Saiba como é trabalhar em uma plataforma de petróleo em alto-mar
Saiba como é trabalhar em uma plataforma de petróleo em alto-mar
Conheça a realidade de diferentes profissionais que trabalham em uma plataforma de petróleo da Petrobras
Em 18/03/2024 16h07
, atualizado em 26/03/2024 13h56
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Já imaginou como funciona uma plataforma de petróleo? Por lá, dezenas de profissionais vivem dias embarcados em uma verdadeira 'cidade em alto-mar' que realiza a extração e produção de óleo e gás, retirados do fundo do oceano.
Em busca de conhecer e entender o funcionamento dessa engenharia, a equipe do Brasil Escola viajou para Vitória, no Espírito Santo, e embarcou em uma aventura que mostra a realidade dos profissionais que vivem e trabalham em uma plataforma de petróleo no meio do mar, a 80 quilômetros do continente.
O trajeto para a plataforma P-57, localizada na Bacia de Campos no Campo de Jubarte, começa no Aeroporto de Vitória. A viagem é feita de helicóptero e dura em torno de 35 minutos de voo sobre o mar.
As dimensões da plataforma impressionam pela grandiosidade. O complexo possui cerca de 300 metros de comprimento e o ponto mais alto chega a 100 metros de altura.
Na unidade, ocorre o processo de produção do petróleo que é extraído do fundo do mar. A profundidade da água é de 1.261 metros (chamada de profundidade de lâmina d'água), embora o óleo extraído na plataforma, localiza-se a 2.000 metros mais profundos. A P-57 atua na camada de pós-sal e começou sua operação em dezembro de 2010.
Veja, no vídeo abaixo, o relato de alguns profissionais que trabalham em uma plataforma de petróleo:
Como é trabalhar em uma plataforma de petróleo
A plataforma de petróleo P-57 é do tipo FPSO (do inglês Floating, Production, Storage and Offloading) que é uma unidade flutuante capaz de produzir, armazenar e escoar óleo e gás extraídos do fundo do mar.
Atualmente são em média 157 pessoas que trabalham embarcadas na plataforma. Algumas com escala de trabalho de 14 dias na plataforma e os outros 14 dias de folga no continente. E outras, ficam embarcadas 14 dias e 21 dias de folga em terra firme.
São diversos os profissionais que atuam em uma plataforma de petróleo. É como se fosse uma cidade em alto-mar, com espaço para as refeições, lazer, treino e descanso. Por isso, há demanda para que diferentes profissões estejam presentes no dia a dia da plataforma.
Os colaboradores que conversaram conosco relatam sobre a relação que se cria dentro da plataforma. “Formamos uma família aqui a bordo”, afirma Humberto Kunsh de Melo (37), supervisor de manutenção mecânica. Entre os maiores desafios apontados pelos trabalhadores está o fato de não estarem sempre presentes com os amigos e familiares em momentos importantes. Já que ficam a bordo 14 dias seguidos.
No caso da P-57, ela já funcionou um dia como navio cargueiro e atualmente está totalmente adaptada para executar as atividades de uma plataforma de petróleo.
Bruno Ferreira (39) é o atual gerente de plataforma que para Marinha é visto como comandante da embarcação, profissional que responde pela integridade de todos que estão a bordo. Natural da Bahia, Bruno trabalha na Petrobras há 16 anos, desde sua aprovação no concurso público para Engenheiro de Processamento em 2008.
Mulheres em uma plataforma de petróleo
A enfermeira Iasmin Leite (25) é a única profissional de saúde embarcada na P-57 e atua em atendimentos clínicos, de emergência e urgência, dos profissionais que trabalham na plataforma. Movida pela curiosidade, Iasmin que antes trabalhava com enfermagem em unidades de saúde, decidiu se aventurar para exercer sua função em alto-mar.
Ela reforça a importância das mulheres ocuparem espaços como a plataforma de petróleo. “Nós mulheres precisamos fortalecer nossa presença no meio industrial”, enfatiza.
A capixaba Dédima Oliveira (35) ocupa um cargo de liderança na plataforma atuando como supervisora de produção. Formada nos cursos Técnico em Automação e Engenharia de Produção, seu ingresso na Petrobras ocorreu em 2010.
