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Santa Rita Durão

Santa Rita Durão é um famoso escritor de Minas Gerais. O poema épico “Caramuru” é a sua principal obra. Esse livro é um dos mais importantes do Arcadismo brasileiro.

Selo de 1981, em homenagem a Santa Rita Durão.
Selo de 1981, em homenagem a Santa Rita Durão.
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Santa Rita Durão é um escritor brasileiro. Ele nasceu em 1722, em um arraial perto da cidade de Mariana, no estado de Minas Gerais. Ainda na infância, foi estudar em Portugal, onde ingressou em uma ordem agostiniana. Mais tarde, por discordar do Marquês de Pombal, exilou-se em Roma.

O poeta, que faleceu em 24 de janeiro de 1784, em Portugal, é um dos principais autores do Arcadismo brasileiro. No fim de sua vida, escreveu sua obra-prima, o poema épico Caramuru. Essa obra, composta ao estilo camoniano, traz não só elementos árcades, mas também características pré-românticas.

Leia também: Cláudio Manuel da Costa — outro grande nome do Arcadismo brasileiro

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Santa Rita Durão

  • O autor brasileiro Santa Rita Durão nasceu em 1722 e faleceu em 1784.

  • Além de escritor, também foi frei agostiniano e professor.

  • O poeta é um dos principais autores do Arcadismo brasileiro.

  • Sua principal obra é o poema épico Caramuru.

  • Além do racionalismo árcade, esse livro possui caráter nacionalista.

Biografia de Santa Rita Durão

Santa Rita Durão (José Luís de Morais) nasceu em 1722, no arraial de Nossa Senhora do Inficcionado, perto da cidade de Mariana, Minas Gerais. Era filho do militar português Paulo Rodrigues Durão e da brasileira Ana Garcês de Morais. O poeta tinha nove anos de idade quando foi estudar em Portugal.

Quando completou 16 anos, ingressou na Ordem de Santo Agostinho. Como era devoto de Santa Rita, assumiu o nome de José de Santa Rita Durão. Além disso, estudou na Universidade de Coimbra e, no ano de 1756, tornou-se doutor em Teologia. O autor também dava aulas em conventos agostinianos.

Logo se aproximou do Conde de Oeiras — Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782) —, que se tornaria o Marquês de Pombal. Tinha também o apoio do bispo de Leiria — João Cosme da Cunha (1715-1783), que era contra os jesuítas. E, apesar de o bispo assinar o famoso texto antijesuítico chamado de Pastoral, é sabido que foi escrito por Santa Rita Durão.

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Promovido a arcebispo, D. João da Cunha rejeitou o frei, de forma que Santa Rita Durão passou a se opor ao pombalismo. O fato é que o frei tinha a ambição de ser professor na Universidade de Coimbra, mas nem o arcebispo nem Pombal atenderam à sua solicitação. Ao se opor a esse governo despótico, o poeta começou a ser perseguido e teve que buscar o exílio.

Assim, mudou-se para a Espanha, em 1761, e foi morar em um convento agostiniano. Arrependido do ataque aos jesuítas, passou a defender a Companhia de Jesus. Logo em seguida, pelo advento da guerra entre Espanha e Portugal, o poeta se viu obrigado a ir para a França, onde foi preso, em 1763, por suspeita de espionagem.

Quatro meses depois, foi solto e partiu para Roma, Itália. Ali se encontrou com o papa Clemente XIII (1693-1769) e pediu perdão por ter escrito a Pastoral. Na cidade italiana, foi bibliotecário na Biblioteca Lancisiana, durante nove anos, sendo afastado em 1773. Porém, só voltou a Portugal em 1777, com a queda do despótico Marquês de Pombal.

No ano seguinte, conseguiu finalmente sua vaga de professor na Universidade de Coimbra. Só então escreveu sua obra-prima, Caramuru, publicada em 1781, a qual, na época, foi pouco comentada. Por fim, o escritor faleceu em 24 de janeiro de 1784, em Portugal.

