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História da África

A história da África é antiga, e o continente é considerado o berço da humanidade, palco das primeiras formas de organização social e inovações tecnológicas.

Mapa do continente africano com a atual configuração do continente, parte importante da história da África.
A África é considerada o berço da humanidade.
Crédito da Imagem: Shutterstock.com
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A história da África é marcada, principalmente, pelo fato de que o continente é considerado o berço da humanidade, palco das primeiras formas de organização social e inovações tecnológicas, sendo também a origem de diversas civilizações complexas que contribuíram para a riqueza cultural do continente.

A colonização europeia, iniciada no século XV, desestruturou as sociedades africanas, impondo fronteiras arbitrárias, na Partilha da África, e fomentando tensões que se perpetuam. O tráfico de escravizados devastou o continente ao capturar milhões de pessoas, enquanto o imperialismo intensificou a exploração econômica e a imposição cultural, perpetuando desigualdades.

Conflitos internos e externos, alimentados por divisões coloniais e disputas por recursos, ainda afetam várias regiões. No entanto, a cultura africana se destaca por sua diversidade e expressividade, influenciando inclusive a formação cultural e social do Brasil, para onde foram trazidos milhões de africanos escravizados. Atualmente, o continente enfrenta desafios mas também apresenta oportunidades de crescimento econômico e inovação, desempenhando um papel cada vez mais relevante no cenário global.

Leia também: Qual é a história da América?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre a história da África

  • A história da África é antiga, com o continente sendo considerado o berço da humanidade, palco das primeiras formas de organização social e inovações tecnológicas.
  • Alguns destaques são o desenvolvimento da agricultura, a domesticação de animais, e o surgimento de civilizações neolíticas complexas.
  • Os povos africanos descendem dos primeiros hominídeos, originados na África Oriental.
  • A colonização europeia da África, iniciada no século XV, desestruturou sociedades locais, impondo sistemas de trabalho forçado e exploração econômica, fragmentando comunidades e criando fronteiras artificiais que fomentam tensões e conflitos até os dias atuais.
  • A Partilha da África dividiu o continente entre as potências europeias, desconsiderando fronteiras étnicas e culturais, gerando divisões internas e deixando um legado de instabilidade política e conflitos.
  • O tráfico de escravizados devastou sociedades africanas ao capturar milhões de pessoas para o trabalho forçado nas Américas, fomentando conflitos internos e deixando marcas profundas na demografia e na história cultural do continente.
  • O imperialismo europeu na África desestabilizou sociedades locais e perpetuou desigualdades, afetando profundamente o desenvolvimento social, político e econômico do continente.
  • A história da África é repleta de conflitos, exacerbados por divisões coloniais e disputas por recursos, resultando em guerras civis e genocídios que continuam a impactar a paz e a segurança de várias regiões.
  • A cultura africana abrange uma ampla gama de expressões artísticas, religiosas e linguísticas, refletindo a complexidade e a história de interação entre diferentes povos e tradições no continente.
  • A história do Brasil está profundamente ligada à da África, especialmente devido ao tráfico transatlântico de escravizados, que trouxe milhões de africanos, cujas culturas e religiões contribuíram significativamente para a formação da identidade e sociedade brasileira.
  • Atualmente, a África enfrenta desafios como desigualdade e conflitos mas também apresenta oportunidades de crescimento econômico e inovação, destacando-se como um continente dinâmico e diversificado, com um papel crescente no cenário global.

África na Pré-História

Mapa das civilizações africanas antes da colonização europeia, parte importante da história da África.
Mapa das civilizações africanas antes da colonização europeia.[1]

A África é considerada o berço da humanidade e tem uma longa trajetória na história evolutiva do planeta. A formação geológica do continente remonta a cerca de 3,6 bilhões de anos, quando as primeiras formas de vida começaram a se desenvolver na região.

Durante o período Paleolítico, que se estendeu de cerca de 2,4 milhões a 12 mil anos atrás, a África foi o principal palco das primeiras formas de organização social e das tecnologias humanas primitivas. O continente abriga vestígios dos primeiros hominídeos, como o Australopithecus afarensis, popularmente conhecido como Lucy, que viveu há aproximadamente três milhões de anos.

