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A Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE) abrange uma grande quantidade de municípios do Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais. Esses municípios integram uma área de planejamento e geração de políticas públicas comuns a eles, a fim de propiciar o desenvolvimento da sua população.
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Tópicos deste artigo
- 1 - O que é a RIDE-DF?
- 2 - Origem da RIDE-DF
- 3 - Objetivos da RIDE-DF
- 4 - Dados gerais da RIDE
- 5 - Mapa da RIDE-DF
- 6 - Economia da Ride
- 7 - Exercícios resolvidos
O que é a RIDE-DF?
RIDE é uma área composta por mais de 30 municípios de Goiás e Minas Gerais, além do Distrito Federal. Nessa região há municípios com os mais variados graus de desenvolvimento econômico e social e com várias disparidades. Dessa forma, a criação da RIDE, na teoria, supõe uma integração entre esses municípios para que tais disparidades e desigualdades sejam diminuídas ao longo dos anos.
Entretanto, não é isso que ocorre na prática, pois muitos municípios possuem uma relação distante da capital federal, que é a principal beneficiadora das ações implementadas na RIDE. Alguns dos municípios englobados pela rede possuem uma relação de metropolização com Brasília, pois são mais próximos dela, como Planaltina e Formosa, ambos em Goiás.
Com isso, a título de exemplificação, esses municípios acabam atraindo mais recursos para suas políticas públicas. Já municípios distantes geograficamente de Brasília, como Niquelândia (GO), não se desenvolvem da mesma forma. Esse é um ponto negativo da RIDE, mas que pode ser facilmente consertado.
Origem da RIDE-DF
De acordo com a Constituição Federal (CF) de 1988, em seu artigo 21º, inciso IX, é função da União “elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social”. O artigo 43º caput do mesmo documento alega que “para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais”.
Esses artigos da CF foram a base para a criação da RIDE, que surgiu com base na Lei Complementar 94/1998, promulgada, em 19 de fevereiro de 1998, pelo então presidente da república Fernando Henrique Cardoso. Essa lei possui oito artigos e trata da regulamentação e disposição da RIDE em meio ao cenário local, regional e nacional.
Objetivos da RIDE-DF
Entre os principais objetivos da RIDE, podemos destacar a necessidade da realização de políticas públicas em conjunto nas cidades integrantes da região.
Essas políticas estão relacionadas com a geração de emprego, renda, serviços públicos e infraestrutura; o desenvolvimento social, saneamento básico, uso e ocupação do solo, transportes e sistema viário, proteção ao meio ambiente e controle da poluição ambiental; e também dizem respeito à saúde e assistência social, à educação e cultura, ao combate às causas de pobreza e aos fatores de marginalização e segurança pública.
Cabe ao Executivo criar ações que estimulem a prosperidade dos municípios da RIDE, o que pode ser feito em nível municipal, estadual e/ou federal, podendo haver um convênio entre as três esferas governamentais.
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Dados gerais da RIDE
Vejamos agora alguns dados específicos sobre os estados envolvidos na RIDE.
- Cidades integrantes: ao todo, 33 cidades e o Distrito Federal, que possui uma organização diferente, integram a RIDE, baseada em regiões administrativas. As cidades são, em Goiás:
- Abadiânia
- Água Fria de Goiás
- Águas Lindas de Goiás
- Alexânia
- Alto Paraíso de Goiás
- Alvorada do Norte
- Barro Alto
- Cabeceiras
- Cavalcante
- Cidade Ocidental
- Cocalzinho de Goiás
- Corumbá de Goiás
- Cristalina
- Flores de Goiás
- Formosa
- Goianésia
- Luziânia
- Mimoso de Goiás
- Niquelândia
- Novo Gama
- Padre Bernardo
- Pirenópolis
- Planaltina
- Santo Antônio do Descoberto
- São João d’Aliança
- Simolândia
- Valparaíso de Goiás
- Vila Boa
- Vila Propício
Em Minas Gerais:
- Arinos
- Buritis
- Cabeceira Grande
- Unaí
- Área: todas as cidades mais o território do Distrito Federal abrangem uma área de, aproximadamente, 94.500 km².
- População: estima-se que a população da RIDE, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE - 2010), seja de 4.560.000 pessoas.
Veja agora alguns dados selecionados de todas as cidades, em ordem alfabética, de acordo com o IBGE. Dados fornecidos pelo último censo, em 2010.
