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As enchentes no Rio Grande do Sul foram causadas por fortes chuvas que começaram a atingir o estado no final do mês de abril de 2024, prolongando-se até maio. Por conta disso, vários cursos d’água e o lago Guaíba tiveram seus níveis aumentados para além da cota de inundação, extravasando para as áreas adjacentes, o que inclui os municípios por eles abastecidos. 441 cidades foram atingidas, o que representa 95% dos municípios sul-rio-grandenses. Milhões de pessoas foram afetadas, com 600 mil desabrigados e 179 mortes, além de dezenas de desaparecidos.
Leia também: Enchentes no Brasil — detalhes sobre um fenômeno que vem se tornando frequente no país
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre as enchentes no Rio Grande do Sul
- 2 - Videoaula sobre as enchentes no Rio Grande do Sul
- 3 - O que foi a enchente no Rio Grande do Sul?
- 4 - Causas das enchentes no Rio Grande do Sul
- 5 - Impactos das enchentes no Rio Grande do Sul
- 6 - Cidades mais afetadas nas enchentes no Rio Grande do Sul
- 7 - Consequências das enchentes no Rio Grande do Sul
- 8 - Medidas do governo nas enchentes no Rio Grande do Sul
- 9 - Outras enchentes no Rio Grande do Sul
Resumo sobre as enchentes no Rio Grande do Sul
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A enchente no Rio Grande do Sul foi o episódio de cheia e extravasamento de rios e lagos que aconteceu, entre abril e maio de 2024, devido às fortes chuvas no estado.
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Trata-se de uma ocorrência de origem natural e antrópica: o El Niño vigente provoca maior volume de chuvas no Sul do Brasil, e essa precipitação foi intensificada pelas mudanças climáticas.
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Problemas com a manutenção dos diques de prevenção de enchentes e a ausência de planos de ação voltados para as mudanças do clima potencializaram os efeitos das enchentes.
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441 municípios (95% do total) do Rio Grande do Sul foram atingidos, inclusive a sua capital, Porto Alegre. Mais de 600 mil pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas, e o número de mortes chega a 179.
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A vida da população do estado foi transformada, visto que muitas pessoas perderam suas casas e entes queridos. Os impactos afetam diversas outras áreas como a saúde, a educação, a economia e a infraestrutura urbana.
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As enchentes provocaram grande desequilíbrio ambiental, com a perda de biodiversidade, o deslocamento da fauna fluvial e a ampliação do desmatamento.
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O governo federal e o governo estadual têm atuado em conjunto para respaldar a população afetada e para a reconstrução da economia e da infraestrutura do estado.
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Apesar de serem o maior desastre climático registrado no estado, outras grandes enchentes aconteceram no Rio Grande do Sul. Em comparação ao episódio de 2024, podemos citar as enchentes de 1941.
Videoaula sobre as enchentes no Rio Grande do Sul
O que foi a enchente no Rio Grande do Sul?
A enchente no Rio Grande do Sul foi o evento de cheia e transbordamento dos rios resultante de chuvas volumosas que começaram a atingir esse estado brasileiro a partir do dia 27 de abril de 2024. A maior parte dos municípios gaúchos foi atingida, mais precisamente 94% das 497 cidades em que se divide o Rio Grande do Sul. Com duração de mais de um mês, a enchente no Sul do país passou a ser classificada como um dos piores desastres naturais de origem climática já registrados no território nacional.
Causas das enchentes no Rio Grande do Sul
As causas das enchentes no Rio Grande do Sul são de origem natural e antrópica. Em primeiro lugar, foram as chuvas muito volumosas e duradouras que ocasionaram a cheia sem precedentes e o transbordamento da água de vários cursos d’água no estado, além de terem condicionado a cheia histórica do lago Guaíba, que abastece a região metropolitana de Porto Alegre.
Estima-se que boa parte das cidades atingidas registrou precipitação superior a 500 mm em um intervalo de poucos dias, volume esse que corresponde a um terço do esperado para todo o ano. Lembrando que o Rio Grande do Sul apresenta clima subtropical, com média pluviométrica de 1250-1500 mm por ano. As chuvas volumosas, por sua vez, têm causas atreladas à dinâmica da atmosfera e à intervenção humana na natureza ao longo dos anos.
