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O que é feminismo?

O feminismo é um movimento que luta pela igualdade de gênero. Busca acabar com o sexismo e questionar a dominação masculina. Promove o empoderamento feminino.

Resumo sobre o que é feminismo.
O feminismo luta pelo fim do sexismo.
Crédito da Imagem: Brasil Escola
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O feminismo é um movimento social, político e cultural que defende a igualdade de gênero e o reconhecimento dos direitos das mulheres em todas as esferas da vida. O feminismo luta contra a discriminação, a violência de gênero, a desigualdade salarial, a falta de representação política, entre outras questões.

É um movimento plural, com diversas vertentes, que abordam diferentes aspectos da opressão e da desigualdade de gênero: feminismo negro, transfeminismo, feminismo católico, feminismo marxista etc. Os pilares que sustentam todos esses feminismos incluem a igualdade de gênero, a justiça reprodutiva, o combate à violência de gênero e o empoderamento feminino.

Leia também: O que é feminicídio?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre feminismo

  • O feminismo é um movimento social, político e cultural que defende o fim do sexismo e da dominação masculina.

  • O feminismo luta pelo direito das mulheres de tomar decisões com autonomia sobre o próprio corpo.

  • Feminismo liberal, feminismo negro e transfeminismo, entre outros, são vertentes do movimento que abordam diferentes aspectos da opressão de gênero.

  • A origem e história do feminismo é compreendida por suas diferentes ondas, ou fases, definidas pela historiografia.

  • A quarta onda feminista, momento atual, é marcada por ativismo digital e protestos de rua, utilizando plataformas digitais para disseminar ideias feministas e desconstruir estereótipos.

  • Entre os pilares fundamentais do feminismo estão a igualdade de gênero, a justiça reprodutiva, o combate à violência de gênero e o empoderamento feminino.

  • O espelho de Vênus é o mais conhecido símbolo feminista. Ele representa o feminino e o poder das mulheres.

  • O feminismo busca a igualdade de gênero e o reconhecimento dos direitos das mulheres, promovendo mudanças significativas, como o direito ao voto, ao trabalho, ao divórcio e à proteção contra a violência.

O que o feminismo defende?

O feminismo defende a igualdade de gênero e o reconhecimento dos direitos das mulheres em todas as esferas da vida. O movimento defende a equiparação salarial entre homens e mulheres. Luta contra o sexismo (discriminação pelo sexo), a violência de gênero, a falta de representação política das mulheres, entre outras questões.

O feminismo é um movimento plural, com diversas vertentes, que abordam diferentes aspectos da opressão e da desigualdade de gênero, por isso, defende uma ampla gama de pautas. Fundamentalmente, o feminismo defende o direito das mulheres de tomarem decisões sobre seus próprios corpos, incluindo o direito ao aborto legal e seguro.

O feminismo defende o fim de todas as formas de violência contra as mulheres, incluindo violência doméstica, assédio sexual e feminicídio. Na política do dia a dia, o feminismo defende que o mundo e as relações sociais sejam avaliados pelo ponto de vista de gênero, raça e classe. A perspectiva feminista defende a conscientização do fato de que as mulheres ainda estão em uma situação desprivilegiada, e que essa situação deve ser transformada com urgência.

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Tipos e vertentes do feminismo

O feminismo é um movimento diverso, com várias vertentes que abordam diferentes aspectos da opressão de gênero. Algumas das principais vertentes incluem:

Feminismo liberal

Feminismo de classe média historicamente, tem sido dominado por mulheres brancas com formação universitária e acesso a recursos financeiros. O feminismo liberal frequentemente se concentra em questões como a igualdade no local de trabalho, o direito ao aborto, e a representação política.

Um exemplo clássico é o livro A mística feminina, de Betty Friedan, que abordou o tédio e a insatisfação das donas de casa de classe média, mas ignorou as necessidades das mulheres pobres e não brancas.

Feminismo radical

Acredita que a raiz da opressão das mulheres está nos papéis sociais atribuídos aos gêneros e busca uma transformação profunda das estruturas sociais e culturais que perpetuam a desigualdade de gênero e a dominação masculina.

Feminismo marxista ou socialista

Analisa a opressão das mulheres por uma perspectiva econômica, argumentando que o capitalismo é uma das principais causas da desigualdade de gênero. Defende a luta de classes como um meio de alcançar a igualdade de gênero.

