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A divina comédia é a obra-prima do escritor italiano Dante Alighieri. Ela foi escrita no início do século XIV e faz parte do humanismo. Nessa narrativa em versos, Dante utiliza decassílabos e introduz na literatura a terza rima: o primeiro verso rima com o terceiro, ao passo que o segundo rima com o primeiro e o terceiro versos da próxima estrofe.
Dante é autor, narrador e personagem principal do seu livro, dividido em três partes: Inferno, Purgatório e Paraíso. Assim, Dante, guiado pela alma do poeta Virgílio, atravessa o Inferno e o Purgatório até chegar ao Paraíso, onde encontra a alma de sua querida Beatriz, que busca a salvação para o seu amado.
Leia também: Auto da barca do inferno — outra obra vinculada ao humanismo
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre A divina comédia
- 2 - Análise da obra A divina comédia
- 3 - Características da obra A divina comédia
- 4 - Contexto histórico da obra A divina comédia
- 5 - Dante Alighieri
Resumo sobre A divina comédia
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O italiano Dante Alighieri nasceu no ano de 1265 e faleceu em 1321.
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A divina comédia é a obra mais famosa desse autor.
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Ela foi escrita no início do século XIV, no final da Idade Média.
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A narrativa em versos é composta por três partes: Inferno, Purgatório e Paraíso.
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Pertencente ao humanismo, o livro traz elementos teocêntricos e antropocêntricos.
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Dante é o protagonista dessa história, ao lado de Virgílio e da idealizada Beatriz.
Análise da obra A divina comédia
→ Personagens da obra A divina comédia
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Protagonistas
◦ Dante
◦ Virgílio
◦ Beatriz
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Habitantes do Inferno
Entre eles, personagens mitológicos, históricos, além de contemporâneos de Dante:
◦ Caronte
◦ Homero
◦ Horácio
◦ Ovídio
◦ Lucano
◦ Minós
◦ Paolo
◦ Francesca
◦ Cérbero
◦ Ciacco
◦ Plutão
◦ Flégias
◦ Filippo Argenti
◦ Farinata
◦ Minotauro
◦ Quirion
◦ Nesso
◦ Pier della Vigna
◦ Capâneo
◦ Brunetto Latini
◦ Gerion
◦ Venedico Caccianemico
◦ Jasão
◦ Alessio Interminei
◦ Nicolau III
◦ Manto
◦ Malacoda
◦ Catalano
◦ Loderingo
◦ Caifás
◦ Vanni Fucci
◦ Cianfa
◦ Agnel
◦ Francesco Cavalcanti
◦ Buoso Donati
◦ Puccio Sciancato
◦ Ulisses
◦ Diomedes
◦ Guido da Montefeltro
◦ Maomé
◦ Dolcino
◦ Bertran de Born
◦ Geri del Bello
◦ Capocchio
◦ Gianni Schicchi
◦ Mirra
◦ Adamo
◦ Sínon
◦ Nemrod
◦ Efialte
◦ Anteu
◦ Camicione de Pazzi
◦ Bocca degli Abati
◦ Conde Ugolino
◦ Frei Alberigo
◦ Lúcifer
◦ Judas Iscariote
◦ Bruto
◦ Cássio
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Habitantes do Purgatório
Entre eles, personagens históricos, além de contemporâneos de Dante:
◦ Catão de Útica
◦ Casella
◦ Manfredo
◦ Belacqua
◦ Jacopo del Cassero
◦ Buonconte de Montefeltro
◦ Pia dei Tolemei
◦ Sordello
◦ Nino Visconti
◦ Corrado Malaspina
◦ Oderisi da Gubbio
◦ Provenzan Salvani
◦ Sápia
◦ Guido del Duca
◦ Ranieri da Calboli
◦ Marco
◦ Adriano V
◦ Hugo Capeto
◦ Estácio
◦ Forese Donati
◦ Bonagiunta
◦ Guido Guinizelli
◦ Arnaut Daniel
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Habitantes do Paraíso
Entre eles, personagens históricos, além de contemporâneos de Dante:
◦ Matelda
◦ Piccarda
◦ Santa Clara
◦ Constança
◦ Justiniano
◦ Carlos Martel
◦ Clemência
◦ Cunizza de Romano
◦ Folco de Marselha
◦ Raab
◦ Santo Tomás de Aquino
◦ Alberto Magno
◦ Francisco Graciano
◦ Pedro Lombardo
◦ Rei Salomão
◦ Dionísio Areopagita
◦ Paulo Orósio
◦ Boécio
◦ Santo Isidoro
◦ Beda
◦ Ricardo de San Vittore
◦ Siger de Brabant
◦ São Boaventura
◦ Cacciaguida
◦ Davi
◦ Trajano
◦ Ezequias
◦ Constantino
◦ Guilherme II
◦ Rifeu
◦ Pedro Damião
◦ São Bento
◦ Cristo
◦ Virgem Maria
◦ São Pedro
◦ São Tiago
◦ São João
◦ Adão
◦ Eva
◦ São Bernardo
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Tempo da obra A divina comédia
O tempo da narrativa é cronológico e se refere ao início do século XIV, de forma a coincidir com o tempo da narração dos fatos.