A umidade proveniente da Amazônia no fenômeno conhecido como rios voadores e a aproximação de frentes frias são duas causas naturais das chuvas no Rio Grande do Sul. Ambos os fenômenos foram potencializados pela ocorrência do El Niño, aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico que causa transformações temporárias no padrão de circulação da atmosfera. O El Niño vigente teve início na segunda metade de 2023, e uma de suas consequências é, justamente, o aumento do volume de chuvas na região Sul do país.
Existem, também, causas antrópicas das enchentes no Rio Grande do Sul, e elas têm relação tanto com as mudanças climáticas quanto com a governança dos territórios. A intensificação de fenômenos extremos, como as chuvas com volume além do normal, e de ocorrências como o El Niño é fruto do aquecimento global, causado pelo aumento da emissão de gases do efeito estufa e pela exploração dos recursos naturais de maneira não sustentável.
Somam-se às mudanças climáticas a ausência de planos de ação para esse problema e a falta de manutenção nos diques construídos justamente para a contenção de enchentes. Em muitos dos municípios afetados, essa infraestrutura cedeu por não conseguir comportar o volume de água das cheias ou, então, pela falta de reparos.
Impactos das enchentes no Rio Grande do Sul
Os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul foram devastadores para a população e para o meio ambiente, motivo pelo qual o evento tem sido considerado um dos piores desastres naturais do Brasil. Os danos ocasionados pelas enchentes no estado foram tantos, notadamente na região metropolitana de Porto Alegre, que houve a mobilização coletiva da sociedade brasileira e dos entes políticos e governamentais de diversas instâncias para o envio de doações e de ajuda humanitária, além da busca urgente por recursos para a reconstrução das áreas atingidas.
Os números resultantes das enchentes no estado dão uma dimensão da tragédia: 179 pessoas perderam suas vidas devido às enchentes, número esse fornecido pela Defesa Civil e atualizado no mês de junho de 2024, dois meses após o início das chuvas. Os feridos são 800, enquanto ainda existem 34 pessoas desaparecidas. Centenas de milhares de sul-rio-grandenses estão desabrigados ou desalojados, e, segundo a Defesa Civil, a cifra supera a de 600.000 pessoas. Dessas, mais de 81 mil chegaram a ficar em abrigos no mês de maio. Além disso, muitos animais de estimação morreram ou se perderam na enchente.
Casas, prédios e comércios foram invadidos pela água suja, havendo danos materiais e econômicos às famílias e aos empresários locais. Para além dos danos à infraestrutura, houve a perda de bens materiais, como vestimentas, eletrodomésticos, móveis e automóveis, além da destruição de mercadorias. As pessoas atingidas também perderam itens de grande valor sentimental, o que configura não somente perda material como também de uma parte importante de suas memórias afetivas.
Em termos ambientais, o desequilíbrio causado pelas enchentes é percebido em relação à morte de animais e plantas (portanto, perda de biodiversidade) e ao alagamento de áreas, até então, permanentemente secas, causando o encharcamento do solo e a ampliação das áreas desmatadas. Soma-se a isso o fato de que muitos animais pertencentes à fauna dos rios foram carregados para ambientes diferentes, como, literalmente, as ruas das cidades, fora de seu habitat.
Cidades mais afetadas nas enchentes no Rio Grande do Sul
Mais de 94% das cidades do Rio Grande do Sul foram atingidos pelas enchentes entre os meses de abril e maio de 2024. Mais precisamente, 441 municípios passaram por esse grave problema ambiental e climático, o que afetou cerca de dois milhões de pessoas. Dentre os municípios que mais foram afetados pelas enchentes, estão:
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Bento Gonçalves;
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Boa Vista do Sul;
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Candelária;
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Canoas;
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Caxias do Sul;
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Encantado;
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Estrela;
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Gramado;
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Itaara;
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Lajeado;
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Muçum;
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Novo Hamburgo;
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Pelotas;
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Pinhal Grande;
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Porto Alegre;
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Putinga;
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Rio Grande;
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Santa Maria;
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São João do Polêsine;
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São Leopoldo;
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São Sebastião do Caí;
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Segredo;
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Serafina Corrêa;
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Silveira Martins;
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Sinimbu;
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Taquara;
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Três Coroas;
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Vera Cruz.
