PUBLICIDADE
A crise climática é o atual estado de emergência global em que o mundo se encontra devido às consequências do aquecimento global. O aumento da temperatura média do planeta Terra é o principal fator causador da crise climática, o que é decorrente das atividades humanas e da intervenção antrópica na natureza que ocasionou a degradação do meio ambiente. O resultado da crise climática é, principalmente, a ocorrência de fenômenos extremos como fortes ondas de calor, chuvas volumosas, secas severas e grandes inundações.
A crise climática é uma realidade em todo o planeta, inclusive no Brasil onde ondas de calor com sensação térmica superior a 50º C e grandes inundações têm sido cada vez mais frequentes. De uma maneira geral, não é possível reverter o quadro atual, mas é possível, sim, implementar medidas sustentáveis, colocar em prática planos de ação já existentes e desenvolver políticas de cooperação internacional que são capazes de reduzir os impactos das mudanças climáticas.
Leia também: O que são mudanças climáticas e quais as causas?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a crise climática
- 2 - O que é a crise climática?
- 3 - Causas da crise climática
- 4 - Consequências da crise climática
- 5 - Como prevenir a crise climática?
- 6 - Soluções para a crise climática
- 7 - É possível reverter a crise climática?
- 8 - Crise climática no Brasil
- 9 - Crise climática no mundo
- 10 - Quando começou a crise climática?
- 11 - A ONU e a crise climática
Resumo sobre a crise climática
- Crise climática é o estado de emergência em que o mundo se encontra devido ao agravamento das mudanças climáticas resultantes do aquecimento global.
- A crise climática é causada pela acentuação do aquecimento global, que é decorrente da degradação do meio ambiente produzida pela ação dos seres humanos.
- A principal consequência da crise climática é o registro cada vez mais frequente de eventos climáticos extremos, como ondas de calor duradouras e severas tempestades.
- Os mais afetados pela crise climática são as populações pobres e marginalizadas e os países subdesenvolvidos, que apresentam menos recursos para combater o problema.
- A solução da crise climática depende da cooperação internacional e da ação dos Estados nacionais em seus territórios, bem como da adoção de modos de produção sustentáveis e da mudança de determinados hábitos da sociedade.
- Não é possível reverter a crise climática, haja vista o estágio em que estamos. Entretanto, existem medidas que podem ajudar a diminuir seus impactos sobre a natureza e a sociedade.
- A crise climática reflete no Brasil por meio das ondas de calor recorrentes, das chuvas volumosas e das secas severas que têm sido registradas pelo país.
- As alterações no clima que culminaram na crise climática começaram com a industrialização, quando o modo de produção e o modo de vida da população se alterou drasticamente.
- A ONU é a principal organização internacional responsável por mediar o debate climático, elaborar políticas internacionais e fornecer informações científicas atualizadas sobre a conjuntura do clima global.
O que é a crise climática?
A crise climática é o estado de emergência global face às mudanças climáticas que têm se tornado cada vez mais acentuadas em todo o planeta. As mudanças climáticas estão relacionadas com a intensificação do efeito estufa que deu origem ao aquecimento global, sendo esse o principal problema ambiental que vem sendo enfrentado pela humanidade no presente século.
O agravamento desse problema em conjunto com a continuidade da degradação do meio ambiente levou à origem do termo ebulição global, que indica que o planeta Terra se encontra muito próximo de um ponto de não retorno caso as medidas necessárias não sejam implementadas em caráter de urgência para desacelerar os impactos do aquecimento global e reverter, ou mesmo conter, o avanço da crise climática.
Causas da crise climática
A crise climática foi causada pela acentuação do aquecimento global, que é decorrente da ação antrópica sobre o meio ambiente. A intervenção descuidada do ser humano na natureza é a maior causa dos graves problemas ambientais que enfrentamos hoje em dia, e essas ações acontecem por causa da demanda cada vez maior por recursos naturais e por matérias-primas que é gerada pelo modelo econômico vigente no mundo há mais de 200 anos e, também, pelos hábitos de consumo desenvolvidos pela sociedade nesse ínterim.
No ano de 2023 o mundo registrou as temperaturas mais altas desde o início das medições. A temperatura média daquele ano foi de 14,98º C, que foi 0,17º C mais elevada do que o recorde anterior registrado em 2016. Comparando 2023 com a era pré-industrial, entre 1850 e 1900, a temperatura foi 1,48º C maior, o que se aproxima do limite estabelecido pelo IPCC de 1,5º C. Segundo o Painel Intergovernamental do Clima, o IPCC, o aumento da temperatura global com relação a níveis industriais poderia chegar a 1,5º C entre 2030 e 2052. No entanto, como foi possível perceber pelos dados acima expostos, a situação se agravou nos últimos anos, o que causou o que chamamos de crise climática.