No decorrer do Neolítico, por volta de 12 mil a cinco mil anos atrás, a África continuou a ser um espaço de inovação. Comunidades neolíticas desenvolveram a agricultura e a domesticação de animais, permitindo a transição de sociedades nômades para sedentárias. A metalurgia do cobre, praticada na região da Tunísia, por exemplo, evidenciou o avanço técnico dessas populações.

Entre os sete mil e dois mil anos antes de Cristo, o processo de desertificação do Saara também transformou significativamente a paisagem e a organização das populações que viviam na região, obrigando muitos grupos a migrarem em busca de áreas mais favoráveis à subsistência, como as margens do Nilo e a região do Sahel.

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Origem do povo africano

A origem dos povos africanos é marcada pela diversidade étnica e cultural. Acredita-se que os primeiros hominídeos, antecessores diretos do Homo sapiens, surgiram na África Oriental. As descobertas arqueológicas, como as pegadas fossilizadas de Laetoli, na Tanzânia, e os restos de Lucy, na Etiópia, reforçam a ideia de que a África foi o palco inicial da evolução humana. Com o passar dos milênios, esses grupos humanos espalharam-se pelo continente e deram origem a diferentes culturas e civilizações.

A diversidade cultural dos povos africanos é evidente na variedade de línguas, religiões e formas de organização social. Na África Subsaariana, por exemplo, surgiram complexas sociedades, como o Reino de Gana e o Império Mali, que floresceram em meio ao comércio de ouro e sal. Ao norte, civilizações como o Egito Antigo e Cartago desenvolveram estruturas políticas avançadas e realizaram trocas culturais significativas com o Mediterrâneo e o Oriente Médio. A história dos povos africanos é, portanto, marcada por uma riqueza cultural e histórica que desafia visões estereotipadas e simplistas sobre o continente.

Veja também: Quem foram os primeiros povos africanos?

Colonização da África

A colonização da África, iniciada pelos europeus no século XV, transformou profundamente as sociedades africanas. Exploradores portugueses foram os primeiros a estabelecerem feitorias na costa ocidental do continente, com o objetivo de obter ouro, marfim e outros produtos valiosos. Ao longo dos séculos seguintes, outras potências europeias, como Espanha, França, Inglaterra, Holanda e Bélgica, também se interessaram pelas riquezas africanas e iniciaram um processo de dominação que culminou na subjugação política e econômica de grande parte do continente.

A colonização trouxe impactos devastadores para as sociedades africanas. As estruturas políticas locais foram desmanteladas, a economia foi reorientada para atender aos interesses europeus e as populações locais foram submetidas a sistemas de trabalho forçado e exploração. A imposição de fronteiras arbitrárias pelos colonizadores também fragmentou comunidades e criou divisões que perduram até os dias atuais, contribuindo para conflitos e instabilidade em várias regiões.

Partilha da África

Formalizada na Conferência de Berlim, de 1884-1885, a Partilha da África foi um marco na história do colonialismo europeu no continente. Representantes das principais potências europeias reuniram-se para dividir o território africano entre si, sem considerar as fronteiras étnicas, culturais e sociais das populações locais. Esse processo teve como principal objetivo evitar conflitos entre as potências coloniais e garantir o controle sobre as áreas de interesse econômico e estratégico.

Como resultado, quase todo o continente foi dividido entre as potências europeias. A França estabeleceu colônias no norte e no oeste da África, enquanto o Reino Unido dominou áreas no sul, leste e oeste. A Bélgica ficou com o controle do Congo, enquanto a Alemanha, Itália e Portugal também adquiriram territórios significativos.

A Partilha da África deixou um legado de fronteiras artificiais e tensões étnicas e políticas que continuam a influenciar a política e os conflitos na África moderna. Para saber mais detalhes sobre a Partilha da África, clique aqui.

Tráfico de escravos na África

Representação do transporte de escravos em um navio negreiro, parte importante da história da África.
Representação da forma indigna como os escravizados eram acomodados em um navio negreiro no contexto do tráfico de escravos na África.

O tráfico de escravizados foi uma das práticas mais cruéis e desumanas associadas ao colonialismo na África. Entre os séculos XVI e XIX, milhões de africanos foram capturados e vendidos como escravos para trabalhar nas plantações e minas das colônias europeias nas Américas. A captura e o comércio de escravizados foram facilitados pela cooperação de algumas elites locais africanas, que participavam na captura e venda de prisioneiros de guerra e outros desafortunados para os traficantes europeus.

