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Carta de Pero Vaz de Caminha

A Carta de Pero Vaz de Caminha é um documento que foi escrito em 1500, na ocasião da chegada dos portugueses ao Brasil. Foi enviada para o rei de Portugal, d. Manuel I.

Carta de Pero Vaz de Caminha
A Carta de Pero Vaz de Caminha relata a chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500.
Crédito da Imagem: Wikimedia Commons
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A Carta de Pero Vaz de Caminha é um documento que foi escrito pelo escrivão da expedição de Pedro Álvares Cabral, o fidalgo português Pero Vaz de Caminha, em 1500, na ocasião da chegada dos portugueses ao Brasil. A Carta relata o que os portugueses viram nesse acontecimento.

A Carta de Pero Vaz de Caminha relata o achamento da nova terra, como foram os primeiros contatos com os indígenas, bem como descreve a terra, sua natureza e seu clima, os indígenas e suas características, além de abordar as possibilidades econômicas e religiosas que os portugueses teriam nela então. Foi enviada para o rei de Portugal, d. Manuel I.

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Tópicos deste artigo

Resumo sobre a Carta de Pero Vaz de Caminha

  • A Carta de Pero Vaz de Caminha é um documento que relata a chegada dos portugueses ao Brasil.

  • Esse documento é considerado a primeira fonte literária sobre a história do Brasil.

  • Foi escrita por Pero Vaz de Caminha, escrivão da viagem.

  • A Carta relata detalhes da chegada dos portugueses, os primeiros contatos feitos entre visitantes e nativos, e características da terra e dos indígenas.

  • Foi enviada por Gaspar Lemos ao rei de Portugal, d. Manuel I.

Videoaula sobre a Carta de Pero Vaz de Caminha

O que estava escrito na Carta de Pero Vaz de Caminha?

A Carta de Pero Vaz de Caminha é um documento em que foram registradas as informações a respeito da chegada dos portugueses ao Brasil. Esse documento foi escrito pelo fidalgo e escrivão da expedição, Pero Vaz de Caminha, e é considerado de enorme importância para a história do Brasil.

Esse é o primeiro documento escrito que se relaciona com a nossa história, e nele o escrivão relata detalhes da viagem dos portugueses, mas, principalmente, detalhes da terra, do encontro dos portugueses com os indígenas, dos próprios indígenas e das possibilidades religiosas dos portugueses no Brasil.

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Trechos da Carta de Pero Vaz de Caminha

Entre os trechos de destaque da Carta de Pero Vaz de Caminha, estão:

  • Sobre o momento que os portugueses avistaram sinais de terra

E assim seguimos o nosso caminho por este mar de longo — até que na terça-feira das Oitavas de Páscoa eram os vinte e um dias de abril — estando da dita ilha distantes de 660 a 670 léguas, conforme dados dos pilotos, topamos alguns sinais de terra: uma grande quantidade de ervas compridas, chamadas botelhos pelos mareantes, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno.

  • Sobre o momento que os portugueses avistaram o Monte Pascoal

No dia seguinte — quarta-feira pela manhã — topamos aves a que os mesmos chamam de furabuchos. Neste mesmo dia, à hora de vésperas, avistamos terra! Primeiramente um grande monte, muito alto e redondo; depois, outras serras mais baixas, da parte sul em relação ao monte e, mais, terra chã. Com grandes arvoredos. Ao monte alto o Capitão deu o nome de Monte Pascoal; e à terra, Terra de Vera Cruz.

  • Sobre o desembarque dos portugueses e o primeiro encontro com os indígenas

Então lançamos fora os batéis e esquifes. Logo vieram todos os capitães das naus à nau capitânia, onde falaram entre si. O Capitão-mor mandou que Nicolau Coelho desembarcasse em terra com um batel e fosse inspecionar aquele rio. E logo que ele começou a dirigir-se para lá, acudiram pela praia homens em grupos de dois, três, de maneira que, ao chegar ao batel à boca do rio, já ali estavam dezoito ou vinte homens. Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse as suas vergonhas. Traziam nas mãos arcos e setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles assim fizeram.

  • Uma descrição de Pero Vaz de Caminha sobre os indígenas

A feição deles é parda, algo avermelhada, de bons rostos e bons narizes. Em geral são bem-feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de cobrir ou mostrar suas vergonhas, e nisso são tão inocentes como quando mostram o rosto. Ambos os dois traziam o lábio de baixo furado e metido nele um osso branco e realmente osso, do comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do lábio, e a parte que fica entre o lábio e os dentes é feita à roque de xadrez, ali encaixado de maneira a não prejudicar o falar, o comer e o beber.

Os cabelos deles são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta, mais que verdadeiramente de leve, de boa grandeza e, todavia, raspado por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da covinha, de fonte a fonte, na parte por detrás, uma espécie de cabeleira feita de penas de ave, amarela, do comprimento de um coto, muito basta e cerrada, que lhe cobria a nuca e as orelhas. E andava pegada aos cabelos, pena por pena com uma confeição branda como cera — mas em verdade não o era de maneira que a cabeleira ficava mais redonda e muito basta, com um todo igual, e não era necessário mais lavagem para a levantar da cabeça.

  • Sobre a possibilidade de conversão dos indígenas

Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. E, portanto, se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles todo e qualquer cunho que lhes quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o fato de Ele nos haver até aqui trazido, creio que não o foi sem causa. E portanto Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar à santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E aprazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim!

