Notificações
Você não tem notificações no momento.
Novo canal do Brasil Escola no
WhatsApp!
Siga agora!
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

Zé Ramalho

Zé Ramalho é um dos grandes nomes da música brasileira, com sucessos da década de 70 até os dias de hoje.

Zé Ramalho, um grande nome da música brasileira, cantando em um show no ano de 2023.
Zé Ramalho é um grande nome da música brasileira. [1]
Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

Zé Ramalho é um cantor, compositor e poeta brasileiro nascido na cidade de Brejo da Cruz, localizada na Paraíba, em 1949. Suas canções marcaram a cultura nordestina e brasileira na década de 70 e repercutem até os dias atuais. Suas músicas instigam a curiosidade e a imaginação dos ouvintes, por conta de sua criatividade em abordar assuntos comuns a todos, como o amor, e apresentá-los de forma metafórica e poética.

O artista registrou presença em novelas de renome, como Roque Santeiro e Rei do Gado. Também realizou parcerias com outros grandes nomes da música, por exemplo, Raul Seixas e Chitãozinho e Xororó. Zé Ramalho, ainda hoje, realiza shows por todo o Brasil.

Leia também: Caetano Veloso — outro grande nome da música brasileira

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Zé Ramalho

  • Zé Ramalho é um dos grandes nomes da música brasileira.

  • É um cantor, compositor e poeta brasileiro nascido na cidade de Brejo da Cruz, localizada na Paraíba, em 1949.

  • Seus pais eram um seresteiro, chamado Antônio de Pádua Ramalho, e uma professora do primário, Estelita Torres Ramalho.

  • Zé Ramalho ficou órfão de pai aos dois anos e foi criado pelos avós paternos, o casal José Alves Ramalho e Soledade Alves Ramalho.

  • Essa condição o inspirou, anos mais tarde, a escrever o sucesso Avôhai, palavra criada por Zé Ramalho para se referir ao seu avô-pai.

  • Ao longo de sua carreira musical, fez parcerias com Luiz Gonzaga, Alceu Valença, Chitãozinho e Xororó, Erasmo Carlos, Raul Seixas, Elba Ramalho, entre outros grandes nomes da música brasileira.

  • Seu primeiro disco foi gravado na década de 70 e também foi nessa década que suas músicas começaram a fazer sucesso.

  • Na década de 70, suas composições foram influenciadas pela cultura estadunidense, em franca expansão nesse período, mas os arranjos melódicos que misturavam rock com forró e as letras que remeteram à literatura de cordel marcaram as produções de Zé Ramalho.

  • As letras de Zé Ramalho são, muitas vezes, misteriosas e instigam a curiosidade de quem as escuta.

  • A música de Zé Ramalho foi trilha sonora de novelas de grande sucesso, como Roque Santeiro, Rei do Gado e Pedra sobre Pedra.

Biografia de Zé Ramalho

Zé Ramalho criança no colo de sua mãe, Estelita Torres Ramalho.
Zé Ramalho criança no colo de sua mãe, Estelita Torres Ramalho. (Créditos: Instagram @zeramalho | Reprodução)

Zé Ramalho, ou José Ramalho Neto, nasceu na cidade de Brejo da Cruz, localizada na Paraíba, em 1949. Seus pais eram um seresteiro, chamado Antônio de Pádua Ramalho, e uma professora do primário, Estelita Torres Ramalho. Foi criado por seus avós, o casal José Alves Ramalho e Soledade Alves Ramalho, pois ficou órfão de pai aos dois anos.

Na década de 60, mudou-se para Campina Grande, município da Paraíba, e depois para a capital paraibana, João Pessoa, onde teve acesso a uma educação de qualidade e começou a cursar uma graduação em Medicina. Zé Ramalho abandonou o curso de Medicina já no segundo ano, pois sentia o chamado da música.

Ainda na Paraíba, Zé Ramalho participou de um grupo musical, conhecido como os Quatro Loucos. Nesse período de experimentação e descoberta, Zé começou a misturar a literatura de cordel com as músicas estado-unidenses, e seu estilo único foi ganhando robustez.

Em 1976, foi para o Rio de Janeiro e enfrentou grandes dificuldades. Zé Ramalho chegou até mesmo a ter dificuldades para conseguir comida e moradia. Mas, em 1977, ele gravou seu tão sonhado primeiro LP (long play, disco de vinil). A partir do lançamento do seu primeiro LP, sua carreira musical deslanchou, e outros trabalhos foram realizados ao longo dos anos, tais como parcerias e participações na trilha sonora de novelas.

No total, Zé Ramalho teve seis filhos e se casou duas vezes. Seus filhos se chamam Christian, Antônio Wilson, João, Maria, José e Linda. Embora muitas pessoas não saibam, Zé Ramalho é primo de Elba Ramalho, outro grande nome da música brasileira.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Carreira de Zé Ramalho

Como vimos, ainda na Paraíba, Zé Ramalho participou de um grupo de rock conhecido como Os Quatro Loucos, com influências desde Pink Floyd até a dupla Leno e Lílian.

