O carbono é um elemento químico, de símbolo C e número atômico igual a 6, pertencente ao grupo 14 da Tabela Periódica. É um ametal que se apresenta, principalmente, na forma de dois alótropos, a grafite e o diamante. O carvão, também muito comum, é uma forma amorfa desse elemento. O carbono é também amplamente conhecido por ser o elemento principal da Química Orgânica.
As características do carbono dependem da sua forma alotrópica, que podem ser grafite e diamante, além do fulereno. Uma outra forma de carbono, recentemente descoberta, que também tem tido muito destaque é o grafeno cujas propriedades físicas e químicas são notáveis. O carbono é o segundo maior elemento em massa do nosso corpo, ele se movimenta pelo nosso planeta através de diversos processos geológicos e biológicos conhecidos como ciclo do carbono.
Leia também: Como é feita a classificação do carbono?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre carbono
- 2 - Afinal, o que é carbono?
- 3 - Características do carbono
- 4 - Propriedades do carbono
- 5 - Para que serve o carbono?
- 6 - Fórmula do carbono
- 7 - Onde o carbono é encontrado?
- 8 - Carbono no corpo humano
- 9 - Ciclo do carbono
- 10 - Curiosidades sobre o carbono
- 11 - Exercícios resolvidos sobre carbono
Resumo sobre carbono
- O carbono (C) é um ametal de número atômico 6, localizado no grupo 14 da Tabela Periódica.
- Apresenta-se em algumas formas alotrópicas, destacando-se a grafite e o diamante.
- A grafite é um dos materiais mais macios que existem e o diamante, o material sólido mais duro que se conhece.
- O fulereno é outra forma alotrópica do carbono, assim como o recém-descoberto grafeno, que possui incríveis propriedades.
- Há também uma forma amorfa do carbono, conhecida como carvão, que também é encontrada na natureza.
- O carbono é o segundo maior elemento em massa na constituição do corpo humano.
- O ciclo do carbono descreve a forma como esse elemento se move globalmente através de processos naturais e biológicos.
- Esse ciclo envolve processos geológicos (movimentação na atmosfera, para solos e oceanos) e biológicos (respiração e fotossíntese).
Afinal, o que é carbono?
O carbono é um elemento químico, cujo símbolo é C. Seu número atômico é igual a 6 e o mesmo se encontra no 2º período da Tabela Periódica, sendo o primeiro elemento do grupo 14. É um ametal e, na natureza, apresenta-se na forma de dois alótropos, diamante e grafite, além de formas amorfas, como é o caso do carvão.
Características do carbono
As características do carbono são diretamente ligadas à forma alotrópica em que ele se apresenta. Contudo, antes de falarmos das formas alotrópicas, vale citar algumas características interessantes do átomo de carbono. A primeira delas é o fato do carbono, normalmente, realizar quatro ligações covalentes, tanto sigma quanto pi. Essas quatro ligações covalentes podem levar o carbono a apresentar distintas geometrias moleculares, podendo ser linear, trigonal plana ou tetraédrica.
Uma característica interessante é que a ligação covalente entre dois átomos de carbono apresenta alta energia e, dessa forma, o carbono é um dos elementos com maior habilidade de concatenação, ou seja, de se ligar a outros átomos de carbono, produzindo longas cadeias estáveis. É essa propriedade que permite ao carbono dar origem aos diversos compostos orgânicos, o que faz dele um dos elementos com mais compostos presentes na natureza.
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Grafite e diamante
As duas formas alotrópicas mais comuns do carbono, além de serem as únicas observáveis naturalmente, são a grafite e o diamante, sendo a grafite a forma mais estável sob a ótica termodinâmica. O diamante é uma forma que chamamos de metaestável, ou seja, por mais que não seja a forma termodinâmica mais estável, ele existe sem apresentar quaisquer transformações observáveis.
O diamante é mais denso que a grafite e, dessa forma, é possível criar diamantes artificiais ao se submeter a grafite a pressões elevadas. Em termos de estrutura, o diamante possui um arranjo tridimensional infinito de carbonos com hibridização sp³ (tetraédricos), no qual estão interligados em anéis de seis carbonos. Já a grafite consiste em camadas planas de hexágonos de átomos de carbono com hibridização sp2, com uma separação de 3,35 x 10−10 m entre as camadas.
As camadas da grafite são fracamente conectadas por meio de interações de Van der Waals, o que justifica o fato deste ser um dos materiais mais macios existentes, que também pode ser usado como lubrificante. Por outro lado, o diamante é o material sólido mais duro que se conhece. Outra diferença interessante é o fato do diamante ser um isolante, enquanto os infinitos elétrons pi deslocalizados da grafite lhe permitem condutividade elétrica.