Feminismo católico

O feminismo católico busca conciliar os princípios feministas com a fé católica. Ele critica a estrutura patriarcal da Igreja Católica e luta por maior participação das mulheres nas decisões eclesiásticas. Organizações como as Católicas pelo Direito de Decidir (CDD) trabalham dentro do catolicismo para promover justiça reprodutiva e igualdade de gênero, desafiando as normas tradicionais da Igreja.

Feminismo negro e interseccional

O feminismo negro destaca a interseção entre raça e gênero, argumentando que as mulheres negras enfrentam uma dupla opressão. Além disso, reconhece que a opressão de gênero é interligada com outras formas de opressão, como racismo, classismo (opressão de classe), homofobia, entre outras. Defende uma abordagem inclusiva que leve em consideração as diversas experiências das mulheres.

O feminismo afro-latino-americano é uma vertente interseccional do feminismo. Ele reconhece a interseccionalidade das opressões de gênero, raça e classe, destacando como essas dimensões se entrelaçam para moldar a vida das mulheres negras. Lélia Gonzalez, uma das principais teóricas desse movimento, argumenta que outras vertentes do feminismo muitas vezes negligenciam as questões raciais e culturais específicas das mulheres negras e indígenas na América Latina.

Gonzalez introduziu conceitos como “amefricanidade” para enfatizar a identidade cultural e a resistência das populações afro-latino-americanas.

  • Videoaula sobre interseccionalidade

Ecofeminismo

Conecta a opressão das mulheres com a exploração da natureza, argumentando que a dominação masculina sobre as mulheres e a natureza estão interligadas. Defende a sustentabilidade ambiental e a justiça social.

Transfeminismo

Inclui as experiências e as lutas das pessoas trans no movimento feminista, defendendo a igualdade de gênero para todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero.

Veja também: Qual é a importância da mulher na sociedade?

Origem e história do feminismo

Para entendermos a origem e história do feminismo, precisamos entender as diferentes ondas, ou fases, definidas pela historiografia para o movimento feminista.

Primeira onda do feminismo

A primeira onda do feminismo teve início no século XIX, por volta de 1830, e durou até o início do século XX, no ano de 1920. A primeira geração feminista lutou pela igualdade jurídica e política. As principais demandas dessas mulheres incluíam:

  • o voto feminino;

  • o fim dos casamentos arranjados;

  • a regulamentação do direito à propriedade;

  • o divórcio;

  • o controle de natalidade.

A primeira onda do feminismo foi caracterizada por movimentos e campanhas intensas em diversos países, incluindo o Reino Unido, França, Canadá, Países Baixos e Estados Unidos. As sufragistas desempenharam um papel crucial na mobilização e pressão sobre os governos para garantir o direito ao voto feminino e outras pautas.

  • Importantes ativistas da primeira onda do feminismo

Citamos como figura fundamental da primeira onda do feminismo Elizabeth Cady Stanton (1815-1902). Ela foi uma das líderes mais proeminentes do movimento sufragista americano, Stanton foi uma das organizadoras da Convenção de Seneca Falls em 1848, onde foi apresentada a Declaração de Sentimentos, um documento que exigia direitos iguais para as mulheres, incluindo o direito ao voto.

Outra mulher importante foi Susan B. Anthony (1820-1906). Colaboradora próxima de Stanton, Anthony foi uma ativista incansável pelos direitos das mulheres e cofundadora da National Woman Suffrage Association (NWSA). Ela também foi presa por tentar votar em 1872, um ato de desobediência civil que chamou a atenção para a causa.

Outra ativista importante desse período foi Harriet Tubman, conhecida como Black Moses, uma mulher negra que lutou pelo voto feminino e o fim da escravidão nos Estados Unidos. Harriet Tubman é amplamente conhecida por seu papel como abolicionista e “condutora” da Underground Railroad, ajudando centenas de escravos a escaparem para a liberdade antes da Guerra Civil Americana. No entanto, sua contribuição para o feminismo e os direitos das mulheres também é significativa, embora menos conhecida.

Harriet Tubman, importante nome da primeira onda do feminismo.
Harriet Tubman, importante nome da primeira onda do feminismo.

Segunda onda do feminismo

A segunda onda do movimento feminista teve início na década de 1960 e durou até o final da década de 1970. A segunda onda extrapolou a dimensão da política institucional e direcionou suas forças para a emancipação das relações sociais no patriarcado burguês, um terreno fértil para proliferação de machismo e sexismo.