Em 1974, teve sua primeira participação na trilha sonora de uma produção audiovisual, no filme Nordeste: Cordel, Repente e Canção. Em 1975, gravou seu primeiro álbum, Paêbirú, gravado com Lula Côrtes, Paulo Rafael, Geraldo Azevedo e Alceu Valença. Um grande desafio está ligado a esse álbum: boa parte das cópias acabou sendo destruída pelas águas do rio Capibaribe na enchente de 1975.

Em 1976, Zé Ramalho resolveu ir ao Rio de Janeiro, grande polo cultural da época, para investir na sua carreira musical. Após passar por um período de grande dificuldade, quando encontrava obstáculos até mesmo para conseguir moradia e se alimentar, Zé Ramalho conseguiu gravar seu primeiro LP em 1977, intitulado Zé Ramalho, com sucessos muito ouvidos até os dias de hoje, como Avohai, Chão de Giz e Admirável Gado Novo.

Sobre essa época, Petrônio Fernandes Beltrão, autor da tese de mestrado intitulada Insurgência, visionarismo e nordestinidade: marcas identitárias do sujeito-poeta-cantor Zé Ramalho, registrou: “deixou a faculdade de Medicina e passou o ano de 1976 dormindo pelas calçadas do Leblon, assumindo a liberdade imposta pelo afã de um grande sonho: ser reconhecido, ser valorizado como artista”. |1|

Fotografia em preto e branco mostrando Zé Ramalho jovem tocando violão.
As composições de Zé Ramalho começaram a ficar mais conhecidas na década de 70. [2]

O segundo álbum do artista paraibano foi intitulado como A Peleja do Diabo com o Dono do Céu, que trouxe mais sucessos que o primeiro, como Frevo Mulher, Garoto de Aluguel e Beira Mar. Depois de anos no Rio de Janeiro, Zé Ramalho decidiu se mudar para Fortaleza, onde escreveu seu livro de poesias chamado Carne de Pescoço, responsável por uma série de parcerias posteriores.

Veja também: Chico Buarque — detalhes sobre a vida de outro grande cantor da música brasileira

Música de Zé Ramalho

Zé Ramalho cantando.
As músicas de Zé Ramalho fazem parte da trilha sonora de diversas novelas. [3]

A carreira e as músicas de Zé Ramalho são marcadas pelo seu contexto histórico. Na década de 70, quando suas composições ficaram mais conhecidas, o Brasil era influenciado musicalmente pelos Estados Unidos, de forma mais intensa pelo rock e pelo blues.

Entretanto, o movimento de reafirmação cultural, sobretudo no Nordeste, também era muito forte. Isso colaborou para a construção das melodias que misturavam forró com rock e que se preenchiam com rimas que remetem à literatura de cordel.

As letras de Zé Ramalho são, muitas vezes, misteriosas e instigam a curiosidade de quem as escuta. Com a poesia inteligente empregada nas construções musicais aliada às melodias mistas da cultura nordestina com as influências do exterior, suas produções conquistaram vasto espaço nas trilhas sonoras das novelas e nos ouvidos dos brasileiros.

Com participações em Roque Santeiro, Rei do Gado, Pedra sobre Pedra, entre outras produções e parcerias musicais que variaram de Chitãozinho e Xororó até Raul Seixas, Zé Ramalho conquistou um local de destaque na história da música brasileira.

A seguir, veja a letra e a história de algumas das músicas mais famosas de Zé Ramalho.

  • Chão de Giz:

Essa canção conta sobre um relacionamento recém-terminado, que aconteceu entre uma pessoa ainda na juventude com outra mais velha. Confira a letra de Chão de Giz:

Eu desço dessa solidão
Espalho coisas sobre
Um Chão de Giz
Há meros devaneios tolos
A me torturar
Fotografias recortadas
Em jornais de folhas
Amiúde!
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes...
Disparo balas de canhão
É inútil, pois existe
Um grão-vizir
Há tantas violetas velhas
Sem um colibri
Queria usar quem sabe
Uma camisa de força
Ou de vênus
Mas não vou gozar de nós
Apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom...
Agora pego
Um caminhão na lona
Vou a nocaute outra vez
Prá sempre fui acorrentado
No seu calcanhar
Meus vinte anos de "boy"
That's over, baby!
Freud explica...
Não vou me sujar
Fumando apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom
Quanto ao pano dos confetes
Já passou meu carnaval
E isso explica porque o sexo
É assunto popular...
No mais estou indo embora!
No mais estou indo embora!
No mais estou indo embora! |2|

  • Avôhai:

Essa música é uma homenagem ao avô de Zé Ramalho que o adotou ainda criança e assumiu uma figura paterna em sua vida. Avôhai é a palavra criada por Zé Ramalho para se referir ao seu avô-pai. Veja a letra de Avôhai:

