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Aldous Huxley

Aldous Huxley é um representante do modernismo britânico. Sua obra mais conhecida é o romance distópico “Admirável mundo novo”, que intriga leitores até os dias atuais.

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Aldous Huxley, escritor inglês, nasceu em 25 de julho de 1894. Com 16 anos, adquiriu ceratite e quase ficou cego. Publicou seu primeiro romance — Férias em Crome — em 1921. Seu sucesso como escritor, no entanto, ocorreu em 1928. Com a publicação do livro Admirável mundo novo, em 1932, passou a ser conhecido mundialmente.

Em 1937, o escritor modernista se mudou para os Estados Unidos, onde teve experiências místicas no contato com as drogas. Morreu nesse país, em 22 de novembro de 1963, depois de escrever contos e romances marcados por individualismo, fluxo de consciência, sátira e pessimismo.

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Biografia de Aldous Huxley

Aldous Huxley (1929), desenho de Eric Pape (1870-1938).
Aldous Huxley (1929), desenho de Eric Pape (1870-1938).

Aldous Huxley nasceu em 25 de julho de 1894, em Godalming, Inglaterra. Ele viveu nessa cidade até 1908, quando sua mãe faleceu. Assim, com 14 anos de idade, o escritor ganhou uma bolsa para estudar em Eton, um colégio interno, enquanto o pai morava em Londres. Porém, em 1910, Huxley teve uma infecção ocular, a ceratite, que comprometeu sua visão.

Por isso, em 1911, abandonou os estudos em Eton. Só dois anos depois, em 1913, Huxley pôde voltar a estudar, agora no Balliol College, em Oxford, onde estudou Literatura Inglesa durante dois anos. Em seguida, trabalhou no Departamento de Guerra e foi professor em Eton e Repton School. Em 1919, ele se casou com Maria Nys (1899-1955), com quem teve um filho.

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Entre 1919 e 1921, o romancista trabalhou na revista literária Athenaeum. Em 1921, publicou seu primeiro romance — Férias em Crome. Anos depois, em 1928, o seu livro Contraponto se tornou um best-seller, e Aldous Huxley, então, comprou uma casa perto de Paris. Porém, em 1937, ele se mudou para Los Angeles, cidade californiana, nos Estados Unidos.

Nesse país, o escritor entrou em contato com a Vedanta, uma tradição mística, e trabalhou como roteirista em Hollywood. Assinou filmes como Orgulho e preconceito (1940) e Madame Curie (1943). Na década de 1950, experimentou a mescalina, um alucinógeno, além de LSD. Esse seu envolvimento místico com as drogas levou o escritor a escrever ensaios sobre o assunto.

Em 1955, sua esposa faleceu e, em 1956, ele se casou com a violinista italiana Laura Archera (1911-2007). Em 1960, descobriu que tinha um câncer na laringe e, para completar seu infortúnio, em 1961, sua casa em Los Angeles pegou fogo. Assim, sem conseguir vencer a enfermidade, Huxley morreu em 22 de novembro de 1963, em Los Angeles.

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Características literárias de Aldous Huxley

Aldous Huxley é um autor do modernismo britânico. Suas obras, portanto, podem apresentar as seguintes características:

  • perspectiva individualista;

  • linguagem experimental;

  • fluxo de consciência;

  • nonsense ou realidade absurda;

  • alegorias ou impressionismo;

  • caráter antiacadêmico;

  • fragmentação;

  • sátira;

  • pessimismo;

  • enredo distópico.

Obras de Aldous Huxley

Contos

  • Limbo (1920)

  • Duas ou três graças (1926)

Romances

  • Férias em Crome (1921)

  • Ronda grotesca (1923)

  • Folhas inúteis (1925)

  • Contraponto (1928)

  • Admirável mundo novo (1932)

  • Sem olhos em Gaza (1936)

  • Também o cisne morre (1939)

  • Eminência parda (1941)

  • O tempo deve parar (1945)

  • O macaco e a essência (1949)

  • A ilha (1962)

Ensaios

  • Satânicos e visionários (1929)

  • Despertar do mundo novo (1937)

  • A arte de ver (1943)

  • A filosofia perene (1946)

  • Os demônios de Loudun (1952)

  • As portas da percepção (1954)

  • Céu e inferno (1956)

  • Regresso ao admirável mundo novo (1959)

  • A situação humana (1978)

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Admirável mundo novo

Capa do livro Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, publicado com o selo Biblioteca Azul da Globo Livros. [1]
Capa do livro Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, publicado com o selo Biblioteca Azul da Globo Livros. [1]

Admirável mundo novo, o livro mais famoso de Aldous Huxley, foi publicado em 1932. A narrativa se passa em um futuro distópico (antiutópico), em que as pessoas são socialmente controladas, por meio de avançada tecnologia, e alienadas da realidade em que estão inseridas. O processo de alienação conta com a ajuda de uma droga chamada “soma”:

“Atualmente, tal é o progresso, os velhos trabalham, os velhos copulam, os velhos não têm um instante, um momento de ócio para furtar ao prazer, nem um minuto para se sentarem a pensar; ou se, alguma vez, por um acaso infeliz, um abismo de tempo se abrir na substância sólida de suas distrações, sempre haverá o soma, o delicioso soma, meio grama para um descanso de meio dia, um grama para um fim de semana, dois gramas para uma excursão ao esplêndido Oriente, três para uma sombria eternidade na Lua; de onde, ao retornarem, se encontrarão na outra margem do abismo, sem segurança na terra firme das distrações do trabalho cotidiano, [...].”