"É uma área que fascina muito. Olhamos para uma plataforma de petróleo e questionamos: como vou trabalhar aí? É muita tubulação, é muita linha, muito equipamento, muito metal! Mas, temos oportunidade para todos. Trabalhamos com uma sinergia muito boa. E esperamos que mais mulheres possam vir trabalhar conosco para fazer com que o ambiente seja mais diverso."
Dédima Oliveira
O objetivo da equipe, enfatiza Dédima, é trabalhar para que as mulheres compreendam que esse ambiente também é para elas.
Realidade de uma pessoa com deficiência na plataforma de petróleo
Aos 13 anos, um acidente tornou Vinicius Martinelli, hoje com 45 anos, uma pessoa com visão monocular. A condição é definida, de acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS), quando a pessoa tem visão igual ou inferior a 20% em um de seus olhos e no outro mantém a visão normal.
Vinicius é capixaba e desde que se tornou uma Pessoa com Deficiência (PcD) buscou por meio dos estudos alternativos de crescimento pessoal e profissional. Se formou em uma escola técnica no curso de Eletrotécnica e no curso de Engenharia Eletrônica.
"É uma mudança radical em sua vida quando você se torna uma pessoa com deficiência. Paramos para pensar muito fortemente na vida. Quem é PcD sabe disso, é um divisor de água."
Vinicius Sperandio
Entenda o que é inclusão social, sua aplicação e leis neste artigo.
O processo de exploração e produção de petróleo em alto-mar é conhecido como off-shore. Existem tipos diferentes de plataformas de petróleo. A do tipo fixa estão localizadas em regiões com menor profundidade (lâmina d'água de até 300 metros), enquanto as do modelo FPSO, flutuantes, podem atuar em águas ultraprofundas.
A primeira plataforma de petróleo do tipo FPSO da Petrobras foi inaugurada de forma oficial em 1992, no entanto, desde a década de 1980 essas unidades já estavam em operação.
Entre as etapas que fazem parte produção e exploração de petróleo em alto-mar, estão:
Perfuração de poços por navios sondas;
Extração de óleo e gás do fundo do mar por meio dos poços a partir da plataforma de petróleo;
Injeção de água e gás para o preenchimento de reservatórios;
Processamento de óleo e gás em módulos específicos distribuídos na plataforma de petróleo;
Transferência do óleo para navios aliviadores e do gás através de gasodutos.
A perfuração dos poços de extração de petróleo é realizada por um navio sonda e não pela plataforma. Com os poços perfurados, a plataforma atuará na extração do óleo e gás do fundo do mar. Nesse processo, haverá poços específicos para a retirada dos materiais e outros com a função de injetores, que completam os reservatórios com gás e água na medida que o óleo é retirado.
O óleo é transferido para a plataforma por meio dos dutos, chamados de flow (no fundo do mar) e risers (quando chegam à plataforma). Já em circulação o óleo e gás são processados em módulos responsáveis por etapas específicas da produção.
Após o processamento, a plataforma estoca os produtos. O escoamento do óleo é feito por meio da transferência do líquido para navios aliviadores. Enquanto o gás é enviado ao continente através de gasodutos que estão no mar. O gás da P-57 é escoado para a Unidade de Gás Sul Capixaba (UTGSUL), localizada na cidade de Anchieta (ES), por meio do gasoduto Sul Capixaba que possui 83 quilômetros de extensão.
Para garantir a manutenção dos equipamentos que estão trabalhando no fundo do mar, Vinicius Martinelli, coordenador de produção da P-57, explica que robôs atuam constantemente na inspeção e verificação de possíveis irregularidades.
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Plataforma P-57 da Petrobras em Vitória, no Espírito Santo
Localizada aproximadamente a 80 quilômetros do continente, a plataforma FPSO P-57 da Petrobras possui a capacidade de produção diária de óleo de cerca de 180 mil barris de óleo e de gás em 2 milhões de Nm³.
“Aqui na plataforma geramos a nossa própria água de consumo”, Carlos Eduardo (38), gerente de operação da plataforma P-57. A unidade é capaz de tratar a água salgada do mar para a tornar própria para o consumo. O profissional explica que a plataforma funciona como se fosse um outro mundo. Entre as atividades importantes realizadas em alto-mar está o tratamento de esgoto na própria plataforma.
