As anfetaminas são drogas sintéticas que estimulam o sistema nervoso central (SNC). Permitem que o cérebro trabalhe de forma mais acelerada, fazendo com que o usuário fique mais hiperativo, elétrico, sem sono, com efeitos semelhantes aos efeitos da cocaína. As anfetaminas são popularmente conhecidas como “rebite”, nome comum no meio de motoristas profissionais, muitos dos quais fazem o uso dessa substância para conseguir dirigir sem a necessidade de dormir.
As anfetaminas foram inicialmente produzidas na década de 1930, sendo utilizadas para o tratamento de doenças como depressão, congestão nasal, hiperatividade e transtorno do déficit de atenção (TDA). Contudo, o seu uso mais comum foi para o combate da obesidade. Devido aos seus efeitos colaterais intensos e risco de dependência química, a comercialização de medicamentos à base de anfetaminas está proibido no Brasil.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre anfetaminas
- 2 - O que são anfetaminas?
- 3 - Quais são as drogas anfetaminas?
- 4 - Para que servem as anfetaminas?
- 5 - Efeitos das anfetaminas
- 6 - Intoxicação por anfetaminas
- 7 - Anfetaminas liberadas no Brasil
- 8 - Anfetaminas e barbitúricos
Resumo sobre anfetaminas
- As anfetaminas são drogas sintéticas que estimulam o sistema nervoso central (SNC).
- Dentre seus efeitos causados, destacam-se o aumento da atividade cerebral, a ausência de sono e um estado de excitação no usuário.
- São popularmente conhecidas como “rebite”.
- Foram produzidas inicialmente na década de 1930, para tratamento da depressão, da congestão nasal, da hiperatividade e do transtorno do déficit de atenção (TDA).
- Seu uso mais comum foi no tratamento da obesidade, porém, os remédios à base de anfetamina para tal fim foram proibidos, por conta de seus efeitos nocivos à saúde.
O que são anfetaminas?
Anfetaminas são drogas sintéticas (ou seja, produzidas em laboratórios) que estimulam o sistema nervoso central (SNC), fazendo com que o cérebro trabalhe de forma mais intensa e célere do que o normal, deixando os usuários mais hiperativos, elétricos e sem sono, remetendo aos efeitos da cocaína.
São popularmente conhecidas como “rebite”, algo que foi difundido por motoristas profissionais que, por necessitarem dirigir por muitas horas seguidas e obedecerem a prazos predeterminados, as utilizam para diminuírem suas horas de descanso.
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Quais são as drogas anfetaminas?
Em estado puro, as anfetaminas têm forma de cristais amarelados, com sabor muito amargo.
É possível reconhecer outros tipos de anfetamina, as quais são semelhantes sob o ponto de vista químico: as anfetaminas, propriamente, as dextroanfetaminas e as metanfetaminas.
A metanfetamina é consumida, em geral, por meio de cachimbos. Nos Estados Unidos, por exemplo, recebem o nome de ICE. Um derivado da metanfetamina também muito utilizado é a metilenodioximetanfetamina (MDMA), popularmente conhecida como ecstasy.
A tabela a seguir traz o nome comercial de alguns medicamentos à base de anfetamina vendidos no Brasil.
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Anfetamina (tipos) |
Nomes comerciais |
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Dietilpropiona ou Anfepramona |
Dualide S; Hipofagin S; Inibex S; Moderine |
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Fenproporex |
Desobesil-M |
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Mazindol |
Fagolipo; Absten-Plus |
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Metanfetamina |
Pervitin |
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Metilfenidato |
Ritalina |
Para que servem as anfetaminas?
As primeiras anfetaminas foram produzidas na década de 1930, com o propósito de tratamento da depressão, da congestão nasal, do transtorno do déficit de atenção (TDA) e hiperatividade. Dentre elas, destaca-se a primeira de todas, que recebeu o nome de Benzedrina, sendo utilizada no tratamento da esquizofrenia, paralisia cerebral infantil e bloqueio coronário, dentre outras diversas doenças corriqueiras da época.
O uso mais popular das anfetaminas e de seus derivados está na função de moderação do apetite (anorexígenos), sendo muito utilizada no combate à obesidade. Porém, já no final da década de 1950, começaram a ser proibidos, uma vez que houve um aumento da exploração de suas propriedades estimulantes.
Um dos medicamentos anfetamínicos mais conhecidos para tratamento da obesidade é o femproporex, que chegou a ser proibido por meio de uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no ano de 2011, junto com a anfepramona e o mazindol, muito por conta do alto potencial para causar dependência e pelos efeitos adversos. Contudo, em 2014, a Anvisa publicou uma nova resolução, invalidando as regras de 2011. Assim, empresas interessadas na comercialização contendo o femproporex devem requerer registo à agência, garantindo eficácia e segurança de seus produtos.