As pautas e discussões mais importantes desenvolvidas na segunda onda do feminismo incluíram:

  • a legalização do aborto;

  • o uso da pílula anticoncepcional;

  • a presença da mulher no mercado de trabalho;

  • o combate a preconceitos como “a mulher nasceu para casar e cuidar dos filhos” ou “o sexo feminino é frágil” etc.

O evento marcante ocorrido na segunda onda do feminismo foi um protesto feito por cerca de 400 mulheres do Women’s Liberation Movement (WML), durante o concurso de beleza Miss América, em 1968. As ativistas tiraram e jogaram no chão sutiãs, batons, espartilhos, sapatos de salto alto e outros acessórios. O ato representou um protesto contra as expectativas irreais, comerciais e masculinas sobre o corpo da mulher.

O pontapé para a mudança no âmbito das discussões feministas, que ocorreu na segunda onda, foi o amadurecimento de questões intelectuais e filosóficas importantes. Por exemplo, a percepção da condição de opressão decorrente dos papéis de gênero atribuídos às mulheres. Foi isso que levou o feminismo a questionar o padrão de beleza feminino, afinal de contas, ele também era expressão do machismo e da opressão sobre os corpos das mulheres.

Sobre essas discussões, destacamos o trabalho da filósofa francesa Simone de Beauvoir, O segundo sexo, lançado em 1952; o texto A mística feminina, da também francesa Betty Friedan, de 1963; e o livro da estadunidense Kate Millet, Política sexual, de 1970. Os estudos da segunda onda do feminismo ampliaram algumas noções e expandiram as reivindicações do movimento, que ficará cada vez mais consistente na próxima fase.

Terceira onda do feminismo

A terceira onda do feminismo tem início a partir de 1980, e, de certa forma, dura até hoje. Na terceira onda, são explorados temas como as identidades de gênero, a diversidade sexual e a multiplicidade dos corpos.

A terceira onda do feminismo é protagonizada por mulheres que falaram sobre o empoderamento feminino, levando em consideração a variedade dos perfis de mulheres: brancas, negras, indígenas, pobres, classe média, ricas, heterossexuais, lésbicas, bissexuais, transexuais etc.

Escapando das generalizações abstratas sobre o que é ou não ser mulher, o feminismo recorre ao uso das categorias de raça, classe e orientação sexual para descrever a condição feminina no século XXI. O feminismo cede lugar para os feminismos negro, trans, liberal, marxista, interseccional e radical. Com o pluralismo das vozes, o feminismo estabelece que as mulheres têm questões e demandas distintas.

  • Importantes ativistas da terceira onda do feminismo

Destaque para duas teóricas norte-americanas fundamentais para a terceira onda do feminismo: Judith Butler e Angela Davis. A primeira é autora do livro Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade, de 1990, em que apresenta a teoria queer para discutir como os papéis de gênero são socialmente construídos, de modo que não são fixos ou binários, como as categorias homem e mulher indicam.

Angela Davis é uma feminista, ativista dos direitos civis e do movimento negro, autora de Mulheres, classe e raça, de 1981, livro que lança as bases para a teoria interseccional, que propõe uma linha de análise da condição feminina articulando o racismo, o machismo e a classe social.

Quarta onda do feminismo

A existência ou não de uma quarta onda do feminismo não é muito consensual nos estudos feministas. Mesmo assim, há características marcantes que diferenciam a atual fase. O ciberativismo, ou ativismo digital, é uma característica marcante dessa onda. Ele utiliza a internet para difundir informações, organizar ações e mobilizar pessoas para causas feministas.

Apesar do forte componente digital, a quarta onda também se manifesta em grandes protestos de rua, mostrando uma combinação de ativismo online e offline.

Multidão em marcha feminista no México.
A atual fase do feminismo é marcada pela utilização da internet para mobilizar protestos e difundir informações.[1]

A quarta onda feminista tornou-se mais vibrante por volta de 2012, com a intensificação do uso da tecnologia e das redes sociais para promover as pautas feministas, como o assédio sexual e a violência de gênero.

Esse movimento é definido pela tecnologia, utilizando plataformas (como Facebook, Twitter, Instagram, YouTube) e blogs para contestar a misoginia, o machismo, o sexismo e outras formas de desigualdade de gênero.

A internet permitiu a massificação do debate feminista, facilitando a difusão das ideias do movimento e a desconstrução de estereótipos negativos sobre as feministas.

Quais são os pilares do feminismo?

