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Parênteses

Parênteses são sinais gráficos usados para isolar elementos acessórios em uma frase ou período. Em certos casos, eles também podem substituir vírgulas ou travessões.

Os parênteses destacam determinadas expressões em um período.
Os parênteses destacam determinadas expressões em um período.
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Parênteses são sinais gráficos utilizados para separar expressões em uma frase ou período. Eles são usados, às vezes, no lugar de vírgulas ou travessões; também podem isolar indicações bibliográficas. No mais, destacam elementos acessórios em uma frase, que devem ser pronunciados em um tom mais baixo do que o do restante do enunciado.

Leia mais: Pontuação — fundamental para a coesão, coerência e clareza daquilo que se escreve

Tópicos deste artigo

Resumo sobre parênteses

  • Os parênteses servem para isolar expressões de caráter explicativo ou não.

  • Em alguns casos, eles podem substituir as vírgulas e também os travessões.

  • Há duas formas de se referir a esses sinais gráficos: “parênteses” ou “parêntesis”.

  • De forma geral, parênteses, chaves e colchetes apresentam a mesma utilidade.

Videoaula sobre uso de parênteses, aspas e travessão

Quando se usa os parênteses?

Usamos parênteses para:

  • Isolar expressões de caráter explicativo ou não

Muitos brasileiros e brasileiras não valorizam a língua portuguesa, apesar de ela ser (não duvide!) uma das línguas mais ricas do mundo.

A inveja (sentimento humano) também pode ser usada positivamente.

  • Substituir vírgulas ou travessões

Escrevo esta carta (e espero que a receba logo) para dizer que não estarei mais aqui quando você voltar.

Esse enunciado também pode ser escrito assim:

Escrevo esta carta, e espero que a receba logo, para dizer que não estarei mais aqui quando você voltar.

Ou assim:

Escrevo esta carta — e espero que a receba logo — para dizer que não estarei mais aqui quando você voltar.

  • Destacar um comentário

As pessoas sonham (e muito) com a vida perfeita que nunca terão.

  • Separar referências bibliográficas

“Nhá Rosária era uma velha senhora negra, que morava noutra fazenda com uma família de fazendeiros. Nunca ninguém soube por que razão morava com aquela família, nem qual a sua idade certa.”

(Geni Guimarães, Leite do peito, p. 50, São Paulo, 1988.)

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Como escrever parênteses?

Há duas maneiras de se referir a esses sinais gráficos, isto é, “parênteses” ou “parêntesis”. Ambas as formas estão corretas:

Vou abrir um parêntese para explicar isso para vocês.

Vou abrir um parêntesis para explicar isso para vocês.

O uso dos parênteses é bem simples.

O uso dos parêntesis é bem simples.

Assim, você já deve ter percebido que “parênteses” é plural de “parêntese”, termo que se refere a cada um destes sinais gráficos: “(” e “)”. Já “parêntesis” é uma palavra invariável e, portanto, pode ser usada tanto no singular quanto no plural.

Diferenças entre parênteses e colchetes

Sinais de parênteses e colchetes formados figurativamente por inúmeras chaves de fenda em fundo branco
A semelhança entre parênteses e colchetes não está só na forma mas também na função desses sinais gráficos.

Os parênteses e os colchetes apresentam a mesma função, apesar de haver uma preferência, na escrita, pelo uso dos parênteses. No entanto, em textos científicos ou didáticos, os colchetes são usados em expressões numéricas:

54 + {28 + 6 x [200 : (36 – 8 x 4) + 14]} : 26

E para marcar a inclusão de palavra em uma transcrição:

O narrador do livro Estorvo, de Chico Buarque, afirma que: “[O furgão] Vem deslizando a mil no lodaçal, espirrando para todos os lados, mas ele mesmo vem imaculado, reluzente, cor de sol”.

Nesse exemplo, a expressão “O furgão” é colocada entre colchetes para indicar que ela não faz parte da citação, mas foi inserida ali pelo autor, que está citando um trecho do livro de Chico Buarque.

Leia mais: Ponto e vírgula — sinal utilizado em comparações ou contrastes e para separar orações coordenadas

Diferenças entre parênteses e chaves

As chaves, assim como os parênteses, servem para isolar elementos de um texto. No entanto, o uso delas é mais comum em expressões numéricas:

54 + {28 + 6 x [200 : (36 - 8 x 4) + 14]} : 26

Elas também são usadas para indicar um conjunto:

A = {1, 3, 5, 7, 9}

Parênteses em frases

De forma geral, os elementos intercalados na frase pelos parênteses apresentam caráter acessório:

Érico (depois de perder a hora) chegou à reunião e expôs suas ideias.