Diversos fatores antrópicos contribuíram, portanto, para a crise climática. Entre eles estão:
- Intensificação da emissão de gases do efeito estufa na atmosfera, como o dióxido de carbono (CO2) por meio da produção industrial e dos motores de veículos, que ainda se utilizam majoritariamente de combustíveis fósseis (derivados do petróleo).
- Ampliação do desmatamento, a exemplo do que tem acontecido na Amazônia, e do uso de técnicas de aberturas de área que são prejudiciais para o meio ambiente, como as queimadas, o que libera volumes grandes de carbono na atmosfera.
Leia também: Incêndios florestais — ocorrências cada vez mais comuns em razão da crise climática
Consequências da crise climática
A degradação do meio ambiente que gerou a crise climática tem consequências devastadoras para a natureza e principalmente para os seres humanos. A principal delas já tem mostrado seus impactos negativos em diversas partes do mundo, que são as alterações no comportamento da atmosfera que condicionam a ocorrência de fenômenos climáticos extremos.
Como resultado da crise climática, temos observado:
- Ondas de calor intensas e duradouras.
- Intensificação de fenômenos como o El Niño e a La Niña.
- Chuvas muito volumosas e intensas fora de época, ocasionando grandes inundações.
- Menor disponibilidade de água em determinadas regiões do planeta Terra.
- Aquecimento das águas dos oceanos, o que leva à sua acidificação.
- Racionamento e escassez de alimentos em decorrência dos fenômenos atmosféricos.
- Morte de espécies de animais e de plantas em diferentes ecossistemas.
- Aumento do número de refugiados do clima, que são pessoas que precisam deixar o local onde vivem devido a questões como as secas, a alteração brusca de temperatura, as inundações, os deslizamentos de terra e outros eventos associados com as mudanças climáticas.
- Agravamento de problemas de saúde preexistentes e desenvolvimento de doenças em decorrência das alterações no clima e no meio ambiente.
Como prevenir a crise climática?
A crise climática já é uma realidade imposta no planeta Terra, haja vista que as temperaturas recentes apresentaram aumento além do esperado e os efeitos dessa alteração são percebidos através da ocorrência cada vez mais frequente de eventos climáticos extremos. Portanto, não é possível prevenir que a crise climática aconteça, mas sim encontrar soluções que consigam conter o seu avanço e diminuir o impacto das mudanças climáticas sobre o meio ambiente e a sociedade.
Soluções para a crise climática
O maior problema enfrentado atualmente pela humanidade é a mudança do clima, que tem afetado gravemente a vida das populações e o equilíbrio do meio ambiente. As consequências mais graves são sentidas pela camada mais pobre da população mundial e pelos países subdesenvolvidos, que apresentam menos recursos para combater os efeitos do aquecimento global. No entanto, é sempre importante frisar que todos estão sujeitos aos impactos da crise climática.
Por essa razão, solucionar a crise climática é a principal preocupação das instituições e dos líderes internacionais. Existem algumas medidas que podem ser adotadas para a solução desse problema, como:
- Alteração da matriz energética dos territórios mediante a diminuição da dependência dos combustíveis fósseis e a sua substituição por fontes limpas e renováveis de energia.
- Os Estados devem colocar em prática os planos de ação que foram delineados nas conferências do clima e estabelecidos mediante acordos como os Acordos de Paris, agindo tanto dentro de suas fronteiras quanto em conjunto, cooperando com outros territórios.
- Cumprimento dos objetivos para o desenvolvimento sustentável que estão presentes no documento Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), ratificado por todos os países.
- Conscientização dos agentes econômicos e implementação de modos de produção sustentáveis, que sejam menos agressivos ao meio ambiente. Junto disso, utilizar os recursos naturais de maneira racional.
- Implementação de medidas de proteção ambiental e maior fiscalização de regiões sujeitas ao desmatamento, como próximo a empreendimentos e áreas de exploração mineral ou florestal. Além disso, reforçar a aplicação de multas aos agentes que desmatam e poluem o meio ambiente.
- Realização de ações de reflorestamento e de recuperação de áreas e ambientes degradados, como a limpeza de rios e mananciais poluídos, a refaunação e a recuperação da vegetação nativa.
