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Minha vida de menina, de Helena Morley

Minha vida de menina é um livro da escritora brasileira Helena Morley. Esse diário conta as experiências de uma adolescente mineira, ocorridas entre 1893 e 1895.

Capa do livro “Minha vida de menina”, de Helena Morley, publicado pela editora Companhia das Letras.
Capa do livro Minha vida de menina, de Helena Morley, publicado pela editora Companhia das Letras. [1]
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Minha vida de menina é um livro da escritora mineira Helena Morley. Nesse diário, uma adolescente relata fatos ocorridos na cidade de Diamantina, entre os anos de 1893 e 1895. A menina também faz reflexões sobre os acontecimentos e mostra sua transição da infância para a vida adulta. Esse livro é a única obra da autora e foi publicado, pela primeira vez, em 1942.

Leia também: A hora da estrela — a obra mais famosa de Clarice Lispector

Tópicos deste artigo

Resumo sobre a obra Minha vida de menina, de Helena Morley

  • A escritora Helena Morley nasceu em 1880 e faleceu em 1970.

  • Minha vida de menina narra fatos ocorridos entre 1883 e 1885.

  • A obra é um diário e, portanto, possui caráter autobiográfico.

  • O diário mostra os costumes da sociedade mineira da época.

Videoaula: Análise literária da obra Minha vida de menina

Análise da obra Minha vida de menina

Personagens da obra Minha vida de menina

  • Agostinha: tia de Helena.

  • Alexandre: pai de Helena.

  • Alice: tia de Helena.

  • Antônio: tio de Helena.

  • Artur Queiroga: professor.

  • Aurélia: tia de Helena.

  • Batistina: prima de Helena.

  • Beatriz: prima de Helena.

  • Bela: agregada da chácara.

  • Benvinda: criada de tia Agostinha.

  • Carlos: tio de Helena.

  • Carlota: tia de Helena.

  • Carolina: mãe de Helena.

  • Catãozinho: professor.

  • Cecília: tia de Helena.

  • Cesarina: agregada da família.

  • Clarinha: tia de Helena.

  • Conrado: tio de Helena.

  • Correias: duas amigas de Carolina.

  • Didico: filho de Maria Flora.

  • Dindinha: tia de Helena.

  • Dona Mariquinha: amiga da família.

  • Dr. Teodomiro: professor.

  • Elvira: amiga da família.

  • Emídio: agregado da família.

  • Fifina: agregada da chácara.

  • Geraldo: tio de Helena.

  • Glorinha: prima de Helena.

  • Helena: a autora do diário.

  • Henrique: tio de Helena.

  • Iaiá: amiga da família.

  • Ifigênia: tia de Helena.

  • João: primo de Helena.

  • Joaquininha: mestra.

  • Julião: tio de Helena.

  • Leontino: primo de Helena.

  • Lucas: primo de Helena.

  • Luisinha: irmã de Helena.

  • Madge: tia de Helena.

  • Marciano: marido de Bela.

  • Maria Flora: conhecida da família.

  • Mortimer: tio de Helena.

  • Neném: tia de Helena.

  • Nestor: agregado da chácara.

  • Nhonhô: irmão de Helena.

  • Nico: filho adotivo de Iaiá.

  • Quequeta: tia de Helena.

  • Raimundinha: tia de Helena.

  • Reginalda: empregada de Teodora.

  • Renato: irmão de Helena.

  • Ritinha: vizinha da família.

  • Rodrigo: marido de Maria Flora.

  • Sebastião: professor.

  • Sérgio: primo de Helena.

  • Teodora: avó de Helena.

  • Zinha: prima de Helena.

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Tempo da obra Minha vida de menina

Os acontecimentos narrados no diário ocorrem nos anos de 1893 a 1895.

Espaço da obra Minha vida de menina

A ação ocorre em um lugar identificado como Boa Vista, onde o pai da autora trabalha, e, principalmente, na cidade de Diamantina.

Alguns fatos narrados na obra Minha vida de menina

O diário começa com a visita que Helena, a mãe e os irmãos vão fazer ao pai na Boa Vista, onde ele trabalha com mineração. Ela fica com medo, pois dizem “que anda por aí um ladrão muito malvado, que passou em Diamantina e os soldados não puderam pegar. Ele mata para roubar e quando os soldados chegam, se é em casa, ele vira vassoura, cadeira ou outra coisa; se é no mato ele vira cupim”|1|.

É carnaval. Helena, com 13 anos, quer ir a um baile de máscaras. E apanha da avó pela primeira vez, pois quando a velha senhora disse “não” para a neta, esta saiu “batendo o pé com força” e caiu na cama, chorando. A avó então lhe dá duas chineladas e diz: “Então chore com razão”.

Em um jantar na casa de conhecidos, Helena experimenta uma novidade gastronômica: “Veio na sobremesa um copo com um doce bonito dentro. Eu encho a colher e ponho na boca. Tomei um susto e todos caíram na gargalhada. É uma coisa que aconteceria a qualquer, pois nenhum de nós conhecia. Chama-se sorvete e é feito de gelo”.