O impacto do tráfico de escravizados foi devastador para as sociedades africanas. A perda de uma parte significativa da população em idade produtiva desestruturou muitas comunidades, interrompendo processos de desenvolvimento social e econômico. Além disso, o tráfico fomentou conflitos entre grupos étnicos, já que algumas comunidades se envolviam no comércio de pessoas para evitar serem capturadas.

As consequências desse período ainda são visíveis, tanto na diáspora africana quanto nas memórias e realidades socioculturais das nações africanas contemporâneas. Saiba mais sobre o assunto clicando aqui.

Imperialismo na África

O imperialismo europeu na África, que se intensificou no final do século XIX, teve como base a exploração econômica e o controle político dos territórios coloniais. As potências europeias impuseram uma série de políticas destinadas a extraírem o máximo de recursos naturais, como minerais, borracha, café e cacau, para abastecer suas indústrias. As populações locais eram frequentemente forçadas a trabalhar em condições degradantes e a pagar tributos exorbitantes.

Além da exploração econômica, o imperialismo também teve um impacto cultural significativo. As potências coloniais buscaram impor seus valores e sistemas de ensino, religião e administração sobre as populações locais. Em muitos casos, isso levou à marginalização das culturas africanas tradicionais e à perda de línguas e costumes ancestrais. O imperialismo deixou um legado de desigualdade e subdesenvolvimento que ainda afeta grande parte do continente africano. Para saber mais sobre o assunto, clique aqui.

Conflitos na história da África

A história da África é marcada por numerosos conflitos, tanto internos quanto externos. Durante o período colonial, as tensões entre diferentes grupos étnicos e tribos foram exacerbadas pelas políticas de divisão e conquista adotadas pelas potências europeias. Essas divisões continuaram a influenciar a política africana após a independência, resultando em guerras civis e genocídios em países como Ruanda, Sudão e Somália.

Os conflitos pós-coloniais na África foram alimentados por uma combinação de fatores, incluindo disputas por recursos naturais, rivalidades étnicas e religiosas e a intervenção de potências estrangeiras. A Guerra Civil de Angola e o conflito na região do Congo são exemplos de como esses fatores podem levar a décadas de violência e instabilidade. Apesar dos esforços de mediação internacional e da criação de organizações regionais para a resolução de conflitos, muitas regiões da África ainda enfrentam desafios significativos em termos de paz e segurança.

Cultura africana

Tradicional dança nigeriana, parte importante da cultura e da história da África.
O continente africano é marcado por uma cultura diversa e rica.[2]

A cultura africana é extremamente diversa e rica, refletindo a grande variedade de povos e tradições do continente. A música, a dança, a literatura e as artes visuais africanas são conhecidas mundialmente por sua expressividade e complexidade.

A oralidade desempenha um papel central na transmissão do conhecimento e das tradições, sendo que histórias, mitos e provérbios são passados de geração a geração por meio dos griot, os tradicionais contadores de histórias em muitas culturas africanas.

A religião também é um aspecto importante da cultura africana. O continente abriga uma grande diversidade de práticas religiosas, incluindo tradições animistas, o cristianismo e o islamismo. Essas religiões coexistem e, em muitos casos, se misturam, formando sistemas de crenças únicos que refletem as histórias complexas de contato e intercâmbio cultural na África. Conheça mais detalhes da cultura africana clicando aqui.

História da África e a história do Brasil

A história da África e a história do Brasil estão profundamente interligadas, principalmente por conta do tráfico transatlântico de escravizados, que trouxe milhões de africanos para o Brasil entre os séculos XVI e XIX. Os africanos e seus descendentes desempenharam um papel fundamental na formação da sociedade brasileira, contribuindo para a cultura, a economia e a demografia do país.

Elementos culturais de origem africana, como a música, a dança, a culinária e as religiões de matriz africana, são parte integral da identidade brasileira. O candomblé e a umbanda, por exemplo, são religiões afro-brasileiras que incorporam elementos das tradições religiosas africanas trazidas pelos escravizados. A luta dos afrodescendentes por igualdade e reconhecimento no Brasil também é um reflexo das continuidades e rupturas históricas entre os dois lados do Atlântico. Para saber mais detalhes sobre a história do Brasil, clique aqui.

