Furacão é um tipo de ciclone que se forma sobre as águas do norte do oceano Atlântico e de parte do oceano Pacífico na zona intertropical do planeta Terra. São mais comuns no Hemisfério Norte. Esse fenômeno atmosférico se origina quando a temperatura da camada superficial dos oceanos é igual ou maior do que 27º C, criando um centro de baixa pressão atmosférica em torno do qual o ar se movimenta em alta velocidade. Os furacões são caracterizados por ventos intensos, com velocidade superior a 119 km/h, e pelo mau tempo, associados com tempestades, trovoadas e quedas de raio. Da mesma maneira como se forma, um furacão se dissipa naturalmente no decorrer de dias ou semanas.
A depender da sua intensidade, os furacões provocam desde pequenos estragos em construções e na infraestrutura urbana até a destruição completa de uma área. Esses danos são mensurados pela escala Saffir-Simpson, que classifica os furacões em cinco diferentes categorias de acordo com a velocidade dos ventos. Alguns dos maiores furacões do mundo, como o Melissa, de 2025, e o Grande Furacão de 1780, registraram ventos de quase 300 km/h com danos severos aos países afetados.
Leia também: O que é um ciclone extratropical?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre furacão
- 2 - O que é um furacão?
- 3 - Como se formam os furacões?
- 4 - Principais características dos furacões
- 5 - Quais as diferenças entre furacão, tornado, ciclone e tufão?
- 6 - Classificação dos furacões
- 7 - Consequência dos furacões
- 8 - Por que não tem furacão no Brasil?
- 9 - Maiores furacões do mundo
Resumo sobre furacão
- Furacão é um tipo de ciclone que se forma sobre as águas aquecidas do oceano Atlântico e de parte do oceano Pacífico, na zona intertropical do planeta Terra.
- Para um furacão ter origem, a temperatura das águas deve ser de 27º C ou mais, criando sobre elas um centro de baixa pressão atmosférica.
- Em torno desse centro de baixa pressão, forma-se um sistema fechado de circulação caracterizado pela ocorrência de ventos intensos e grandes nuvens de tempestade.
- Os ventos de um furacão têm velocidade acima de 119 km/h.
- A estrutura de um furacão pode ter até 1.000 quilômetros de diâmetro. Em seu centro, fica uma área sem nuvens e de calmaria, denominada “olho do furacão”.
- A passagem de um furacão causa mudança abrupta no tempo atmosférico, com chuvas volumosas, trovoadas e quedas de raio.
- Pode ocasionar inundações e deslizamentos de terra.
- As consequências de um furacão podem ser mensuradas a partir da escala Saffir-Simpson, que classifica esse fenômeno de acordo com a velocidade dos seus ventos.
- Furacões de categoria 1 são fracos e resultam em pequenos danos às construções e queda de fios elétricos e árvores.
- Furacões de categoria 5, os mais intensos, têm potencial de destruir por completo as áreas por onde passam.
- Um furacão se dissipa naturalmente com o passar do tempo.
- Os furacões não acontecem no Brasil porque a temperatura das águas do Atlântico Sul, que banham o país, não ultrapassam 26º C.
- O furacão Melissa (2025), o furacão de Galveston (1900) e o Grande Furacão de 1780 estão entre os maiores do mundo.
O que é um furacão?
Um furacão é um tipo de ciclone que se forma sobre as águas oceânicas, na região tropical do planeta Terra, sendo mais comum no norte do oceano Atlântico e no nordeste do oceano Pacífico. Para que um ciclone tropical passe a ser classificado como um furacão, a velocidade dos ventos deve, obrigatoriamente, ser maior do que 119 km/h. Os furacões são um fenômeno meteorológico associado a grandes nuvens de tempestades e mudanças abruptas no tempo atmosférico, uma vez que produzem chuvas intensas e volumosas com trovoadas e descargas elétricas.
Como se formam os furacões?
O primeiro requisito para a formação dos furacões é o aquecimento das águas superficiais dos oceanos. Em condições normais, essa camada apresenta temperatura média entre 24 e 26º C. Contudo, durante a chamada temporada de furacões, que acontece durante os meses de verão e outono no Hemisfério Norte, a temperatura das águas em determinados trechos do Pacífico e do Atlântico é maior ou igual a 27º C. Em ocorrências recentes, como a do furacão Melissa na América Central, registrou-se temperaturas superficiais próximas de 30º C.
O aquecimento das águas resulta, também, no aquecimento da camada de ar posicionada sobre o oceano. Ela se torna menos densa e, por causa disso, realiza movimento ascendente na atmosfera. Quando na camada superior da troposfera, o vapor d’água condensa e origina grandes nuvens de tempestade, que são as Cumulonimbus. Em superfície, essa dinâmica é a responsável por criar um centro de baixa pressão atmosférica que atrai ainda mais ventos para a região.