Um velho cruza a soleira
De botas longas, de barbas longas
De ouro o brilho do seu colar
Na laje fria onde quarava
Sua camisa e seu alforje de caçador
O meu velho e invisível
Avôhai
O meu velho e indivisível
Avôhai
Neblina turva e brilhante
Em meu cérebro, coágulos de sol
Amanita matutina
E que transparente cortina ao meu redor
Se eu disser que é mei' sabido
Você diz que é mei' pior
Mas é pior do que planeta
Quando perde o girassol
É o terço de brilhante
Nos dedos de minha avó
E nunca mais eu tive medo da porteira
Nem também da companheira que nunca dormia só
Avôhai
Avôhai
Avôhai
O brejo cruza a poeira de fato existe
Um tom mais leve na palidez desse pessoal
Pares de olhos tão profundos
Que amargam as pessoas que fitar
Mas que bebem sua vida, sua alma
Na altura que mandar
São os olhos, são as asas
Cabelos de avôhai
Na pedra de turmalina
E no terreiro da usina eu me criei
Voava de madrugada
E na cratera condenada eu me calei
E se eu calei foi de tristeza, você cala por calar
Mas e calado vai ficando, só fala quando eu mandar
Rebuscando a consciência com medo de viajar
Até o meio da cabeça do cometa
Girando na carrapeta no jogo de improvisar
Entrecortando, eu sigo dentro a linha reta
Eu tenho a palavra certa pra doutor não reclamar
Avôhai
Avôhai
Avôhai
Avôhai |3|

Acesse também: Rita Lee — cantora e compositora conhecida como a “rainha do rock brasileiro”

Zé Ramalho hoje em dia

  • 2022: Durante a pandemia de covid-19, Zé Ramalho produziu o álbum intitulado Ateu Psicodélico, no qual publicou 12 músicas até então inéditas, que nasceram durante o isolamento.

  • 2023: Na turnê que fez em 2023, Zé Ramalho realizou shows em todo o Brasil cantando seus sucessos. Houve apresentações nos estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo.

  • 2024: Zé Ramalho, com sua música única, continua atual nos ouvidos dos brasileiros, prova disso são seus shows confirmados para o ano de 2024, alguns dos quais nas seguintes localidades:

    • Vitória - Espírito Santo;
    • Capitólio - Minas Gerais;
    • Juiz de Fora - Minas Gerais;
    • Rio de Janeiro - Rio de Janeiro;
    • Altinópolis - São Paulo;
    • São Paulo - São Paulo.

Notas

|1| BELTRÃO, Petrônio Fernandes. Insurgência, visionarismo e nordestinidade: marcas identitárias do sujeito-poeta-cantor Zé Ramalho. Orientadora: Ivone Tavares de Lucena. 2012. Dissertação (Mestrado) - Curso de Letras, Linguagens e Cultura, Universidade Federal da Paraíba, 2012. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/tede/6207/1/arquivototal.pdf.

|2| ZÉ RAMALHO. Chão de Giz. Letras, c2003-2024. Disponível em: https://www.letras.mus.br/ze-ramalho/49364/.

|3| ZÉ RAMALHO. Avôhai. Letras, c2003-2024. Disponível em: https://www.letras.mus.br/ze-ramalho/74944/.

Créditos de imagem

[1] A.PAES / Shutterstock

[2] Carlos Ebert / Wikimedia Commons (reprodução)

[3] Silvio Tanaka / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

BELTRÃO, Petrônio Fernandes. Insurgência, visionarismo e nordestinidade: marcas identitárias do sujeito-poeta-cantor Zé Ramalho. Orientadora: Ivone Tavares de Lucena. 2012. Dissertação (Mestrado) - Curso de Letras, Linguagens e Cultura, Universidade Federal da Paraíba, 2012. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/tede/6207/1/arquivototal.pdf.

KOLIVER, Henri. Zé Ramalho: O poeta dos abismos. 1ª ed. São Paulo: Madras 2013. 360p.

PARAÍBA CRIATIVA. Zé Ramalho. Paraíba Criativa, 29 ago. 2015. Disponível em: https://paraibacriativa.com.br/artista/ze-ramalho/.

RAMALHO, Roberta. Biografia. Zé Ramalho. Disponível em: https://www.zeramalho.com.br/biography-pt-br.

ZÉ RAMALHO. Avôhai. Letras, c2003-2024. Disponível em: https://www.letras.mus.br/ze-ramalho/74944/.

ZÉ RAMALHO. Chão de Giz. Letras, c2003-2024. Disponível em: https://www.letras.mus.br/ze-ramalho/49364/.

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Vechi Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

VECHI, Tiago. "Zé Ramalho"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/ze-ramalho.htm. Acesso em 08 de dezembro de 2024.

De estudante para estudante