A grafite é mais reativa que o diamante, sendo oxidado pelo O2 em temperaturas acima dos 700 °C, enquanto o diamante queima em temperaturas acima dos 900 °C. Além disso, a grafite ainda é capaz de reagir com HNO3 quente, produzindo um composto aromático de fórmula C6(CO2H)6. Também é possível a reação da grafite com o flúor (F2), obtendo-se a forma polimérica do fluoreto de carbono (CFn). O diamante apresenta o maior ponto de fusão (cerca de 4000 °C), além de maior condutividade térmica.
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Fulereno
O fulereno foi descoberto em 1985, após submeter a grafite à radiação laser em temperaturas acima dos 10000 °C. Essa forma alotrópica apresenta arquiteturas moleculares bem chamativas e, por conta disso, foi nomeada em homenagem ao arquiteto Buckminster Fuller, famoso por projetar domos geodésicos. Dessas, a mais famosa é a “buckyball”, de fórmula C60, cuja estrutura geométrica se assemelha a uma bola de futebol.
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Grafeno e nanotubos
O grafeno consiste em uma folha plana de átomos de carbono organizados em células hexagonais com átomos hibridizados na forma sp2, resultando em um elétron livre por átomo de carbono. Foi descoberto em 2004, embora já se teorizasse sobre ele muito antes, de modo que o grafeno era utilizado para explicar a formação de outras formas alotrópicas do carbono, como a grafite, o fulereno e os nanotubos.
O grafeno se destaca por suas propriedades incríveis, como uma alta resistência mecânica (maior que do aço), mobilidade eletrônica mais elevada que do silício, além de uma condutividade térmica maior que a do cobre. Além disso, ainda apresenta uma área superficial maior que a da grafite e é um material muito leve e flexível.
Os nanotubos de carbono, por sua vez, consistem em “folhas de grafeno enroladas”, com anéis de carbono hexagonais. Também são altamente flexíveis, com propriedades semicondutoras, além de alta resistência à tração. Foram descobertos em 1991.
Propriedades do carbono
- Símbolo: C
- Número atômico: 6
- Massa atômica: entre 12,0096 u.m.a e 12,0116 u.m.a
- Eletronegatividade: 2,55
- Ponto de fusão: acima dos 3550 °C (diamante); sublima em 3825 °C.]
- Ponto de ebulição: 5100 °C
- Densidade: 1,8 a 2,1 g/cm3 (amorfo); 1,9 a 2,3 g/cm3 (grafite); 3,15 a 3,53 g/cm3 (diamante)
- Configuração eletrônica: [He] 2s2 2p2
- Série química: grupo 14, ametais, elementos representativos
- Isótopos naturais: 12C (98,89%); 13C (1,11%); 14C (1,2 x 10−10%)
Veja também: Como se formam as cadeias carbônicas
Para que serve o carbono?
O carbono é um elemento muito versátil, sem dúvida alguma. Sendo o elemento básico da Química Orgânica, podemos dizer que ele está na composição de uma infinidade de compostos naturais e sintéticos, tais como óleos, medicamentos, combustíveis, produtos alimentícios, plásticos, resinas, solventes, entre outros. Para se ter uma noção, estima-se que sejam conhecidos, pelo menos, 10 milhões de compostos de carbono.
Porém, o papel dos compostos inorgânicos de carbono é esquecido, na maioria das vezes. O carvão, uma forma amorfa do carbono que pode ser de origem mineral ou vegetal, é amplamente empregado como combustível e fonte de energia. Foi essencial para a Primeira Revolução Industrial e ainda é utilizado em termoelétricas e locomotivas a vapor (as famosas “marias-fumaça”). Também é utilizado para aquecimento de lares e, obviamente, para cocção de alimentos, como em churrascos.
O carvão apresenta ainda uma forma conhecida como “carvão ativado”, que apresenta altíssima porosidade e, por causa disso, pode ser utilizada para purificação de águas, retirando compostos causadores de cor, gosto e odor.
Os demais usos se apropriam das características específicas de cada alótropo. O diamante, por exemplo, por ser o material sólido mais duro que existe, pode ser usado para cortes ou em abrasivos. Não só isso, os diamantes naturais lapidados possuem um altíssimo valor comercial e são utilizados para construção de joias de alto padrão.