Portanto, se tirarmos o trecho entre parênteses, o sentido da frase não fica comprometido:

Érico chegou à reunião e expôs suas ideias.

Além disso, as palavras de cunho explicativo e que são separadas pelos parênteses devem ser pronunciadas em tom mais baixo do que o do restante da frase:

O amor (segundo meu irmão) não passa de uma invenção midiática.

Seus pés (descalços) tocaram o chão, e ela estremeceu.

Exercícios sobre parênteses

Questão 01 (Unimontes)

A posse das coisas
Danuza Leão

Há muitos anos, vendi o apartamento onde morava para um americano, e como ele não tinha conta em banco, pediu para pagar em dinheiro; dinheiro vivo. Eu até gostei. No fundo, no fundo, muito melhor dinheiro do que cheque.

Depois que se deposita ainda são 48 horas para compensar, sabe-se lá se nesse tempo o comprador não morre e a mulher, com quem ele tem conta conjunta, vai lá e leva tudo. Em dinheiro é melhor.

Marcamos numa sala do meu banco, chegou o advogado, o homem do cartório, todos nos sentamos em volta de uma mesa — eu sorrindo, porque estava vendendo, ele sorrindo, porque estava comprando —, e começou a leitura da escritura. Não prestei muita atenção; já que estava vendendo, a única coisa que me interessava era receber o dinheiro e depositar.

Aí, chegou a hora do pagamento: o comprador abriu uma maleta tipo James Bond, botou os maços de dinheiro em cima da mesa e esperou que eu conferisse. Até tentei, mas como não estava (nem estou) acostumada a contar dinheiro, a coisa ficou lenta. Aí, a gerente do banco perguntou se eu não gostaria que um funcionário, com mais prática, fizesse isso por mim; eu, aliviada, disse que sim.

Por alguma razão — talvez pelo respeito que o dinheiro impõe — fez-se silêncio. Todos olhávamos para as mãos da pessoa que contava e para as notas, como se estivéssemos hipnotizados. E foi aí que viajei em meus pensamentos.

No quinto pacotinho, pensei que com eles podia comprar um carro. Mas aí vieram os outros, e me perdi. Me perdi e só via montes de folhas de papel pintado, cortados do mesmo tamanho; muito bonitinhos até, mas apenas um monte de papel. Perdi a noção de que aquilo era dinheiro e comecei a pensar. Então estava trocando meu apartamento com vista para o mar, onde fui tão feliz, por aqueles montinhos de papel? E o tempo que levei escolhendo a cor das paredes, os sonhos que sonhei, os momentos de amizade, amor, felicidade, tristeza, desespero, ódio, esperança, tudo isso acabou, trocado por papel colorido? E o que era o dinheiro, afinal, essa invenção diabólica, razão de brigas, deslealdades, traições, guerras, mortes?

O rapaz não acabava de contar, o silêncio continuava, e eu pensando. De tantas coisas tinha ouvido falar: de pessoas que abriram mão de suas convicções, trocaram de amigos, de marido ou de mulher, tudo por dinheiro, dos políticos que mudam de partido, que traem, que se vendem, que fazem qualquer coisa — qualquer coisa mesmo — para serem eleitos e viverem em Brasília.

A contagem do dinheiro estava quase acabando, quando me lembrei de ter lido alguma coisa escrita sobre o Brasil na época do Descobrimento; há quem diga que os índios eram inocentes e felizes porque não conheciam nem o dinheiro, nem o casamento, nem a propriedade, isto é: a posse das coisas ou das pessoas. E eu acrescento: eles também não conheciam o poder.

O dinheiro acabou de ser contado, assinei a escritura, suspirei, esperei pelo recibo do depósito e saí. Já era noite, os ônibus passavam lotados; dei graças a Deus por ter dinheiro para tomar um táxi e fui para casa pensando que talvez fosse bem bom viver no meio do mato. Mas para isso seria preciso ter nascido há uns 500 anos.

Folha de São Paulo, 26-9-2010.