Carlos Eduardo é baiano e se formou em Engenharia Química. Atualmente, sua função na P-57 como gerente de operações é administrar os processos realizados na unidade, visando manter a produção de óleo e gás de forma segura.
Entre suas atribuições é organizar as demandas necessárias dentro da plataforma como a necessidade de manutenção em equipamentos, garantir que os equipamentos de segurança estão em dia, bem como gerencia a logística de mantimentos e produtos do continente para a plataforma.
Os mantimentos, comidas e produtos necessários para o funcionamento da unidade são enviados do continente para a P-57 por meio de embarcações. A frequência que a equipe recebe esses itens é de cinco dias em média, explica o gerente de operações.
A plataforma possui a capacidade de gerar sua própria energia por meio do gás contido na unidade. A potência da P-57 é de 75 MegaWatts, afirma Carlos.
Para trabalhar em uma plataforma de petróleo da Petrobras, uma possibilidade é prestar o concurso público realizado pela empresa. No último processo seletivoforam abertas 916 vagas para cargos de nível técnico. A remuneração mínima oferecida foi de R$5.878,82. As provas do concurso serão aplicadas no dia 24 de março.
A Petrobras possui reserva de vagas para pessoas negras e pessoas com deficiência. Neste último concurso, por exemplo, 20% das vagas reservadas disponíveis foram reservadas para cada um desses dois grupos.
Confira alguns cargos que atuam na plataforma P-57:
Gerente de Plataforma
Coordenador de Produção
Coordenador de Manutenção
Coordenador de Embarcação
Supervisor de Produção
Supervisor de Mecânica
Supervisor de Elétrica e Instrumentação
Operador de Produção
Técnico de Laboratório
Técnico de Mecânica
Técnico de Elétrica
Técnico de Instrumentação
Técnico de Automação
Técnico de Estabilidade
Técnico de Logística de Transporte
Técnico de Inspeção de Equipamentos
Técnico de Segurança do Trabalho
Técnico de Suprimentos
Técnico de Telecomunicações
Caldeireiro
Montador de Andaime
Pintor
Técnico de Planejamento
Operador de Rádio
Nutricionista
Chefe de Cozinha
Auxiliar de Cozinha
Taifeiro
Auxiliar de Movimentação de Cargas
Guindasteiro
Mestre de Cabotagem
Oficial de Náutica
Marinheiro
O que é e para que serve o petróleo?
O petróleo é um combustível fóssil formado por uma substância oleosa originada a partir da decomposição de matérias orgânicas, explica a professora Rafaela Sousa neste artigo. Localizado em bacias sedimentares, no fundo do mar, tornou-se um dos principais recursos naturais utilizados como fonte de energia hoje em dia.
Apesar de ainda representar influência significativa na economia como fonte energética, o petróleo está dando lugar a fontes alternativas de energia que geram menos impactos ao meio ambiente.
O petróleo é utilizado como fonte de energia por meio de seus derivados, como também serve, segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), de matéria-prima para a fabricação de plásticos, borrachas sintéticas, tintas, solventes e produtos cosméticos.
Confira, abaixo, algumas curiosidades sobre uma plataforma de petróleo:
Algumas plataformas de petróleo chegam a ficar a 200 quilômetros do continente.
Os quartos em que residem os trabalhadores da P-57 são chamados de camarotes.
A plataforma possui vias na cor verde com sinalização de setas que indicam a direção para um ambiente do casario, onde todos devem se encontrar em situações de emergência.
Em alguns dos corredores da plataforma existem barras utilizadas para impedir a passagem de óleo caso ocorra algum tipo de derramamento.
É necessário utilizar macacões, botas, óculos e luvas nos ambientes de produção da plataforma.
Diversas âncoras gigantescas são fixadas a mais de 1 mil metros de profundidade para estabilizar a plataforma P-57;
Para chegar à plataforma P-57 é necessário ir de helicóptero. Um voo que dura em torno de 35 minutos sobre o mar;
A plataforma P-57 já atuou como navio cargueiro. A embarcação começou a navegar em 1987 e saiu de Cingapura;
Nem toda a plataforma do tipo FPSO já foi um navio cargueiro um dia. Modelos mais novos são produzidos do zero para a função de plataforma de petróleo;
Para se ter uma ideia, a plataforma P-57 é maior que o Titanic que tinha 269 metros de comprimento.