Darmstádio (Ds)

O darmstádio é um elemento químico sintético e instável, produzido em aceleradores de partículas, cujas propriedades ainda são pouco conhecidas devido à sua meia-vida curta.

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O darmstádio (Ds) é um elemento químico sintético de número atômico 110 que se encontra no grupo 10 e sétimo período na tabela periódica, pertencendo à série dos metais de transição. Como ele não ocorre naturalmente, é produzido exclusivamente em aceleradores de partículas. Em vista disso, sua instabilidade impede a observação direta de suas propriedades físicas e químicas, fazendo com que a maior parte do que sabemos sobre ele venha de modelos teóricos e previsões baseadas em elementos semelhantes. Não obstante, sua criação representa um avanço significativo na síntese de elementos superpesados, fornecendo informações importantes sobre a natureza e as forças nucleares que governam sua estabilidade.

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Leia também: Roentgênio — outro elemento químico sintético que pertence ao grupo dos metais de transição

Tópicos deste artigo

Resumo sobre o darmstádio

  • O darmstádio é um elemento químico sintético, instável e com propriedades e características estimadas.
  • Presume-se que seja um metal sólido, extremamente denso.
  • Todos os seus isótopos conhecidos são altamente instáveis, com meias-vidas muito curtas.
  • Os isótopos principais são o darmstádio-279 e o darmstádio-281, sendo o último o mais estável.
  • Suas propriedades são semelhantes aos metais de transição do grupo 10, com estados de oxidação previstos de +2, +4 e +6.
  • Suas aplicações são restritas à pesquisa científica sobre elementos superpesados.
  • É produzido em aceleradores de partículas.
  • Seu comportamento químico é predominantemente teórico, devido à sua rápida desintegração.
  • Foi descoberto em 1994 no GSI, cidade de Darmstadt, Alemanha.

Propriedades do darmstádio

  • Símbolo: Ds.
  • Massa atômica: 281 u.
  • Número atômico: 110.
  • Configuração eletrônica: [Rn] 5f14 6d8 7s2.
  • Série química: metais de transição.
  • Densidade: 34 g/cm³ (estimada).
  • Estado de oxidação: +6, +4, +2 (estimados).

Importante: Cabe ressaltar que muitas de suas propriedades não foram determinadas experimentalmente, são, portanto, estimativas baseadas em tendências periódicas. Além disso, muitas ainda são desconhecidas, como, por exemplo: a eletronegatividade, eletroafinidade, energia de ionização, pontos de fusão e ebulição, e raio atômico.

Características do darmstádio

No que tange as características do darmstádio, elas não foram plenamente determinadas devido à sua instabilidade, portanto a maior parte do que se sabe sobre esse elemento é baseada em previsões teóricas, já que seu rápido decaimento impede experimentos prolongados. Por exemplo, prevê-se que ele seja um metal sólido e muito denso à temperatura ambiente, com propriedades semelhantes às dos outros metais de transição do grupo 10, como platina e paládio.

Além disso, ele deve exibir estados de oxidação variáveis, possivelmente +2, +4 e +6, mas devido à sua curta meia-vida, é difícil estudar seu comportamento químico em detalhes.

Onde o darmstádio é encontrado?

Tendo em vista a sua natureza sintética, o darmstádio não é encontrado naturalmente na Terra, porque só pode ser produzido em laboratório. Nesse sentido, ele é criado através da colisão de átomos mais leves, geralmente em aceleradores de partículas, onde núcleos de elementos como o chumbo e o níquel são forçados a se fundirem. Ademais, por ser altamente instável, ele se desintegra em frações de segundo, o que impossibilita sua presença em qualquer ambiente natural.

