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El Niño e La Niña são fases opostas de um mesmo fenômeno oceânico-atmsférico, o El Niño Oscilação Sul (ENOS). Enquanto o El Niño representa o aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico na região equatorial, o La Niña é o resfriamento dessas mesmas águas. A alteração na temperatura se dá pela dinâmica dos ventos alísios e ventos de oeste na região. Tanto a instalação do El Niño quanto do La Niña alteram temporariamente as condições atmosféricas locais, provocando variações na temperatura e no regime pluviométrico de diversas regiões do mundo, inclusive no Brasil.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre El Niño e La Niña
- 2 - O que são El Niño e La Niña?
- 3 - Diferenças entre El Niño e La Niña
- 4 - Características do El Niño e La Niña
- 5 - El Niño e La Niña no Brasil
- 6 - Consequências do El Niño e La Niña
- 7 - Exercícios resolvidos sobre El Niño e La Niña
Resumo sobre El Niño e La Niña
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El Niño e La Niña são fenômenos atmosférico-oceânicos que têm origem na região equatorial do Oceano Pacífico, representando fases opostas do El Niño Oscilação Sul (ENOS).
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O El Niño é o aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico na sua região equatorial devido ao enfraquecimento dos ventos alísios. Sua duração é de até 18 meses.
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O La Niña é o resfriamento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico na região equatorial devido à intensificação dos ventos alísios. Tem duração de até 36 meses.
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As fases do ENOS se alternam em intervalos que duram entre três e cinco anos.
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Ambos os fenômenos ocasionam mudanças na circulação atmosférica, o que resulta em alterações na temperatura e diferentes padrões pluviométricos em várias regiões do planeta.
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No Brasil o El Niño causa aumento das temperaturas e seca nas regiões Norte e Nordeste, com intensificação das chuvas no Sul.
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O La Niña causa o efeito contrário no Brasil, com chuvas intensas nas regiões Norte e Nordeste e seca no Sul.
O que são El Niño e La Niña?
El Niño e La Niña são duas diferentes fases de um mesmo fenômeno atmosférico-oceânico, o El Niño Oscilação Sul (ENOS). Esse fenômeno acontece na região equatorial do Oceano Pacífico e está relacionado com alterações na temperatura das águas superficiais causadas pela dinâmica dos ventos alísios e dos ventos de oeste, que formam a Célula de Walker.
O El Niño e o La Niña se alternam em intervalos que podem variar, em média, de três a sete anos, conforme indica o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e sua ocorrência resulta em mudanças no padrão de circulação geral da atmosfera e alterações nas condições do tempo em diversas áreas do planeta Terra. Isso significa que tanto o El Niño quanto o La Niña são responsáveis por mudanças em determinados aspectos do tempo atmosférico, como:
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temperatura;
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distribuição de umidade;
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precipitação.
Ambos são, nesse sentido, fases opostas do ENOS. Entre a ocorrência do El Niño e do La Niña existe o que podemos classificar como uma terceira fase, que é a de normalidade tanto das condições atmosféricas quanto da temperatura das águas superficiais do Oceano Pacífico, que se mantêm na média.
Diferenças entre El Niño e La Niña
El Niño |
La Niña |
Aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico na região equatorial. |
Resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico na região equatorial. |
Relacionado ao enfraquecimento dos ventos alísios, o que diminui a ressurgência de águas frias no litoral sul-americano. |
Relacionado à intensificação dos ventos alísios, o que aumenta a ressurgência de águas frias no litoral sul-americano. |
Pode durar até um ano e meio (18 meses). |
Pode durar até três anos (36 meses). |
Ocasiona secas nas regiões Norte e Nordeste, e tempo chuvoso no Sul do Brasil. |
Ocasiona tempo chuvoso nas regiões Norte e Nordeste, e estiagem no Sul do Brasil. |
Características do El Niño e La Niña
O El Niño e o La Niña são condições opostas de um mesmo fenômeno atmosférico, o ENOS. Ambos promovem alterações significativas na circulação geral da atmosfera durante um período de tempo variável, mas que pode superar um ano, e reflete nas temperaturas e no volume de chuvas em diversas partes do mundo. A seguir, conheça as principais características de cada uma dessas condições.
