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Mito de Narciso

O mito de Narciso conta a história de um jovem belo que, ao rejeitar aqueles que o amavam, apaixonou-se pelo próprio reflexo em um lago, permanecendo obcecado por ele até a morte.

Narciso e Eco em uma floresta, em pintura de John William Waterhouse sobre o mito de Narciso.
Narciso admirando seu próprio reflexo na água. Ao seu lado, Eco, a ninfa desprezada por ele.
Crédito da Imagem: Commons
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O mito de Narciso conta a história de um jovem belo que, ao rejeitar aqueles que o amavam, se apaixonou pelo próprio reflexo em um lago, permanecendo obcecado até a morte, o que originou a flor narciso como símbolo de vaidade. A lição principal do mito é o alerta contra o amor-próprio desmedido, que pode isolar as pessoas e levá-las à ruína, ressaltando a importância das conexões humanas e da empatia.

Narciso foi amaldiçoado pela deusa Nêmesis, que o puniu por seu desprezo ao fazer com que se apaixonasse por algo inatingível, seu próprio reflexo, como castigo por sua arrogância. O conceito de narcisismo, derivado do mito, reflete essa autoimagem inflada e a falta de empatia, sendo estudado na psicologia como transtorno de personalidade narcisista, que causa dificuldades nos relacionamentos interpessoais.

Leia também: O que conta o mito de Édipo?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre mito de Narciso

  • O mito de Narciso narra a história de um jovem de extrema beleza que, ao desprezar todos que o amavam, foi amaldiçoado pela deusa Nêmesis a se apaixonar por seu próprio reflexo.
  • Condenado a amar algo inatingível como punição por sua arrogância e egoísmo, Narciso permaneceu obcecado por sua própria imagem até a morte, incapaz de concretizar esse amor.
  • Após sua morte, nasceu a flor narciso, simbolizando vaidade e amor-próprio excessivo.
  • A lição do mito de Narciso são os perigos da vaidade e do amor-próprio desmedido; a obsessão consigo mesmo pode levar ao isolamento e à ruína.
  • O narcisismo é um conceito inspirado no mito de Narciso.
  • Pessoas narcisistas têm uma personalidade caracterizada por uma autoimagem inflada, necessidade excessiva de admiração e falta de empatia pelos outros.
  • Na psicologia, o transtorno de personalidade narcisista representa esse comportamento extremo, com grande foco na própria imagem e sucesso.
  • O narcisismo leva ao isolamento e a dificuldades interpessoais.

Qual é o mito de Narciso?

O mito de Narciso é uma história da mitologia grega que fala sobre um jovem de extrema beleza, filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. Segundo o mito, ele era tão belo que atraía a atenção de todos ao seu redor, tanto de homens quanto de mulheres. Narciso, no entanto, era conhecido por ser orgulhoso e desdenhoso, rejeitando todos aqueles que se apaixonavam por ele.

Entre as figuras que foram rejeitadas por ele, estava Eco, uma ninfa condenada a repetir as últimas palavras que ouvia. Ao tentar expressar seu amor por Narciso, ela foi desprezada e, de tão humilhada, definhou até que restasse apenas sua voz, ecoando eternamente pelas montanhas.

O desenlace do mito se dá quando, ao se aproximar de um lago cristalino, Narciso vê o próprio reflexo na água. Fascinado pela imagem, ele não percebe que está olhando para si mesmo e se apaixona perdidamente por seu reflexo. Incapaz de consumar esse amor, Narciso fica obcecado pela figura na água, recusando-se a sair dali. Ele acaba morrendo à beira do lago, incapaz de se afastar de seu próprio reflexo. Após sua morte, no lugar onde seu corpo caiu, nasceu a flor narciso, que leva o seu nome e simboliza a vaidade e o amor-próprio exacerbado.

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Qual é a lição do mito de Narciso?

O mito de Narciso traz lições profundas sobre os perigos do amor-próprio desmedido e da vaidade. A história é uma metáfora sobre a obsessão consigo mesmo, ilustrando o quanto a incapacidade de olhar além da própria imagem pode ser destrutiva. Narciso não só rejeitou o amor de outros como também foi incapaz de reconhecer o valor daqueles ao seu redor, o que levou à sua solidão e, finalmente, à sua ruína.

A lição principal do mito é o risco de uma vida egocêntrica, em que o indivíduo se torna prisioneiro de sua própria imagem e incapaz de estabelecer conexões genuínas com o mundo externo. Narciso, ao se apaixonar por seu reflexo, simboliza a falha em desenvolver empatia e uma visão equilibrada de si mesmo. Ele se torna vítima da própria arrogância, demonstrando que o excesso de orgulho e autoadmiração pode levar ao isolamento e à infelicidade.

Além disso, o mito nos faz refletir sobre a fragilidade da beleza física e como ela pode ser efêmera. A beleza de Narciso era sua maior virtude mas também sua perdição. Ao depender tanto de sua aparência, ele se tornou refém de algo que, inevitavelmente, se desvanece com o tempo. Assim, o mito também nos ensina a valorizar qualidades mais duradouras e substanciais, como o caráter e as virtudes internas.

Veja também: Caixa de Pandora — origem e significado do mito

Por que Narciso foi amaldiçoado?

Narciso foi amaldiçoado por sua incapacidade de retribuir o amor que lhe era oferecido. Sua atitude de desprezo e desdém para com aqueles que se apaixonavam por ele despertou a ira divina. De acordo com algumas versões do mito, a maldição foi lançada pela deusa Nêmesis, deusa da vingança e da justiça. Ela decidiu puni-lo depois de ver a maneira cruel com que ele tratava as pessoas que se apaixonavam por ele, especialmente a ninfa Eco.