Leia também: José de Anchieta — padre jesuíta que escreveu poemas e peças de teatro evangelizadores

Importância para o Arcadismo

O Arcadismo brasileiro conta com dois importantes poemas épicos. Um deles é Caramuru, de Santa Rita Durão. O outro é O Uraguai, de Basílio da Gama. Essas epopeias não só fazem o resgate da Antiguidade greco-latina, tão cara aos árcades, como também trazem elementos pré-românticos.

Características literárias de Santa Rita Durão

Santa Rita Durão é um autor do Arcadismo brasileiro. No entanto, sua obra Caramuru, além de características árcades, apresenta caráter pré-romântico. Isso porque a obra possui teor nacionalista e indianista, elementos caracterizadores da primeira geração do Romantismo brasileiro.

O Arcadismo faz uma retomada dos valores greco-latinos. Por isso, a escolha de Santa Rita Durão pelo gênero épico, tão valorizado na Antiguidade. Lembremos que as duas epopeias mais famosas — Ilíada e Odisseia —, ambas de Homero, foram produzidas na Grécia Antiga.

Também é característica do Arcadismo a valorização do campo em oposição à cidade. Além disso, ocorre a idealização amorosa e da mulher amada. Os árcades valorizam o aspecto racional, de forma a evitarem o exagero sentimental em seus poemas, com versos rigorosamente metrificados.

Obras de Santa Rita Durão

  • Pastoral (1759)

  • Pro annua studiorum instauratione oratio (1778)

  • Caramuru (1781)

Caramuru

O livro Caramuru traz o seguinte subtítulo: “poema épico do descobrimento da Bahia”. E é disso que trata a epopeia de Santa Rita Durão. Ela traz um personagem histórico, que é o náufrago português Diogo Álvares Correia (1475-1557). Após um naufrágio na costa baiana, ele vai viver entre os tupinambás, que eram canibais.

Ele e outros cinco náufragos são isolados e alimentados para engordarem e serem devorados pelos indígenas. Porém, quando a tribo é atacada, Diogo veste armadura e põe seu capacete, o que impressiona aquele povo, que passa a acreditar que o português foi enviado pelo deus Tupã:

Disse; e, entrando na sólita caverna,

Cobre de ferro a valorosa fronte;

Um peito de aço de firmeza eterna

E o escudo, onde a frecha se desponte,

Dispõe de modo em forma tal governa,

Que nada teme já que em campo o afronte

Nas mãos de ferro tinha uma alabarda,

A espada à cinta, aos ombros a espingarda;

[...]

Quando os indígenas veem Diogo utilizar uma arma de fogo, ficam ainda mais impressionados:

Toda em terra prostrada, exclama a grita

A turba rude em mísero desmaio,

E faz o horror que estúpida repita

Tupá Caramuru! temendo um raio.

Pretendem ter por Deus, quando o permita

O que estão vendo em pavoroso ensaio,

Entre horríveis trovões do márcio jogo,

Vomitar chamas a abrasar com fogo.|1|

É a primeira vez que o chamam de Caramuru, de forma que o significado desse nome, na ficção de Santa Rita Durão, ainda hoje é um tanto misterioso, já que “caramuru” é um tipo de peixe. Mas, na obra, Diogo é considerado “filho do trovão”, “filho do fogo” e “dragão do mar”.

O herói português acaba se apaixonando pela indígena Paraguaçu, filha do cacique Taparica. Afeto correspondido, o casal pré-romântico vive sua história de amor no meio da selva brasileira. Porém, há um obstáculo, Paraguaçu é a prometida do chefe Gupeva. Além disso, o terrível caeté Jararaca também cobiça a bela jovem.

A obra é composta por 10 cantos, com versos decassílabos, ao estilo camoniano. Mas quando foi publicada, não mereceu maior atenção dos contemporâneos do autor. Ela passou a ser valorizada décadas depois, quando os românticos enxergaram nela traços nacionalistas e indianistas.

Nota

|1| SANTA RITA DURÃO. Caramuru. Disponível em aqui. Acesso em: 16 jan. 2023.

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Santa Rita Durão"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/santa-rita-durao.htm. Acesso em 19 de abril de 2024.

De estudante para estudante


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