Cidade |
População estimada|1| |
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) |
Densidade demográfica |
PIB per capita|2| |
Cidades de Goiás |
||||
Abadiânia |
20.461 pessoas |
0,689 |
15,08 hab/km |
R$ 16.157,24 |
Água Fria de Goiás |
5.793 pessoas |
0,671 |
2,51 hab/km² |
R$ 38.994,18 |
Águas Lindas de Goiás |
217.698 pessoas |
0,686 |
846,02 hab/km² |
R$ 9.108,33 |
Alexânia |
28.010 pessoas |
0,682 |
28,09 hab/km² |
R$ 29.187,12 |
Alto Paraíso de Goiás |
7.688 pessoas |
0,713 |
2,65 hab/km² |
R$ 22.025,32 |
Alvorada do Norte |
8.705 pessoas |
0,660 |
6,42 hab/km² |
R$ 13.768,81 |
Barro Alto |
11.408 pessoas |
0,742 |
7,97 hab/km² |
R$ 78.477,29 |
Cabeceiras |
8.046 pessoas |
0,668 |
6,52 hab/km² |
R$ 26.472,38 |
Cavalcante |
9.725 pessoas |
0,584 |
1,35 hab/km² |
R$ 24.807,00 |
Cidade Ocidental |
72.890 pessoas |
0,717 |
143,38 hab/km² |
R$ 11.117,88 |
Cocalzinho de Goiás |
20.504 pessoas |
0,657 |
9,73 hab/km² |
R$ 15.380,15 |
Corumbá de Goiás |
11.169 pessoas |
0,680 |
9,76 hab/km² |
R$ 14.238,76 |
Cristalina |
60.210 pessoas |
0,699 |
7,56 hab/km² |
R$ 41.443,33 |
Flores de Goiás |
17.005 pessoas |
0,597 |
3,25 hab/km² |
R$ 9.092,34 |
Formosa |
123.684 pessoas |
0,744 |
17,22 hab/km² |
R$ 19.918,60 |
Goianésia |
71.075 pessoas |
0,727 |
38,49 hab/km² |
R$ 19.655,61 |
Luziânia |
211.508 pessoas |
0,701 |
44,06 hab/km² |
R$ 16.989,45 |
Mimoso de Goiás |
2.583 pessoas |
0,665 |
1,94 hab/km² |
R$ 21.656,24 |
Niquelândia |
46.730 pessoas |
0,715 |
4,30 hab/km² |
R$ 21.803,69 |
Novo Gama |
117.703 pessoas |
0,684 |
487,29 hab/km² |
R$ 8.377,21 |
Padre Bernardo |
34.430 pessoas |
0,651 |
8,81 hab/km² |
R$ 15.122,22 |
Pirenópolis |
25.064 pessoas |
0,693 |
10,43 hab/km² |
R$ 16.657,36 |
Planaltina |
90.640 pessoas |
0,669 |
32,10 hab/km² |
R$ 11.448,85 |
Santo Antônio do Descoberto |
75.829 pessoas |
0,665 |
66,99 hab/km² |
R$ 9.088,44 |
São João d’Aliança |
14.085 pessoas |
0,685 |
3,08 hab/km² |
R$ 23.653,84 |
Simolândia |
6.879 pessoas |
0,645 |
18,72 hab/km² |
R$ 14.272,95 |
Valparaíso de Goiás |
172.135 pessoas |
0,746 |
2.165,48 hab/km² |
R$ 15.626,97 |
Vila Boa |
6.312 pessoas |
0,647 |
4,47 hab/km² |
R$ 23.992,38 |
Vila Propício |
5.882 pessoas |
0,634 |
2,36 hab/km² |
R$ 32.016,61 |
Cidades de Minas Gerais |
||||
Arinos |
17.862 pessoas |
0,656 |
3,35 hab/km² |
R$ 11.260,49 |
Buritis |
25.013 pessoas |
0,672 |
4,35 hab/km² |
R$ 28.390,07 |
Cabeceira Grande |
6.988 pessoas |
0,648 |
6,26 hab/km² |
R$ 26.260,47 |
Unaí |
84.930 pessoas |
0,736 |
9,18 hab/km² |
R$ 31.866,55 |
Fonte: IBGE
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Mapa da RIDE-DF
Em 2018, com base em outra lei complementar sancionada pelo então presidente Michel Temer, foram acrescentados na RIDE mais alguns municípios, conforme o mapa e a legenda a seguir.
Observe no mapa, de azul, os municípios incorporados a partir de 2018.
Economia da Ride
A maioria das cidades que integram a RIDE tem sua economia baseada nas atividades de Brasília e entorno, pois é a principal cidade dessa região. Cidades próximas, como Novo Gama, Formosa e Val Paraíso de Goiás, têm forte migração pendular para a capital federal, em que pessoas saem das cidades goianas, trabalham no Distrito Federal e retornam para suas casas.
Entretanto, alguns municípios possuem riquezas naturais que moldam o PIB municipal, como as belas cachoeiras em Formosa e Pirenópolis, onde a indústria turística é bastante expressiva; a extração e produção de níquel em Niquelândia; ou mesmo a agricultura em Unaí, que é grande produtora de grãos no Brasil, com destaque para o feijão e o milho.