→ Características do El Niño
Caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico na região equatorial. Esse aquecimento é causado pela perda de força dos ventos alísios, o que faz com que a camada superficial do oceano, mais aquecida, avance sobre a costa oeste da América do Sul onde as águas tendem a ser mais frias devido ao fenômeno da ressurgência.
Durante o El Niño o aquecimento das águas varia entre 0,5 e 1,5º C, a depender da sua intensidade. Por causa dessa mudança, o ar sobre o oceano também é aquecido e ocasiona a criação de uma zona de baixa pressão, responsável por alterar a circulação atmosférica local. Em condições normais, o movimento das massas de ar acontece por meio de uma única célula denominada Célula de Walker.
Durante o El Niño, essa célula se divide e cria uma coluna de ar ascendente onde se formou a zona de baixa pressão. A partir de então, notam-se diferentes padrões de temperatura e pluviosidade principalmente na Ásia, na Oceania e na América. O El Niño tem início comumente no final do ano. A primeira vez em que foi observado era dezembro, motivo pelo qual recebeu esse nome que significa “O Menino”, em alusão ao menino Jesus e a proximidade com o Natal. A duração do El Niño pode chegar a até um ano e meio.
→ Características do La Niña
Por se tratar de um fenômeno oposto ao El Niño, o La Niña recebeu esse nome que significa “A Menina” em espanhol. Caracteriza-se pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico na região equatorial, o que é provocado pela intensificação da força dos ventos alísios. Dessa maneira, a ressurgência da costa oeste da América do Sul aumenta, o que traz águas frias de profundidade para mais próximo da superfície. A queda de temperatura das águas superficiais do Pacífico durante o La Niña é de 0,5º C em média. Entretanto, esse resfriamento pode chegar a até 4º C, dependendo da força do fenômeno.
Por causa da força dos ventos alísios durante a vigência do La Niña e da intensificação do movimento das massas de ar no interior da Célula de Walker, as águas aquecidas são direcionadas para a costa do continente asiático. Assim como o El Niño, em anos de La Niña percebemos alterações no padrão de distribuição de chuvas na Ásia, na Oceania e na América, além de variações de temperatura. A duração desse fenômeno é maior, com permanência de três anos aproximadamente.
Veja também: Corrente do Golfo — qual a sua relação com tempestades e furacões na Europa e na América do Norte?
El Niño e La Niña no Brasil
Consequências do El Niño e do La Niña no Brasil por regiões |
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Grande Região |
El Niño |
La Niña |
Norte |
Tempo quente e seco, com longos períodos de estiagem. |
Aumento da pluviosidade, com aumento da vazão dos rios e potencial para ocorrência de enchentes. |
Nordeste |
Tempo quente e seco, com longos períodos de estiagem. |
Aumento da pluviosidade, com aumento da vazão dos rios e potencial para ocorrência de enchentes. |
Centro-Oeste |
Condições menos previsíveis, com potencial aumento das temperaturas. |
Condições menos previsíveis. |
Sul |
Aumento da pluviosidade, registrando chuvas intensas com risco de enchentes e alagamentos. |
Longos períodos de estiagem, com predomínio de tempo seco. |
Sudeste |
Aumento das temperaturas. |
Condições menos previsíveis. |
Consequências do El Niño e La Niña
As consequências do El Niño para os demais países e regiões afetadas são as seguintes:
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Alteração nas monções no Sul e Sudeste da Ásia, com tempo quente e seco.