Nêmesis, ao perceber que Narciso estava se afastando cada vez mais da humanidade e se tornando incapaz de amar alguém além de si mesmo, fez com que ele se apaixonasse por sua própria imagem refletida na água. Esta foi a sua punição: experimentar o amor, mas de uma maneira que ele nunca poderia concretizá-lo ou realizá-lo. A maldição, portanto, serviu como um castigo para seu orgulho excessivo e sua incapacidade de amar os outros.

A maldição de Narciso também reflete a ideia de justiça retributiva comum na mitologia grega, em que os excessos e as falhas humanas são punidos de forma proporcional. Assim, Narciso, que sempre se recusou a olhar para além de sua própria beleza, foi condenado a sofrer o destino de amar algo inatingível: ele mesmo.

Narciso admirando seu reflexo na água, em pintura de Caravaggio.
A punição de Narciso foi amar algo inatingível: ele mesmo.

O que é o narcisismo?

O conceito de narcisismo, derivado do mito de Narciso, foi apropriado pela psicologia moderna para descrever um comportamento egocêntrico e excessivamente voltado para a própria imagem e satisfação pessoal. O narcisismo é caracterizado por uma autoimagem inflada, uma grande necessidade de admiração e uma falta de empatia pelos outros. Pessoas com traços narcisistas frequentemente têm dificuldades em lidar com críticas, tendem a buscar constante validação e são obcecadas com o próprio sucesso ou aparência.

Sigmund Freud foi um dos primeiros a estudar o narcisismo do ponto de vista psicanalítico, propondo a ideia de que ele é uma fase normal do desenvolvimento infantil, mas que pode se tornar patológico se persistir na vida adulta. Freud dividiu o narcisismo em duas formas:

  • o narcisismo primário, que é parte do desenvolvimento normal de uma criança pequena;
  • o narcisismo secundário, que ocorre quando a libido é retirada dos outros e redirecionada para o próprio ego.

Transtorno de personalidade narcisista

Na psicologia moderna, o transtorno de personalidade narcisista (TPN) é uma condição diagnosticável e caracteriza-se por um padrão crônico de grandiosidade (na fantasia ou no comportamento), necessidade de admiração e falta de empatia. Indivíduos com TPN podem ter relacionamentos interpessoais prejudicados, pois geralmente exploram os outros para alcançar seus próprios fins e raramente se colocam no lugar das outras pessoas.

O narcisismo, em níveis patológicos, pode causar isolamento, uma vez que o indivíduo tende a afastar aqueles ao seu redor por causa de sua autoabsorção. Contudo, vale ressaltar que traços de narcisismo podem ser encontrados em muitas pessoas, especialmente em um mundo que valoriza a autossuficiência e o sucesso individual. A chave para a saúde psicológica é o equilíbrio entre o amor-próprio saudável e a consideração pelos outros.

Saiba mais: Cavalo de Troia — mito ou verdade?

Lenda x mito

Muitas vezes, os termos “lenda” e “mito” são usados de forma intercambiável, mas têm diferenças significativas. Ambos fazem parte do imaginário cultural de diferentes sociedades e servem para explicar aspectos da existência humana e do mundo, mas suas naturezas são distintas.

O mito é uma narrativa tradicional que envolve deuses, heróis e fenômenos sobrenaturais, e tem como objetivo explicar as origens do mundo, os fenômenos da natureza, ou questões existenciais. Na maioria das vezes, os mitos estão ligados a crenças religiosas e culturais profundamente enraizadas e são considerados, pelas culturas que os criaram, como narrativas verdadeiras e sagradas.

Eles fornecem uma visão de mundo e explicações para a criação e o funcionamento do Universo. O mito de Narciso, por exemplo, faz parte da mitologia grega e explora temas universais, como o amor-próprio e a vaidade.

Por outro lado, a lenda é uma narrativa que pode conter elementos sobrenaturais ou extraordinários, mas que geralmente está ligada a fatos históricos ou personagens reais, mesmo que esses elementos tenham sido amplamente distorcidos ou exagerados ao longo do tempo.

Ao contrário dos mitos, as lendas tendem a se concentrar em figuras humanas ou em eventos específicos e têm um caráter mais local ou cultural. Elas são histórias transmitidas oralmente e costumam ter uma função moral ou didática, mas sem o caráter religioso que os mitos carregam. Um exemplo de lenda seria a história de Robin Hood, um herói popular que rouba dos ricos para dar aos pobres.

Em resumo, enquanto o mito se conecta a questões profundas sobre o funcionamento do cosmos e as relações entre humanos e deuses, a lenda se preocupa mais com eventos históricos ou personagens extraordinários, ambos distorcidos pelo tempo e pela transmissão oral.

Fontes

GUASCO, Luiz. A lenda de Narciso. 1. ed. São Paulo: Scipione, 2019.

VÁRIOS. O livro da mitologia. Tradução de Bruno Alexander. Edição ilustrada por James Graham. Compilado por DK. São Paulo: Globo Livros, 2018. 352 p. (As grandes ideias de todos os tempos).

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Soares Campos Bacharel, licenciado e doutorando em História pela USP. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito pela PUC. É professor de História e autor de materiais didáticos há mais de 15 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "Mito de Narciso"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/mitologia/estoria-narciso-eco.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

De estudante para estudante


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