua presença para regiões no Paquistão e Afeganistão.

  • Talibã no Paquistão

Bandeira do Talibã
O Talibã é a organização fundamentalista que promoveu o atentado contra a vida de Malala. Eles não permitiam que mulheres estudassem.

Malala conta que o Talibã chegou ao Vale do Swat quando ela tinha 10 anos de idade. Seus soldados portavam facas e armas pesadas. A jovem diz que eles ainda tinham distintivos que traziam a seguinte mensagem: “lei islâmica ou martírio”.|2| A princípio os membros do grupo agiam de maneira razoável, apenas incentivando as pessoas a seguirem corretamente os princípios do islamismo.

Por ser uma região como um grande índice de analfabetismo, uma das formas pelas quais o Talibã penetrou nela foi por meio de estações de rádio, que traziam pregações e instigavam as pessoas a serem fiéis. Malala afirmou que, seis meses após a chegada do Talibã, as pessoas já se livravam de pertences, como aparelhos de TV, condenados pelo Talibã.|3|

Nesses primeiros meses, a estratégia do Talibã foi a de conquistar o apoio das pessoas, e, uma vez que isso aconteceu, as primeiras perseguições começaram. As garotas que frequentavam escolas começaram a ser condenadas nas transmissões do grupo no rádio. Outras medidas anunciadas foram a proibição aos homens de fazerem barba e a proibição das mulheres de irem ao mercado.|4|

  • Videoaula sobre o que é a Al-Qaeda

Perseguição a Malala Yousafzai

O avanço do Talibã pelo Vale do Swat logo colocou a vida de Malala e sua família em risco. O seu pai, dono de uma escola que aceitava meninas, e por isso mesmo, foi ameaçado. Malala continuou a estudar, e essa ação seria considerada um desafio direto às ordens dessa organização fundamentalista, caso fosse descoberta.

O Talibã promoveu a destruição de escolas que aceitassem meninas. Depois disso, atentados à bomba tornaram-se comuns, inclusive na cidade que ela morava, Mingora. Por meio da ação do Talibã, mais de 400 escolas foram destruídas no Swat, e, no final de 2008, o grupo extremista anunciou que as instituições femininas deveriam ser fechadas até janeiro de 2009.

O pai de Malala passou a sofrer constantes ameaças, e a jovem foi convidada a participar de um blog mantido pela BBC em urdu para escrever, secretamente, sobre como era viver em um local dominado pelo Talibã. No começo de 2009, ela passou a escrever sob o pseudônimo de Gul Makai, uma personagem do folclore pachto. A primeira frase que Malala escreveu no blog foi: “Estou com medo”, um indicativo de que a vida sob o comando do Talibã não era fácil.|5| O uso do pseudônimo foi a forma encontrada por ela para garantir sua segurança e a de sua família.

A guerra do Talibã contra o governo paquistanês fez com que a família de Malala abandonasse o Vale de Swat. Ao retornar ao vale, Malala e seu pai se engajaram na militância pelo direito das mulheres de estudarem. Malala passou a ser procurada por veículos de imprensa internacionais para dar entrevistas sobre sua militância. No final de 2009, foi revelado também que ela era a autora dos textos anônimos na BBC.

Sua luta a tornou conhecida e aumentou os riscos contra ela e sua família. Ameças de morte tornaram-se comuns, e Malala passou a preocupar-se constantemente com a sua segurança e a de sua família. Assim, ela retornava para casa de ônibus, em vez de fazer o caminho a pé, e se certificava sempre de que as portas de sua casa estavam trancadas.

Apesar das precauções, o pior aconteceu. O Talibã decidiu promover um atentado contra a vida da estudante em represália às constantes críticas que ela fazia a essa organização fundamentalista. No dia 9 de outubro de 2012, o ônibus em que Malala estava foi parado por membros do Talibã, e três tiros foram disparados contra ela.

Saiba mais: Anne Frank – vítima da perseguição nazista, registrou essa experiência num diário hoje muito famoso

Malala Yousafzai após o atentado

Malala quase morreu por conta do atentado, pois o projétil disparado contra ela acertou sua cabeça. Ela foi levada para um hospital militar, em Peshawar, e passou por uma cirurgia de emergência que foi crucial para que ela sobrevivesse. A cirurgia teve quase cinco horas de duração. Enquanto Malala se recuperava dela, o Talibã assumiu a autoria do atentado.

O atentado contra a vida de Malala teve repercussão internacional, e, alguns dias depois da cirurgia, ela foi transferida para Birmingham, na Inglaterra, para receber o melhor tratamento possível até sua recuperação completa. Como sequelas do atentado, Malala teve um dano em um nervo facial, que fez com que a parte esquerda do seu rosto ficasse levemente paralisada, e também teve danos em um dos tímpanos.

O papel de Malala na defesa do direito das mulheres de estudarem e a comoção internacional causada pelo atentado que ela sofreu fizeram com que a Organização das Nações Unidas (ONU) estabelecesse o dia 12 de julho como Dia de Malala, data utilizada para reforçar à comunidade internacional a importância do acesso das mulheres à educação.

As despesas médicas da recuperação de Malala foram pagas pelo governo paquistanês, assim como sua mudança definitiva para Birmingham. Sua mudança para a Inglaterra era uma questão de segurança, pois no Paquistão o Talibã tentaria matá-la novamente. Na Inglaterra ela se matriculou na Universidade de Oxford, graduando-se em Filosofia, Política e Economia.

Após recuperar-se, Malala criou o Fundo Malala, cujo objetivo é arrecadar dinheiro para ajudar mulheres a continuarem seus estudos em diferentes partes do planeta. O Fundo desenvolve ações em diversos países, inclusive no Brasil.

O reconhecimento do seu trabalho fez com que ela fosse indicada a diversos prêmios, tanto no Paquistão quando no exterior. Malala foi vencedora de alguns deles, sendo o principal o Prêmio Nobel da Paz, conquistado em 2014.

  • Videoaula sobre 10 mulheres na história

Notas

|1| YOUSAFZAI, Malala. Eu sou Malala: a história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 28.

|2| Idem, p. 121.

|3| Idem, p. 123.

|4| Idem, p. 128-129.

|5| Idem, p. 165.

Créditos das imagens

[1] kamran kami e Shutterstock

[2] ibrar.kunri e Shutterstock

 

 

Por Daniel Neves
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Malala Yousafzai"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/malala-yousafzai.htm. Acesso em 13 de dezembro de 2024.

De estudante para estudante


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