Os pilares do feminismo são os princípios fundamentais que orientam a luta feminista em todas as suas vertentes. Ainda que seja um movimento muito plural, os pilares do feminismo incluem:

  • a igualdade de gênero;

  • a justiça reprodutiva;

  • o combate à violência de gênero;

  • o empoderamento feminino.

Os pilares do feminismo sustentam o combate à dominação masculina, exercida inclusive sobre os corpos e as vidas das mulheres. Por isso, entre os pilares do feminismo, estão a luta contra a subordinação da sexualidade à reprodução via métodos contraceptivos, e a descriminalização/legalização do aborto.

Romper com essa subordinação implica, não só do ponto de vista legal, tornar acessível o uso de contraceptivos seguros e a prática do aborto, como também, do ponto de vista social, tornar possível a escolha da maternidade e desligar essa escolha de um determinismo biológico que sempre acompanhou as noções de mulher e família.

Símbolos do feminismo

Os símbolos do feminismo são representações visuais que encapsulam os valores e as lutas do movimento. O feminismo tem o costume de politizar as relações pessoais na família, no trabalho e em outros espaços públicos e privados.

O mais conhecido símbolo do feminismo é o espelho de Vênus — um círculo com uma cruz embaixo, representando o feminino e o poder das mulheres. O círculo apoiado na cruz representa o espelho da deusa Afrodite (Vênus, na mitologia romana). Afrodite é a deusa do amor e do feminino. Originalmente um símbolo astrológico, o espelho de Vênus foi adotado pelo movimento feminista.

Quando existe um punho erguido inserido dentro do espelho de Vênus, ele representa a luta e a resistência das mulheres negras, e é associado ao movimento Black Power. É um símbolo do feminismo negro.

Símbolos do feminismo.
Os três símbolos representam o feminismo. Os dois últimos fazem alusão à luta de mulheres negras e trans respectivamente.[2]

Em outro caso, o espelho de Vênus pode vir acompanhado do punho erguido e mesclado com o símbolo do deus Marte. É o símbolo que representa a luta das mulheres trans dentro do movimento feminista. Foi acrescentado, ainda, outra flecha com um risco, que representa um terceiro gênero na união do masculino e o feminino. Por fim, o punho em riste se soma ao símbolo, trazendo a mensagem de luta.

Rosie, a Rebitadeira, cartaz ilustrando uma trabalhadora mostrando o braço, um símbolo do feminismo.
A imagem icônica de uma trabalhadora e a frase “We can do it!” são associadas ao empoderamento feminino.

Rosie, a Rebitadora é uma imagem icônica da Segunda Guerra Mundial que simboliza a força e a independência das mulheres trabalhadoras. A frase “We can do it!” é frequentemente associada a essa imagem.

Feminismo no Brasil

A primeira onda do feminismo no Brasil, assim como em outras partes do mundo, focou principalmente na luta pelo direito ao voto e pela igualdade de direitos civis. Durante o final do século XIX e início do século XX, mulheres começaram a se organizar para reivindicar seus direitos.

Nísia Floresta (1810-1885) é considerada uma das primeiras feministas brasileiras, uma educadora e escritora que defendeu a educação para as mulheres e a igualdade de direitos. Ela traduziu e adaptou obras feministas europeias para o contexto brasileiro.

Bertha Lutz (1894-1976) foi outra figura proeminente do movimento sufragista no Brasil, uma bióloga e ativista que fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF) em 1922. Sua atuação foi crucial para a conquista do direito ao voto feminino em 1932 e pela defesa da presença da mulher no mercado de trabalho.

A segunda onda do feminismo no Brasil foi influenciada pelos movimentos feministas dos Estados Unidos e da Europa, focando na igualdade jurídica e social, além de questões como a sexualidade e os direitos reprodutivos.

Rose Marie Muraro (1930-2014), uma intelectual e escritora, foi uma das principais vozes do feminismo brasileiro nas décadas de 1960 e 1970. Ela escreveu mais de 40 livros sobre gênero e sexualidade e foi reconhecida, em 2005, pelo governo federal, como a “patrona do feminismo brasileiro”.

Leila Diniz (1945-1972) foi uma atriz brasileira que se tornou símbolo da revolução sexual no país. Em plena Ditadura Militar, Leila Diniz desafiou os padrões moralistas e conservadores da época com suas declarações sobre sexualidade e liberdade feminina. Fazia questão de falar palavrões publicamente, inclusive nas entrevistas. Sua postura pública ajudou a abrir caminho para discussões mais abertas sobre o papel da mulher na sociedade.