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Espaço da obra A divina comédia
A ação se passa em três espaços: Inferno, Purgatório e Paraíso.
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Enredo da obra A divina comédia
Dante é o protagonista de A divina comédia. Ele tem 35 anos e está perdido em uma metafórica selva. Após vencer três alegóricas feras (onça, leão e loba), ele consegue sair daquele lugar. É quando surge diante dele o espírito do poeta Virgílio, disposto a acompanhá-lo em sua viagem ao Inferno e ao Purgatório.
Virgílio revela que a alma de Beatriz, a musa inspiradora de Dante, desceu do Paraíso para pedir que o autor da Eneida o guiasse. Virgílio, representante da Antiguidade, é o símbolo da razão. Assim, ambos os poetas seguem rumo ao Inferno. A partir daí, eles encontram diversos tipos de pecadores e suas respectivas penas.
No rio Aqueronte, Caronte (o barqueiro de Hades) leva pecadores para cumprirem a pena. No Limbo, os poetas encontram os virtuosos sem batismo. Ali, vivem, além de Virgílio: Homero, Horácio, Ovídio e Lucano. No segundo círculo do Inferno, estão os luxuriosos, como os amantes Paolo e Francesca, mortos por Rimini, o marido traído.
No terceiro, Dante e Virgílio se deparam com aqueles que cometeram o pecado da gula, torturados por Cérbero. Já no quarto círculo, são punidos os avaros e os pródigos, sob o comando de Plutão. No quinto, encontram-se os iracundos. Em seguida, na cidade de Dite, no sexto círculo, é onde vivem os heréticos.
No sétimo, guardado pelo Minotauro, estão os violentos, seguidos pelos suicidas, perdulários, blasfemos, usurários e sodomitas. Dante encontra ali seu falecido mestre Brunetto Latini. No oitavo círculo do Inferno, são punidos os fraudulentos. Entre eles, o papa Nicolau III, enfiado de cabeça para baixo em um pequeno buraco, enquanto o fogo lhe queima os pés.
Por fim, no nono círculo, os traidores são submetidos à sua devida punição. Então Dante chega a ver Lúcifer, antes de ser guiado por Virgílio até o Purgatório. Catão de Útica, guardião do Purgatório, deixa os poetas seguirem. As almas estão ali transitoriamente.
Elas devem cumprir suas penas para, enfim, poderem entrar no Paraíso. Os dois poetas estão no Antepurgatório e precisam subir um monte. No caminho, encontram várias almas. Até que, finalmente, entram no Purgatório. Nesse novo percurso, encontram os orgulhosos, que levam pesadas pedras, e Oderisi prevê o exílio de Dante.
Há também os invejosos, cujas pálpebras estão costuradas com arame, os iracundos, além dos preguiçosos. Como no Inferno, há avaros e pródigos, deitados de bruços, com mãos e pés atados. Entre eles, o papa Adriano V. No Purgatório, também há gulosos, como a alma do amigo de Dante, um tal Forese Donati.