África na atualidade

Na atualidade, a África enfrenta uma série de desafios mas também apresenta oportunidades significativas de desenvolvimento. O continente é marcado por desigualdades socioeconômicas, conflitos políticos e problemas de governança, mas, ao mesmo tempo, tem mostrado um crescimento econômico consistente em várias regiões. Países como Nigéria, África do Sul e Quênia têm se destacado como importantes centros econômicos e tecnológicos no continente.

A integração regional, por meio da União Africana e outras organizações, tem buscado promover a cooperação entre os países africanos e solucionar conflitos. Além disso, o continente tem um papel cada vez mais relevante no cenário global, com recursos naturais estratégicos e uma população jovem que representa um potencial significativo para o futuro.

Os desafios relacionados à saúde, educação e infraestrutura ainda são grandes, mas a África está se afirmando como um continente de possibilidades, onde a riqueza cultural e histórica se combina com um crescente dinamismo econômico e social.

Exercícios resolvidos sobre a história da África

Questão 1

Durante o período colonial, a África foi palco de intensos processos de exploração que impactaram profundamente suas sociedades e economias. A Partilha da África, formalizada na Conferência de Berlim (1884-1885), foi o ponto culminante da disputa europeia pelo controle do continente, resultando na imposição de fronteiras artificiais que não respeitaram as divisões étnicas e culturais locais. Considerando os impactos do colonialismo europeu na África, qual das alternativas abaixo expressa corretamente uma consequência de longo prazo das fronteiras estabelecidas durante a Partilha da África?

A) O surgimento de uma identidade nacional africana homogênea em todos os países do continente.

B) A preservação dos sistemas políticos e econômicos tradicionais das sociedades africanas.

C) A manutenção de fronteiras que correspondem exatamente às divisões culturais e étnicas locais.

D) A criação de Estados-nação que, muitas vezes, não respeitaram as realidades étnicas e culturais, levando a conflitos e instabilidade política.

E) A unificação política de todo o continente africano sob um único sistema de governo democrático.

Resolução:

Alternativa D

A Partilha da África impôs fronteiras arbitrárias que dividiram grupos étnicos e uniram povos com culturas e tradições diferentes, o que gerou tensões internas e conflitos que persistem até hoje. Isso contribuiu para instabilidades políticas e guerras civis, dificultando a construção de nações coesas e pacíficas.

Questão 2

O tráfico transatlântico de escravizados, praticado pelos europeus entre os séculos XVI e XIX, foi um dos eventos mais traumáticos da história da África e das Américas. Qual das alternativas a seguir descreve corretamente uma das principais consequências dessa atividade econômica?

A) A redução do poder das potências europeias no controle do comércio marítimo africano.

B) A integração harmoniosa de todas as sociedades africanas em um sistema econômico comum.

C) A diminuição dos conflitos internos e a pacificação das relações entre diferentes grupos étnicos.

D) A fragmentação e desestruturação de sociedades africanas, com perda populacional e aumento de conflitos internos.

E) A unificação política das nações africanas para combater a exploração colonial.

Resolução:

Alternativa D

O tráfico de escravizados desestruturou diversas sociedades africanas, resultando na perda significativa de sua população jovem e ativa e no aumento de conflitos internos, muitas vezes incentivados pelos próprios europeus para facilitar a captura e venda de escravizados. Esses efeitos ainda repercutem na organização social e política de muitas nações africanas.

Créditos de imagem

[1] Jeff Israel / Bianca Negreiros / Wikimedia Commons (reprodução)

[2] Gogeafrica / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

ASANTE, Molefi Kete. A história da África: A busca pela harmonia eterna. Tradução de Caesar Souza. 1. ed. Série África e os Africanos. São Paulo: Melhoramentos, 2023. 912 p.

MACEDO, José Rivair. História da África. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2014.

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Soares Campos Bacharel, licenciado e doutorando em História pela USP. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito pela PUC. É professor de História e autor de materiais didáticos há mais de 15 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "História da África"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historia/historia-da-africa.htm. Acesso em 30 de dezembro de 2024.

De estudante para estudante


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