Consequências das enchentes no Rio Grande do Sul
As consequências das enchentes no Rio Grande do Sul são devastadoras para a população, principalmente, e para a infraestrutura e a estrutura econômica daquele estado. Muitos desses impactos durarão muito tempo, até mesmo anos, depois das chuvas terem cessado, bem como os efeitos diretos das enchentes. Mais do que isso, é preciso atuar de forma urgente, de modo a impedir que eventos de tamanha dimensão se repitam no território sul-rio-grandense e no restante do país.
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Saúde: as enchentes são caracterizadas pelo acúmulo de água nas ruas das cidades, adentrando residências e estabelecimentos comerciais. Essa água não é limpa, e é responsável pela transmissão de doenças aos seres humanos, como a leptospirose. Outras doenças, como a hepatite A, a dengue e o tétano, também são registradas. Problemas de saúde mental crescem nesse contexto. Por outro lado, temos a ausência de equipamentos médicos e de hospitais e centros de saúde para atender a demanda crescente por cuidados, haja vista a destruição desses locais provocada pelas enchentes. Tem-se, com isso, sobrecarga no sistema de saúde sul-rio-grandense.
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Educação: as crianças e os adolescentes em idade escolar tiveram o seu desenvolvimento acadêmico prejudicado pelas enchentes por conta da distribuição da infraestrutura e de materiais causada pela água. Essas pessoas já haviam sido afetadas pela pandemia da covid-19, quando o ensino passou a ser à distância em função das medidas sanitárias adotadas, e agora são novamente atingidas pelas consequências das enchentes. Muitas aulas foram suspensas e canceladas, tanto em escolas quanto em universidades, e há casos de aulas que estão sendo dadas nos abrigos para que não haja tamanha defasagem no ensino.
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Infraestrutura: as enchentes causaram a destruição da infraestrutura urbana de vários municípios do Rio Grande do Sul, incluindo a sua capital. Aqui consideramos desde as residências particulares até estabelecimentos comerciais, prédios públicos, ruas, avenidas, estradas, postes, fiação, encanamento e outros elementos materiais. Para a sua reconstrução, estão sendo necessários esforços conjuntos do poder público dos municípios, do estado e da federação, notadamente em termos de liberação de verbas.
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Economia: a economia do Rio Grande do Sul foi duramente afetada pelas enchentes por conta da interrupção de serviços, da destruição de estabelecimentos comerciais e dos prejuízos causados tanto para o poder público quanto para as empresas, as famílias e os indivíduos. Lavouras e pastagens foram destruídas, assim como a criação de animais foi prejudicada, o que impacta diretamente os pequenos e médios produtores rurais, além de afetar o abastecimento do mercado doméstico estadual, regional e nacional com mercadorias provenientes da atividade agropecuária.
Veja também: O que é inundação e quais são os seus efeitos?
Medidas do governo nas enchentes no Rio Grande do Sul
A reconstrução do estado do Rio Grande do Sul tem sido realizada mediante a ação em conjunto dos governos estadual e federal, que atuam de forma a garantir a retomada das pessoas para uma residência segura e para que haja renda disponível para a reconstrução de suas vidas, muitas das quais foram transformadas para sempre.
Pensando inicialmente na população diretamente afetada, foi implementado um programa federal de transferência de renda para as famílias que ficaram desabrigadas ou desalojadas (Auxílio Reconstrução), além da liberação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para trabalhadores de municípios afetados. O acolhimento das famílias em abrigos com o respaldo do governo, a garantia de atendimento em hospitais e a garantia de recursos para a alimentação em escolas são outras medidas que visam ao bem-estar da população.
A ação governamental também visa ao fornecimento de crédito a pequenos e médios empresários e a pequenos produtores agrícolas para se reerguerem, bem como a suspensão ou o adiamento do pagamento de tributos federais por parte das empresas gaúchas.
Ao mesmo tempo, o governo estadual do Rio Grande do Sul recebe crédito para a reconstrução da infraestrutura (rodovias, por exemplo) e para o respaldo de suas instituições. O fundo dos municípios, constituído por repasses feitos pelo governo federal, também ganhou parcelas extras para os municípios atingidos pelas enchentes no estado.