Leia também: Quais são os povos indígenas brasileiros?

Composição da Carta de Pero Vaz de Caminha

A Carta de Pero Vaz de Caminha é um documento com 28 páginas, distribuídas em sete folhas (são quatro páginas por folha). O texto contém diversas informações a respeito do Brasil, sendo considerado um clássico da literatura portuguesa do período da expansão marítima.

O texto de Pero Vaz de Caminha pode ser dividido da seguinte maneira:

  • Apresentação: Pero Vaz de Caminha faz uma breve apresentação do seu trabalho, anunciando que fará o melhor possível para descrever ao rei o que viu.

  • Descrições: o autor faz descrições sobre os indígenas e sobre a terra e o clima do Brasil.

  • Possibilidades futuras: o escrivão também dedica alguns trechos do livro para falar sobre as possibilidades de Portugal em relação aos nativos e as oportunidades religiosas e econômicas dos portugueses no Brasil.

  • Encerramento: Pero Vaz de Caminha finaliza seu relato e saúda o rei de Portugal.

Para quem Pero Vaz de Caminha escreveu a Carta?

A Carta de Pero Vaz de Caminha foi enviada para d. Manuel I, rei de Portugal desde 1469. O documento foi enviado para Portugal no dia 2 de maio de 1500 e foi levado por Gaspar Lemos, que comandava a naveta de mantimentos da expedição de Pedro Álvares Cabral.

Qual a intenção da Carta de Pero Vaz de Caminha?

A Carta foi escrita por Pero Vaz de Caminha com o intuito de informar o rei de Portugal a respeito da chegada dos portugueses a uma terra desconhecida, o Brasil. Isso porque a notícia do achamento tinha que ser transmitida ao rei o mais rápido possível, uma vez que a expedição da qual participava ainda iria às Índias fazer comércio. Na Carta, são registrados detalhes da terra para que o rei fosse informado das possibilidades religiosas e econômicas dos portugueses ali.

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Importância da Carta de Pero Vaz de Caminha

A Carta de Pero Vaz de Caminha é apontada por muitos historiadores como o primeiro documento escrito da história do Brasil. Por ser uma fonte primária, a Carta nos traz as impressões que os portugueses tiveram da chegada ao Brasil, além de relatos importantes a respeito dos povos indígenas que habitavam a região quando da chegada dos portugueses.

O relato feito por Pero Vaz de Caminha permitiu aos historiadores terem mais conhecimento acerca dos povos indígenas, além de nos permitir saber como foram os primeiros contatos entre as duas partes. O documento também torna claro a mentalidade colonizadora dos europeus, interessados em explorar os indígenas, convertê-los e se apropriar dos recursos e da terra.

Quem foi Pero Vaz de Caminha?

Pero Vaz de Caminha foi um fidalgo português que ficou fortemente conhecido em nossa história como o escrivão da expedição liderada por Pedro Álvares Cabral. Por conta desse ofício, ele relatou o que viu no momento da chegada dos portugueses ao Brasil. O conhecimento sobre sua vida, no entanto, é limitado.

Ele nasceu na cidade do Porto, em 1450, e tinha origem em uma família nobre. Teve boa educação e se formou como um homem erudito, tendo acesso a funções importantes ao longo de sua vida. Foi mestre de balança na Casa da Moeda e foi vereador do Porto. Foi convidado a integrar a expedição de Cabral e nela escreveu a famosa Carta ao rei d. Manuel I.

A Carta de Pero Vaz de Caminha foi arquivada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, lá permanecendo esquecida até o século XVIII. Em 1772 foi encontrada por José Seabra da Silva e publicada por Manuel Aires do Casal em 1817. Pero Vaz de Caminha faleceu meses depois de estar no Brasil, morrendo em conflito na Índia, em 15 de dezembro de 1500.

Exercícios sobre a Carta de Pero Vaz de Caminha

Questão 01

Essa Carta de Pero Vaz de Caminha foi enviada para quem:

a) papa Alexandre II.

b) rei de Portugal, d. Manuel I.

c) seu pai, Vasco Fernandes de Caminha.

d) sua esposa, Isabel Afonso.

e) para os reis da Espanha, Isabel e Fernando.

Resposta: Letra B

A Carta escrita por Pero Vaz de Caminha foi enviada para d. Manuel I, rei de Portugal.

Questão 02

Qual era o principal objetivo de Pero Vaz de Caminha ao escrever sua Carta em 1500:

a) informar o rei sobre o achamento da nova terra.

b) solicitar apoio para que a expedição pudesse alcançar a Índia.

c) pedir recursos para o estabelecimento português na Bahia.

d) solicitar o início de uma cruzada no Brasil.

e) pedir o cargo de governador-geral do Brasil.

Resposta: Letra A

A Carta de Pero Vaz de Caminha cumpriu o propósito de informar o rei d. Manuel I a respeito do achamento da nova terra, de sua condição, da condição dos habitantes dessa terra e das possibilidades diversas de Portugal ali.

Fontes

CASTRO, Sílvio: A Carta de Pero Vaz de Caminha. O Descobrimento do Brasil. Porto Alegre: L&PM, 2013.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013.

SCHWARCZ, Lilian. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. 

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Carta de Pero Vaz de Caminha"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/carta-de-pero-vaz-de-caminha.htm. Acesso em 18 de março de 2025.

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