A poesia do Romantismo é composta por textos poéticos que podem apresentar exagero sentimental, idealização amorosa e crítica social. Ela pode ser nacionalista, ultrarromântica ou pré-realista. A poesia nacionalista enaltece a pátria. A ultrarromântica tem como principais temáticas o amor e a morte. A pré-realista faz crítica social.
No Brasil, os principais poetas românticos são Gonçalves Dias, autor de Canção do exílio; Álvares de Azevedo, autor de Lira dos vinte anos; e Castro Alves, autor de O navio negreiro. Dessa forma, a poesia romântica brasileira apresenta caráter nacionalista, ultrassentimental e pré-realista.
Leia também: Principais características do Romantismo
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre poesia do Romantismo
- 2 - O que é a poesia romântica?
- 3 - Características da poesia romântica
- 4 - Autores da poesia romântica
- 5 - Poesia romântica no Brasil
- 6 - Poemas do Romantismo
- 7 - Frases da poesia romântica
- 8 - Exercícios sobre poesia romântica
Resumo sobre poesia do Romantismo
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A poesia do Romantismo é marcada por exagero sentimental e idealização amorosa.
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A poesia nacionalista, ultrarromântica e condoreira são os tipos de poesia romântica.
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Lord Byron é um dos mais famosos poetas românticos europeus.
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No Brasil, a poesia romântica é representada por poetas como Álvares de Azevedo e Castro Alves.
O que é a poesia romântica?
A poesia romântica consiste em textos poéticos com características românticas, produzidos no final do século XVIII e no século XIX.
Características da poesia romântica
De forma geral, a poesia romântica possui subjetividade, melancolia e adjetivação abundante. Nessa poesia fortemente sentimental, é recorrente a presença de exclamações, de maneira a valorizar a emoção. Outra característica da poesia romântica é a idealização do amor e da mulher.
Cada país possui suas peculiaridades românticas, mas, no Brasil e em Portugal, a poesia romântica apresenta três fases. A primeira é nacionalista e busca valorizar a identidade e a cultura nacionais. A segunda é ultrarromântica e, assim, apresenta exagero sentimental. Por fim, a terceira é pré-realista, já que apresenta menor idealização e temática social.
Portanto, os elementos marcantes da poesia romântica são o nacionalismo (valorização dos símbolos nacionais), a temática amorosa (sofrimento amoroso e impossibilidade de realização do amor), a morbidez (obsessão pela morte) e a crítica social (não apresenta a fuga da realidade associada à temática do amor e da morte).
Autores da poesia romântica
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Johann Wolfgand von Goethe (1749-1832) — alemão.
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William Wordsworth (1770-1850) — inglês.
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S. T. Coleridge (1772-1834) — inglês.
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Lord Byron (1788-1824) — inglês.
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Alphonse de Lamartine (1790-1869) — francês.
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John Keats (1795-1821) — inglês.
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Alexander Pushkin (1799-1837) — russo.
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Almeida Garrett (1799-1854) — português.
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Victor Hugo (1802-1885) — francês.
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José de Espronceda (1808-1842) — espanhol.
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Alexandre Herculano (1810-1877) — português.
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Gonçalves de Magalhães (1811-1882) — brasileiro.
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Gonçalves Dias (1823-1864) — brasileiro.
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Soares de Passos (1826-1860) — português.
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João de Deus (1830-1896) — português.
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Álvares de Azevedo (1831-1852) — brasileiro.
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Sousândrade (1833-1902) — brasileiro.
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Casimiro de Abreu (1839-1860) — brasileiro.
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Fagundes Varela (1841-1875) — brasileiro.
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Castro Alves (1847-1871) — brasileiro.
Poesia romântica no Brasil
A poesia romântica no Brasil é dividida em três fases ou gerações. A primeira geração (1836-1853) é nacionalista e indianista. Os principais poetas dessa geração são Gonçalves de Magalhães, introdutor do Romantismo no Brasil com sua obra Suspiros poéticos e saudades (1836), e Gonçalves Dias, autor do famoso poema Canção do exílio (1843).
A segunda geração (1853-1870) é ultrarromântica ou byroniana (admiradora do poeta inglês Lord Byron). A poesia dessa geração tem como principais temáticas o amor impossível e a morte. É uma poesia marcada pelo exagero sentimental e pelo tom pessimista, mórbido, tedioso e melancólico conhecido como “mal do século”.
Seu principal representante é o poeta Álvares de Azevedo, autor do livro Lira dos vinte anos (1853). Outro poeta de destaque dessa segunda geração é Casimiro de Abreu, autor da obra As primaveras (1859). Fagundes Varela, autor do livro Vozes da América (1864), também é ultrarromântico.
Por fim, a terceira geração (1870-1881) é pré-realista ou hugoana (admiradora do poeta e romancista francês Victor Hugo). Ela possui elementos românticos como o sentimentalismo, mas não recorre à fuga da realidade e apresenta crítica social, o que a aproxima do Realismo. A temática abolicionista é marcante nessa geração poética.
