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O skate é um esporte radical realizado sobre uma prancha com rodas e consiste na execução de manobras no chão, pistas e em obstáculos. A prática surgiu nos Estados Unidos e atualmente é um esporte olímpico desde os jogos de Tóquio (2021).
Entre as modalidades do skate estão: street, park, vertical, downhill. As manobras do skate são compostas por diferentes tipos de movimentos, que incluem giros e passagens do objeto por obstáculos. A prática do skate é muito comum entre jovens de todo o mundo. Apesar do aumento da profissionalização de atletas no esporte, o skate é majoritariamente praticado como atividade de lazer. A vivência é vista para além de uma atividade física, mas como um elemento de manifestação social e identidade cultural.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre skate
- 2 - O que é o skate?
- 3 - Regras do skate
- 4 - Objetivos do skate
- 5 - Modalidades do skate
- 6 - Manobras do skate
- 7 - Skate no Brasil
- 8 - Rayssa Leal, a Fadinha do skate
- 9 - Skate no mundo
- 10 - História do skate
- 11 - Curiosidades sobre skate
Resumo sobre skate
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O skate é um esporte radical que surgiu nos Estados Unidos no século XX e servia como forma de locomoção de jovens estadunidenses.
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A popularidade do esporte se intensificou a partir da década de 1970, com a modernização na fabricação dos elementos que compõem a prancha.
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O mundo conheceu o skate por meio da mídia, já que a modalidade ganhou revistas e programas de TV específicos para o esporte.
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A estreia nos Jogos Olímpicos ocorreu nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021.
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Entre as modalidades, estão: street, freestyle, park e downhill.
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As manobras do skate incluem giros e deslizes da prancha sobre os obstáculos.
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Rayssa Leal é um dos grandes nomes do skate brasileiro e conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021.
O que é o skate?
O skate é uma prática realizada em uma prancha, chamada de shape, que contém quatro rodas pequenas em eixos conhecidos por trucks. A parte da frente da prancha é chamada de nose e a de trás, de tail. Os praticantes realizam manobras e diferentes movimentações sobre a prancha, seja sobre o solo ou mesmo em obstáculos.
A modalidade pode ser praticada tanto no âmbito do lazer, por pessoas de diferentes idades, apesar de ser mais comum entre jovens, quanto no universo profissional. A profissionalização do skate foi impulsionada desde que se tornou um esporte olímpico.
→ Partes de um skate
Regras do skate
Veja abaixo as principais regras das modalidades olímpicas do skate:
→ Regras do skate street
A competição do street é composta por duas rodadas, uma preliminar e uma final. Cada atleta realiza duas corridas de 45 segundos, e a melhor pontuação é utilizada para verificação do resultado final.
Na seção das manobras, cada skatista executa cinco manobras e são aproveitadas as duas melhores notas desses movimentos. Dessa forma, a primeira melhor pontuação se junta a esses dois melhores desempenhos para a classificação para a final.
A avaliação envolve a técnica empregada para realizar os movimentos e manobras, o grau de dificuldade das manobras, a diversidade de obstáculos aproveitados durante a prova, a velocidade, criatividade e originalidade das movimentações, estilo, ritmo e consistência dos gestos técnicos. Os avaliadores são cinco juízes que pontuam de 0 a 100.
→ Regras do skate park
No skate park, os competidores disputam uma fase preliminar e uma final. De 20 competidores na etapa inicial, apenas oito vão para as finais. Eles realizam três corridas com 45 segundos de duração, sendo que a maior e a menor são descartadas. Os avaliadores atribuem notras em uma escala de 0 a 100 pontos.
Veja também: Quais são os benefícios da prática da corrida?
Objetivos do skate
Os objetivos do skate são diferentes conforme a modalidade. Em geral, os praticantes têm que realizar diferentes manobras em um espaço, imprimindo técnica nos movimentos, que podem passar por obstáculos.
Em provas de skate disputadas nos Jogos Olímpicos, por exemplo, na modalidade de Street, é avaliada a performance das manobras nos objetos que compõem o campo de prova, como também o grau de dificuldade dos movimentos. Desse modo, a avaliação é subjetiva, e os atletas não podem ter quedas, já que implica na redução na pontuação a ser atribuída.
Como lazer e hobby, o skate ocupa um espaço de fruição e expressão de liberdade. Muitos jovens e praticantes no geral se encontram para vivenciar o esporte. Assim, a modalidade possibilita a socialização entre as pessoas, assim como atua no bem-estar de quem a pratica.
