Notificações
Você não tem notificações no momento.
Novo canal do Brasil Escola no
WhatsApp!
Siga agora!
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

Aquedutos romanos

Os aquedutos romanos eram sistemas edificados na Roma Antiga para transportar água potável de distantes regiões para as principais cidades do império.

Aqueduto romano na cidade de Segóvia, Espanha.
Aqueduto romano na cidade de Segóvia, Espanha.
Crédito da Imagem: Shutterstock.com
Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

Os aquedutos romanos eram construções que mesclavam diversas estruturas, como canais abertos, túneis, pontes, sifões invertidos e tanques de armazenamento, e percorriam dezenas de quilômetros com a função de levar água potável para as principais cidades do império, garantindo água para os banhos públicos, banheiros públicos e para a Cloaca Máxima, o sistema de esgoto de Roma. Os aquedutos foram uma das principais edificações da Roma Antiga, sendo considerados verdadeiros feitos da engenharia, pela sua eficácia e durabilidade.

A maior parte da água consumida pelos cidadãos romanos era proveniente de poços e cisternas, muitas destas eram abastecidas por aquedutos. Alguns aquedutos possuíam dezenas de quilômetros e demoraram anos para ficar prontos. Somente a cidade de Roma tinha, no século III, 11 aquedutos em funcionamento.

Os aquedutos romanos foram construídos por aproximadamente meio milênio, sendo o primeiro deles edificado em 312 a.C. e o último, em 226 d.C. Com a crise do império muitos aquedutos foram abandonados e, por causa da erosão, terremotos e pela retirada das pedras para uso em outras construções, foram na maior parte destruídos. Alguns continuaram em uso por parte da Idade Média e Idade Moderna. Atualmente existem ruínas de aquedutos romanos em diversos países, como Itália, Espanha, Tunísia e França.

Leia também: Império Romano — origem, características, dinastias, imperadores, crise e fim

Tópicos deste artigo

Resumo sobre aquedutos romanos

  • Os aquedutos romanos levavam água limpa das montanhas para os principais centros urbanos do império.
  • Um aqueduto era construído com a mescla de diversas técnicas, como a construção de pontes, canais e túneis.
  • O primeiro aqueduto da cidade de Roma foi o Aqua Appia, inaugurado em 312 a.C., construídopor ordem de Ápio Cláudio Cego, o mesmo que deu nome à Via Ápia.
  • O aqueduto era um símbolo de Roma, assim como os banhos públicos, arenas e sistemas de esgoto.
  • Ao conquistar novas regiões os romanos levavam para elas suas instituições e construções, como os aquedutos.
  • O Aqua Marcia foi o maior aqueduto construído pelos romanos, ele possuía 91 quilômetros.

O que são os aquedutos romanos?

Os aquedutos eram construções realizadas pelos antigos romanos responsáveis por levar água potável de regiões distantes até as principais cidades romanas. Um aqueduto podia percorrer centenas de quilômetros, mesclando diversas estruturas, como canais abertos, túneis, pontes, sifões invertidos e tanques de armazenamento. Povos anteriores aos romanos, como gregos e persas, edificaram aquedutos, mas os romanos levaram essas obras a outro nível, construindo centenas de quilômetros de aquedutos por todo o império, passando pelas mais variadas paisagens e relevos.

A água de um aqueduto era captada nas regiões mais altas, como em lagos ou nascentes, e se movia no aqueduto pela força da gravidade. Dessa forma, a inclinação do aqueduto deveria se manter constante, geralmente próximo de 0,5º. Uma inclinação maior faria com que a água se deslocasse muito rápido, fazendo com que parte dela se perdesse no sistema. Já uma inclinação menor faria com que parte da água estagnasse, aumentando as chances de contaminação.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Nos vales, geralmente, os aquedutos passavam sobre pontes, construídas com arcos, feitos de diferentes rochas, tijolos e o famoso cimento criado pelos romanos. Nos trechos urbanos também os aquedutos eram elevados. A altura garantia que a força da gravidade levasse água para todas as regiões e que sua pressão fizesse com que a água jorrasse nos esguichos das diversas fontes da cidade.

Em regiões de montanha os romanos construíam túneis para garantir o escoamento da água. Eles eram abertos por escravos que usavam picaretas para quebrar as rochas. O túnel era escavado geralmente nos dois sentidos, reduzindo o tempo de construção pela metade. Algumas vezes túneis verticais foram escavados na montanha, dando acesso a diversos pontos de escavação, diminuindo ainda mais o tempo. Esses túneis verticais também eram utilizados para a limpeza dos aquedutos.

Fontana di Trevi
A Fontana di Trevi, em Roma, é abastecida por um trecho do Aqua Virgo, antigo aqueduto romano.

Os romanos levavam aos povos conquistados sua cultura, suas instituições, língua, culinária e edificações de uso público, como fóruns, banhos, cloacas e os aquedutos. Muitos aquedutos romanos continuam de pé ainda hoje, como o de Segóvia, que abre este artigo. Alguns deles ainda estão em uso, como um trecho do antigo Aqua Virgo que atualmente abastece a famosa Fontana di Trevi, em Roma.

Veja também: Pirâmide de Quéops — como e para que foi construída a maior pirâmide do Egito Antigo

Qual a função dos aquedutos romanos?

A principal função dos aquedutos romanos era o de transportar água para as cidades. Parte da água levada pelos aquedutos abastecia cisternas que garantiam água potável para todos os habitantes da cidade. As casas de muitos patrícios eram abastecidas com água dos aquedutos e cisternas, mas a maior parte da população da cidade coletava água nos chafarizes públicos.

