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Omolú

Omolú é o orixá da cura e das doenças, um dos mais antigos que existem. Também é conhecido como Obaluaê, Sapatá e Xapanã, e sincretizado com São Lázaro no catolicismo.

Estátua de Omolú em um terreiro.
Estátua de Omolú no terreiro Ilê Asé Onilewá Azanado, em Goiás. (Crédito da imagem: arquivo pessoal)
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Omolú é o orixá da cura, muito associado ao sol e conhecido como senhor da terra. Obaluaê, Sapatá e Xapanã são alguns dos vários nomes atribuídos a esse antigo Orixá, filho de Nanã e Olodumarê.

Leia também: Quais são os poderes de Iemanjá?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Omolú

  • Omolú é um orixá, filho de Nanã, que foi adotado por Iemanjá.

  • Olubajé é um ritual de limpeza dedicado a Omolú.

  • Omolú é sincretizado com São Lázaro por conta das feridas no seu corpo.

  • Uma das oferendas dadas a Omolú é a pipoca.

  • A saudação de Omolú é Atotô.

Quem é Omolú?

Omolú, também conhecido como Obaluaiê, Sapata ou Xapanã, é filho de Nanã, a mais antiga das yabás (orixás femininas), com Olodumarê (o criador primeiro). Ele é o orixá da cura e das doenças, é o responsável por retirar as mazelas e enfermidades dos corpos das pessoas. Foi adotado por Iemanjá e é irmão de Ossaim e de Oxumarê. Seus vários nomes fazem referência ao seu domínio sobre a Terra, podendo significar “filho do senhor” ou o “senhor da terra”.

Na busca de compreender melhor a história e o significado desse orixá, fomos conversar com a yalasé Carol de Oxum, do terreiro Ilê Asé Onilewá Azanado.|1|

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História de Omolú

Um dos itãs (histórias) de Omolú conta que sua mãe, apaixonada pelo seu pai, tentou jogar-lhe um feitiço para que a amasse da mesma forma, infringindo, assim, as leis da natureza. Dessa maneira, Omolú acabou nascendo com o corpo coberto de feridas. Nanã, não suportando o sofrimento de ver o filho doente, o deixou à beira-mar. Iemanjá, a dona dos oceanos, viu Omolú ainda pequeno e o adotou.

Roupa de palha de Omolú.
A história conta que Iemanjá teceu uma roupa de palha para Omolú.

Iemanjá se tornou sua mãe adotiva. Foi ela, inclusive, que teceu a roupa de palha (Azé) que cobre seu corpo, que serve também para aliviar as dores causadas pelas feridas. A yalasé Carol de Oxum nos explica que a doença de Omolú deixava o seu corpo quente, o que também o fez ser chamado de “o que é quente”, ou “’o sol”.

Veja também: Sincretismo — religioso, cultural e social

Sincretismo com São Lázaro

O sincretismo foi uma estratégia de sobrevivência dos povos africanos escravizados no Brasil, apesar de ainda ser utilizado dentro de algumas religiões de matriz africana atualmente. O sincretismo consiste em uma troca simbólica dos orixás pelos santos católicos, pois, na época da escravidão, as religiões dos povos negros eram proibidas e perseguidas. Para continuar praticando o seu culto sem represálias, fingiam estar cultuando os santos católicos.

Nesse processo, procuravam-se semelhanças entre as figuras cristãs e as africanas. Por conta da ressurreição de Lázaro e de seu corpo ser coberto de feridas, ele foi associado simbolicamente com Omolú.

Características de Omolú

A yalasé nos contou sobre as características desse orixá, veja:

  • Cores: preto, branco e vermelho.

  • Símbolos: o símbolo de Omolú é o xaxará, instrumento ritualístico que representa a cura; Omolú o utiliza para tirar as doenças do mundo.

Xaxará, símbolo do orixá Omolú.
O xaxará de Omolú, instrumento ritualístico do candomblé.[1]
  • Elementos: o calor e o sol.

  • Domínios: a cura e as doenças.

  • Saudação: “Atotô”, que significa: silêncio, o rei está em terra.

  • Dia de Omolú: o dia de Omolú na semana é segunda-feira e no ano é 16 de agosto, mês do Olubajé, ritual de limpeza dedicado a Omolú.

Como são os filhos de Omolú?

A pessoa ser filha de um orixá não determina a sua personalidade e nem lhe impõe características inatas. O que pode acontecer é a pessoa se conectar com um orixá por identificação ou por necessidade de melhorar algum aspecto na sua vida. Carol de Oxum nos explica com mais detalhes:

“O que é um orixá específico é muito vago para nós, porque para a gente orixá é tudo. Então, se eu tenho um processo na justiça, eu recorro a Xangô, e eu não deixo de existir, mesmo sendo de Oxum, por exemplo. Se eu tenho uma pessoa acamada, eu vou recorrer a Obaluaê; se eu estou em luto, recorro a Nanã; a Exu, se eu preciso de algo que se movimente. Então, os orixás, o tempo inteiro, são extensão do nosso próprio corpo, que é sacralizado para essa existência ancestral.”

Mas, pelo senso popular, os filhos de Omolú são conhecidos pela sua paciência, capacidade de trabalhar intensamente e sinceridade.

Saiba mais: Você sabe a diferença entre o candomblé e a umbanda?

Oferendas a Omolú

A oferenda mais famosa a Omolú é o deburu, um prato de pipoca.

Pipoca em prato de barro, uma oferenda a Omolú.
O deburu é feito com pipoca e posto sobre um alguidar, um prato de barro.

Oração a Omolú

Há várias músicas e rezas dedicadas a Omolú, essas músicas são chamadas de Xirê de Omolú, muito cantadas durante o Olubajé. Veja a letra e a tradução de uma delas:

Agó nilé, nilé (Permissão – licença)
Nilé Ma Dagó (para entrar na casa)
Sapata a ji nsun (licença Sapatá)
Ma dago (permissão)
Agó Nilé agó (para entrar na casa, licença)

Nota

|1| A yalasé Carol de Oxum é filha de Tereza de Omolú, fundadora do terreiro Ilê Asé Onilewá Azanado, uma das casas de candomblé mais antigas de Goiânia.

Crédito da imagem

[1] Wikimedia Commons

Fontes

AUTOR EBOMI. Xirê Omolú: O olubajé, com letra e tradução completo (Banquete do Rei). Autor Ebomi, YouTube, 23 set. 2015. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=U-1D8qVOsck.

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Vechi Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

VECHI, Tiago. "Omolú"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/religiao/omolu.htm. Acesso em 17 de novembro de 2024.

De estudante para estudante


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