- Incentivos para que a população promova a adoção de novas fontes de energia, como a solar, e também utilize meios de transporte coletivos ou alternativos que não agridem o meio ambiente.
- Alterações nos hábitos de consumo da população, bem como a realização da coleta seletiva e da economia de água e de energia nas suas residências.
É possível reverter a crise climática?
A crise climática é um problema que vem se desenrolando há muitas décadas, e as consequências da piora do aquecimento global já eram conhecidas desde então. No atual estágio em que nos encontramos, não é possível reverter a crise climática. Entretanto, é possível adotar medidas, como as que citamos acima, para conter o seu agravamento e diminuir os seus impactos na sociedade e no meio ambiente.
Crise climática no Brasil
Efeitos da crise climática já se manifestam no Brasil, como é o caso da mudança do padrão atmosférico nas estações do ano em algumas regiões do país. Por exemplo: em áreas do Sudeste, o inverno que costumava apresentar ao menos um mês de tempo ameno ou frio agora tem a duração de apenas algumas semanas, e as temperaturas ficam entre 10 e 15º C. Desde 2023, entretanto, os impactos da crise climática têm ficado cada vez mais aparentes em todo o país.
Um levantamento de dados realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) mostrou que as ondas de calor aumentaram em seis vezes desde a década de 1960, principalmente no período que vai de 2011 a 2020. Nesse último intervalo, foram 52 dias consecutivos de calor contra 40 dias entre 2001 e 2010. Entretanto, somente entre 2023 e 2024 o número de dias seguidos com calor acima da média foi de 83.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Brasil registrou nove ondas de calor em 2023. As regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste foram as principais atingidas, mas o aumento anormal das temperaturas também foi sentido em estados do Norte e do Nordeste do país. Várias cidades registraram máximas superiores a 40º C, como foi o caso de Araçuaí, em Minas Gerais, que teve um pico de 44,8º C em 19 de novembro, sendo essa a temperatura mais elevada do país.
Devemos falar, também, da sensação térmica, que superou 50º C em muitos estados e chegou a 60,1º C na cidade de Guaratiba, Rio de Janeiro, em 16 de março de 2023.
Mas as ondas de calor não são o único reflexo da crise climática no Brasil. As chuvas extremas têm acontecido regularmente no país e causado danos irreparáveis para famílias atingidas e prejuízos infraestruturais aos municípios. A mais recente delas aconteceu no estado do Rio Grande do Sul, quando uma inundação de grandes proporções se formou na região metropolitana de Porto Alegre e outras cidades do interior no estado em maio de 2023. No mesmo ano, secas severas atingiram o Norte do Brasil, o que provocou o desabastecimento de rios e o racionamento de água.
Leia também: Enchentes — quais são as causas e como evitar?
Crise climática no mundo
Os efeitos da crise climática são sentidos em todo o mundo através de fenômenos como ondas de calor, secas extremas, tempestades intensas, recorrência de tornados e furacões, períodos de frio muito intenso, incêndios florestais e todos os impactos negativos que são decorrentes das condições extremas, como a escassez de água e a falta de alimentos devido à destruição de plantações.
Conforme adiantamos, os países subdesenvolvidos e as populações marginalizadas são os principais afetados pela crise climática. Recentemente uma seca extrema e de longa duração, que foi a pior em décadas, tem afetado países do continente africano, como o Zimbábue, a Somália e o Chade. O Chade, aliás, é considerado o país mais vulnerável às mudanças climáticas em todo o mundo e um dos que detêm menos recursos para conter os impactos da crise em sua população.
O Chade e outros países africanos, ao mesmo que enfrentam secas severas, passam por períodos de chuvas intensas e grandes inundações que são prejudiciais para a produção agropecuária e afetam a vida da sua população, que na maioria das vezes não tem um lugar seguro para se abrigar ou recursos para se manter durante e após as inundações. É comum, por isso, o pedido de ajuda humanitária e a intervenção de organismos internacionais como a ONU.
Dos países que mais foram afetados pela crise climática no último ano, somente um deles não está no continente africano: o Afeganistão, situado no Oriente Médio. Confira, na lista a seguir, quais são os países mais vulneráveis às mudanças climáticas e, portanto, à crise do clima:
Países mais vulneráveis à crise climática |
|
País |
Localização |
Chade |
África |
Somália |
África |
Síria |
Oriente Médio |
República Democrática do Congo |
África |
Afeganistão |
Oriente Médio |
Sudão do Sul |
África |
República Centro-Africana |
África |
Nigéria |
África |
Etiópia |
África |
Bangladesh |
Ásia |
Quando começou a crise climática?