A família de Helena é muito grande, ela tem muitos tios e primos. A menina é curiosa, questionadora e gosta de se divertir. A avó da protagonista tem uma chácara e é uma mulher muito religiosa. Na chácara, em março, o assunto ainda é o ladrão misterioso, que anda roubando “muitas casas e lojas”.

Em uma ocasião, a menina fica horrorizada quando vai à casa das Correias e vê que elas “estavam enforcando um gato na maior satisfação. Uma segurava a corda numa ponta, outra noutra, e o gato dependurado”. Assim, a menina vai mostrando que se compadece das pessoas e dos animais, apesar de às vezes ter sentimentos pouco nobres.

Ela é descendente de ingleses por parte do pai, que quer que ela aprenda a língua inglesa. Mas Helena é preguiçosa e não se esforça. Ao contrário dos primos, ela não é boa aluna, tem preguiça de estudar. Mas gosta de escrever. Foi do pai a ideia que ela escrevesse em um diário, que disse a ela: “Escreva o que se passar com você, sem precisar contar às suas amigas e guarde neste caderno para o futuro as suas recordações”.

Helena tem muita afinidade com a avó. Sobre ela, a menina diz: “Como é bom vovó morar na Chácara! A casa é tão perto da Igreja do Rosário que Senhor Bispo, vendo como ela é gorda e pesada, lhe deu licença de ouvir a missa da janela do quarto, e quando é para comungar o padre leva a comunhão para ela”.

Na obra, fica muito evidente o lugar que as pessoas negras ocupam naquela sociedade em que o fim da escravidão é um fato tão recente. Algumas dessas pessoas ainda vivem agregadas aos seus antigos “proprietários”, como no caso da chácara da avó de Helena:

Na Chácara moram ainda muitos negros e negras do tempo do cativeiro, que foram escravos e não quiseram sair com a Lei de 13 de Maio. Vovó sustenta todos. Só Tomé é que vovó mandou embora porque diz que é feiticeiro e estava aprontando Andresa com um chá de raízes para ela casar com ele. As negras, as que não bebem, são muito boas, e para terem seus cobres fazem pastéis de angu, sonhos e carajés para as festas de igreja e para a porta do teatro. Vovó compra delas muitas dessas coisas e nós comemos a noite inteira.

O pai de Helena volta para Diamantina todos os sábados e, na segunda-feira, retorna a Boa Vista. Além das brincadeiras e estudos, Helena também cuida de tarefas domésticas em casa, como passar a roupa. Ali, tem a ajuda de Cesarina, uma menina agregada na casa de Helena:

A nossa negrinha Cesarina tem nos feito muita falta. Ela adoeceu do peito e mamãe não quis tratá-la em casa, coitadinha, porque diz que a moléstia pega muito. Ela está na Boa Vista e soubemos que já está melhorando. Fiquei muito contente porque a mãe dela morreu tísica e eu tinha medo que ela morresse também. Ela é tão nossa amiga e tão boazinha para nós.

Vamos descobrindo que Helena tem planos de conseguir o “título de normalista” e que sua avó tem um carinho especial por ela, em detrimento dos outros netos. A menina também fala de seu falecido avô inglês, que era protestante e, por isso, não foi enterrado na igreja.

É 1894. Segundo Helena, as “negras da Chácara do tempo do cativeiro são todas pretas, mas não sei por que saiu uma branca e bonita. Chama-se Florisbela mas nós a tratamos de Bela. Ela casou com um negro que faz até tristeza. No dia do casamento houve uma mesa de doces e fazia pena ver Bela sentada perto do noivo, coitada”.

O nome dele é Marciano, é muito estimado por todos. Sobre o casamento, o pai de Helena diz: “É um brilhante no focinho de um porco.” Essas questões raciais são recorrentes na obra, que mostra como as pessoas negras eram vistas e tratadas na época, com preconceito e, ao mesmo tempo, certa condescendência.

Bela adoece. Segundo Marciano, foi “coisa-feita”. Está quase morta, apenas respira. Marciano diz que aquilo é “coisa-feita” por um homem que queria fugir com Bela, e ela o rejeitou. Após o enterro de Bela, de quem a menina gostava, vem uma alegria. Na escola, Helena passa a usar uniforme e fica animada com isso.

Na família de Helena, todos “têm de mexer com política, por causa de tia Aurélia e tio Conrado que são muito influentes”. Por isso, os homens da família e “os negros da Chácara, que sabem ler”, são convencidos a votar no Dr. João da Mata para deputado. Sobre ele, a menina afirma que todos “tiveram muita raiva quando Floriano o prendeu”.

No diário, Helena fala das reuniões em família e de acontecimentos cotidianos, principalmente relacionados à chácara da avó, e também narra as suas inúmeras crises de riso nas situações mais impróprias. E conta que foi a um baile pela primeira vez — o casamento de Leontina. Por isso, virou alvo de crítica da cidade, pois a tia Neném, que a jovem nem conhecia, tinha morrido naquele dia.