Quando a autora usa a informação entre parênteses no enunciado “Até tentei, mas como não estava (nem estou) acostumada a contar dinheiro...”, ela demonstra aos leitores

a) um certo receio de que os leitores pensem que ela não era rica há anos, mas que agora se tornou rica.

b) esnobismo por deixar transparecer que há empregados que executam para ela tarefas tediosas.

c) ser prolixa ao escrever, pois a informação entre parênteses é desnecessária no texto.

d) uma situação de sua vida no passado que permanece no presente.

Resolução:

Alternativa “d”

A informação entre parênteses indica que também no presente a autora não tem o costume de contar dinheiro.

Questão 02 (Unimontes)

A convivência com a internet

A vida de nossas crianças e de nossos adolescentes não está simples, tampouco fácil. São tantas as tentações às quais eles estão submetidos, que fica difícil resistir. E está difícil principalmente porque a formação crítica que eles precisariam ter a respeito da vida tem sido escassa. Família e escola pouco têm investido nisso, talvez porque subestimem a capacidade de reflexão dos mais novos.

Vamos considerar a convivência deles com os recursos que a internet disponibiliza. Um passeio por blogs, portais com artigos opinativos e/ou analíticos, reportagens etc., logo mostra, nos comentários, a violência e a agressividade com que as pessoas se manifestam, sejam elas jovens, sejam adultas. Penso que a internet consegue arrancar o que há de pior em muitas pessoas.

Vou reunir acontecimentos de crianças e adolescentes na internet para ilustrar nossa conversa. Um jovem de 17 anos escreveu contando que abrira uma conta no Twitter, mas que estava prestes a fechar porque percebera que muita gente, inclusive ele, escreve coisas impulsivamente e depois se arrepende, mas aí é tarde demais, porque o texto já se espalhou. [...]

Uma garota de 14 anos me escreveu desesperada, porque disse que estava namorando e fez vídeos de momentos íntimos dela com o garoto. Agora, ela quer romper o relacionamento e o garoto diz que, se ela o deixar, vai publicar os vídeos no aplicativo de celular chamado Secret, que, por sinal, tem causado muitos danos a essa criançada e aos adolescentes.

O que podemos fazer para colaborar com uma vida mais saudável dessas crianças e dos jovens? Já temos provas de que aconselhar, mostrar os perigos e regular o uso de determinados recursos tecnológicos têm tido poucos resultados. Talvez devêssemos, então, investir mais intensamente na formação deles.

Vejo constantemente depoimentos de adultos que dizem que a educação moral, ética etc. é papel da família. Mas consideremos o contexto da vida atual: a televisão educa, a internet educa, as peças publicitárias educam, os valores sociais educam também. Mesmo que a família invista fortemente na formação dos mais novos integrantes do grupo, eles estão sujeitos a muitas outras influências.

Por isso, investir na formação do espírito crítico dos mais novos talvez seja um bom caminho. Investir nas virtudes é outra boa possibilidade. E isso é papel tanto da família quanto da escola.

Eles precisam saber que os meios de comunicação, que os modismos seguidos por seus pares, que os valores sociais que eles seguem, e tudo o mais pode (e deve) ser questionado. Mas questionado com ideias ancoradas no conhecimento.

Precisamos reconhecer: o potencial de reflexão que eles têm é alto. Só falta acreditarmos nisso.

Rosely Sayão, Folha de S. Paulo, Cotidiano, 19 ago. 2014.

Acerca dos parênteses presentes no penúltimo parágrafo, pode-se afirmar, nesse contexto:

a) Eles criam um efeito comunicativo essencial, que é enfatizar a obrigação sobre um determinado aspecto.

b) A ausência deles não faria nenhuma diferença do ponto de vista semântico-comunicativo.

c) Com eles, é possível explicar o sentido do termo antecedente.

d) Trata-se de uma informação sobressalente, a qual poderia ser suprimida, sem que isso interferisse no ponto de vista do autor.

Resolução:

Alternativa “a”

Nesse caso, a expressão “e deve”, colocada entre parênteses, enfatiza a obrigação de se fazer questionamentos. Portanto, não é uma informação acessória, mas essencial, pois tem a mesma importância da afirmação de que “tudo o mais pode ser questionado”.

 

Por Warley Souza
Professor de Português

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Parênteses"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/parenteses.htm. Acesso em 22 de dezembro de 2024.

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