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Afinal, para que serve o iodo? O iodo (I) é um elemento químico que pertence ao grupo dos halogênios na Tabela Periódica. É bastante usado como contraste para exames radiológicos, além de ser um reconhecido desinfetante e antisséptico (tintura de iodo), podendo também ser empregado no tratamento de câncer na tireoide.
O iodo é um micronutriente essencial para os seres humanos, sendo que ele se aloja, majoritariamente, na nossa glândura tireoide. O iodo pode ser obtido a partir de frutos do mar, mas também de vegetais que foram colhidos em solos ricos em iodo. Outra fonte importante de iodo é por meio do sal de cozinha iodado. O iodo é muito importante durante o processo de gestação, pois sua deficiência pode acarretar danos severos e irreversíveis não só para o feto, mas também para a gestante.
Leia também: Iodo — detalhes e características desse importante elemento químico
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre o iodo
- 2 - O que é iodo?
- 3 - Para que o iodo é utilizado?
- 4 - Efeitos do iodo na pele
- 5 - Efeitos do iodo no organismo
- 6 - Importância do iodo durante a gravidez
- 7 - Deficiência do iodo
- 8 - Sintomas de excesso de iodo
- 9 - Alimentos ricos em iodo
Resumo sobre o iodo
- O iodo (I) é um elemento químico que pertence aos halogênios da Tabela Periódica, com número atômico igual a 53. Em sua forma pura, apresenta-se como o sólido I2.
- O iodo pode ser usado como contraste para exames radiológicos, como desinfetante e antisséptico, a famosa tintura de iodo, além de tratamento para câncer na tireoide.
- O iodo é muito utilizado como um desinfetante, bactericida, antifúngico e antisséptico no tratamento de doenças infecciosas da pele, bem como feridas crônicas e queimaduras.
- O iodo é um micronutriente essencial para os seres humanos, estando boa parte dele presente na glândula tireoide.
- Os níveis de iodo devem ser bem ajustados durante a gravidez, pois sua deficiência pode acarretar prejuízos severos para o feto, bem como para a saúde da gestante.
- O iodo pode ser ingerido em frutos do mar, além de vegetais colhidos em solos ricos em iodo. Também é importante a ingestão de sal iodado para manter a ingestão diária adequada de iodo.
O que é iodo?
O iodo é um elemento químico de símbolo I que pertence ao grupo dos halogênios (grupo 17) da Tabela Periódica. Possui número atômico igual a 53 e é também um ametal. Em sua forma pura, apresenta-se como um sólido, de brilho metálico, de fórmula I2.
Embora não seja tão reativo quanto os demais halogênios do grupo, pode formar uma gama de compostos inorgânicos e orgânicos bem difundidos e conhecidos.
Para que o iodo é utilizado?
Um dos usos mais comuns e difundidos de iodo é na forma de contraste para exames radiológicos, pois compostos aromáticos de iodo são radio-opacos, ou seja, não permitem a penetração dos raios X, auxiliando na obtenção de diagnósticos que envolvem diversos órgãos, como o coração, rins, sistema nervoso central, entre outros.
Um desinfetante e antisséptico famoso é a tintura de iodo, uma solução de 2 a 7% de iodo junto com sais de iodeto (que formam o íon I3−), os quais são mais solúveis que o iodo elementar (I2) nessa solução de água e etanol. A tintura de iodo pode ser empregada, por exemplo, no tratamento de feridas na pele, assim como para higienização.
Ainda na Medicina, o radioisótopo iodo-131, 131I, é usado para tratamento de câncer na tireoide. No caso, o paciente ingere uma cápsula ou um líquido contendo um sal com iodo modificado e, posteriormente, as células cancerígenas presentes na tireoide se ligam ao iodo. A radiação então destrói as células cancerígenas e, como boa parte do iodo contido em seres humanos se acumula na tireoide (cerca de 90%), o efeito da radiação sobre o resto do nosso corpo é bem menor, sendo um tratamento direcionado. Outro ponto importante é que o iodo-131 tem um tempo de meia-vida muito curto (cerca de 8 dias), sendo suficientemente grande para administração no paciente, mas suficientemente curto para expor o paciente aos riscos associados à radiação. Por fim, ao decair (o iodo-131 é um emissor beta), forma um isótopo de xenônio, o qual é inofensivo para nossa saúde.
O bócio, uma doença associada ao aumento da glândula tireóide, pode ser prevenida por meio da ingestão de iodo. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a adição de iodo ao sal de cozinha, visto que esse é um dos temperos mais consumidos em todo o mundo.
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Efeitos do iodo na pele
O iodo (como no caso da iodopovidona) vem sendo utilizado como um importante desinfetante, bactericida, antifúngico e antisséptico. Sua utilização para esse fim já supera os 100 anos, sendo amplamente conhecido e difundido. Já foi utilizado para o tratamento de sífilis e lúpus vulgar, mas, atualmente, é mais empregado no tratamento de doenças infecciosas, como a esporotricose e micoses subcutêneas, além do tratamento de feridas, particularmente feridas crônicas e queimaduras.
Embora alguns autores ainda defendam que estudos clínicos mais completos sejam necessários para precisar a eficiência do iodo, o seu uso ainda é defensável para o tratamento de feridas, até porque as evidências não apontam para um atraso no processo de cicatrização. Os efeitos do iodo são os mais bem documentados entre os antissépticos disponíveis.
Além disso, deve-se entender que há uma crescente preocupação acerca da resistência microbiana contra os antibióticos e, assim sendo, o iodo acaba sendo favorecido nesse aspecto, afinal, mesmo após mais de 100 anos de usos em seres humanos, não há evidências de que as bactérias conseguiram uma forma de desenvolver resistência ao iodo.