Exercícios resolvidos
Questão 1 - (PUCCAMP/2017)
Na América Latina do século XX, em incontáveis momentos, a criação artística articulou-se com utopias ou perspectivas de transformação social. Em diferentes contextos, artistas usaram sua produção para corroborar determinados projetos políticos ou consentiram que suas criações fossem apropriadas e sustentadas por movimentos políticos, dentro ou fora do Estado.
(PRADO, Maria Ligia e PELLEGRINO, Gabriela. História da América Latina. São Paulo: Contexto, 2014. p. 187-188)
A construção de Brasília contou com apaixonados simpatizantes e ferrenhos críticos do projeto, entre artistas e profissionais liberais de distintos ramos. Dentre as polêmicas que ainda hoje cercam o projeto conhecido como Plano Piloto, destaca-se
A) a incapacidade de inclusão das populações pobres que migraram para a região para a execução da obra, como os “candangos”, trabalhadores que se estabeleceram na periferia da cidade e contribuíram para o surgimento das cidades satélites, hoje densamente povoadas.
B) o alto custo desse investimento para os cofres públicos, uma vez que foi necessário ao governo brasileiro contrair empréstimos nos Estados Unidos para a construção da cidade, que só deixou de representar um peso orçamentário ao ser reconhecida como patrimônio da humanidade e passar a ser mantida, na atualidade, por entidades internacionais.
C) a inadequação do projeto à locomoção na cidade, bem como o isolamento, por guarnições militares, do setor de edifícios que sempre abrigaram os poderes governamentais, características que se vinculavam ao autoritarismo vigente no país sob o
mandato de Juscelino Kubitschek.
D) a marca stalinista presente na arquitetura monumental empregada, na divisão da cidade em “setores”, na numeração de ruas e blocos, e que ecoava as inclinações políticas dos idealizadores do projeto, Oscar Niemeyer e Roberto Burle Marx, que já gozavam de renome internacional.
E) o prejuízo que a transferência da capital federal significou para o Rio de Janeiro, uma vez que resultou em milhares de funcionários públicos desempregados, crise que favoreceu o fortalecimento político de Carlos Lacerda, artífice do golpe de 64 e defensor do regime militar durante toda a ditadura.
Resolução
Alternativa A. Um dos motivos que levou à criação da RIDE está na história do povoamento de Brasília e região, pois ao redor surgiram áreas e cidades, as cidades satélites, que cresceram de forma desordenada e com inchaço populacional. Daí a necessidade de investimentos públicos em conjunto para desenvolver áreas historicamente prejudicadas em suas economias.
Questão 2 - (PUCCAMP/2016)
A década de 1950 foi marcada pelo anseio de modernização do país, cujos reflexos se fazem sentir também no plano da cultura. É de se notar o amadurecimento da poesia de João Cabral, poeta que se rebelou contra o que considerava nosso sentimentalismo, nosso “tradicional lirismo lusitano”, bem como o surgimento de novas tendências experimentalistas, observáveis na linguagem renovadora de Ferreira Gullar e na radicalização dos poetas do concretismo. As linhas geométricas da arquitetura de Brasília e o apego ao construtivismo que marca a criação poética parecem, de fato, tendências próximas e interligadas.
(MOUTINHO, Felipe, inédito)
A inauguração de Brasília, símbolo da modernização empreendida durante o período de governo de JK, foi acompanhada de uma série de impactos imediatos, dentre os quais podemos citar
A) a mudança da capital federal, medida que causou muita polêmica, pois o projeto havia sido inusitado na história do Brasil, e os funcionários federais recusavam-se a mudar para o Centro-Oeste.
B) o fim do isolamento econômico do Centro-Oeste, por meio da inauguração de uma extensa rede viária e de um grande parque industrial nas imediações da capital.
C) a migração de pequenos agricultores do Sul do país para Goiás e Mato Grosso, estimulados por incentivos estatais para o plantio da soja e a agropecuária voltada à exportação.
D) a transformação da localidade em fundamental polo turístico nacional, em função da curiosidade estrangeira em conhecer a primeira cidade planejada da América Latina.
E) o crescimento de cidades satélites muito além da proporção imaginada por Lucio Costa em seus primeiros planejamentos, em função da grande população de trabalhadores atraída à região.
Resolução
Alternativa E. Seguindo o mesmo raciocínio da questão anterior, as cidades satélites, ao redor de Brasília, cresceram desordenadamente, o que agravou a situação da população, havendo a necessidade de reparação histórica em termos de políticas públicas. Essa reparação, teoricamente, veio com a criação da RIDE.
Notas
|1| Dados de 2020.
|2| Dados de 2017.
Créditos das imagens
[1] Brastock / Shutterstock
[2] Kleber Silva / Shutterstock
Por Átila Matias
Professor de Geografia