Da grafite, aproveita-se a sua inércia, alta estabilidade térmica, condutibilidades térmica e elétrica, além de suas propriedades lubrificantes. Pode ser utilizada como material refratário ou aplicada em células combustíveis e baterias. Algo mais simples, porém muito conhecido em nosso cotidiano, é o uso da grafite para a escrita e a arte, uma vez que é um material extremamente macio (do ponto de vista da mineralogia, um material macio perde massa com facilidade para outro, ou seja, o papel consegue “extrair” massa da grafite ao escrevermos).
Embora o grafeno seja um material considerado novo (foi descoberto em 2004), suas características já vem sendo exploradas, como sua flexibilidade, resistência mecânica e transparência. O grafeno pode ser aplicado na fabricação de pás de turbinas eólicas, células solares, em baterias, células a combustível, supercapacitores, para armazenamento de gás hidrogênio, além de ser utilizado para dissipar calor.
Fibras de carbono também têm se popularizado em diversos setores da indústria. Esses materiais têm capacidade de aumentar a resistência mecânica das peças, além de conferirem flexibilidade e serem mais leves. Por isso, são importantes para redução de massa de materiais, sendo, portanto, aplicadas na indústria automotiva e aeroespacial, por exemplo. No cotidiano, as fibras de carbono têm melhorado o desempenho de atletas de alto rendimento, entrando na composição de bicicletas, raquetes de tênis, varas de pesca, entressola de tênis e pranchas de surf, por exemplo.
No campo da radioatividade, o isótopo de massa 14 do carbono, um beta emissor com um tempo de meia-vida na faixa de 5570 anos, é utilizado para a datação de fósseis, sendo essencial para estudos arqueológicos. Ao decair, o carbono-14 se converte em nitrogênio-14.
Fórmula do carbono
O carbono é geralmente referido como “C”. Essa notação pode ser aplicada para suas formas amorfas, como o carvão. Porém, como as formas alotrópicas, grafite e diamante, são muito comuns e diferentes, é comum fazer a diferenciação entre elas usando “C(graf.)” para a grafite e “C(diam.) para o diamante.
Dos alótropos existentes, apenas os fulerenos possuem fórmula molecular específica, como C60, C70, entre outras.
Onde o carbono é encontrado?
Na natureza, o carbono pode ser encontrado tanto na forma de diamante quanto de grafite e carvão. O diamante ocorre em rochas ígneas, sendo boa parte deles encontrados na Rússia, Botsuana, Congo e África do Sul. A kimberlita (ou quimberlito) é a principal rocha ígnea que possui diamantes e seu nome faz referência à região de Kimberly, na África do Sul, que foi o marco inicial da exploração de diamantes no continente africano.
Já a grafite natural pode ser encontrada em rochas metamórficas, como xistos, gnaisses e mármores, derivadas de carbonáceos de origem orgânica. Também é possível encontrar a grafite em veios hidrotermais, associados ao quartzo, biotita e a feldspatos, por exemplo.
Na década de 1990, foram descobertos depósitos naturais de fuligem com fulereno na composição, na Austrália, Nova Zelândia e América do Norte. Entre compostos orgânicos de carbono de origem mineral, também podemos destacar os hidrocarbonetos, principalmente o petróleo e o gás natural.
O carbono é também a base dos seres vivos e, quando eles morrem, sua decomposição permite o enriquecimento desse elemento na crosta terrestre. Por fim, vale destacar que o gás carbônico, presente em cerca de 0,04% da atmosfera terrestre, é também uma fonte de carbono vital para a fotossíntese.
Carbono no corpo humano
O carbono é o segundo elemento em termos de massa no nosso corpo, correspondendo a 18,5% da massa corporal de cada indivíduo, ficando atrás apenas do oxigênio. Esse elemento é essencial para o funcionamento do nosso corpo, uma vez que é a espinha dorsal de todas as moléculas orgânicas que nos formam.
Não há como negar que o carbono é a base da nossa vida, já que ele está presente na constituição do DNA, RNA, lipídios, carboidratos e das proteínas, por exemplo. Todo o mecanismo de funcionamento do nosso corpo depende da atuação desses compostos nos quais o carbono é o principal elemento. Ou seja, sem o carbono, não há como existir funcionamento celular, dos tecidos, dos órgãos e do nosso metabolismo.
Ciclo do carbono
O ciclo do carbono é importante para entendermos a movimentação desse elemento no meio ambiente. Esse ciclo é dividido em dois componentes:
- geológico, que é um processo mais lento, que fala sobre a movimentação do carbono da atmosfera para nossos solos e oceanos; e
- biológico, que é um processo mais rápido, que envolve basicamente os processos de respiração e fotossíntese.