Entre as décadas de 1960 e 1970, o Brasil viveu o auge da Ditadura Civil-Militar. Muitas mulheres que se organizaram politicamente nessa época foram presas, torturadas, desapareceram ou foram mortas nos porões da ditadura. Por exemplo: Ana Maria Aratangy; Ana Mércia Silva Roberts; Amélia Teles; Criméia de Almeida; Lúcia Maria de Souza; Maria Célia Correa; Zuzu Angel; Mirian Leitão; e Dilma Rousseff.

Fotografia de Dilma Rousseff quando foi presa, em texto sobre feminismo.
Dilma Rousseff, a primeira mulher a assumir a presidência do Brasil, foi presa durante a Ditadura Militar.

Houve, a partir de 1975, a fundação de vários grupos da sociedade civil que lutaram pela lei do divórcio, uma das principais pautas da segunda onda feminista no Brasil.

Lélia Gonzalez foi pioneira ao propor um feminismo que considerasse as especificidades das mulheres negras na América Latina. Em sua obra Por um feminismo afro-latino-americano, ela criticou a visão eurocêntrica predominante no feminismo e destacou a necessidade de um movimento que incorporasse as desigualdades de raça e classe.

Gonzalez argumentava que o feminismo latino-americano perdia força ao ignorar o caráter multirracial e pluricultural das sociedades da região, enfatizando que a opressão das mulheres negras não podia ser dissociada do racismo estrutural.

Atualmente, a filósofa e escritora Djamila Ribeiro é uma das principais figuras do feminismo contemporâneo no Brasil. Ela utiliza as redes sociais e outras plataformas digitais para promover discussões sobre racismo, feminismo e Direitos Humanos, alcançando um público amplo e diversificado.

Impactos do feminismo

O feminismo, como um movimento político e social, tem produzido impactos profundos e abrangentes nas relações sociais. Ao politizar as relações pessoais, o feminismo conseguiu provocar debates, desconstruir mitos, inverdades e preconceitos sobre as mulheres, além de construir uma visão crítica sobre o direito delas à participação na política, ao estudo, ao trabalho, à independência financeira, à autonomia do próprio corpo e da própria vida.

Entre os impactos do feminismo, atualmente, está a promoção do debate sobre as relações de gênero, questionando e desafiando os papéis tradicionais atribuídos a homens e mulheres. Isso inclui a luta contra o sexismo, a objetificação do corpo feminino e a hipersexualização de meninas e mulheres.

Mulheres segurando cartaz com uma das pautas do feminismo.
O feminismo combate a objetificação do corpo feminino.[3]

A teoria queer e o transfeminismo, desenvolvidos a partir da terceira onda, têm ampliado o debate sobre gênero e sexualidade, incluindo as experiências de pessoas LGBTQIA+.

Os impactos do feminismo têm sido cruciais no combate à violência de gênero.

Campanhas de conscientização, as mudanças legislativas e a criação de serviços de apoio às vítimas são algumas das ações promovidas pelo movimento. No Brasil, a Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, é um marco na luta contra a violência doméstica.

Por fim, a luta pela igualdade salarial entre homens e mulheres é outro impacto do feminismo. Movimentos feministas têm pressionado por políticas que garantam salários iguais para trabalhos de igual valor. Também foi um impacto produzido pelo feminismo o debate sobre a invisibilidade do trabalho doméstico e de cuidados, tradicionalmente realizado por mulheres e muitas vezes não remunerado. O feminismo argumenta que, apesar de ser um trabalho essencial para a economia, ele não recebe reconhecimento nem é valorizado.

Qual é a importância do feminismo?

O feminismo é um movimento social, político e cultural que busca a igualdade de gênero e o reconhecimento dos direitos das mulheres em todas as esferas da sociedade. Desde suas origens, no final do século XIX, o feminismo tem sido uma força transformadora, lutando contra a discriminação, a violência de gênero, a desigualdade salarial e a representação política desigual.

O movimento é interseccional, levando em consideração as diversas identidades e experiências das mulheres, incluindo raça, classe, orientação sexual e identidade de gênero. Por meio de suas várias ondas e correntes, o feminismo tem promovido mudanças significativas, como o direito ao voto, ao trabalho, ao divórcio, e a proteção contra a violência doméstica e sexual.

Além de beneficiar diretamente as mulheres, o feminismo contribui para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária para todos os gêneros. Ele desafia e desconstrói os estereótipos de gênero, que limitam tanto homens quanto mulheres, promovendo uma cultura de respeito, solidariedade e empoderamento.

