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Salvador Allende

Salvador Allende foi um político chileno que ocupou posições como deputado, ministro de Estado, senador e presidente, governando o Chile entre 1970 e 1973.

Salvador Allende
Salvador Allende foi presidente do Chile entre 1970 e 1973, e vítima de um golpe militar.
Crédito da Imagem: Commons
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Salvador Allende foi um político chileno que teve uma longa carreira na política chilena como defensor do socialismo. Foi deputado, ministro de Estado, senador por diversos mandatos e chegou à presidência ao vencer a eleição de 1970 (depois de perder três eleições para presidente). Ele defendia o estabelecimento do socialismo pela via democrática.

O governo de Salvador Allende manifestou várias das ideias que ele tinha para o Chile, sendo realizadas nacionalização de empresas, reforma agrária, campanhas de alfabetização, etc. O governo de Allende, no entanto, foi alvo de uma intensa campanha de sabotagem dos Estados Unidos, do grande empresariado chileno e dos militares. Allende cometeu autoextermínio no golpe militar de 1973.

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Tópicos deste artigo

Resumo sobre Salvador Allende

  • Salvador Allende foi um político chileno que defendia o estabelecimento do socialismo pela via democrática.
  • Nasceu em uma família de classe média e se formou médico.
  • Ingressou na política na década de 1930, sendo deputado, ministro de Estado e senador.
  • No seu governo procurou promover reformas socializantes, como a nacionalização e estatização da economia, e a realização de reforma agrária.
  • Seu governo foi alvo de uma intensa sabotagem promovida pelos Estados Unidos, elites econômicas e pelos militares chilenos.
  • Cometeu autoextermínio durante o golpe militar realizado em 1973.

Biografia de Salvador Allende

  • Nascimento de Salvador Allende

Salvador Guillermo Allende Gossens nasceu na cidade de Santiago, capital do Chile, no dia 26 de junho de 1908. Ele pertencia a uma família de classe média alta que possuía um longo histórico de defesa de políticas progressistas. Seu pai foi Salvador Allende Castro, que trabalhava como advogado e tabelião, e sua mãe se chamava Laura Gossens Uribe.

  • Infância de Salvador Allende

O pai de Salvador Allende possuía um cargo na administração pública, e por isso os primeiros anos da vida de Allende foram vividos em Tacna (cidade que na época pertencia ao Chile, mas hoje pertence ao Peru). Anos depois ele e sua família se mudaram para Iquique. A educação básica de Allende foi realizada nessas duas cidades.

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  • Adolescência de Salvador Allende

Em 1918, Salvador Allende estudou em Santiago, mas no ano seguinte mudou-se para Valdívia e depois para Valparaíso. Todas essas mudanças aconteceram por causa do emprego de seu pai, fazendo com que o jovem Allende tivesse estudado por diversas escolas na sua infância e adolescência.

Em 1924, Salvador Allende finalizou seu ensino básico e então decidiu ingressar no serviço militar. Cumpriu um ano de serviço em Tacna e quando saiu do Exército decidiu ingressar na carreira de médico. Em 1926, matriculou-se no curso de Medicina pela Universidad de Chile, e em 1933 finalizou o seu curso.

  • Casamento de Salvador Allende

Salvador Allende se casou em 16 de setembro de 1940 com Hortensia Bussi Soto. O político chileno manteve seu casamento durante o resto de sua vida. Com o suicídio de Allende, em 1973, Hortensia se tornou viúva e nunca mais se casou.

  • Filhos de Salvador Allende

Do casamento de Salvador Allende com sua esposa, Hortensia Bussi, nasceram três filhas: Carmen Paz, Beatriz e Isabel. As duas últimas se tornaram militantes socialistas, como seu pai, e atuaram na política chilena. Beatriz foi assessora política de seu pai quando ele estava na presidência, e Isabel chegou a ser senadora chilena, sendo um dos grandes nomes do socialismo no país.

O que Salvador Allende defendia?

Salvador Allende ficou conhecido por ser um defensor do socialismo democrático, acreditando que era possível construir uma alternativa socialista que assumisse o poder pacificamente e que atuasse para a manutenção da democracia. Acreditava que era possível que os socialistas chegassem ao poder pelo voto do eleitorado.

Se opunha a regimes autoritários e não concordava com regimes socialistas que impunham a privação de liberdades políticas para a população. Acreditava que era necessário sustentar a pluralidade partidária, defender a liberdade de expressão e manter a realização de eleições democráticas, diretas e regulares.