Em torno do centro de baixa pressão é formada uma coluna de ventos e nuvens de tempestade que giram em alta velocidade. O que alimenta esse sistema e confere ainda mais energia para que ele continue se expandindo e se movimentando é a condensação que ocorre na sua parte superior, que libera calor e faz com que o ar realize movimento descendente. Ao retornar para próximo da superfície do oceano, ele se reaquece e adquire umidade, subindo novamente pelo centro de baixa pressão. Constitui-se, assim, um sistema de circulação fechada.
À medida que esse sistema ganha força, a velocidade dos ventos aumenta. O fenômeno que, inicialmente, era classificado como depressão tropical evolui para tempestade tropical, que tem ventos de 61 km/h ou mais. Quando os ventos atingem velocidade superior a 119 km/h ele passa, então, a ser chamado de furacão. Observe, a seguir, uma ilustração que mostra o processo de formação dos furacões:
Principais características dos furacões
Os furacões, como vimos, formam-se a partir da convergência e ascensão do ar quente e úmido em torno de um centro de baixa pressão atmosférica. Esse movimento é o que causa a formação das tempestades e alta instabilidade no tempo atmosférico. Os furacões provocam chuvas muito intensas e volumosas por onde passam, bem como ventos de alta velocidade, sempre superior a 119 km/h. Alguns dos furacões mais intensos do mundo, como o recente Melissa (2025) e o Furacão do Dia do Trabalho (1935), tiveram ventos soprando a 295 km/h, ficando entre os mais fortes da história do oceano Atlântico.
As chuvas decorrentes dos furacões têm alto potencial de destruição devido ao elevado volume de água concentrado em um curto período de tempo. A precipitação esperada para um mês inteiro, por exemplo, acontece em menos de 48 horas. Por isso, é muito comum que furacões intensos estejam associados com inundações, enchentes e deslizamentos de terra de grandes proporções. No geral, um furacão pode se manter ativo por dias ou algumas semanas. Conforme ele se desloca e atinge terra firme, sua força diminui gradualmente até que ele se dissipe por completo.
Visto de cima, os furacões se parecem com imensos redemoinhos de nuvens com diâmetro maior que 200 quilômetros, podendo chegar até 1.000 quilômetros. No centro dele, fica uma região sem nuvens e com ar estanque, que é chamada de olho do furacão. Durante a ocorrência de um ciclone tropical, a calmaria repentina pode dar uma falsa ideia de que “o pior já passou”. No entanto, esse é o momento de se preparar para novos dias de ventos fortes e tempestades, já que indica a passagem pelo olho do furacão. Essa área, aliás, mede entre 20 e 60 quilômetros de diâmetro.
Existem diferentes movimentos relacionados com um sistema fechado, como o dos furacões. Além da ascensão do ar (movimento vertical), há a rotação de toda essa estrutura em torno do seu centro. Os ciclones tropicais se deslocam, ainda, horizontalmente. A velocidade com que uma célula se move varia entre 20 e 50 km/h. À medida que o furacão se desloca, ele perde forças, principalmente quando atinge o continente, até se dissipar naturalmente.
Veja também: Como são escolhidos os nomes de furacões e tufões?
Quais as diferenças entre furacão, tornado, ciclone e tufão?
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Fenômeno |
Definição |
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Ciclone |
Ciclone é o nome dado a um sistema de ar que gira em alta velocidade em torno de um centro de baixa pressão, produzindo nuvens de tempestade e alta instabilidade atmosférica. É uma denominação genérica que faz referência tanto aos furacões quanto aos tufões. |
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Furacão |
É um ciclone que se forma nas águas aquecidas da região tropical do planeta Terra, sendo mais comum no norte oceano Atlântico e nordeste do oceano Pacífico. Por isso, é chamado também de ciclone tropical. Os ventos dos furacões têm velocidade superior a 119 km/h. Atinge países da América Central e da América do Norte. |
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Tufão |
Também é um tipo de ciclone cujos ventos atingem velocidade maior que 119 km/h, mas que se desenvolve sobre as águas aquecidas do oceano Índico e do oeste do oceano Pacífico. Por causa do seu local de origem, atinge principalmente países da Ásia. |
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Sistema de ar que gira em alta velocidade em torno de um centro de baixa pressão atmosférica, mas que se forma sobre o continente. Também produz tempestades e ventos intensos, com velocidade que pode atingir de 116 km/h (fraco) até mais que 411 km/h (catastrófico). |
→ Videoaula sobre diferenças entre furacão, ciclone e tornado
Classificação dos furacões
A classificação dos furacões é feita por meio da escala Saffir-Simpson, que foi criada em 1971 pelo engenheiro Herbert Saffir e pelo meteorologista Robert H. Simpson, com o propósito de auxiliar o governo dos Estados Unidos a estimar os danos causados pelos ciclones tropicais à infraestrutura. Por isso, o critério escolhido para categorizar os furacões de 1 a 5 é a velocidade que os ventos atingem. A imagem sintetiza os intervalos de velocidade correspondentes a cada categoria e seus respectivos danos, que veremos em detalhes adiante.