Modalidades do skate
Confira a seguir as características de cada modalidade do skate:
→ Skate vertical
O skate vertical é realizado em pistas fabricadas em madeira ou concreto que apresentam paredes e transições. A modalidade não é tão popular quanto o street, uma vez que exige mais experiência e técnica para executá-la. Veja as subdivisões do vertical:
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Bowl: pistas semelhantes a piscinas arredondadas com 3 metros de profundidade e paredes que formam 90º em relação ao chão. É o tipo de pista mais comum em parques ao ar livre de skate, utilizada para manobras com velocidade.
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Half-pipe: pistas em formato de “U” com cerca de 4 metros de altura.
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Banks: formadas por pistas de piscinas mais rasas que o bowl e sem paredes de inclinação.
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Minirrampas: permitem manobras mais simples, pois a altura é menor do que as demais pistas. Geralmente são utilizadas como ferramenta pedagógica da modalidade.
→ Skate street
O skate street é resultado da prática do skate em meio aos objetos e obstáculos que compõem o cenário urbano, tais como: escadas, corrimões, bancos, hidrantes e guias. É a modalidade mais popular do skate em todo o mundo e está presente nas Olimpíadas.
→ Skate park
O skate park é composto por várias pistas da modalidade bowl e paredes como obstáculos.
→ Freestyle
O freestyle é a mais antiga das modalidades do skate. As manobras são utilizadas no solo sem o uso de obstáculos.
→ Downhill
O downhill é a modalidade de skate em que os praticantes descem ladeiras e executam manobras chamadas de slides.
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Longboard downhill: com o uso de um skate maior, chamado de longboard, nessa modalidade os skatistas descem ladeiras com a realização de manobras slides. Devido ao formato diferente do objeto, os praticantes conseguem realizar movimentações diferentes.
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Downhill stand-up: descida de ladeira, morro ou qualquer terro que possua inclinação da forma mais rápida possível utilizando técnicas de curva e para aumentar a velocidade do skate.
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Downhill slide: rodas mais duras e escorregadias são utilizadas nos skates, que realizam as manobras de slides também ao descer ladeiras. Há semelhança no objeto com o que é utilizado no street.
Manobras do skate
Fique por dentro das principais manobras do skate:
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Ollie: é a manobra mais básica, que consiste em realizar um pulo retirando o skate e suas rodas do chão. O praticante permanece sobre o skate durante o salto.
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Flip: é a realização de um ollie, só que o praticante faz um giro sobre o próprio eixo do skate.
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Pop shove-it: ao pisar na parte do tail do skate e o arrastar no chão, realiza-se um giro de 180º no ar.
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Kickflip: quando o skate realiza um giro de 360º sobre os dois eixos ao mesmo tempo.
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Boardslide: deslize da parte debaixo do skate sobre as bordas de um objeto da pista.
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Backside: giro do skate em 180º na direção das costas.
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540º backside: o praticante faz um giro de 540º enquanto segura o skate com uma das mãos.
Skate no Brasil
O skate surgiu no Brasil durante a década de 1960, no Rio de Janeiro. Nesse início, os praticantes encontravam dificuldade em encontrar o objeto para compra, dessa forma improvisavam com o uso de rodas de patins fixadas em pranchas de madeira. A comercialização dos primeiros skates no Brasil iniciaria anos depois, em 1974, na lojas de surfe.
Em 1977, a revista Esqueite começou a circular em todo o território nacional, contribuindo para que a prática pudesse ser apresentada para outros estados além do Rio de Janeiro. As primeiras pistas de skate construídas no Brasil foram estabelecidas em Nova Iguaçu (RJ), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).
Entre marcos nessa década para o esporte, estão os primeiros campeonatos, como o Primeiro Clube Federal RJ (1976) e a primeira vez que uma equipe brasileira, a DM Skateboards, foi aos Estados Unidos participar de uma competição (1977).
Em meados dos anos 80, observou-se uma ascensão do skate no Brasil. Programas especializados criados para a TV, novas revistas e a participação de atletas internacionais em eventos do esporte em solo brasileiro são alguns dos exemplos do boom da prática nesse período.
Em 1989, o atleta paulista Lincoln Dio Ueda se tornou o primeiro brasileiro a figurar no ranking dos dez primeiros atletas do Circuito Mundial, conquistando o 4º lugar nesse ano. O marco é tido como o início da projeção internacional do skate brasileiro, afirma Giuslaine Dias em sua dissertação que aborda o skate como manifestação social e movimento cultural.