Foi um defensor da soberania nacional, posicionando-se abertamente contra o imperialismo e as interferências das potências econômicas no Chile e em outros países em desenvolvimento. Era um crítico da desigualdade social e se opunha aos grandes grupos econômicos que controlavam a economia chilena e exploravam os trabalhadores.

Além disso, Salvador Allende era um defensor das seguintes causas:

  • nacionalização dos recursos naturais chilenos, principalmente o cobre;
  • reforma agrária;
  • melhoria dos direitos e condições de trabalho dos trabalhadores chilenos;
  • redistribuição de renda e estabelecimento de políticas de bem-estar social;
  • combate ao analfabetismo e apoio a uma educação popular e emancipadora.

Foi na defesa dessas causas que se pautou a carreira política de Salvador Allende. O ingresso de Allende na política aconteceu na década de 1930, quando ele foi um dos fundadores do Partido Socialista. Chegou a ser deputado, ministro da Saúde no Chile e foi eleito para o Senado em 1945, 1953, 1961 e 1969.

Leia também: História do Chile — da era pré-colonização até a ditadura iniciada na década de 1970

Governo de Salvador Allende

Salvador Allende disputou a presidência chilena em quatro ocasiões. Vejamos as eleições presidenciais de que ele participou antes de se tornar presidente do Chile:

  • Eleição de 1952: obteve 5,45% dos votos.
  • Eleição de 1956: obteve 28,85% dos votos, sendo derrotado por Jorge Alessandri por pouco mais de 33 mil votos.
  • Eleição de 1962: obteve 38,93% dos votos, sendo derrotado pelo direitista Eduardo Frei.

Para a eleição de 1970, foi realizada uma grande coalizão de esquerda que uniu partidos de diversas tendências para apoiar a candidatura de Salvador Allende. A proposta do governo Allende era estabelecer um caminho democrático para o socialismo e construir uma nova realidade para o Chile. Allende foi o vencedor dessa disputa com 36,6% dos votos, derrotando Jorge Alessandri.

Allende assumiu o poder, mas encontrou uma enorme oposição para governar o país. Primeiramente, porque Salvador Allende possuía a proposta de socializar a economia chilena, começando pela nacionalização de áreas estratégicas. Em tempos de Guerra Fria, os acontecimentos no Chile chamaram a atenção dos Estados Unidos, que, além de terem apoiado candidaturas conservadoras contra Allende, passaram a sabotar o seu governo e a arquitetar um golpe.

O governo Allende procedeu com as nacionalizações, inclusive estatizando grandes empresas norte-americanas que exploravam o cobre chileno. O governo também promoveu expropriações de indústrias que se recusavam a produzir para sabotar o governo. O avanço das ações de Allende na economia encontrou enorme oposição, tanto por grupos estrangeiros quanto da burguesia chilena.

Também promoveu a reforma agrária, beneficiando cerca de 100 mil famílias que foram encaminhadas para terras alvo da redistribuição. Além disso, foi promovido um plano de alfabetização cujo objetivo era erradicar o analfabetismo do Chile até o fim do governo de Salvador Allende.

Salvador Allende e o golpe militar no Chile

As ações do governo de Allende e suas propostas socialistas levaram a uma intensa reação dos setores mais conservadores da sociedade chilena. Os Estados Unidos intervieram no país para sabotar as reformas socializantes do presidente e passaram a apoiar financeiramente grupos de oposição, como o Patria y Libertad, de extrema-direita, que promoveu ataques terroristas no país.

Além disso, os Estados Unidos promoveram um boicote violento à economia chilena, impedindo que novos empréstimos fossem realizados ao governo chileno e impondo um bloqueio econômico que levou o país a uma severa crise de racionamento por falta de mercadorias. Os impactos sobre a economia foram enormes, com o desemprego aumentando rapidamente e a inflação chegando a 381%.

O racionamento também foi agravado porque o grande empresariado chileno começou a ocultar estoques de mercadoria, não as vendendo para os comerciantes e alimentando um mercado ilegal dessas mercadorias, o que fazia com elas se tornassem muito mais caras. Houve também registros de locaute no Chile, impedindo a distribuição das mercadorias.

O Congresso também atuou para impedir novas ações do governo de Allende, e os militares se engajaram em uma conspiração contra o presidente. No dia 11 de setembro de 1973, os militares, sob a liderança de Augusto Pinochet, deram início às ações do golpe. Tudo começou na madrugada daquele dia, quando a cidade de Valparaíso foi tomada pelos militares.