O CO2, que está presente na atmosfera, é absorvido por plantas através da fotossíntese (que também utiliza água e luz solar), produzindo glicose (C6H12O6) e gás oxigênio. A glicose obtida serve de fonte de energia para as plantas e também é convertida em outras estruturas, como celulose, lipídio e proteínas, além do amido (que pode ser estocado). Tais plantas são consumidas por animais da base da cadeia alimentar e essa energia vai sendo transferida ao longo dessa cadeia, até que, durante a respiração, o carbono é recolocado no meio ambiente por meio do CO2.
Seres vivos, ao morrerem, são decompostos e acabam enriquecendo de carbono a crosta terrestre e os oceanos. Tal material orgânico pode dar origem aos chamados combustíveis fósseis, como o petróleo e o gás natural, que, ao serem extraídos e queimados, devolvem CO2 para a atmosfera.
Curiosidades sobre o carbono
- O carbono é o sexto elemento mais abundante do Universo, sendo o 19º mais abundante na crosta terrestre.
- Dentre os elementos químicos, é o que apresenta o maior ponto de fusão.
- É usado desde os primórdios da humanidade, havendo registros de 4000 a.C.
- O nome carbono vem de “carbo”, que significa carvão.
- O químico francês Antoine Lavoisier foi o primeiro a descrever o elemento, em 1779.
- A descoberta do grafeno rendeu um Prêmio Nobel de Física, em 2010, aos pesquisadores da Universidade de Manchester, Andre Geim e Konstantin Novoselov.
Saiba mais: Como funcionam os créditos de carbono?
Exercícios resolvidos sobre carbono
Questão 1. (UFAM PSI – CG 2/2023) Com relação à grafite e ao diamante, é INCORRETO afirmar que eles:
- são alótropos de carbono.
- formam os mesmos números de ligações dentro de suas estruturas.
- conduzem eletricidade.
- têm usos diferentes.
- são sólidos, sendo macio e duro, respectivamente.
Resposta: Letra C.
Embora a grafite apresente condutibilidade elétrica, o diamante é um isolante elétrico.
Questão 2. (UNIFOR Medicina/2019.1) O carbono está disponível na terra em formas orgânicas e inorgânicas e em quantidade finita. Quando presente em coisas vivas, o carbono é denominado de orgânico. O carbono inorgânico é encontrado em coisas não vivas (como rochas, conchas de animais), na atmosfera e nos oceanos. O dióxido de carbono é um gás importante na nossa atmosfera. Evita a fuga de calor e, ao fazê-lo, aquece a atmosfera da Terra. Funciona como o vidro de uma estufa, evita que o calor escape e, por essa razão, é chamado de gás de efeito estufa. O carbono se move através do sistema da Terra de vivo para não vivo de muitas maneiras diferentes.
Analise as seguintes afirmações sobre as formas cristalinas de apresentação do carbono:
- O diamante é uma forma polimórfica metaestável do carbono nas condições normais de temperatura e pressão.
- O monocristal de grafite é bom condutor de corrente elétrica em uma direção, mas não o é na direção perpendicular à mesma.
- São formas polimórficas do carbono: grafite, diamante, fulereno C60 e nanotubos de carbono.
- Na grafite, as ligações químicas entre os átomos de carbono são fortes com estrutura tetraédricas e entre camadas são fracas.
- O material constituído por uma única camada de átomos de carbono que compõe o grafite é denominado grafeno.
É correto apenas o que se afirma em
- IV e V.
- I, IV e V
- II, IV e V.
- I, II, III e IV.
- I, II, III e V.
Resposta: Letra E.
Somente a afirmativa IV é incorreta, uma vez que, na grafite, os átomos de carbono não apresentam arranjo tetraédrico, já que as suas camadas são planares, com anéis hexagonais de carbono com hibridização sp2. A estrutura que possui arranjo tetraédrico é o diamante.
Fontes
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HAYNES, W. M. (ed.) CRC Handbook of Chemistry and Physics. 95a ed. CRC Press: 2014.
HOUSECROFT, C. E.; SHARPE, A. G. Inorganic Chemistry. 2. ed. Pearson Education Limited: Londres, 2005.
LEBRÃO, G. W. Fibra de carbono. Revista Plástico Sul. Out. 2008.
PUJOL, L.; GARATTONI, B. A ciência dos diamantes. Super Interessante. 19 abr. 2023. Disponível em: https://super.abril.com.br/tecnologia/a-ciencia-dos-diamantes/
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ZARBIN, A. J. G. Carbono: essencial e versátil. Ciência Hoje. jul. 2019. Disponível em: https://cienciahoje.org.br/artigo/carbono-essencial-e-versatil/