O ano é 632 d. F. (depois de Ford). Nesse tempo, Henry Ford (1863-1947) é adorado misticamente por todos. O Estado Mundial é dominado pela ciência e se caracteriza por uma sociedade em que não há família nuclear, mas uma espécie de grande família mundial. Os habitantes desse novo mundo são gerados em incubadoras no Centro de Incubação e Condicionamento.

No processo de geração de um indivíduo, sua classe social é determinada. Assim, cada um é condicionado para pertencer e agir segundo a sua casta. Nas classes mais altas, estão os embriões com grande capacidade intelectual. Já os embriões destinados às classes baixas são criados com uma inteligência inferior. O sistema de castas é assim dividido: Alfa, Beta, Gama, Delta e Ípsilon. Enquanto os alfas lideram, os Ípsilons são relegados ao trabalho braçal, como explica o sr. Foster:

“— Nós também predestinamos e condicionamos. Decantamos nossos bebês sob a forma de seres vivos socializados, sob a forma de Alfas ou de Ípsilons, de futuros carregadores ou de futuros... — ia dizer “futuros Administradores Mundiais”, mas, corrigindo-se, completou: — futuros Diretores de Incubação.”

A trama envolve o psicólogo Bernard Marx, um Alfa-Mais, que tem uma má fama, pois gosta de estar sozinho em uma sociedade que abomina a individualidade. Lenina Crowne tem interesse sexual por Bernard. Ele a convida para um passeio em uma “reserva de selvagens”. Ali, os habitantes não passam pelo processo de condicionamento. Eles nascem, vivem e morrem naturalmente. Nessa sociedade primitiva, vivem dois importantes personagens da história — Linda e seu filho John.

Linda não era originalmente de Malpaís (a reserva de selvagens). Antes de John nascer, ela visitava o lugar quando caiu “de um lugar escarpado” e feriu a cabeça. Alguns caçadores a encontraram. O pai de John tinha ido embora. Ela teve que ficar ali, onde deu à luz seu filho. Bernard, então, leva os dois para “o admirável mundo novo”, como diz John, o filho de Tomakin, diretor do Centro de Incubação e Condicionamento, que, envergonhado de ser pai, pede demissão:

“[...] (porque “pai” não era uma expressão tão obscena; mais afastada dos aspectos repugnantes e imorais da gestação, era simplesmente grosseira, era antes uma inconveniência escatológica do que pornográfica), [...]. Estrugiram gargalhadas, enormes, quase histéricas, em rajadas sucessivas, como se não fossem acabar mais. [...].

Lívido, de olhos desvairados, o Diretor circunvagava o olhar numa agonia de humilhação perplexa.

“Meu pai!” As gargalhadas, que pareciam querer aplacar-se, recrudesceram outra vez, mais fortes do que nunca. Ele tapou os ouvidos com as mãos e precipitou-se para fora da sala.|1|

John vira uma espécie de atração e passa a ser chamado de Selvagem. Torna-se, então, o personagem central da obra, pois cabe a ele questionar e criticar aquela sociedade. Cansado de ser um divertimento, ele vai viver isolado em um farol, mas logo os repórteres o encontram. Assim, sem conseguir se adaptar ao “admirável mundo novo”, só lhe resta a morte.

Essa trágica e satírica obra de Aldous Huxley vai na contramão de seu tempo, pois, no início do século XX, a ciência e a tecnologia estavam sendo reverenciadas por artistas. Porém, Huxley aponta os avanços tecnocientíficos como um potencial perigo, pois poderiam ser usados politicamente para oprimir e controlar as pessoas.

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Premiações de Aldous Huxley

  • Prêmio James Tait Black Memorial (1939)

  • Prêmio da American Academy of Arts and Letters (1959)

  • Título “Companion of Literature” da Royal Society of Literature (1962)

Frases de Aldous Huxley

A seguir, vamos ler algumas frases de Aldous Huxley, retiradas de seu livro A situação humana, com tradução de Lya Luft:

  • “Aprender pouco é algo perigoso.”

  • “A função do literato é construir pontes entre arte e ciência.”

  • “O problema de todo o conhecimento especializado é ser uma série organizada de celibatos.”

  • “O processo científico é intrinsecamente um processo ético.”

  • “O homem tem vivido demasiadamente no planeta à moda de um parasita que se sustenta daquele a quem infesta.”

  • “Se queremos ser bem tratados pela natureza, temos de tratar bem a natureza.”

  • “O homem irrompeu em lugares onde os anjos receavam andar.”

  • “Apenas quando o homem tiver pão, apenas quando sua barriga estiver cheia, haverá alguma esperança.”

  • “Há somente duas criaturas que fazem guerra: uma é a formiga cortadeira, a outra, o homem.”

  • “O nacionalismo usa todos os recursos da educação para criar uma lealdade artificial.”

Nota

|1| Tradução de Lino Vallandro e Vidal Serrano.

Crédito da imagem

[1] Globo Livros (reprodução)  

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Aldous Huxley"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/aldous-huxley.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

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