Bombardeio durante o golpe militar de 1973 no Chile, o qual derrubou Allende.[1]
LegendaBombardeio durante o golpe militar de 1973 no Chile, o qual derrubou Allende.[1]

O presidente Allende foi informado do que estava acontecendo e entrou em contato com Pinochet, mas o comandante chileno não atendeu as ligações do presidente. Às 7 da manhã, o presidente Allende foi para o Palácio La Moneda, entrincheirando-se em seu gabinete na posse de uma AK-47. Logo, os militares informaram que o presidente deveria entregar o seu cargo.

O presidente Allende recebeu um ultimato dos militares e dos carabineros (policiais do Chile) de que ele deveria entregar o cargo até as 11 horas da manhã, ou então o palácio presidencial seria atacado por terra e por ar. O palácio foi bombardeado por tanques e aviões do exército chileno, e houve intensa troca de tiros na frente do palácio.

O golpe organizado pelos militares e carabineros, com apoio dos Estados Unidos e classes conservadoras do Chile, deram início a uma ditadura militar que se estendeu de 1973 a 1990. A ditadura chilena esteve nas mãos de Augusto Pinochet, sendo uma das mais violentas de toda a América do Sul, resultando na morte de três mil pessoas e na tortura de cerca de 40 mil pessoas.

Leia também: As ditaduras instauradas na América Latina durante a segunda metade do séc. XX

Morte de Salvador Allende

A não rendição de Allende e dos membros de sua segurança no palácio fez com que os militares e os carabineros decidissem invadir o palácio para tomá-lo à força. Quando as forças golpistas entraram no palácio, o presidente chileno pegou sua AK-47 e cometeu autoextermínio, falecendo no dia 11 de setembro de 1973 aos 65 anos de idade. Alguns historiadores defendem a hipótese de que Allende teria sido executado pelas forças golpistas, mas é mais aceita a corrente que afirma que o presidente chileno cometeu autoextermínio.

Horas antes de cometer autoextermínio, o presidente Allende realizou o seu último discurso, que foi transmitido pela Rádio Magallanes. Nesse discurso, o presidente chileno afirmou:

Diante destes fatos só me cabe dizer aos trabalhadores: Não vou renunciar! Colocado numa encruzilhada histórica, pagarei com minha vida a lealdade ao povo. E lhes digo que tenho a certeza de que a semente que entregamos à consciência digna de milhares e milhares de chilenos não poderá ser ceifada definitivamente. [Eles] têm a força, poderão nos avassalar, mas não se detêm os processos sociais nem com o crime nem com a força. A história é nossa, e a fazem os povos. […]

Trabalhadores de minha Pátria, tenho fé no Chile e seu destino. Superarão outros homens este momento cinzento e amargo em que a traição pretende impor-se. Saibam que, antes do que se pensa, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

Viva o Chile! Viva o povo! Viva os trabalhadores! Estas são minhas últimas palavras, e tenho a certeza de que meu sacrifício não será em vão. Tenho a certeza de que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a perfídia, a covardia e a traição.

Depois do golpe foram realizados os ritos funerários para enterrar o corpo de Salvador Allende. Ele foi enterrado na cidade de Viña del Mar, em uma cerimônia muito discreta que contou com a participação de pouquíssimas pessoas. Após o sepultamento, Hortensia e suas filhas foram para o exílio, instalando-se no México.

Créditos da imagem

[1] Biblioteca del Congreso Nacional de Chile

[2]  Biblioteca del Congreso Nacional de Chile

Fontes

MUÑOZ, Heraldo. A sombra do ditador: memórias políticas do Chile sob Pinochet. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

AGGIO, Alberto. Há 50 anos chegava ao fim o Chile de Allende. Disponível em: https://jornal.unesp.br/2023/09/11/ha-50-anos-chegava-ao-fim-o-chile-de-allende/

VASCONCELOS, Joana Salém. Salvador Allende e o brilho da revolução chilena. Disponível em: https://thetricontinental.org/pt-pt/brasil/salvador-allende-e-o-brilho-da-revolucao-chilena/

REDAÇÃO. Relembre como foi o último discurso de Salvador Allende. Disponível em: https://memoria.ebc.com.br/noticias/internacional/2013/09/relembre-como-foi-o-ultimo-discurso-de-salvador-allende

BESANCENOT, Olivier e LÖWY, Michael. Batalha do La Moneda: do último discurso ao golpe fatal, os últimos momentos de Salvador Allende. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2023/09/12/batalha-do-la-moneda-do-ultimo-discurso-ao-golpe-fatal-os-ultimos-momentos-de-salvador-allende

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Salvador Allende"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/salvador-allende-gossens.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

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