Por fim, Dante e Virgílio encontram os luxuriosos do Purgatório. Assim, já próximos do Paraíso, Virgílio se afasta, já que ali não lhe é permitido entrar, e Dante segue sozinho. Finalmente, Dante encontra a alma de Beatriz. Ela pede que ele se arrependa dos pecados e se confesse.
Na sequência, Beatriz o leva e o guia pelo Paraíso. A partir daí, ela tira as dúvidas de Dante sobre questões filosóficas e religiosas, assim também fazem outros personagens presentes no percurso. Ao encontrar personagens históricos como Justiniano, questões históricas e políticas são discutidas, e críticas são feitas a membros da Igreja.
No Paraíso, Dante também encontra seu trisavô Cacciaguida, que lhe faz algumas previsões. Assim, todo o caminho percorrido pelo poeta serviu para a purificação e salvação de sua alma, o que só pôde ocorrer devido ao amor de Beatriz. O livro termina quando Dante, finalmente, tem a visão de Deus.
Por meio dessa obra clássica, que atravessa os séculos, Dante homenageia e confirma a fé católica mas também faz críticas aos integrantes da Igreja de seu tempo. Expõe suas dúvidas existenciais, além de fatos de sua vida. E também fala de política, filosofia, religião e história.
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Narrador da obra A divina comédia
O narrador da obra é o próprio Dante Alighieri, que se torna o personagem principal de sua narrativa. Portanto, é um narrador-personagem.
Características da obra A divina comédia
A divina comédia é uma narrativa escrita em versos. Dante criou, para a composição dessa obra em versos decassílabos, a terza rima: o primeiro verso rima com o terceiro; já o segundo rima com o primeiro e o terceiro versos do próximo terceto. Leiamos um trecho como exemplo:
Temer deve-se a coisa em que o poder
de nos causar o mal se manifesta,
as outras não, das quais não há temer.
Tal fui feita por Deus, sua mercê, que esta
vossa fatal miséria não me afeta,
nem chama deste incêndio me molesta.|1|
No mais, o livro é dividido em três partes:
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Inferno (34 cantos)
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Purgatório (33 cantos)
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Paraíso (33 cantos)
Essa obra monumental faz parte do humanismo, movimento artístico surgido na Itália no século XIV. As obras do período apresentam amor idealizado, mulher idealizada, além de buscar o equilíbrio entre a razão e a religiosidade.
Saiba mais: Humanismo na Literatura — autores e características
Contexto histórico da obra A divina comédia
A região da Toscana era composta pelos municípios de Arezzo, Florença, Pisa e Siena. Nessa região, viviam os gibelinos (defensores do sacro império romano-germânico) e os guelfos (defensores do papado). Dante lutou ao lado dos guelfos, na Batalha de Campaldino, em 1289, quando os florentinos venceram Arezzo e Pisa.
Além dessa disputa religiosa, territorial e política, a Itália assistia às mudanças ocorridas no fim da Idade Média. A Igreja ainda mantinha forte poder político, compartilhado com os nobres. No entanto, uma nova classe social adquiria protagonismo, isto é, a burguesia, formada por prósperos comerciantes.
Se antes os artistas dependiam do aval da Igreja ou do apoio dos nobres, agora também podiam contar com o apoio financeiro dos mecenas burgueses. Tais comerciantes buscavam compensar sua “falta de cultura” ao investir em educação e arte. Assim, intelectuais e artistas puderam retomar e defender os valores da Antiguidade.
Dante Alighieri
Dante Alighieri foi um escritor italiano, nascido em Florença, no ano de 1265. Sua grande musa inspiradora foi Beatriz Portinari (1266-1290), a qual ele conheceu quando os dois ainda eram crianças, porém, quando fez 20 anos de idade, ele se casou com Gemma Donati. Tinha participação ativa na política e nas questões da Igreja.
Foi embaixador em San Gimignano e prior do Conselho de Florença. Acusado de corrupção, foi exilado em 1302 e nunca mais pôde voltar à cidade natal. Depois de fazer grande sucesso com sua obra A divina comédia, Dante faleceu em 14 de setembro de 1321, em Ravena.
Nota
|1| ALIGHIERI, Dante. A divina comédia. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2014.
Por Warley Souza
Professor de Literatura