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Insurreição Pernambucana

A Insurreição Pernambucana foi um conflito travado entre luso-brasileiros e holandeses, entre 1645 e 1654. Resultou na expulsão dos holandeses do Nordeste.

“Estudo para Batalha dos Guararapes”, pintura de Victor Meirelles, em texto sobre a Insurreição Pernambucana.
As duas Batalhas de Guararapes foram as mais importantes da Insurreição Pernambucana.[1]
Crédito da Imagem: Commons
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A Insurreição Pernambucana foi uma revolta iniciada por colonos luso-brasileiros contra os holandeses em 1645. Essa revolta deu início a um conflito que se estendeu até o ano de 1654, resultando na expulsão dos holandeses, depois que a cidade de Recife foi conquistada pelas tropas luso-brasileiras.

A Insurreição Pernambucana, também conhecida como Guerras Brasílicas, teve como ponto de partida a Restauração Portuguesa e a insatisfação de muitos colonos com o domínio holandês, sobretudo pelas dívidas que tinham com os holandeses. Os embates mais importantes nesse conflito foram as duas Batalhas de Guararapes.

Leia mais: Confederação do Equador — revolta que aconteceu no Nordeste brasileiro, em 1824, contra o autoritarismo de d. Pedro I

Tópicos deste artigo

Resumo sobre a Insurreição Pernambucana

  • A Insurreição Pernambucana foi uma revolta iniciada por colonos luso-brasileiros contra os holandeses.

  • Iniciou-se em 1645 e se encerrou em 1654.

  • Foi motivada pela Restauração Portuguesa, pelo enfraquecimento do domínio holandês e pelas insatisfações dos colonos com os holandeses.

  • Os dois embates mais importantes foram as Batalhas de Guararapes.

  • Os holandeses foram derrotados com a conquista de Recife, em 1654.

O que foi a Insurreição Pernambucana?

A Insurreição Pernambucana, chamada pelos portugueses de Guerra da Luz Divina, foi um conflito travado entre colonos portugueses e holandeses, entre os anos de 1645 e 1654. Esse conflito foi travado no Nordeste brasileiro, principalmente na capitania de Pernambuco, que sediava o domínio holandês no Brasil.

A Insurreição Pernambucana foi parte de uma série de conflitos travados entre Portugal e Países Baixos pelo controle de territórios coloniais na América, África e Ásia. No contexto do Brasil, esse conflito se deu quando os colonos portugueses da capitania de Pernambuco se rebelaram contra os holandeses, procurando expulsá-los.

O conflito se estabeleceu no contexto de Restauração de Portugal, quando os portugueses recuperaram o seu trono e colocaram fim na União Ibérica, bem como no contexto de decadência da Companhia das Índias Ocidentais e do fim do governo de Maurício de Nassau em Pernambuco. Ao final desse conflito, Portugal recuperou o controle sobre o Nordeste brasileiro.

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Causas da Insurreição Pernambucana

A Restauração Portuguesa, em 1640, é entendida como o ponto de partida para a Insurreição Pernambucana, uma vez que fez com que Portugal recuperasse a autonomia política que havia sido perdida em 1580. Com isso, fortalecia-se a ideia de recuperar os territórios que pertenciam a Portugal antes da União Ibérica. O Nordeste era um deles.

A situação se agravava porque Portugal e Países Baixos tinham um longo histórico de conflitos no século XVII. Na ocasião, os dois países tinham um acordo de paz por 10 anos, mas esse acordo foi desrespeitado pelos Países Baixos em 1641, quando os holandeses atacaram domínios portugueses na África.

Sendo assim, já havia uma tensão entre as coroas portuguesa e holandesa. Além disso, a administração holandesa no Nordeste estava em decadência e sofrendo com escassez de alimentos e queda no preço do açúcar. A situação se agravou quando a Companhia das Índias Ocidentais demitiu Nassau de sua posição, ordenando o seu retorno para a Europa.

O retorno de Nassau para a Europa impactou negativamente no domínio holandês, pois agravou a situação econômica ruim e ainda contribuiu para desgastar a relação entre colonos portugueses e os colonizadores holandeses. Isso porque os historiadores apontam que Nassau tinha um perfil conciliador, responsável por manter os colonos sob controle.

