O transplante de coração, procedimento cirúrgico em que o apresentador Fausto Silva (Faustão) foi submetido ontem (27), é feito no Brasil desde 1968.
A realização da cirurgia do comunicador causou repercurssão na internet. Uma das principais dúvidas se refere a como funciona a lista de espera da cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No Brasil, todos os pacientes que necessitam de um transplante de coração precisam estar inscritos no Sistema Nacional de Transplantes (SNT), coordenado pelo Ministério da Saúde. Segundo a pasta, somente no primeiro semestre de 2023 foram realizados 206 de transplantes de coração no país, um aumento de 16% em relação ao ano anterior.
O Brasil Escola conversou com especialistas que explicam como é feito o transplante de coração e a lista de espera do procedimento.
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O que é transplante de coração?
O transplante de coração consite em um procedimento cirúrgico de complexidade em que se retira um coração com alguma disfunção ou doença e faz a substituição por um outro coração saudável, conforme explica a professora de Biologia Nicole Sozza neste artigo.
Para realizar o transplante de coração é necessário que haja a doação do coração. Este órgão deve ser compatível com o corpo da pessoa que precisa do transplante.
Critérios de compatibilidade do transplante de coração
A gerente de transplantes da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), Katiuscia Christiane Freitas, cita os critérios de compatibilidade para o transplante de coração:
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Compatibilidade sanguínea;
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Compatibilidade genética;
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Tempo de inscrição em fila;
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Peso;
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Altura;
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Gravidade.
Katiuscia explica que todos esses critérios são levados em consideração para que o sistema selecione a compatibilidade entre doador e receptor.
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Transplante de coração do apresentador Faustão
O transplante de coração do apresentador Faustão levantou debate quanto ao processo de realização do procedimento via SUS. Katiuscia Christiane Freitas, gerente de transplantes da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), explica sobre a situação:
Como é feito o transplante de coração?
O transplante de coração se inicia com a aplicação da anestesia geral no paciente receptor, que se mantém inconciente durante todo o procedimento, explica a professora Nicole Sozza.
Uma incisão no peito para acessar o coração é feita e, com isso, são desconectados os vasos sanguíneos e o órgão é retirado do corpo. Ao longo de todo o processo, o paciente é mantido conectado a uma máquina que realiza o papel de bombeamento do sangue.
O coração do doador é colocado no corpo e feita as conexões dos casos sanguíneos. Segundo Nicole, dessa forma é feita o restabelecimento da circulação, a equipe médica fecha a incisão e encaminha o receptor para monitoramento pós-operatório.
A rejeição do órgão pelo organismo que o recebe é um dos principais fatores de risco após a cirurgia de transplante de coração. Esse processo pode se estimulado por uma ação do sistema imunológico do paciente que causa uma reação, afirma Sozza.
Como funciona a lista de espera do transplante de coração no Brasil?
A lista de espera para transplante de coração possui atualmente cerca de 380 pessoas aguardando pelo procedimento no Brasil, afirma Katiuscia Freitas.
É necessário que o paciente esteja inscrito no cadastro técnico único do Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Esse sistema é gerido por meio do SUS e coordenado juntamente com as centrais estaduais de transplante.
Independente da condição social, se a pessoa possui plano de saúde ou não, todos os pacientes estão na mesma lista de espera para o transplante de órgãos ou tecidos, pondera Katiuscia.
De acordo com a gerente de transplantes, existem casos que serão priorizados devido à gravidade. As indicações estão previstas na legislação. É necessário que o médico comprove a prioridade por meio de exames e todas as indicações estão previstas na legislação.
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Doação e transplante de coração
A doação de órgãos acontece após a morte encefálica. É necessário o consentimento da família para a doação. O processo envolve a avaliação da viabilidade de cada órgão, seleção dos receptores, logística e organização para que o órgão chegue a tempo no receptor, explica Katiuscia.
No caso do estado de Goiás que não realiza transplante de coração, a equipe médica realiza a captação do coração e profissionais de outros estados, como o Distrito Federal e São Paulo, buscam o órgão.
O coração possui quatro horas de viabilidade após a retirada do corpo. Para isso, há o apoio da Força Áerea Brasileira para que o transporte ocorra em tempo hábil, pontua a gerente de transplantes da SES de Goiás.
Crédito da imagem:
[1] Elza Fiuza | Agência Brasil
Por Lucas Afonso
Jornalista