O principal poeta condoreiro (a terceira geração tinha o condor como símbolo de liberdade) é Castro Alves, autor do famoso poema O navio negreiro (1868), além do livro Os escravos (1883). Já Sousândrade é autor da obra O guesa errante (1884), e Tobias barreto é autor do livro Dias e noites (1881).
Poemas do Romantismo
Escrito em Coimbra, Portugal, o poema Canção do exílio, de Gonçalves Dias, apresenta teor nacionalista, pois idealiza a pátria natal do eu lírico. Assim, tal obra é o símbolo máximo do nacionalismo brasileiro:
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas tem mais flores,
Nossos bosques tem mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
O longo poema O navio negreiro, de Castro Alves, ao condenar o tráfico de africanos escravizados, consequentemente, condena a escravidão. A seguir, alguns trechos da obra, marcada por exclamações, adjetivações e reticências:
‘Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dois é o céu? Qual o oceano?...
[...]
Era um sonho dantesco... O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças... mas nuas, espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
[...]
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus...
Ó mar! por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...
[...]
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu na vaga,
Como um íris no pélago profundo!...
... Mas é infâmia de mais... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo...
Andrada! arranca este pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
Por fim, vamos ler o poema No túmulo do meu amigo, de Álvares de Azevedo. Os versos desse poeta ultrarromântico estão repletos de melancolia e carregados de morbidez:
Perdão, meu Deus, se a túnica da vida...
Insano profanei-a nos amores!
Se da c’roa dos sonhos perfumados
Eu próprio desfolhei as róseas flores!
No vaso impuro corrompeu-se o néctar,
A argila da existência desbotou-me...
O sol de tua glória abriu-me as pálpebras,
Da nódoa das paixões purificou-me!
E quantos sonhos na ilusão da vida!
Quanta esperança no futuro ainda!
Tudo calou-se pela noite eterna...
E eu vago errante e só na treva infinda...
Alma em fogo, sedenta de infinito,
Num mundo de visões o voo abrindo,
Como o vento do mar no céu noturno
Entre as nuvens de Deus passei dormindo!
A vida é noite! o sol tem véu de sangue
Tateia a sombra a geração descrida!...
Acorda-te, mortal! é no sepulcro
Que a larva humana se desperta à vida!
Quando as harpas do peito a morte estala,
Um treno de pavor soluça e voa...
E a nota divinal que rompe as fibras
Nas dulias angélicas ecoa!
Frases da poesia romântica
“As ondas são anjos que dormem no mar.”
(Álvares de Azevedo, Lira dos vinte anos).
“Feliz daquele que no livro d’alma não tem folhas escritas e nem saudade amarga, arrependida, nem lágrimas malditas!”
(Álvares de Azevedo, Lira dos vinte anos).
“A vida é noite!”
(Álvares de Azevedo, Lira dos vinte anos).
“Se nós morrermos num beijo, acordaremos no céu.”
(Álvares de Azevedo, Lira dos vinte anos).
“Invejo as flores que murchando morrem, e as aves que desmaiam-se cantando e expiram sem sofrer...”
(Álvares de Azevedo, Lira dos vinte anos).
“Bendito o que semeia livros... e manda o povo pensar!”
(Castro Alves, Espumas flutuantes)
“O livro é chuva que faz o mar.”
(Castro Alves, Espumas flutuantes)
“A justiça do escravo está na força...”
(Castro Alves, Cachoeira de Paulo Afonso)
“Eu, que sou pequeno, mas só fito os Andes...”
(Castro Alves, Espumas flutuantes)
“Viver é lutar.”
(Gonçalves Dias, Últimos cantos)
“A vida é combate, que os fracos abate, que os fortes, os bravos só pode exaltar.”
(Gonçalves Dias, Últimos cantos)
“Os olhos mostram a alma, que as ondas postas em calma, também refletem os céus.”
(Gonçalves Dias, Últimos cantos)
“Oh! que saudades que tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais!”
(Casimiro de Abreu, As primaveras)
“Se rires, rio; se chorares, choro, e bebo o pranto que banhar-te a tez”.
(Casimiro de Abreu, As primaveras)
“A primavera é a estação dos risos.”
(Casimiro de Abreu, As primaveras)
Leia também: Diferença entre poesia, poema e prosa
Exercícios sobre poesia romântica
Questão 1 (Unesp)
Fragmento de Glória moribunda, do poeta romântico brasileiro Álvares de Azevedo (1831-1852).
É uma visão medonha uma caveira?
Não tremas de pavor, ergue-a do lodo.
Foi a cabeça ardente de um poeta,
Outrora à sombra dos cabelos loiros.