Efeitos do iodo no organismo
O iodo é um micronutriente essencial para os seres vivos. O corpo humano, por exemplo, contém de 10 a 20 mg de iodo, e mais de 90% se encontra na glândula tireoide. Dessa forma, acaba sendo utilizado para a síntese de dois hormônios, a tri-iodotironina (T3) e a tetra-iodotiroxina (T4), esta também muito conhecida como tiroxina.
Tais hormônios são importantes para as atividades cardíacas, impactando diretamente no metabolismo das células e, além disso, incentivando e intensificando atividades cerebrais, como, por exemplo, o estado de alerta e a responsividade. Também atuam no sistema reprodutor humano, favorecendo o ciclo menstrual, no caso das mulheres, e a produção de espermatozoides, no caso dos homens. Além disso, os hormônios T3 e T4 são essenciais para o crescimento e desenvolvimento de diversos órgãos e tecidos animais vertebrados.
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Importância do iodo durante a gravidez
Durante a gravidez a necessidade de iodo é aumentada pelos seguintes motivos:
- Um aumento da produção de tiroxina maternal (o aumento de produção de T4 chega a 50%) para manter os níveis de hormônios tireoidanos no sangue materno em normalidade (eutiroidismo) e para transferir hormônios da tireoide para o feto no começo do primeiro trimestre. A tireoide fetal só se torna funcional em torno da 20ª semana.
- Transferência de iodo para o feto, principalmente no fim da gravidez.
- Aumento da eliminação de iodo pelo sistema renal.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mulheres grávidas devem ingerir, diariamente, pelo menos 250 μg de iodo, o mesmo para lactantes.
Níveis adequados de hormônio tireoidiano são importantíssimos para o desenvolvimento neurofuncional e cognitivo do feto. O hormônio tireoidiano é necessário para a migração neural normal e na mielinização do cérebro durante a fase fetal e pós-natal. Baixos níveis desses hormônios durante essas fases podem acarretar danos cerebrais irreversíveis, como retardo mental e anormalidades neurológicas.
Além disso, o hipotireoidismo pode ainda ocasionar uma série de problemas, como abortos espontâneos no primeiro trimestre, pré-eclâmpsia e hipertensão gestacional, além do descolamento prematuro da placenta, prematuridade, baixo peso ao nascer, hemorragia pós-parto, necessidade de parto cesariano e aumento da mortalidade perinatal.
Deficiência do iodo
A deficiência de iodo é uma situação que causa diversos problemas, pois os hormônios da glândula tireoide atuam no crescimento físico e neurológico, além de bom funcionamento do nosso metabolismo, sendo essenciais para o funcionamento de diversos órgãos.
As crianças sofrem mais com a deficiência de iodo, pois podem sofrer de cretinismo (retardo mental grave), além de surdo-mudez ou anomalias congênitas. A deficiência de iodo também está relacionada ao maior índice de nascimento de bebês mortos, além do nascimento de crianças com baixo peso.
As mulheres grávidas com baixos níveis de iodo são mais propensas a problemas gestacionais, como hipertensão gestacional, hemorragia pós-parto, abortos espontâneos, além de mortalidade materna.
A manifestação clínica mais visível da deficiência de iodo é o bócio (popularmente conhecido como papo), que é um crescimento da glândura tireoide, localizada na base frontal do pescoço.
Sintomas de excesso de iodo
Embora raro, o excesso de iodo é possível quando há consumo excessivo desse elemento, seja por medicamentos, seja por alimentos, afetando, assim, a função da tireoide. Em muitos dos casos, o excesso de iodo sequer causa sintomas, mas, em algumas situações (particularmente em pessoas que costumam consumir baixa quantidade de iodo), faz com que a tireoide se torne hiperativa e assim produzindo hormônios em excesso (hipertereoidismo).
Entre os sintomas do hipertireoidismo temos o nervosismo, ansiedade e irritação, com tremor nas mãos e sudorese nessas partes. Há também ocorrência de perda de apetite, intolerância a temperaturas quentes, fraqueza muscular, queda de cabelo, deficiência de cálcio nos ossos, além de intestino solto. O hipertireoidismo pode acarretar ainda o surgimento do bócio, além de insônia e perda de peso em decorrência da queima de músculos e proteínas.
O hipertireoidismo também pode ser causado pela doença de Graves, que ocorre quando o nosso sistema imunológico começa a produzir anticorpos que afetam a glândula tireoide. No caso da doença de Graves, os olhos acabam sendo mais afetados, causando dor em sua movimentação, fotofobia, além de olhos avermelhados e saltados.
Por outro lado, o excesso de iodo também pode afetar a produção de hormônios tireoidanos, levando à condição de hipotireoidismo, ocasionando em gosto metálico na boca, irritação do trato digestivo, além de maior produção de saliva e erupções cutâneas.
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Alimentos ricos em iodo
Os alimentos ricos em iodo são principalmente os de origem marinha, como ostras, moluscos e peixes de água salgada. Um bacalhau cozido, por exemplo, pode apresentar 186 μg de iodo para cada 100 gramas de peixe.
O iodo também pode ser obtido a partir do leite e ovos de animais que tenham pastado em solos ricos em iodo, ou que foram alimentados com rações iodadas. Da mesma forma, vegetais colhidos em solos ricos em iodo também são boas fontes.
Contudo, por recomendação da Organização Mundial da Saúde, o iodo é, em geral, adicionado ao sal de cozinha, tempero amplamente utilizado. Nesse tempero, os níveis de iodo são da ordem de 284 μg para cada 100 gramas.
A ingestão recomendada de iodo varia muito de acordo com a idade, principalmente para crianças, as quais podem ter doses entre 90 e 150 μg diários de ingestão recomendada desse elemento. Para adultos, a dose diária recomendada é de 150 μg.
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