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Intensificação das precipitações nas ilhas do Pacífico e na costa noroeste da América do Sul, com destaque para Peru e Equador. Uruguai e Argentina também enfrentam chuvas intensas.
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Elevação das temperaturas médias na América do Norte durante os meses de inverno no Hemisfério Norte, com tempo chuvoso no verão.
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Tempo quente e seco na América Central, principalmente durante os meses de verão.
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Tempo seco em parte da Oceania, principalmente Austrália, com queda de temperaturas acima da média durante os meses de inverno.
Em contrapartida, os efeitos provocados pelo La Niña são:
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Chuvas intensas no Sul e Sudeste da Ásia, com aumento das temperaturas entre os meses de junho a agosto e manutenção dos elevados índices pluviométricos.
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Tempo seco e frio nas ilhas do Pacífico e também na costa oeste da América do Sul, principalmente nas áreas mais próximas da Linha do Equador.
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Estiagens no Sul da América do Sul.
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Queda das temperaturas na América do Norte, durante o verão, e em determinadas regiões do continente africano, principalmente entre dezembro e março.
Saiba mais: Como as correntes marítimas afetam o tempo e o clima nos continentes?
Exercícios resolvidos sobre El Niño e La Niña
Questão 1
(Ufscar) El Niño e La Niña são dois fenômenos ligados ao aquecimento e resfriamento das águas do Oceano Pacífico na sua parte tropical. A respeito deles, é correto afirmar que:
a) El Niño se liga ao resfriamento das águas oceânicas, ao passo que La Niña diz respeito ao aquecimento dessas águas; a cada três anos, primeiro ocorre El Niño e em seguida sempre ocorrerá La Niña.
b) o fenômeno La Niña, de aquecimento das águas oceânicas, apesar de descoberto depois do El Niño, sempre ocorre antes deste.
c) El Niño liga-se ao aquecimento das águas oceânicas e La Niña diz respeito ao esfriamento dessas águas; a cada três anos, primeiro ocorre El Niño e em seguida pode ou não ocorrer La Niña.
d) ambos os fenômenos dizem respeito ao aquecimento e posterior resfriamento das águas oceânicas; a diferença é que El Niño ocorre nas proximidades do Peru e La Niña na parte do Oceano Pacífico que banha a América Central.
d) El Niño é o aquecimento das águas oceânicas nas proximidades da Oceania, enquanto La Niña é o resfriamento das águas oceânicas nas proximidades do Peru.
Resolução: Alternativa C. O El Niño e o La Niña são, respectivamente, o aquecimento e o resfriamento anormal das águas do Pacífico na sua região tropical e tendem a acontecer em intervalos que variam de três a cinco anos.
Questão 2
(UENP) Sobre os fenômenos El Niño e La Niña, considere as afirmativas a seguir.
I. São fenômenos atmosféricos que afetam os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias.
II. El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento anômalo das águas superficiais no Oceano Pacífico Tropical.
III. La Niña caracteriza-se por um esfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical.
IV. São eventos climáticos associados a fatores endógenos do planeta e à reflexão e absorção dos raios solares pela atmosfera.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Resolução: Alternativa D. A única afirmativa incorreta é a de número IV, tendo em vista que o ENOS é um fenômeno climático-oceânico associado com a dinâmica dos ventos na região equatorial, cuja intensidade varia conforme fatores inerentes à circulação da atmosfera.
Fontes
CPTEC/INPE. ENOS: El Niño. Disponível em: http://enos.cptec.inpe.br/elnino/pt.
MOREIRA, Igor. O espaço geográfico: Geografia geral e do Brasil. São Paulo: Editora Ática, 47ª edição, 3ª reimpressão. 455p.
NOAA. El Niño & La Niña (El Niño-Southern Oscillation). Disponível em: https://www.climate.gov/enso.
WMO. El Niño / La Niña. World Meteorological Organization (WMO), [s.d.]. Disponível em: https://wmo.int/topics/el-nino-la-nina.