Com a saída de Nassau, as tensões assim como e as insatisfações econômicas e religiosas ganharam força. Na questão econômica, muitos colonos tinham dívidas altas com os holandeses, que não tinham clemência em cobrar daqueles que os deviam. Além disso, existia uma insatisfação dos colonos portugueses católicos com o calvinismo dos holandeses.

Leia mais: Revolução pernambucana (1817) — questionou os gastos da família real portuguesa no Brasil, enquanto sofria com a crise do açúcar

Objetivos da Insurreição Pernambucana

Os principais objetivos da Insurreição Pernambucana eram os seguintes:

  • o encerramento do domínio holandês no Nordeste;

  • o fim das dívidas que os colonos tinham com a Companhia das Índias Ocidentais;

  • o restabelecimento do comércio do açúcar nas mãos dos portugueses.

Líderes da Insurreição Pernambucana

Os mais conhecidos líderes que conduziram as tropas dos colonos portugueses na luta contra os holandeses foram André Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira, Henrique Dias e Filipe Camarão. Eles tiveram notório papel em batalhas importantes da insurreição.

Os historiadores destacam que a revolta lusa contra os holandeses integrou diferentes grupos da sociedade pernambucana, uma vez que entre os líderes da insurreição havia um grande proprietário de terra, um homem negro e um indígena. Essa fato foi explorado durante séculos em iniciativas de mitificar a Insurreição Pernambucana como um movimento brasileiro.

O movimento, na verdade, foi uma revolta local pernambucana que mobilizou parte daquela população. É importante pontuar também que muitos moradores da região, incluindo senhores de engenho, mestiços pobres, entre outros, apoiaram os holandeses durante o conflito.

Batalhas da Insurreição Pernambucana

Quando o assunto é a Insurreição Pernambucana, os dois grandes destaques são as duas Batalhas de Guararapes. A primeira Batalha dos Guararapes aconteceu em 19 de abril de 1648, com as tropas lusas sendo lideradas pelos nomes já mencionados. Diz-se que um ataque luso contra a retaguarda holandesa foi o motivo para a derrota holandesa, resultando em mais de 500 mortes do lado holandês.

A primeira derrota abalou o moral do exército holandês, e muitos soldados começaram a desertar, enfraquecendo mais ainda os holandeses. A segunda batalha foi travada em 16 de fevereiro de 1649, resultando em mais uma derrota holandesa. Essa segunda derrota fez com que os holandeses se isolassem em Recife para se proteger dos ataques dos colonos.

Ao longo dos nove anos de conflito, no entanto, a situação das tropas lusas foi desafiadora. Havia escassez de armas e de alimentos, e, na maior parte do conflito, a tática adotada foi a de guerrilha. Outro importante embate desse conflito foi a Batalha do Monte das Tabocas, travada em 1645 e também finalizada com uma vitória portuguesa.

Em 20 de dezembro de 1653, os portugueses cercaram Recife por mar, impondo um bloqueio à cidade. Em 15 de janeiro de 1654, a cidade foi atacada pelos portugueses, e, em 26 de janeiro, os holandeses se renderam.

Consequências da Insurreição Pernambucana

Com a Insurreição Pernambucana, o Nordeste retornou ao domínio português, finalizando a experiência colonial holandesa no Nordeste brasileiro. A paz entre as duas nações nessa questão só foi selada por um acordo mediado pelo Reino Unido, a Paz de Haia, assinado em 1661. Os holandeses aceitaram devolver o Nordeste e Angola para Portugal desde que uma indenização de quatro milhões de cruzados holandeses fosse paga.

Para arcar com a dívida, Portugal estabeleceu um imposto específico em Pernambuco que existiu até o século XIX. Esse imposto foi motivo de grande insatisfação pernambucana com o domínio português na região. Além disso, a Insurreição Pernambucana marcou o início da decadência da economia açucareira.