Efeitos das anfetaminas
As anfetaminas atuam estimulando o sistema nervoso central (SNC) por meio da intensificação da norepinefrina, um hormônio capaz de ativar partes do sistema nervoso simpático (SNS). Assim sendo, produzem efeitos semelhantes aos produzidos pela adrenalina no cérebro, levando o coração e os demais sistemas a funcionarem de forma acelerada.
As anfetaminas são rapidamente assimiladas pela corrente sanguínea, provocando arrepios e sentimento de confiança e presunção logo após a ingestão. Há dilatação das pupilas, secura na boca, respiração ofegante, além de ritmo cardíaco acelerado, ranger dos dentes, excitação e sensação de poder. A intensa liberação de energia causa uma sensação de bem-estar, de alegria, de alívio da fadiga, permitindo que o usuário execute uma atividade qualquer por mais tempo e sentindo menos cansaço.
O risco decorre de a pessoa sentir uma grande falta de energia (astenia) ao parar de tomar a droga, incentivando, assim, que o usuário recorra novamente a ela. Como há tolerância farmacológica, os efeitos causados pela anfetamina vão se abrandando, fazendo com que o usuário aumente a dosagem para compensar essa perda de efeito.
Alguns outros efeitos causados pela anfetamina são listados a seguir:
- hipertensão;
- taquicardia e disritmia;
- sono pouco reparador;
- midríase (dilatação das pupilas);
- agressividade e irritação;
- delírio persecutório (de perseguição), paranoia e alucinações;
- dores de cabeça;
- náuseas;
- anorexia;
- atividade motora excessiva e episódios de contração musculares;
- diminuição da sensibilidade à dor;
- aumento de açúcar no sangue;
- derrames;
- paralisia permanente;
- má formação e intoxicação do feto (mulheres grávidas).
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Intoxicação por anfetaminas
Em doses excessivas, os efeitos da anfetamina são potencializados. Pessoas que ingerem quantidades maiores da droga começam a desenvolver agressividade, irritação e o chamado delírio persecutório, que é a suspeição de que todos agem contra si. Um verdadeiro estado de paranoia e alucinações podem surgir.
Os sinais físicos comuns de intoxicações são midríase acentuada, taquicardia e pele pálida (em decorrência à contração dos vasos sanguíneos). Nessas condições de intoxicações graves, faz-se necessária a intervenção no usuário, internando-o até sua completa desintoxicação. Nesse período, é possível que a temperatura corporal aumente intensamente, o que pode acarretar em convulsões.
Overdoses fatais, entretanto, são raras, e a dosagem letal ainda é desconhecida. Os problemas, entretanto, decorrem da utilização das anfetaminas com outras substâncias, como álcool e drogas ilícitas.
Anfetaminas liberadas no Brasil
Dois semelhantes anfetamínicos são comercializados no Brasil, como o metilfenidato (Ritalina, Concentra, entre outros) e a lisdexanfetamina (Venvanse).
Com muito debate e polêmicas por parte de órgãos públicos, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, o Brasil chegou sancionar, em 2017, a Lei N. 13.454, que autoriza a produção, a comercialização e o consumo, mediante prescrição médica de anorexígenos, dentre eles as anfetaminas anfepramona, femproporex e mazindol.
Porém, em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou que a Lei N. 13.454 seria inconstitucional, por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5779. Assim sendo, a referida lei não está valendo.
Anfetaminas e barbitúricos
Diferentemente das anfetaminas, que estimulam o sistema nervoso central (SNC), os barbitúricos são depressores do SNC, sendo utilizados para diminuição da atividade cerebral e sendo, portanto, sedativos ou calmantes.
Em oposição às anfetaminas e seus derivados, que deixam os usuários mais hiperativos, elétricos e sem sono, os barbitúricos deixam as pessoas mais sonolentas, com uma sensação de calma e relaxamento. Há queda da capacidade de raciocínio e de concentração. Em doses acima do recomendado, podem causar uma sensação que lembra a embriaguez, como uma fala arrastada e dificuldade de locomoção.
Vale lembrar que os barbitúricos também podem desenvolver dependência, e que, além disso, sua dose de intoxicação é muito próxima da dose recomendada.
Fontes
SOUSA, D. V. Anfetaminas: efeitos, mecanismo de ação, usos clínicos e de abuso. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Farmácia) – Centro de Educação e Saúde, Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba, 2015.
CENTRO BRASILEIRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS PSICOTRÓPICAS – CEBRID. Anfetaminas. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/10006002610.pdf.
CENTRO BRASILEIRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS PSICOTRÓPICAS – CEBRID. Calmantes e sedativos. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/10006002608.pdf.
MUAKAD, I. B. Anfetaminas e drogas derivadas. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. v. 108, p. 545-572, jan./dez. 2013.
MURER, E. Drogas, anfetaminas e remédios para emagrecer. Disponível em: https://fef.unicamp.br/wp-content/uploads/sites/70/2025/02/alimen_saudavel_cap12.pdf.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – STF. STF invalida lei que liberou inibidores de apetite não recomendados pela Anvisa. STF. 14 out. 2021. Disponível em: https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=474796.