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Paulina Chiziane

Paulina Chiziane é uma escritora moçambicana cujas obras retratam o universo feminino. Seu livro mais conhecido é o romance “Niketche: uma história de poligamia”.

Paulina Chiziane, em foto de Otávio de Souza, no ano de 2008.[1]
Paulina Chiziane, em foto de Otávio de Souza, no ano de 2008.[1]
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Paulina Chiziane nasceu em 04 de junho de 1955, em Manjacaze, uma vila moçambicana. Na juventude, atuou na Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), durante a Guerra de Independência, e só publicou seu primeiro romance — Balada de amor ao vento — em 1990.

Seu livro mais famoso é Niketche: uma história de poligamia. Essa narrativa apresenta as principais características literárias das obras da autora, como a prevalência da voz feminina. Além disso, é possível perceber que a escritora usa seus romances para fazer crítica de costumes e destacar a diversidade cultural de seu povo.

Leia mais: Conceição Evaristo – escritora que coloca em pauta a ancestralidade da negritude brasileira

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Paulina Chiziane

  • A escritora moçambicana nasceu em 1955.

  • Atuou politicamente durante a luta pela independência e na guerra civil.

  • Após a pacificação, participou do Núcleo das Associações Femininas da Zambézia.

  • Suas obras literárias são caracterizadas pelo protagonismo feminino.

  • Seu livro mais famoso é Niketche: uma história de poligamia.

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Biografia de Paulina Chiziane

Paulina Chiziane nasceu em 04 de junho de 1955, em Manjacaze, vila rural moçambicana, mas, com seis anos de idade, mudou-se para Maputo. Seus pais eram protestantes, portanto, o cristianismo esteve fortemente presente em sua formação. Além disso, cresceu em um país dominado pelos portugueses.

A independência de Moçambique só ocorreria em 1975, depois de anos de luta armada entre guerrilheiros moçambicanos e soldados portugueses. Isso explica o anticolonialismo do pai da autora, que ensinou sua filha a se comunicar por meio do chope, um idioma ligado ao grupo étnico ao qual pertencia a sua família.

Além disso, Chiziane aprendeu a língua ronga, em Maputo, onde iniciou seus estudos em uma escola católica, e acabou aprendendo também o idioma português. Já sua juventude foi marcada pela atuação na Frelimo, a Frente de Libertação de Moçambique, responsável pela luta em prol da independência do país.

Após a independência, teve início uma guerra civil. Paulina Chiziane, então, tornou-se voluntária na Cruz Vermelha durante o conflito, e sua atuação política não cessou após o fim da guerra, em 1992. A autora passou a fazer parte do Núcleo das Associações Femininas da Zambézia (Nafeza), organização não governamental criada em 1997, na cidade de Quelimane.

Nessa época, já tinha publicado seu primeiro romance — Balada de amor ao vento —, em 1990, mas seu sucesso como escritora chegou em 2002, com a publicação do livro Niketche: uma história de poligamia. Por essa obra, ela ganhou o Prêmio José Craveirinha, da Associação dos Escritores Moçambicanos.

Veja também: Literatura negra – produção cujo sujeito da escrita é o próprio negro

Características da obra de Paulina Chiziane

As obras de Paulina Chiziane fazem parte da literatura moçambicana pós-independência e possuem as seguintes características:

  • Protagonismo da mulher negra

  • Realismo social e crítica de costumes

  • Reflexão sobre a condição feminina

  • Fluxo de consciência ou monólogo interior

  • Linguagem lírica

  • Pluralidade cultural

Obras de Paulina Chiziane

  • Balada de amor ao vento (1990)

  • Ventos do apocalipse (1993)

  • O sétimo juramento (2000)

  • Niketche: uma história de poligamia (2002)

  • O alegre canto da perdiz (2008)

  • As andorinhas (2009)

  • Eu, mulher: por uma nova visão do mundo (2013)

  • Ngoma Yethu: o curandeiro e o Novo Testamento (2015)

  • O canto dos escravizados (2017)

Niketche: uma história de poligamia

Capa do livro “Niketche: uma história de poligamia”, de Paulina Chiziane, publicado pela editora Companhia das Letras.[2]
Capa do livro “Niketche: uma história de poligamia”, de Paulina Chiziane, publicado pela editora Companhia das Letras.[2]

A personagem principal e narradora do romance é Rami. Ela é casada com Tony, mas o marido também tem relacionamentos com outras mulheres. Então, Rami decide conhecer cada uma delas. Começa por Julieta, com quem acaba se desentendendo e partindo para a briga, porém elas ficam amigas em seguida.

Ao conhecer Luísa, a terceira esposa de Tony, Rami novamente se envolve em uma briga. Dessa vez, as duas são presas. No entanto, Rami também se torna amiga de Luísa. A partir daí, conhece Saly, a quarta mulher, e Mauá, a quinta. Decide aceitar a poligamia do marido. Além disso, torna-se a segunda amante de Vito, que tem um caso com Luísa.

A protagonista e as outras esposas decidem se unir. A princípio, Tony não gosta nada dessa amizade, mas as mulheres resolvem fazer uma “escala conjugal”. Assim, o marido pode ficar uma semana com cada uma delas. Quando Tony é, supostamente, atropelado e morre, Rami tem um relacionamento sexual com Levy, o irmão do marido.

O relacionamento com o cunhado, após a morte do esposo, é parte da tradição no país. No entanto, o suposto cadáver de Tony estava desfigurado, e logo fica evidente que o marido de Rami está vivo. Assim, ao voltar para casa, ele descobre que seu irmão é mais um integrante daquela “dança do amor” (niketche).

Créditos das imagens

[1] Otávio de Souza / Commons

[2] Companhia das Letras (reprodução)

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Paulina Chiziane"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/paulina-chiziane.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

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