Obtenção do darmstádio

O darmstádio é obtido por meio de reações nucleares em aceleradores de partículas, onde núcleos de elementos mais leves são colididos para formar um núcleo mais pesado e altamente instável. Esse processo resulta na criação temporária desse elemento, que rapidamente se desintegra devido à sua curta meia-vida. Diante disso, para uma melhor compreensão, destacamos a seguir as etapas envolvidas neste processo:

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  1. Seleção dos núcleos: escolhem-se núcleos de elementos mais leves, como o chumbo (Pb) e o níquel (Ni), que serão usados na colisão.
  2. Aceleração: esses núcleos são acelerados a altas velocidades em um acelerador de partículas.
  3. Colisão: os núcleos acelerados são direcionados uns contra os outros para que colidam e se fundam, formando um núcleo mais pesado, que é o darmstádio.
  4. Detecção: após a colisão, equipamentos especializados detectam o darmstádio formado, embora ele se desintegre quase que imediatamente em outros elementos mais leves.

Ocorrência do darmstádio

O darmstádio ocorre exclusivamente na forma de isótopos sintéticos, criados em laboratório. Até o momento, foram identificados vários deles, os quais variam em massa de 267 a 284, todos altamente instáveis e com meias-vidas extremamente curtas, sendo os mais estudados o darmstádio-279 e o darmstádio-281, sendo este último o mais estável, apresentando uma meia-vida de aproximadamente 14 segundos.

Aplicações do darmstádio

As aplicações do darmstádio são limitadas devido à sua extrema instabilidade e curta meia-vida. No entanto, ele possui algumas utilizações em contextos científicos:

  • Pesquisa: utilizado em estudos sobre a síntese de elementos superpesados e suas propriedades nucleares.
  • Desenvolvimento de novos elementos: contribui para o entendimento das interações nucleares e ajuda na criação de elementos ainda mais pesados na tabela periódica.
  • Testes em física nuclear: serve como um objeto de estudo para testar teorias e modelos sobre forças nucleares e estabilidade atômica.

Precauções com o darmstádio

Assim como a maioria dos elementos superpesados, algumas precauções devem ser tomadas com o darmstádio, devido a sua instabilidade, como:

  • A manipulação deve ser feita exclusivamente em laboratórios especializados com sistemas de contenção avançados para evitar qualquer exposição.
  • É necessário o uso de equipamentos de proteção pessoal, como roupas especiais e proteção ocular, para garantir a segurança dos cientistas.
  • Deve haver equipamentos de medição de radiação e monitoramento constante para detectar qualquer radiação emitida durante o manejo.
  • Apenas profissionais treinados e com experiência em química nuclear e manipulação de elementos radioativos devem lidar com esse elemento.
  • Procedimentos rigorosos devem ser adotados para a eliminação de resíduos e materiais contaminados, a fim de minimizar riscos de contaminação e exposição.

Veja também: Quais são os metais pesados?

História do darmstádio

O darmstádio foi descoberto em 9 de novembro de 1994 por uma equipe de cientistas liderada por Peter Armbruster e Sigurd Hofmann no Centro de Pesquisa de Íons Pesados (GSI) em Darmstadt, Alemanha.

A descoberta ocorreu durante experimentos que envolviam a colisão de íons de chumbo-208 com níquel-62 em um acelerador de partículas, resultando na criação do primeiro átomo de darmstádio-269. Diante disso, nomeado em homenagem à cidade de Darmstadt, o elemento 110 foi reconhecido oficialmente pela Iupac em 2003.

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Desde sua descoberta, ele tem sido objeto de estudo em pesquisas sobre elementos superpesados, mas diante da sua extrema instabilidade, suas aplicações são limitadas ao campo científico.

Curiosidades sobre o darmstádio

  • O nome "darmstádio" é uma homenagem à cidade de Darmstadt, na Alemanha, onde foi descoberto.

Fontes

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Pessoa segurando um bloco com o símbolo, o número atômico e a massa atômica do darmstádio (Ds).
O darmstádio possui número atômico 110 e massa atômica de 281.
Crédito da Imagem: Shutterstock.com
Escritor do artigo
Escrito por: Jhonilson Pereira Gonçalves Graduado em ciências licenciatura/química (UEMA), mestre em química (UFMA) e pós-graduado em metodologia do ensino de física e química. Possui experiência na área da educação como professor do ensino fundamental ao superior.
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GONçALVES, Jhonilson Pereira. "Darmstádio (Ds)"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/darmstadio-ds.htm. Acesso em 18 de dezembro de 2025.
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