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Geração nem-nem é como são chamados jovens ou adultos que não estão nem trabalhando, nem estudando, abrangendo principalmente a faixa etária entre 18 e 24 anos. As causas dessa condição variam desde fatores econômicos, como desemprego e falta de oportunidades, até motivos pessoais, como gravidez precoce, cuidado de familiares ou desinteresse em trabalhar ou continuar estudando.
No Brasil, a proporção de jovens nem-nem é alta, com cerca de 36% dos jovens nessa situação, sendo a maioria mulheres e negros. A baixa qualidade da educação e a desconexão entre o currículo escolar e as exigências do mercado de trabalho são fatores que contribuem para essa realidade.
Para enfrentar esse desafio, é necessário implementar políticas públicas eficazes, como programas de aprendizagem, políticas de permanência e assistência estudantil, e iniciativas voltadas para o primeiro emprego. Essas medidas visam incluir esses jovens no mercado de trabalho e na educação, promovendo treinamentos e investimentos em educação de qualidade.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a geração nem-nem
- 2 - O que é a geração nem-nem?
- 3 - Características da geração nem-nem
- 4 - Quais são as causas da geração nem-nem?
- 5 - Geração nem-nem no Brasil
- 6 - Consequências da geração nem-nem
- 7 - Possíveis soluções para a geração nem-nem
Resumo sobre a geração nem-nem
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A geração nem-nem é representada por jovens ou adultos que não estão nem trabalhando, nem estudando, principalmente na faixa etária entre 18 e 24 anos.
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As causas da geração nem-nem variam entre o desemprego, a baixa qualidade da educação, a gravidez precoce, o desinteresse em trabalhar ou continuar estudando.
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A geração nem-nem no Brasil é representada por cerca de 36% dos jovens com idade entre 18 e 24 anos, sendo a maioria composta por mulheres e negros.
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As consequências da geração nem-nem – desemprego, exclusão e desigualdade social – foram agravadas pelos dois anos de duração da pandemia.
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Entre as soluções para a geração nem-nem destacam-se os programas de aprendizagem, as políticas de permanência e assistência estudantil e voltadas para o primeiro emprego.
O que é a geração nem-nem?
A geração nem-nem refere-se a jovens ou adultos que não estão nem trabalhando, nem estudando. Essa expressão, portanto, descreve uma parcela da população que, apesar da idade entre 18 e 24 anos, não está incluída nem no mercado de trabalho, nem nas escolas e faculdades.
As causas para a existência de uma geração nem-nem podem variar desde fatores econômicos, como desemprego e falta de oportunidades, até motivos pessoais, como gravidez precoce, cuidar de familiares ou desinteresse para trabalhar ou continuar estudando.
Características da geração nem-nem
As características da geração nem-nem, composta por jovens que não estudam nem trabalham, envolvem um perfil socioeconômico e cultural específico, que varia entre o Brasil e outros países da OCDE. A média de jovens nem-nem nos países da OCDE é significativamente menor, variando entre 15% e 20%.
Nos demais países, assim como no Brasil, a condição de nem-nem também está associada à renda familiar. Entretanto, a proporção é menor naqueles países do que no Brasil, e geralmente está mais associada a transições temporárias entre a educação e o mercado de trabalho, enquanto por aqui costuma ser permanente.
Outra característica comum entre os jovens nem-nem é a baixa qualidade da educação e a desconexão entre o currículo escolar e as exigências do mercado de trabalho. Muitos jovens não veem valor em continuar os estudos devido à falta de perspectivas de emprego. Por isso, é comum que muitos deles não tenham ensino médio completo ou tenham superior incompleto.
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Quais são as causas da geração nem-nem?
As causas da geração nem-nem variam conforme a situação socioeconômica de cada jovem que está sem estudar e sem trabalhar. A renda familiar é o fator decisivo. É principalmente o jovem das famílias mais pobres que se encontra nessa condição, especialmente jovens mulheres, que tiveram que deixar de estudar e não trabalham para poder exercer tarefas domésticas, criar filhos ou cuidar de idosos ou outros familiares.
