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Atualmente, vários historiadores se debruçam na revisão dos documentos que informam a dimensão dos estragos, mortes e torturas realizados pelo holocausto nazista. Para alguns, os números divulgados não seriam condizentes à própria condição material que os campos de concentração do nazismo teriam para executar os judeus e os demais perseguidos do regime nazista.
Paralela a essa discussão, vemos que os números do terror nazista pouco importam quando nos deparamos com o depoimento de uma jovem judia chamada Anneliese Marie Frank. Em dezembro de 1933, ela e sua família se viram obrigados a abandonar a Alemanha mediante a ascensão de Adolf Hitler e suas políticas de natureza antissemita. Buscando a ajuda de amigos, a família de Anne Frank se mudou para a cidade holandesa de Amsterdã.
Com o estouro da Segunda Guerra Mundial, a perseguição aos judeus se tornou ainda mais severa e obrigou Anne e seus familiares a viverem enclausurados em um anexo secreto da casa dos amigos holandeses que lhes acolheram. Vivendo atrás de uma prateleira, Anne se debruçou na escrita de um diário que contava as privações, as notícias e encontros que marcaram o confinamento ocorrido entre 1942 e 1944.
Nesse meio tempo, Otto Frank, pai de Anne, buscava formas de sair da Holanda e conseguir um visto para algum país do continente americano. Inicialmente, contatou Nathan Strauss Jr., amigo de faculdade que tentava viabilizar um passaporte para os Estados Unidos. Infelizmente, por conta das exigências burocráticas e o problema da espionagem nazista, o governo americano refutou o acolhimento da família Frank.
Houve ainda uma última tentativa de buscar asilo em Cuba, mas que também não se concretizou com sucesso. No dia 1º de agosto de 1944, Anne Frank produziu o último texto de seu diário. Três dias depois, a sua família foi presa pela Gestapo (polícia secreta nazista) e enviada para os campos de concentração. Em março de 1945, a jovem acabou morrendo em decorrência da contração de febre tifoide.
Com o fim da guerra, Otto Frank retornou para Holanda na esperança de encontrar os seus familiares. Contundo, percebeu que todos foram mortos pela ação dos nazistas. Por fim, entrou em contato com os escritos de sua filha e teve a grata surpresa de perceber a riqueza encontrada na perspectiva que Anne construira naqueles textos cercados pelas dificuldades da época. Em 25 de junho de 1947, o Diário de Anne Frank se transformou em livro e, até hoje, teve mais de 300 milhões de exemplares vendidos.
Por Rainer Sousa
Mestre em História