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Atribui-se ao filósofo Pirro de Élida (365 a.C. – 275 a.C.) a criação do ceticismo como doutrina filosófica. Porém, muito do que se conhece a respeito de Pirro e sua obra advém das obras de outro pensador, Sexto Empírico, que viveu entre os séculos II e III depois de Cristo, em Atenas e em Roma. As obras de Sexto Empírico foram encontradas em melhor estado de conservação por estudiosos, e muitas delas dedicavam-se a tratar sobre o ceticismo e sobre Pirro.
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Ceticismo antigo
O ceticismo antigo, ou ceticismo pirrônico, foi uma doutrina filosófica que afirmava a incapacidade do ser humano de chegar a uma verdade pronta e definitiva. Segundo esses pensadores, não havia, com certeza, critério algum para se chegar a qualquer conclusão acerca da verdade em si, o que levaria à necessidade de o ser humano resguardar-se em um constante estado de dúvida, sempre mantendo seus juízos acerca das coisas do mundo suspensos. Essa posição cética não excluía a necessidade da continuidade das investigações e dos estudos, mas afirmava que era necessário manter uma constante investigação sobre tudo.
O que o ceticismo antigo estava questionando era se o ser humano seria mesmo capaz de chegar a uma conclusão inquestionável, e não, como se pensa erroneamente, que não haveria uma verdade inquestionável. Afinal, se os céticos afirmassem a segunda sentença como verdade única e inquestionável, eles estariam contradizendo-se. Segundo Pirro, o ser humano gastava o seu tempo tentando encontrar tais verdades e, quando pensava ter encontrado, estava apenas sob efeito de algum tipo de ilusão passageira.
O constante estado de busca por verdades últimas e definitivas perturbava as pessoas, que, inquietas, queriam encontrar algo impossível de ser encontrado. Para Pirro, a vontade de conhecer e estudar as coisas não deveria ser acompanhada por aquela vontade por uma verdade definitiva, mas por uma singela vontade de entender como as coisas estão dispostas no momento em que as conhecemos. Somente assim, é possível atingir algum estado de paz interior que levaria a pessoa à felicidade.
Por Francisco Porfírio
Graduado em Filosofia