Helena está com 14 anos, e sempre “vem uma amiga com um recado do irmão ou do primo ou de um rapaz para mim”. Mas a adolescente repete que não quer namorado e que a deixem em paz. E narra histórias da família, outras referentes aos costumes da cidade de Diamantina, além das histórias de pessoas negras, a maioria ex-escrava.

No fim de 1894, a cidade comemora a posse de Prudente de Morais, pois a maioria não gosta de Floriano Peixoto, com exceção dos jacobinos. No ano seguinte, a mãe de Helena decide colocar as duas filhas no Colégio das Irmãs, um internato. A princípio, Helena gosta da ideia.

No dia de partir, vai se despedir das amigas. Então decide que não quer mais ir ao tal colégio, de forma que só sua irmã Luisinha ingressa na instituição. Em vez disso, inicia o segundo ano da Escola Normal. Depois, em uma das visitas que Helena e a mãe fazem a Luisinha, notam que a menina está magra, além de se queixar de dores no estômago.

A mãe resolve levar a menina para casa. E Luisinha não volta mais para o internato. Tempos depois, a mãe adoece e é cuidada por Siá Ritinha, a vizinha de quem Helena não gosta. Essa vizinha, que furta galinha dos vizinhos, ia “sempre mexericar e dizer a mamãe que não nos deixasse brincar de correr com as nossas colegas pretas”, e isso provocava a raiva de Helena.

A mãe então é levada para a chácara, onde é cuidada pela avó de Helena. As pessoas suspeitam de que ela está com tísica. Dias depois, ela volta para casa, e tudo indica que era apenas gripe. Então, a avó de Helena, com 84 anos, aluga a chácara e se muda para uma casa na Rua Direita.

Por pedido da tia Madge, que é professora, Helena a substitui na escola, mas não gosta nem um pouco. Além disso, a avó de Helena adoece. No dia em que Helena faz 15 anos, a avó ainda está viva. Poucos dias depois, ela morre, e Helena fica inconsolável. Mas a vida da menina continua.

Narrador da obra Minha vida de menina

A obra é narrada por Helena, autora do diário e, portanto, personagem principal do livro.

Características da obra Minha vida de menina

Minha vida de menina tem a estrutura de um diário. Portanto, apresenta acontecimentos datados pela autora. O diário tem início em 5 de janeiro de 1893 e término em 31 de dezembro de 1895. A obra não possui características de um estilo literário específico, apesar de ter sido produzida quando predominavam o realismo e o naturalismo no Brasil.

O livro possui caráter autobiográfico e dá protagonismo a uma voz feminina, ou seja, da autora. Por meio do olhar de uma adolescente, é possível perceber os costumes da sociedade mineira do fim do século XIX. A linguagem é simples e apresenta um ou outro elemento regional. Assim, a autora mostra elementos cotidianos de seu tempo, por meio de uma perspectiva pessoal e, às vezes, irônica.

Contexto histórico da obra Minha vida de menina

A abolição da escravatura ocorreu em 1888. No ano seguinte, a monarquia chegou ao fim com a Proclamação da República. Começava o que chamamos hoje de República Velha. Floriano Peixoto (1839-1895) foi o segundo presidente do Brasil, de 1891 a 1894, antecedido por Deodoro da Fonseca (1827-1892).

A Primeira República brasileira teve início com dois presidentes militares e autoritários,

o que levou à Revolta da Armada, quando membros da marinha brasileira se rebelaram contra ambos os presidentes. Finalmente, em 1894, Prudente de Morais (1841-1902) se tornou o primeiro presidente civil do país eleito pelo voto direto.

É nesse contexto que transcorre a vida de Helena e de sua família na cidade mineira de Diamantina. A forma como as pessoas negras e ex-escravas viviam logo após a abolição está presente na obra, bem como a visão política da maioria dos habitantes da cidade, contrária ao governo do ditador Floriano Peixoto.

Veja também: O diário de Anne Frank — um diário escrito durante a Segunda Guerra Mundial

Vida de Helena Morley

Helena Morley é o pseudônimo de Alice Dayrell Garcia Brant. Ela nasceu na cidade de Diamantina, no estado de Minas Gerais, em 28 de agosto de 1880. Por parte do pai, era descendente de ingleses. Mas foi com a família da mãe mineira que a escritora teve mais contato na infância.

Em 1900, ela se casou com seu primo, o jornalista Augusto Mário Caldeira Brant (1876-1968). Já tinha seis filhos quando decidiu publicar seu diário Minha vida de menina, em 1942. Assim, a autora experimentou grande sucesso com essa sua única obra. Ela faleceu em 20 de junho de 1970, no Rio de Janeiro.

Notas

|1| MORLEY, Helena. Minha vida de menina. São Paulo: Companhia de Bolso, 2016.

Crédito de imagem

[1] Grupo Companhia das Letras (reprodução)

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Minha vida de menina, de Helena Morley"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/minha-vida-de-menina-de-helena-morley.htm. Acesso em 17 de novembro de 2024.

De estudante para estudante


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