Um fato marcante para o skate no Brasil foi a proibição de sua prática em 1988 na maior cidade do país, São Paulo. O fato ocorreu a partir da decisão do prefeito Jânio Quadros. A revogação do decreto de proibição aconteceu um ano depois por decisão da prefeita Luiza Erundina, que fez questão de marcar a liberação com uma foto em que pousa em um skate no Parque Ibirapuera.
Após a modalidade ser anunciada como esporte olímpico, a Confederação Brasileira de Skate (CFSk), junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, incluiu a categoria de “atleta de skate” na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). A novidade permitiu que os atletas pudessem ter suas carteiras de trabalho assinadas, o que fortaleceu a profissionalização do esporte por aqui.
A CBSk foi criada em 1999 e é a instituição responsável por regulamentar as normas e políticas direcionadas ao desenvolvimento do skate no Brasil. Entre as funções da entidade estão: desenvolver, divulgar, difundir, fomentar e organizar a prática do esporte. Além disso, é de sua responsabilidade representar a modalidade perante os poderes públicos (municipal, estadual e federal) e sociedade.
Em 2000, foi a primeira vez que o Brasil conquistou o título mundial do esporte em duas modalidades: vertical (Bob Burnquist) e street (Carlos Piolho). Entre outros grandes nomes do skate brasileiro estão Rodil Ferrugem, Sandro Dias, Rayssa Leal (a Fadinha) e Pedro Barros.
Rayssa Leal, a Fadinha do skate
Rayssa Leal, natural de Imperatriz (MA), é uma jovem brasileira que se tornou um fenômeno do skate no mundo. Aos sete anos, tornou-se famosa na internet por um vídeo em que aparece vestida de Sininho, personagem de Peter Pan, realizando um heelflip, o que a fez ficar conhecida como Fadinha.
Ela conquistou diversos títulos nacionais e internacionais em sua carreira. Aos 11 anos, foi a mais jovem skatista a vencer uma etapa do Street League Skateboarding (SLS), na cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos. Com 13 anos, foi a atleta mais jovem a compor o time brasileiro nas Olimpíadas de Tóquio de 2021.
Na estreia da modalidade nos Jogos Olímpicos, a Fadinha subiu ao pódio e conquistou medalha de prata no street. No Pré-Olímpico da China em 2024, ela subiu ao lugar mais alto do pódio e levou o ouro para casa.
Skate no mundo
O skate é uma prática muito popular em diversas regiões do mundo. Grandes competições e torneios são realizados entre as diversas modalidades do esporte. A principal competição de skate street no mundo é o Street League Skateboarding (SLS). O X Games é um evento que reúne os melhores atletas contemporâneos e conta com muitos patrocinadores.
Letícia Bufoni é uma das atletas brasileiras que mais conquistou título no X Games pela modalidade street. Outras duas competições realizadas são o Dew Tour e o Tampa Pro. Além disso, o street e o park estão presentes nos Jogos Olímpicos desde a edição de Tóquio (2021).
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História do skate
O surgimento da prática do skate está associada às scooters, caixas de laranja que tinham uma madeira com rodas e serviam como forma de locomoção entre os jovens estadunidenses no século XX. Entretanto, não há um consenso sobre a origem do skate, já que há diversas narrativas e relatos.
Rhyn Noll afirma em seu livro Skateboard Retrospective que o primeiro skate foi criado em 1939. Conforme mostra a produção audiovisual Dogtown and Z-Boys: onde tudo começou, há registros da prática em Malibu na década 1950. Nessa época, o skate apresentava o mesmo formato da prancha de surf, e as manobras eram executadas de acordo com o esporte aquático.
A prática começou a ser difundida ao longo dos anos 60 como uma forma alternativa de esporte entre os jovens estadunidenses. Surgiram as primeiras equipes e os primeiros campeonatos. Porém, a popularidade do esporte começou a se intensificar somente na década de 1970.
O início da fabricação das rodas em poliuretano a partir de 1972 impulsionou o skate. O responsável pela tecnologia foi o surfista e engenheiro Frank Nashworthy. Antes as rodas eram fabricadas em ferro ou baquelite, um tipo de plástico mais duro, o que dificultava as manobras e movimentações no objeto, pontuam Amanda Lima e Lucas Rocha em um estudo sobre os aspectos históricos do skate.