Isso porque os holandeses, ao serem expulsos, levaram mudas de cana-de-açúcar e todo o conhecimento adquirido em 24 anos de domínio em Pernambuco. Eles estabeleceram engenhos em suas colônias no Caribe, criando uma forte concorrência ao açúcar produzido por Portugal. No longo prazo, essa concorrência enfraqueceu a produção açucareira aqui.

Leia mais: Ciclo do açúcar — período histórico (séc. XVI-XVIII) que foi caracterizado pela intensa produção e venda do açúcar no Brasil

Contexto histórico da Insurreição Pernambucana

A Insurreição Pernambucana foi um conflito travado no contexto da ocupação holandesa do Nordeste brasileiro. Os holandeses invadiram o Nordeste, em 1630, como consequência direta da União Ibérica, a união das coroas portuguesa e espanhola por uma crise na linha sucessória de Portugal.

Com isso, o trono de Portugal passou a ser ocupado pelo monarca espanhol, acarretando a unificação dos domínios coloniais, embora a Espanha tenha procurado não interferir na forma como os portugueses conduziam os seus territórios. Uma grande consequência da União Ibérica foi a invasão holandesa no Nordeste.

Isso porque os Países Baixos e a Espanha eram nações inimigas, e, com a União Ibérica, aqueles foram excluídos do negócio do açúcar que faziam com os portugueses. Com isso, os holandeses decidiram invadir o Nordeste para se apossarem dos centros produtores de açúcar, tomando conta desse negócio e estabelecendo uma colônia na América.

Inicialmente, os holandeses tentaram conquistar Salvador e lograram êxito, permanecendo na cidade entre 1624 e 1625. Em 1630, eles atacaram Olinda, conquistando a cidade em 14 de fevereiro de 1630. A cidade foi colocada sob o governo de Maurício de Nassau, um humanista que trabalhava para a Companhia das Índias Ocidentais.

Em 1640, a União Ibérica chegou ao fim com o movimento de Restauração de Portugal, que permitiu que os lusos recuperassem sua autonomia política. Nesse acontecimento, d. João IV foi coroado rei de Portugal. A Restauração Portuguesa deixou delicada a situação dos holandeses no Nordeste, o que abriu espaço para o conflito entre holandeses e portugueses.

Exercícios sobre Insurreição Pernambucana

Questão 01

A Insurreição Pernambucana foi uma revolta luso-brasileira contra os colonizadores:

a) espanhóis

b) portugueses

c) holandeses

d) ingleses

e) franceses

Resposta: Letra C

A Insurreição Pernambucana foi uma revolta que fez com que os colonos brasileiros e portugueses se rebelassem contra o domínio holandês no Nordeste. Essa revolta se estendeu de 1645 a 1654, encerrando-se com a expulsão dos holandeses.

Questão 02

As duas grandes batalhas desse conflito foram travadas em:

a) Guararapes

b) Olinda

c) Recife

d) Monte Tabocas

e) Nenhuma das alternativas acima

Resposta: Letra A

As duas Batalhas de Guararapes foram travadas entre os anos de 1648 e 1649, ambas se encerrando com vitórias portuguesas. Essas batalhas causaram enorme dano às forças holandesas, resultando em muitas mortes e em inúmeras deserções. Após elas, a força holandesa se reduziu aos domínios de Recife.

Fontes

DOMINGUES, Joelza Ester. Insurreição Pernambucana: nove anos de lutas para expulsar os holandeses. Disponível em: https://ensinarhistoria.com.br/insurreicao-pernambucana-nove-anos-de-lutas-para-expulsar-os-holandeses/

NASCIMENTO, Rômulo Luiz Xavier de. Fim de jogo em Guararapes. In.:FIGUEIREDO, Luciano (org.). História do Brasil para ocupados: os mais importantes historiadores apresentam de um jeito original os episódios decisivos e os personagens fascinantes que fizeram o nosso país. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013. pp. 308-310.

SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Insurreição Pernambucana"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/insurreicao-pernambucana-1645-1654.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

Faça um paralelo entre as ações administrativas da Companhia das Índias Ocidentais durante e após a administração de Maurício de Nassau.

 

Exercício 2

Discorra sobre a situação econômica dos senhores de engenho após a saída de Maurício de Nassau e a sua relação com a deflagração da Insurreição Pernambucana.