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Lenda do Boitatá

Boitatá é um ser do folclore brasileiro reconhecido como uma cobra de fogo. Acredita-se que esse ser protege os campos daqueles que vão incendiá-los.

Ilustração do boitatá.
No folclore brasileiro, o boitatá é uma cobra de fogo que protege os campos dos homens que promovem incêndios criminosos.
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O boitatá é uma lenda do folclore brasileiro que fala de uma cobra de fogo com muitos olhos e que protege dos campos, sobretudo daqueles que tentam incendiar esses locais. O primeiro registro que se tem da lenda do boitatá foi feito por José de Anchieta, no século XVI. Essa lenda varia bastante de acordo com a região do Brasil.

Acesse também: O que você sabe sobre a lenda do corpo-seco?

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Conhecendo o boitatá

O boitatá é um ser do folclore brasileiro tradicionalmente identificado como uma cobra de fogo, cujo propósito é o de proteger os campos daqueles que promovem incêndios criminosos. No folclore, o boitatá possui a forma de uma cobra de fogo com muitos olhos, dos quais também saem chamas.

Na lenda, o boitatá também pode se transformar em um tronco em chamas para matar os homens que promovem destruição dos gramados. Independentemente da forma, o boitatá mata os homens que causam dano aos campos. Sua lenda conta que ele possui muitos olhos porque comeu a pupila de muitos animais — o que justifica também a luminosidade desse ser.

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Origem da lenda

O primeiro registro que se tem do boitatá é de 31 de maio de 1560, em um relato escrito pelo padre jesuíta José de Anchieta. Na sua menção, José de Anchieta falou de um fantasma que os índios chamavam baetatá, definindo-o como um “facho cintilante” que os matava, assim como era do feitio dos curupiras.

Na tradução dada por José de Anchieta, baetatá significa “coisa de fogo”, palavra essa formada da junção de duas palavras do tupi: mbai, que significa “coisa”, e tatá, que significa “fogo”. A descrição do boitatá e sua lenda servem como explicação para o fogo-fátuo, uma pequena chama que surge espontaneamente da decomposição de matéria orgânica.

Boitatá escrito acima da ilustração do boitatá.
No século XVI, já se registrava a lenda do boitatá entre os índios brasileiros. Ela se espalhou e se tornou uma das mais conhecidas de nosso folclore.

Ainda, o antropólogo Luís da Câmara Cascudo explica que o movimento do fogo-fátuo fez com que ele fosse assimilado ao movimento de uma cobra|1|. Coincidentemente, a palavra para “cobra” no tupi é bastante parecida com a palavra que define “coisa”. Como vimos, coisa é mbai e cobra é mbói, sendo assim, esse monstro se transformou em mbói-tatá ou, simplesmente, boitatá.

A lenda se espalhou pelo Brasil, e sua popularização fez com que o mbói-tatá se transformasse em boitatá, pois a pronúncia da palavra mbói no tupi é semelhante à da palavra “boi” no idioma português.

Acesse também: Boto-cor-de-rosa, uma das lendas do folclore mais tradicionais no Norte do Brasil

Variações da lenda do boitatá

A forma mais comum pela qual o boitatá é conhecido é a da cobra de fogo, mas a popularização da lenda no Brasil e sua difusão por outras regiões fez com que o personagem ganhasse características distintas de acordo com o local do país em que se está.

Entre as diferentes visões que se tinha do boitatá estão: os índios acreditavam que ele os mataria; em algumas regiões do Brasil, como no Rio Grande do Sul, falava-se que o boitatá matava e comia os animais que cruzassem o seu caminho; em outros locais, como Santa Catarina, ele é, na verdade, um touro com um olho gigantesco na testa.

Existem locais no Brasil que entendem o boitatá como a manifestação dos espíritos das pessoas que não foram batizadas. Essa descrição se entende como uma influência europeia na lenda, pois, nesse continente, muitos entendiam o fogo-fátuo como a alma penada dos não batizados. Entretanto, a forma mais tradicional concebida desse ser de nosso folclore é, de fato, como o protetor dos gramados naturais.

Além dessas variações nas características, o próprio nome do boitatá pode se alterar dependendo da região do país. Em alguns locais do Nordeste e Norte, ele é conhecido como batatão, já nas regiões mais ao Sul do Brasil, esse ser é chamado por nomes como boitatá, batatá e baitatá.

Nota

|1| CÂMARA CASCUDO, Luís da. Geografia dos mitos brasileiros. São Paulo: Global, 2012.

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Lenda do Boitatá"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/folclore/boitata.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

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