A crise climática é um problema ambiental que começou a se desenvolver no início da era industrial, ainda no século XIX. Um novo modo de vida da sociedade se iniciou a partir de então, o que incluía novos hábitos de consumo e a construção de uma nova relação com o espaço. Com a industrialização e o incremento tecnológico que o setor foi experimentando ao longo dos anos houve a intensificação da exploração dos recursos naturais, ao mesmo tempo que os motores a combustão dos automóveis se tornaram populares e numerosos nos centros urbanos.
Por essa razão, sempre que nos referimos às mudanças ocasionadas pelo aquecimento global, utilizamos como comparação o período pré-industrial. Com relação ao termo “crise climática”, ele foi empregado pela primeira vez na década de 1980 para descrever a emergência climática que já se desenhava a partir da segunda metade do século XX.
A ONU e a crise climática
A ONU é o principal organismo multilateral que está à frente da ação internacional para a redução dos impactos da crise climática, atuando de maneira a fornecer atualizações constantes sobre a situação em escala global e centralizar as discussões e a tomada de decisão entre os países e territórios de maneira a mediar a ação dos Estados e estimular a cooperação internacional.
No final da década de 1988 a ONU criou o Painel Intergovernamental do Clima (IPCC) junto com a Organização Meteorológica Mundial (OMM) com a finalidade de fornecer informações científicas, como dados atualizados e estudos acerca do risco da crise climática, além de desenvolver políticas e auxiliar na negociação internacional sobre as mudanças do clima.
Criou, também, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) para centralizar as discussões internacionais a respeito da crise climática, além de ter estabelecido uma série de acordos internacionais e de medidas de cooperação com o objetivo de reduzir os impactos desse problema.
Créditos das imagens
[1] Ralf Liebhold / Shutterstock
[2] Dasarath Deka / Shutterstock
Fontes
CASEMIRO, Poliana. Brasil teve quase três meses a mais de calor por causa da crise do clima nos últimos 12 meses, aponta relatório. G1, 28 mai. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2024/05/28/brasil-teve-quase-tres-meses-a-mais-de-calor-por-causa-da-crise-do-clima-nos-ultimos-12-meses-aponta-relatorio.ghtml.
COPERNICUS. Copernicus: 2023 is the hottest year on record, with global temperatures close to the 1.5°C limit. Copernicus, 09 jan. 2024. Disponível em: https://climate.copernicus.eu/copernicus-2023-hottest-year-record.
COPERNICUS. July 2023, the warmest month in Earth’s recent history. Copernicus, 09 ago. 2023. Disponível em: https://climate.copernicus.eu/july-2023-warmest-month-earths-recent-history.
ESCOBAR, Herton. “Caiu a ficha”: professor da USP apresenta a crise climática aos chefes dos Três Poderes. Jornal da USP, 20 set. 2024. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/caiu-a-ficha-professor-da-usp-apresenta-a-crise-climatica-aos-chefes-dos-tres-poderes/.
FIGUEIREDO, Carolina. Número de dias com ondas de calor aumentou 642% em 60 anos no Brasil, diz estudo. CNN Brasil, 14 nov. 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/numero-de-dias-com-ondas-de-calor-aumentou-642-em-60-anos-no-brasil-diz-estudo/.
INMET. 2023 é o mais quente em 174 anos, confirma relatório da OMM. INMET, 04 dez. 2023. Disponível em: https://portal.inmet.gov.br/noticias/2023-%C3%A9-o-mais-quente-em-174-anos-confirma-relat%C3%B3rio-da-omm.
INMET. Ano de 2023 é o mais quente da série histórica no Brasil. INMET, 09 jan. 2024. Disponível em: https://portal.inmet.gov.br/noticias/ano-de-2023-%C3%A9-o-mais-quente-da-hist%C3%B3ria-do-brasil.
UNITED NATIONS. Facts about the climate emergency. United Nations, [s.d.]. Disponível em: https://www.unep.org/facts-about-climate-emergency.
UNITED NATIONS. Hottest July ever signals ‘era of global boiling has arrived’ says UN chief. UN News, 27 jul. 2023. Disponível em: https://news.un.org/en/story/2023/07/1139162.
UNITED NATIONS. The Climate Crisis – A Race We Can Win. United Nations, [s.d.]. Disponível em: https://www.un.org/en/un75/climate-crisis-race-we-can-win.