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Coesão e coerência

Um texto bem-escrito apresenta coesão e coerência. A coesão é a conexão sintática entre os termos de um texto. Ela é uma das responsáveis pelo sentido ou coerência textual.

Mapa mental sobre coesão e coerência.
Coesão e coerência são elementos essenciais na interpretação de um texto.
Crédito da Imagem: Gabriel Fraco | Brasil Escola
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Coesão e coerência são responsáveis pela construção de sentido de um texto. A coesão se refere à relação sintática entre os elementos linguísticos de um texto. Ela pode ser referencial ou sequencial. Já a coerência textual é o sentido obtido por meio dos mecanismos coesivos, mas também dos elementos extralinguísticos ou situacionais. A não contradição, a não tautologia e a relevância são os três princípios da coerência.

Leia também: 10 dicas fundamentais para uma boa interpretação de texto

Tópicos deste artigo

Resumo sobre coesão e coerência

  • A coesão é a ligação ou articulação entre elementos de um texto, e pode ser referencial ou sequencial.
  • A coerência é o sentido obtido por meio de elementos coesivos, extralinguísticos e situacionais de um texto.
  • A coerência pode ser sintática, semântica, pragmática, genérica, temática ou estilística.
  • São princípios da coerência a não contradição, a não tautologia e a relevância.

O que é coesão?

A coesão textual é a conexão ou ligação entre os elementos de um texto.

  • Tipos de coesão

TIPO

DEFINIÇÃO

Referencial

Ocorre quando um termo retoma ou menciona outro termo do enunciado.

Sequencial

Relação semântica entre partes do enunciado, o que permite uma sequência coerente de ideias.

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  • Mecanismos de coesão

MECANISMO DE REFERENCIAÇÃO

EXEMPLO

Artigo indefinido

Uma mazela social é a injustiça.

Artigo definido

Peguei um livro da estante, o proibido.

Pronomes

Minha namorada viajou, ela está de férias.

Minha namorada viajou depois que a deixei.

Tenho um gato, o qual dorme o dia inteiro.

Numeral

Lavei cinco camisas. Duas são do Ivo.

Advérbio

Chegaram ao acampamento onde se conheceram há dez anos.

Elipse

Sentei na cadeira da frente. Aquela [cadeira] que estava pintada de verde.

MECANISMO DE SEQUENCIAÇÃO

EXEMPLO

Repetição lexical

Na última semana, ela estudou, estudou, estudou como nunca!

Repetição de estrutura sintática

Lúcia cantou. Jorge cantou. Mércia cantou.

Paráfrase

Tomei bomba, isto é, fui reprovado.

Conjunções

Tomou banho, mas esqueceu de lavar o cabelo.

Estudei muito, logo, vou me sair bem na prova.

Não abri a porta, pois ele me pareceu suspeito.

→ Videoaula sobre coesão textual

O que é coerência?

A coerência textual é o sentido obtido por meio da coesão e dos elementos extralinguísticos e contextuais de um texto.

  • Tipos de coerência

TIPO

DEFINIÇÃO E EXEMPLO

Sintática

Obtida pela coesão textual:

A casa cujo dono viajou pegou fogo.

Semântica

Obtida pelas relações de sentido entre elementos de um texto:

A pesquisa mostra que 20% da população votariam na candidata, uma minoria inconformada e barulhenta.

Temática

Ocorre quando o texto não foge ao tema:

Machado de Assis e Clarice Lispector são os escritores brasileiros mais conhecidos fora de seu país e valorizados pela crítica literária internacional. A ironia machadiana e a profundidade clariceana encantam leitores críticos do mundo inteiro.

Pragmática

Obtida por meio do contexto ou de elementos extralinguísticos:

É verdade que Virginia Woolf cometeu suicídio?

É preciso saber quem é Virginia Woolf, um conhecimento extralinguístico portanto.

Estilística

Ocorre quando a linguagem utilizada é condizente com a situação comunicativa.

Zé, faz favor de dar comida pro cachorro.

Linguagem informal, condizente com um bilhete.

Genérica

Obtida por meio da adequação do conteúdo ao gênero do texto:

1- Insira o chip no aparelho.
2- Aperte o botão liga/desliga.

3- Quando o aparelho iniciar, siga as instruções de configuração.

Esse trecho de um manual de instruções seria incoerente se fosse escrito em versos e com rimas, como se fosse um poema e não um manual.

  • Fatores de coerência

A coerência de um texto depende:

  • de seus elementos linguísticos;
  • do conhecimento de mundo do receptor da mensagem;
  • do conhecimento partilhado entre enunciador e enunciatário;
  • das inferências ou deduções feitas pelo receptor da mensagem;
  • de seu contexto ou situação comunicativa;
  • de seu nível de informatividade;
  • da focalização ou perspectiva do enunciador e do enunciatário acerca do tema tratado;
  • de seus componentes intertextuais;
  • da intencionalidade do enunciador;
  • da aceitabilidade ou tipo de recepção do enunciatário.
  • Princípios de coerência

Para ser coerente, um texto deve apresentar estes princípios:

  • não contradição: sem contradições;
  • não tautologia: sem repetições desnecessárias;
  • relevância: não fugir do tema.