Existem outras ações do governo por meio da Defesa Civil, da Força Nacional, das polícias Federal e Rodoviária Federal, e em diversas outras áreas, para garantir ao máximo a retomada das atividades no Rio Grande do Sul.
Outras enchentes no Rio Grande do Sul
Muito embora as enchentes de 2024 tenham atingido uma escala sem precedentes na história do Rio Grande do Sul, existiram outros episódios que marcaram a história desse estado pela dimensão e pelo tempo de duração do fenômeno.
As enchentes atuais são comparáveis somente às de 1941, quando, em 22 dias de chuvas, o lago Guaíba, que banha a região metropolitana de Porto Alegre, subiu 4,76 metros, deixando 70 mil pessoas desabrigadas e desalojadas. O episódio passou a ser classificado como a segunda maior enchente do estado, haja vista que o nível do Guaíba chegou a 5,5 metros em maio de 2024. Em 1967, a capital gaúcha vivenciou outra enchente de grandes proporções, causada pela cheia do Guaíba.
Atingindo principalmente o município de Estrela, o nível do rio Taquari se elevou para 29,92 e 28,86 metros nos anos de 1941 e 1956, causando enchentes nas áreas por ele banhadas. As décadas de 1920 e 1930 foram igualmente marcadas por enchentes no Rio Grande do Sul.
Pensando em sua história recente, o ano de 2015 foi caracterizado por cheias e alagamentos em 100 municípios, deixando quase 1800 pessoas desabrigadas e mais de 5300 pessoas desalojadas na capital e em sua região metropolitana.
Créditos de imagem
[1]Ricardo Stuckert / Presidência da República / Wikimedia Commons (reprodução)
Fontes
ALMEIDA, Daniella. Ajuda do governo federal ao Rio Grande do Sul já soma R$ 62,5 bilhões. Agência Brasil, 30 mai. 2024. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2024-05/ajuda-do-governo-federal-ao-rio-grande-do-sul-ja-soma-r-625-bilhoes.
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DINIZ, Nicole. Enchentes no RS causaram impactos na fauna e flora da região. Metrópoles, 26 mai. 2024. Disponível em: https://www.metropoles.com/brasil/enchentes-no-rs-causaram-impactos-na-fauna-e-flora-da-regiao.
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GUIMARÃES, Saulo. Cronologia de enchente no Rio Grande do Sul revela tragédia anunciada; veja. UOL, 10 mai. 2024. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2024/05/10/cronologia-enchente-chuvas-rio-grande-do-sul-2024-tragedia-sem-precedente.htm.
MONITCHELE, Marília. De 1941 a 2024: por que as enchentes são desafio constante no RS. Veja, 08 mai. 2024. Disponível em: https://veja.abril.com.br/ciencia/de-1941-a-2024-porque-as-enchentes-sao-desafio-constante-no-rs.
RANGEL, Nicole. Possíveis doenças após inundações no Rio Grande do Sul. Medicina PUC-Rio, 20 mai. 2024. Disponível em: https://www.med.puc-rio.br/notcias/2024/5/20/saiba-quais-doenas-os-gachos-devem-esperar-aps-inundaes-no-rio-grande-do-sul.
REDAÇÃO. Porto Alegre: enchente de 1941 durou 22 dias e deixou 70 mil desabrigados. UOL Notícias, 09 mai. 2024. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2024/05/09/como-foi-enchente-historica-porto-alegre-1941.htm.
REDAÇÃO. Veja em mapa as cidades mais afetadas pelas inundações no Rio Grande do Sul. Terra, 05 mai. 2024. Disponível em: https://www.terra.com.br/planeta/noticias/veja-em-mapa-as-cidades-mais-afetadas-pelas-inundacoes-no-rio-grande-do-sul,8fec9dee0ac2e3506126eb95c04d4c90b0wybhff.html.
VELLEDA, Luciano. Educação pública no pós-tragédia: ‘O abismo que se aprofundou na pandemia, as enchentes vão ampliar’. Brasil de Fato, 10 jun. 2024. Disponpivel em: https://www.brasildefato.com.br/2024/06/10/educacao-publica-no-pos-tragedia-o-abismo-que-se-aprofundou-na-pandemia-as-enchentes-vao-ampliar.