O feminismo não é apenas uma luta contra o machismo e o sexismo, mas uma luta por um mundo onde todos possam viver livremente e com dignidade.

Saiba mais: Mulheres na política — importância, representação, luta e trajetória ao longo dos anos

Diferença entre feminismo e femismo

O feminismo é um movimento que luta, entre outras coisas, pela igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres, buscando eliminar a discriminação de gênero. Já o femismo é um termo menos conhecido e frequentemente mal interpretado, mas geralmente é usado para descrever uma atitude de superioridade das mulheres sobre os homens, o que não é um objetivo do feminismo.

O feminismo visa à igualdade, enquanto o femismo, em sua definição mais extrema, poderia ser visto como uma inversão do machismo.

Diferença entre feminismo e machismo

O machismo é fruto do processo histórico que consagrou uma relação desigual de poder entre os gêneros que foi naturalizada por concepções inconscientes que colocam as mulheres em uma relação de submissão aos homens. O machismo e o patriarcado dizem respeito, portanto, ao domínio histórico do gênero masculino sobre as mulheres, a chamada dominação masculina.

Basta analisar os livros de história, que falam de conquistadores, mártires, heróis, vilões e ídolos, sempre representados numa figura masculina. A história, até o momento, foi e continua a ser contada por homens. A força dessas narrativas predominantemente masculinas é uma das principais expressões do machismo, que escondeu a história das mulheres ao longo dos séculos.

O feminismo, portanto, organizou as mulheres justamente para romper com essa condição de subalternidade histórica. Assim, fica claro que o feminismo não é um machismo de sinal invertido, como se tratasse de uma forma de dominação exercida pelas mulheres.

O feminismo luta por igualdade de direitos e visibilidade social, o que nada tem a ver com querer ocupar o lugar de opressão que os homens historicamente sempre ocuparam para buscar vingança. Esse é apenas mais um mito propagado sobre o feminismo: a ideia de ser um movimento anti-homem.

Segundo bell hooks|1|:

“o movimento feminista avança sempre que qualquer homem ou mulher, de qualquer idade, trabalha pelo fim do sexismo [...]. O feminismo visionário radical incentiva a todos nós a ter coragem de avaliar a vida do ponto de vista de gênero, raça e classe, para que possamos compreender precisamente nossa posição dentro do patriarcado capitalista de supremacia branca imperialista [...] Reações anti-feministas existem porque o movimento foi bem sucedido ao mostrar para todo mundo a ameaça que o patriarcado oferece ao bem-estar de mulheres e homens. Se o movimento feminista não tivesse oferecido um verdadeiro relato aos perigos de perpetuar o sexismo e a dominação masculina, teria falhado. Não haveria necessidade de criar uma campanha anti-feminista [...]. O feminismo visionário nos oferece esperança para o futuro.”

Portanto, na verdade, o feminismo quer acabar com o sexismo, a atitude discriminatória e opressora fundamentada no sexo. Ocorre que, historicamente, essa opressão se estruturou na prevalência do sexo masculino sobre o feminino.

Dominação que ocorre não apenas por meio da violência física mas também de maneiras sutis, como por meio da construção de uma mentalidade machista e patriarcal, que forja comportamentos, crenças, atitudes e formas de compreensão do mundo e da existência dos homens e das mulheres.

Nota

|1| HOOKS, B. O feminismo é para todos. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2020.

Créditos das imagens

[1] Alejandro Munoz/ Shutterstock

[2] Adaptado de Shutterstock e Wikimedia Commons

[3] Wikimedia Commons

Fontes

ADICHIE, C. N. Sejamos todos feministas. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

DAVIS, A. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

DE BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

FRIEDAN, B. A mística feminina. Rio de Janeiro: Record, 1971.

HOOKS, B. O feminismo é para todos. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2020.

LORDE, A. Irmã outsider: ensaios e discursos. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.

MILLETT, K. Política sexual. São Paulo: Três Estrelas, 2019.

RIBEIRO, D. Quem tem medo do feminismo negro? São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

TIBURI, M. Feminismo em comum: para todas, todes e todos. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2018.

Escritor do artigo
Escrito por: Rafael Pereira da Silva Mendes Licenciado e bacharel em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atuo como professor de Sociologia, Filosofia e História e redator de textos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

MENDES, Rafael Pereira da Silva. "O que é feminismo?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-feminismo.htm. Acesso em 18 de dezembro de 2024.

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