As rodas em poliuretano reinventaram a prática do skate, permitindo que os praticantes fizessem novos movimentos, já que elas garantiam mais velocidade e uma nova dinâmica no skate. Além disso, possibilitou com que os skatistas utilizassem novos espaços urbanos para a prática.
Na década de 1970, ocorreu o movimento da contracultura, que buscava atuar nas transformações comportamentais e culturais, caracterizadas pelo protagonismo da juventude que lutava contra tabus e por reconhecimento social. O skate se inseriu nesse cenário por meio de um grupo conhecido por Z-Boys, que tinha um estilo próprio, inovador para os padrões da época, e que estava intimamente relacionado à realidade urbana da prática do skate.
Durante uma seca que atingiu a Califórnia em meados dos anos 70, as piscinas ovais, que eram abundantes no estado, tornaram-se as primeiras pistas de skate, já que elas ficaram vazias. Nesse espaço começou a ser praticada a modalidade skate vertical, realizada em uma pista no formato de U.
A mídia foi responsável pela disseminação da prática pelo mundo. No final dos anos 70 e anos 80, a produção de vídeos e lançamento de revistas direcionadas a mostrar a prática proporcionaram que o mundo pudesse ver e conhecer o skate.
Em 1996, as discussões para que o skate se tornasse um esporte olímpico começaram durante os Jogos Olímpicos de Atlanta, nos Estados Unidos. Mas, a oficialização da inclusão da prática no rol das modalidades olímpicas ocorreu somente 20 anos depois, com a divulgação oficial do Comitê Olímpico Internacional (COI) em 2016. A primeira vez do esporte no evento esportivo aconteceu na edição de 2021, realizada em Tóquio, no Japão.
Curiosidades sobre skate
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O Roller Derby foi o primeiro modelo de skate fabricado e comercializado em grande escala, em 1959.
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O surgimento do skate no Brasil ocorreu provavelmente por meio dos filhos de estadunidenses e pelos brasileiros que viajavam aos Estados Unidos na época.
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O skate começou a ser chamado no Brasil de “surfinho”.
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A manobra ollie foi inventada em 1978 pelo estadunidense Alan Gelfand. O movimento revolucionou o skate pelo mundo.
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Patti McGee é considerada a primeira skatista profissional de destaque no esporte. Ela conquistou o campeonato nacional disputado em 1965 nos Estados Unidos.
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Um estudo da Sports Good Intelligence, junto com a Adventure Sports Fair, aponta que o skate movimenta cerca de R$ 1 bilhão anualmente.
Créditos das imagens
[1] Matt Fowler KC/ Shutterstock
Fontes
COMITÊ Olímpico Brasileiro. Rayssa Leal. Disponível em: https://www.cob.org.br/pt/cob/time-brasil/atletas/rayssa-leal
DIAS, G.de O. Skateboard para além do esporte: manifestação social e movimento cultural. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais). Universidade de Brasília, 2011. Disponível em: https://bdm.unb.br/bitstream/10483/2680/1/2011_GiuslainedeOliveiraDias.pdf
HONORATO, T. Uma história do skate no Brasil: do lazer à esportivização. Anais do XVII Encontro Regional de História – O lugar da História. ANPUH/SPUNICAMP. Campinas, 6 a 10 de setembro de 2004. Disponível em: http://legacy.anpuh.org/sp/downloads/CD%20XVII/ST%20IX/Tony%20Honorato.pdf
LIMA, A. de O.; ROCHA, L. Os aspectos históricos do skate: da marginalidade às Olimpíadas. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Educação Física). Centro Universitário de Campo Limpo Paulista (Unifaccamp), 2022. Disponível em: https://unifaccamp.edu.br/repository/artigo/arquivo/18052023052003.pdf>
MENEGOTTO et al. Reconhecimento de padrões de manobras de skate. XVI Brazilian Conference on Computational Intelligence (CBIC), Salvador, 2023. Disponível em: https://sbic.org.br/wp-content/uploads/2023/10/pdf/CBIC_2023_paper155.pdf
OLIVEIRA, G. Os recordes e curiosidades mais incríveis do skate. RedBull, 2021. Disponível em: https://www.redbull.com/br-pt/skate-recordes-e-curiosidades
SKATEBOARDING. Modalidades de skate. Disponível em: https://skateboarding.com.br/index.php/skateboard/modalidades-do-skate1.html