Consequência dos furacões
Os ventos intensos dos furacões somados à fortes tempestades têm um grande potencial de destruição quando em áreas habitadas. Uma forma de entendermos quais são as consequências desse fenômeno é por meio da escala Saffir-Simpson, que prevê os seguintes impactos:
- Categoria 1: os telhados das casas são danificados pelos fortes ventos. A fiação elétrica e algumas árvores podem ser derrubadas, resultando na interrupção do fornecimento de energia em áreas isoladas das cidades atingidas.
- Categoria 2: além dos telhados, a estrutura lateral das construções é danificada. Registra-se a queda de postes de eletricidade e árvores que são arrancadas do solo. A interrupção no fornecimento de energia pode durar alguns dias.
- Categoria 3: os telhados das construções são removidos total ou parcialmente, enquanto sua estrutura pode ser gravemente afetada. Há o bloqueio de estradas pela queda da fiação elétrica, de postes ou de árvores, com interrupção nos serviços urbanos (água e luz) que dura dias ou semanas.
- Categoria 4: os danos provocados nas construções são severos a ponto de destruí-las ou deixá-las comprometidas. A interrupção de serviços de comunicação, como Internet e telefonia, bem como o bloqueio de estradas, deixa cidades ou áreas inteiras isoladas por semanas. Serviços de abastecimento de água e energia são igualmente interrompidos.
- Categoria 5: o nível de destruição gerado por um furacão de categoria 5 é gravíssimo. A destruição de construções e da infraestrutura é generalizada, registrando-se mortos e desaparecidos por causa do desastre.
Mais do que consequências materiais, os furacões deixam pessoas desabrigadas e geram perdas humanas pela ação direta dos ventos ou, então, por causa de inundações, enchentes e deslizamentos de terra que resultam das tempestades registradas durante a passagem desse fenômeno. No caso de ventos de categoria 5, áreas podem ser tornar inabitáveis por longos períodos de tempo, além de haver um profundo desequilíbrio ambiental nas áreas afetadas pelas tempestades.
Por que não tem furacão no Brasil?
O Brasil não tem furacão por causa da temperatura das águas que banham o seu litoral. Ao longo da costa brasileira, registra-se médias 24º C, com máximas de 26º C na camada superficial do oceano Atlântico. Por isso, não há aquecimento suficiente para a formação de uma célula de tempestade como aquelas que originam os ciclones tropicais. Junto desse, outro fator que pesa é a posição do território brasileiro. Áreas mais distantes da Linha do Equador, o paralelo de 0º, são mais propensas à ocorrência desse fenômeno porque o desvio dos ventos por efeito da rotação do planeta Terra é maior.
Mas, não podemos afirmar que nunca houve furacão no Brasil. Ocorreu, sim, um ciclone extratropical que alguns pesquisadores classificaram como furacão por causa da velocidade dos ventos: trata-se do furacão Catarina, que atingiu os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina em 28 de março de 2004. Os ventos de 180 km/h deixaram quatro mortos, quase 30 mil desabrigados e 14 cidades em estado de calamidade pública. Sua classificação como “furacão” é contestada pelo fato de ter se formado fora da zona intertropical.
Saiba mais: Por que furacões e tornados são tão comuns nos Estados Unidos?
Maiores furacões do mundo
Os maiores furacões do mundo podem ser identificados a partir de diferentes critérios, como o total de fatalidades, a velocidade dos ventos ou o grau de destruição que eles causaram. Em outubro de 2025, se formou na região do Caribe o furacão Melissa, que já é considerado um dos maiores furacões da história. Seus ventos atingiram velocidade de 300 km/h e, durante os primeiros dias da sua trajetória, em vez de ter a sua força diminuída, o superaquecimento das águas superficiais do Atlântico a temperaturas de 30º C forneceu ainda mais energia para esse ciclone. Para a Jamaica, país mais afetado pela passagem do Melissa, ele foi categorizado como a “tempestade do século” devido às suas consequências extremas, que foram inundações de grandes proporções e ventos destruidores.
Quando se analisa a velocidade dos ventos, o furacão Melissa é comparado com o furacão Patrícia, que atingiu a América Central e o México em outubro de 2015 com ventos que sopravam a 295 km/h em média. Em trechos da estrutura desse ciclone se identificou, ao menos de forma temporária, ventos com velocidade superior a 300 km/h. No entanto, ele perdeu força quanto entrou em contato com terra firme, e atingiu principalmente áreas inabitadas. A velocidade dos ventos do furacão Patrícia foi a mesma registrada no Furacão do Dia do Trabalho, que atingiu o sul e sudeste dos EUA em 1935 e provocou a morte de 423 pessoas.
Considerando o número de fatalidades decorrentes dos furacões, o Grande Furacão de 1780 foi o maior já registrado no oceano Atlântico. Seus ventos de 325 km/h atingiram a região das Pequenas Antilhas, na América Central, e provocaram mais de 22.000 mortes. Em 1900, entre 6 e 12 mil pessoas perderam a vida durante a passagem do Furacão Galveston nos EUA, com ventos que sopravam a 230 km/h.
Créditos das imagens
[2] Wikimedia Commons / Contém dados modificados do Copernicus Sentinel 2025
Fontes
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