Quando o reflexo do viver fogoso
Ali dentro animava o pensamento,
Esta fronte era bela. Aqui nas faces
Formosa palidez cobria o rosto;
Nessas órbitas — ocas, denegridas! —
Como era puro seu olhar sombrio!
Agora tudo é cinza. Resta apenas
A caveira que a alma em si guardava,
Como a concha no mar encerra a pérola,
Como a caçoula a mirra incandescente.
Tu outrora talvez desses-lhe um beijo;
Por que repugnas levantá-la agora?
Olha-a comigo! Que espaçosa fronte!
Quanta vida ali dentro fermentava,
Como a seiva nos ramos do arvoredo!
E a sede em fogo das ideias vivas
Onde está? onde foi? Essa alma errante
Que um dia no viver passou cantando,
Como canta na treva um vagabundo,
Perdeu-se acaso no sombrio vento,
Como noturna lâmpada apagou-se?
E a centelha da vida, o eletrismo
Que as fibras tremulantes agitava
Morreu para animar futuras vidas?
Sorris? eu sou um louco. As utopias,
Os sonhos da ciência nada valem.
A vida é um escárnio sem sentido,
Comédia infame que ensanguenta o lodo.
Há talvez um segredo que ela esconde;
Mas esse a morte o sabe e o não revela.
Os túmulos são mudos como o vácuo.
Desde a primeira dor sobre um cadáver,
Quando a primeira mãe entre soluços
Do filho morto os membros apertava
Ao ofegante seio, o peito humano
Caiu tremendo interrogando o túmulo...
E a terra sepulcral não respondia.
Poesias completas, 1962.
Do segundo ao último verso da primeira estrofe do poema, revelam-se características marcantes do Romantismo:
A) conteúdos e desenvolvimentos bucólicos.
B) subjetivismo e imaginação criadora.
C) submissão do discurso poético à musicalidade pura.
D) observação e descrição meticulosa da realidade.
E) concepção determinista e mecanicista da natureza.
Resolução:
Alternativa B.
O eu lírico imagina como teria sido o dono da caveira e, assim, expressa uma visão subjetiva acerca dessa caveira. No trecho, não há bucolismo (elementos campestres ou pastoris), nem foco na musicalidade (aliás, a estrofe não apresenta rimas). Além disso, o eu lírico não descreve um elemento da realidade, pois a realidade é a caveira, a descrição de como teria sido o dono da caveira não é real, mas hipotética. Por fim, não há determinismo nem descrição da natureza.
Questão 2 (Unimontes)
Leia os fragmentos a seguir, extraídos de “O navio negreiro” e “A canção do africano”, respectivamente:
Texto I
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...
ALVES, 2007, p. 16.
Texto II
Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão...
De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez pra não o escutar!
ALVES, 2007, p. 29.
Em relação aos poemas “O navio negreiro” e “A canção do africano”, de Castro Alves, todas as características abaixo são corretas, EXCETO
A) Intensa preocupação político-social.
B) Textos comprometidos com a situação histórica do Brasil.
C) Nacionalismo; atração pela morte e pela noite.
D) Expressões de um Romantismo engajado.
Resolução:
Alternativa C.
Ao falar da realidade das pessoas escravizadas (uma situação histórica do Brasil), o eu lírico expressa preocupação político-social, o que reflete um Romantismo engajado, relacionado a questões como o abolicionismo. Portanto, os poemas não apresentam elementos nacionalistas, nem atração pela morte e pela noite.
Fontes:
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.
ÁLVARES DE AZEVEDO. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
CASTRO ALVES. O navio negreiro: tragédia no mar. In: RIMOGRAFIA, Slim. O navio negreiro. São Paulo: Panda Books, 2011.
COSTA, Edson Tavares. Licenciatura em Letras/ Português: literatura portuguesa. Campina Grande: EDUEPB, 2011.
GONÇALVES DIAS. Primeiros cantos. Belo Horizonte: Itatiaia, 1998.
GUERREIRO, Emanuel. O nascimento do Romantismo em Portugal. Diadorim, Rio de Janeiro, v. 1, n. 17, p. 66-82, jul. 2015.
MARQUES, Wilton Jose. Alexandre Herculano e A voz do profeta. Navegações, Porto Alegre, v. 5, n. 1, p. 40-47, jan./ jun. 2012.
PEDROSA, Ana Bárbara. Almeida Garrett e a proposta política do Romantismo. Diacrítica, Braga, v. 29, n. 3, 2015.
ROSA, Dione Mara Souto da. Noite na taverna (1855) de Álvares de Azevedo: amor e morte emoldurados por sombras góticas. 2016. Dissertação (Mestrado em Teoria Literária) – Centro Universitário Campos de Andrade, Curitiba, 2016.
SANTOS, Luzia Aparecida Oliva dos. O percurso da indianidade na literatura brasileira: matizes da figuração. São Paulo: Editora UNESP/ Cultura Acadêmica, 2009.