→ Videoaula sobre coerência textual

Diferenças entre coesão e coerência

COESÃO

COERÊNCIA

Conexão, ligação ou relação entre os elementos linguísticos do texto.

Sentido obtido por meio de elementos linguísticos, extralinguísticos e contextuais de um texto.

Leia também: Conectivos — palavras que garantem que haja coesão e clareza na comunicação escrita

Exercícios sobre coesão e coerência

Questão 1 (Enem)

Quem procura a essência de um conto no espaço que fica entre a obra e seu autor comete um erro: é muito melhor procurar não no terreno que fica entre o escritor e sua obra, mas justamente no terreno que fica entre o texto e seu leitor.

OZ, A. De amor e trevas. São Paulo: Cia. das Letras, 2005 (fragmento).

A progressão temática de um texto pode ser estruturada por meio de diferentes recursos coesivos, entre os quais se destaca a pontuação. Nesse texto, o emprego dos dois-pontos caracteriza uma operação textual realizada com a finalidade de

A) comparar elementos opostos. 

B) relacionar informações gradativas. 

C) intensificar um problema conceitual.

D) introduzir um argumento esclarecedor. 

E) assinalar uma consequência hipotética.

Resolução:

Alternativa D

No texto da questão, em vez de uma conjunção, os dois-pontos são usados como elemento coesivo que introduz um argumento esclarecedor em relação à declaração inicial.

Questão 2 (UFLA)

TEXTO 1
Tiro ao alvo

Delegada, ela faz o estilo linha-dura, fala o que pensa. Não tem medo de poderosos, embora viva no meio deles — ossos do ofício. Deborah Menezes nasceu em Santos e mora há 30 anos em Brasília, cidade com um dos maiores índices de violência, principalmente entre jovens. Foi titular da Delegacia de Mulher, onde costumava dar corretivos em maridos, muitos deles milionários que batiam na mulher.

Agora está no 11o DP, na cidade-satélite do Núcleo Bandeirantes, para combater roubos, homicídios e drogas.

As ameaças são muitas: o cão de estimação morreu envenenado e sua casa virou alvo de tiros. “Não me intimido. A impunidade é a omissão da autoridade”, diz ela, toda vaidosa. Sempre muito perfume, batom e música clássica — mas sem abrir mão da pistola 9 mm.

Revista Época — n. 118, agosto, 2000.

TEXTO 2
A capital dos rodeios

A arena de Barretos testará também o desempenho de peões anônimos, como a adolescente Meren Helen Martins, de 13 anos. Ela superou uma legião de garotos na preliminar para o torneio mirim de Barretos. Estudante da 7a série em Jaguariúna, em São Paulo, quer tornar-se profissional. “Os meninos não gostam muito de ver uma menina em cima de um touro, mas eu não ligo”, diz a valente garota.

Décio Viotto — Revista Época — n. 118, agosto, 2000.

Considerando os recursos de coesão textual empregados nos textos, as conjunções “embora” (texto 1) e “mas” (texto 2) estabelecem, respectivamente, relações de

A) concessão/ adversidade.

B) condição/ conformidade.

C) conformidade/causalidade.

D) concessão/ adição.

E) comparação/ conclusão.

Resolução:

Alternativa A

As conjunções são mecanismos de sequenciação de um texto. Assim, no texto da questão, “embora” é empregada com valor concessivo, isto é, indica uma restrição; já “mas” tem sentido adversativo, ou seja, indica oposição.

Fontes

GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto. 8. ed. São Paulo: Ática, 2000.

KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual. 22. ed. São Paulo: Contexto, 2010.

KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2010.

KOCH, Ingedore Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. 12. ed. São Paulo: Contexto, 2001.

RODRIGUES, Elsa Daniela Travassos. A coerência textual e o desenvolvimento das competências de escrita nas aulas de Português e de Latim. 2018. Relatório de Estágio (Mestrado em Ensino de Português) – Faculdade de Letras, Universidade de Coimbra, Coimbra, 2018.

SILVA, Roberto Cláudio Bento da. Coerência e coesão nos textos argumentativos dos alunos do ensino médio. Entrepalavras, Fortaleza, v. 7, p. 56-82, jan./ jun. 2017.

VIANA JUNIOR, Luis Carlos. Coesão e coerência: discursos da linguística e da mídia. 2013. Monografia (Bacharelado em Letras) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2013.

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Coesão e coerência"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/coesao-e-coerencia.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

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