Chafariz público abastecido pelo Aqua Marcia, o maior dos aquedutos romanos.
Chafariz público abastecido pelo Aqua Marcia, o maior dos aquedutos romanos.

Parte da água dos aquedutos era destinada aos banhos públicos, uma importante instituição social e política da Antiga Roma. Na capital do império existiam centenas de banhos. Os banhos eram uma espécie de “spa” contemporâneo, onde os usuários tinham à disposição diversas piscinas, com diferentes temperaturas de água. Também existiam bibliotecas e lojas nos edifícios anexos aos banhos.

Parte dos aquedutos também era utilizada para irrigar plantações nas áreas rurais, abastecendo canais que levavam água até as fazendas. A água dos aquedutos podia ser desviada para alagar arenas onde eram realizadas as naumaquias, batalhas entre embarcações.

A construção de aquedutos também era um ato político, dando prestígio às autoridades responsáveis pela execução das obras. Nas áreas conquistadas os aquedutos demarcavam a paisagem, mostrando a presença romana à distância e garantido que o modo de vida romano fosse levado aos dominados.

Como funcionavam os aquedutos romanos

O aqueduto captava água principalmente das regiões montanhosas, em lagos e nascentes que eram represadas. Comportas eram construídas para tornar possível controlar a quantidade de água que entraria no sistema. O aqueduto era uma espécie de rio artificial que levava água até as cidades, tendo que contornar as diferentes formas do relevo e mantendo a mesma inclinação durante todo o percurso para que a água escoasse de forma uniforme pelo sistema.

Geralmente nos vales os aquedutos passavam sobre pontes ou então túneis em forma de sifão invertido, estes últimos eram construídos para que a água subisse pelas encostas dos morros. Em regiões montanhosas os romanos construíam túneis, mantendo a inclinação do aqueduto.

Túnel de Bullica, parte do aqueduto romano Água Márcia.
Túnel de Bullica, parte do aqueduto Aqua Marcia. A maior parte dos aquedutos era subterrânea.[1]

De tempos em tempos o aqueduto era fechado ou sua água desviada para a realização de limpeza. Com o tempo, areia e outros detritos, como galhos e folhas, acumulavam-se nos dutos e precisavam ser retirados. O serviço era realizado por escravos do Estado romano.

Como os aquedutos romanos eram construídos

A maior parte dos aquedutos foi financiada pelo Estado romano, com raras exceções de aquedutos financiados por patrícios e autoridades políticas. Augusto, Calígula e Trajano foram alguns dos imperadores que ordenaram a construção de aquedutos em Roma. A construção demorava muitos anos e necessitava de milhares de trabalhadores. Geralmente diversos trechos do aqueduto eram construídos ao mesmo tempo, diminuindo seu tempo de construção.

Um “curator aquarium”, uma espécie de engenheiro chefe, era nomeado pelo imperador ou pelo Senado para comandar a obra e garantir que ela seguisse o projeto. Para a construção os romanos utilizavam diversas ferramentas e máquinas, como a groma, chorobates, rampas e guindastes.

Para a construção de pontes eram feitas armações de madeira, e sobre elas eram assentadas as pedras, ou tijolos, e o cimento que os ligava. Após a cura do cimento a estrutura de madeira era retirada e utilizada na construção de outro arco.

Saiba mais: Quais são as 7 maravilhas do mundo antigo?

Lista dos aquedutos romanos

A seguir, uma lista com os aquedutos da cidade de Roma.

Nome do aqueduto

Comprimento (Km)

Aqua Ápia

16,5

Aqua Anio Vetus

64

Aqua Marcia

91

Aqua Tepula

18

Aqua Júlia

22

Aqua Virgo

21

Aqua Alsietina

33

Aqua Anio Novus

87

Aqua Claudia

69

Aqua Traiana

33

Aqua Alexandrina

22

Qual é o maior aqueduto romano?

O Aqua Marcia, em português o Água Márcia, foi o maior aqueduto construído na Roma Antiga, com 91 quilômetros de comprimento. Ele começou a ser construído em 144 a.C. e foi inaugurado em 140 a.C. As obras foram iniciadas a mando do pretor Quinto Márcio Rex, ancestral de Júlio César.

As águas do rio Aniene eram captadas na região da sua nascente e represadas para abastecer o Aqua Marcia. Parte da água do Aqua Marcia abastecia as cisternas, chafarizes e fontes da capital.

Durante o governo de Augusto, o primeiro imperador romano, o Água Márcia foi reformado e passou a captar água em outras fontes nas nascentes do Aniene, dobrando a vazão de água do aqueduto. Em mais de 80 quilômetros do seu trajeto o Água Márcia era composto por um grande duto subterrâneo. Nas proximidades de Roma ele era suspenso em grandes arcos, garantindo pressão o suficiente.

Créditos da imagem

[1] Wikimedia Commons

Fontes

BEARD, M. SPQR: uma história da Roma antiga. Crítica Editora, Campinas, 2017.

GRIMAL, P. O império romano. Edições 70, Coimbra, Portugal, 1993.

Escritor do artigo
Escrito por: Jair Messias Ferreira Junior Pós-graduado em História pela Unicamp e professor da Educação Básica há mais de 20 anos. Também é formador de professores e produtor de materiais didáticos há mais de 10 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

JUNIOR, Jair Messias Ferreira. "Aquedutos romanos"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/guerras/aquedutos-romanos.htm. Acesso em 02 de novembro de 2024.

De estudante para estudante