Nas famílias mais ricas, nessa condição estão jovens de faixa etária mais baixa, geralmente no momento em que estão se preparando para a faculdade. O mercado de trabalho tem se tornado cada vez mais exigente, demandando formação e experiência que muitos jovens não possuem. As rápidas mudanças tecnológicas e a necessidade de atualização constante também dificultam a inserção desses jovens no mercado.
Geração nem-nem no Brasil
A geração nem-nem no Brasil tem levantado a preocupação de vários especialistas. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, o número de jovens brasileiros entre 14 e 24 anos que não estudam, não trabalham nem procuram emprego aumentou para 5,4 milhões no primeiro trimestre de 2024, comparado a 4 milhões no mesmo período do ano anterior.
Esse grupo é composto majoritariamente por mulheres (60%), muitas das quais têm filhos pequenos, e por jovens negros (68%). A taxa de participação dos jovens no mercado de trabalho caiu de 52,7%, em 2019, para 50,5%, em 2023.
Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil é o segundo país, de um total de 37 analisados, com maior proporção de jovens, com idade entre 18 e 24 anos, que nem estudam, nem trabalham. O país fica atrás apenas da África do Sul.
Na faixa etária mencionada, 36% dos jovens brasileiros não estudam e estão sem trabalho. Os dados são do relatório Education at a Glance, de 2022, que avaliou a educação em 34 dos 38 países-membros da OCDE, além do Brasil, da África do Sul e da Argentina.|1|
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Consequências da geração nem-nem
As consequências da geração nem-nem são diversas, incluindo desemprego, exclusão social, aumento da desigualdade e aumento de problemas de saúde mental. A pandemia ajudou a agravar a situação dos indivíduos que nem estudam, nem trabalham. Eles ficaram dois anos nessa situação, e quando retornaram encontraram salários mais baixos e oportunidades de emprego mais precárias, ou seja, sem formalização.
A geração nem-nem particularmente corre risco maior de distanciamento de longo prazo do mercado de trabalho. Além disso, para a administração das políticas públicas, a educação ou a gestão de recursos humanos, a geração nem-nem representa um desafio. Como criar estratégias para incluir esses jovens no mercado de trabalho e na educação, promovendo treinamentos e investimentos em educação de qualidade?
As consequências da geração nem-nem, que representam uma subutilização da força de trabalho, são um problema crítico, especialmente em países de baixa e média renda, onde a informalidade e a falta de oportunidades de emprego formal prevalecem. Esse tipo de situação só aumenta as desigualdades sociais do nosso país.
Possíveis soluções para a geração nem-nem
Todas as possíveis soluções para a geração nem-nem passam pela necessidade de uma busca ativa desses jovens que estão desengajados. É preciso saber onde eles estão e oferecer o que está faltando, oferecer uma segunda chance de escolarização. E o mercado de trabalho também deveria procurar esses jovens. Os setores de recursos humanos das empresas podem dar uma oportunidade por meio, por exemplo, do programa de aprendizagem.
Outras medidas que podem solucionar o problema representado pela geração nem-nem são políticas de permanência e assistência estudantil, além de políticas voltadas para o primeiro emprego, seja para os jovens que estão saindo do ensino médio, seja para os que estão saindo das universidades com formação acadêmica, mas que o mercado não tem absorvido. A política ativa do mercado de trabalho deve fomentar a oferta de trabalho para esses jovens.
Nota
|1| ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Panorama da Educação 2022: indicadores da OCDE. OCDE iLibrary, 2024. Disponível em: https://www.oecd-ilibrary.org/sites/3197152b-en/index.html?itemId=/content/publication/3197152b-en
Fontes
FREIRE, D. G. Os jovens que nem trabalham e nem estudam no Brasil: caracterização e transformações entre 2004 e 2015. Rio de Janeiro: Editora CRV, 2018.
GUIMARÃES, N. A. Nem trabalha nem estuda?: desigualdade de gênero e raça na juventude brasileira. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2018.