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Dia do Nutricionista: profissionais explicam o que é terrorismo nutricional

Nutricionistas mostram também quais são as consequências e dão dicas para combater o terrorismo nutricional

Em 31/08/2023 07h00 , atualizado em 31/08/2023 14h34
Termo está em alta nas redes sociais
Ouça o texto abaixo!

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Quando uma pessoa diz, sem ter conhecimento, que determinado alimento é um vilão ou um hábito alimentar está errado, ela está cometendo terrorismo nutricional. O termo está em alta no momento, especialmente nas redes sociais.

Hoje, 31 de agosto, Dia do Nutricionista, conversamos com profissionais da área - os mais indicados para definir se certo alimento é adequado ou não para o paciente - para entender como o terrorismo nutricional ocorre, suas consequências e como combatê-lo.

Quem é graduado no curso de Nutrição atua na promoção, manutenção e recuperação da saúde por meio da nutrição. Ele é o único profissional habilitado para prescrever dietas e orientações nutricionais a partir da individualidade de cada paciente.

Pamella Diniz, especialista em nutrição clínica e esportiva e mestre em assistência e avaliação em saúde, explica que as pessoas devem procurar um nutricionista sempre que tiverem alguma patologia ou que precisarem melhorar sua alimentação para algum objetivo definitivo.

O nutricionista, de acordo com a profissional, deve ser procurado em situações como busca pelo emagrecimento, desejo por fazer uma reeducação alimentar, a descoberta de alergias ou intolerências alimentares, etc.

Leia também: Dia do Nutricionista - confira como é o curso e a profissão

O que é terrorismo nutricional?

Fernanda Camargo

Terrorismo nutricional é um termo usado para descrever a categorização dos alimentos apenas por sua função nutricional e quantidade calórica, conforme detalha neste artigo a mestre em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo, Heloisa Fernandes Flores.

Bruna e Carol Alcarde, as “NutriGêmeas Alcarde”, nutricionistas comportamentais e esportivas, explicam que o terrorismo nutricional é um termo utilizado no âmbito da nutrição comportamental para descrever um padrão de comunicação negativa e alarmista em relação aos alimentos e à alimentação.

"O terrorismo nutricional pode incluir informações enganosas, exageradas ou distorcidas sobre os efeitos dos alimentos na saúde, muitas vezes com o objetivo de causar medo, ansiedade ou culpa nas pessoas em relação às suas escolhas alimentares"

NutriGêmeas Alcarde

A nutricionista especialista em fitoterapia Juliana Salles comenta que terrorismo nutricional também inclui reduzir um alimento a sua composição e função, cortar bruscamente ou inserir algo várias vezes na alimentação e também seguir métodos mirabolantes ou as famosas “dietas da moda”.

A profissional lembra que, embora o termo terrorismo nutricional tenha sido criado nos anos 2000, ele existe há mais tempo. Ela ressalta que, hoje em dia, os grandes responsáveis por essa disseminação de informações são as redes sociais, mas antigamente o terrorismo nutricional era muito visto em revistas.

"Vale reforçar que o terrorismo nutricional é algo que varia de acordo com os padrões e opiniões de uma sociedade, às vezes interpretando um estudo de forma radical ou também há muitos que fazem discursos sem tanto embasamento científico (fake news)", salienta.

Fernanda Camargo Ramos, da área de Nutrição funcional e fitoterapia, alerta que o terrorismo nutricional ocorre mais especificamente quando mitos e mentiras são divulgados em veículos de mídias sociais como verdade absoluta, causando alterações de comportamento não desejadas nesses indivíduos.

"A pessoa que recebe a informação (errada) de terrorismo nutricional e confia nesse indivíduo, acaba de forma restritiva retirando esse alimento, sem contexto algum e pode ter alguns problemas ao longo dessa jornada"

Fernanda Camargo Ramos

O terrorismo nutricional pode levar pessoas desinformadas a desenvolverem transtornos alimentares, tais como bulimia, anorexia nervosa e compulsão alimentar.

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Exemplos de terrorismo nutricional

A profissional Fernanda exemplica uma situação na qual ocorre terrorismo nutrional: 

"Uma pessoa não pode comer glúten, devido a alguma sensibilidade ao glúten não celíaca, porém isso é a individualidade dela e não da maioria das pessoas. No entanto, esse mesmo indivíduo é formador de opinião, ou então atua em algum cargo que possibilite que ele tenha audiência, e ele começa a declarar que glúten inflama, engorda, que com glúten na dieta não é possível ter saúde e emagrecimento e por aí vai", conta a profissional.

Ao fazer uma varredura na internet, especialmente nas redes sociais, encontram-se vários outros exemplos de frases que sinalizam terrorismo nutricional, os quais na maioria das vezes não têm fundamento, tais como:

  • Não se pode comer carboidratos, pois eles engordam;

  • Deve-se retirar glúten e lactose para perder peso;

  • Não se deve comer muito à noite;

  • Deve-se comer somente chocolate amargo;

  • Açúcar é veneno;

  • Pão engorda;

  • Comer bolo provoca doenças.

Como combater o terrorismo nutrional?

Pamella Diniz

A especialista em nutrição clínica e esportiva Pamella Diniz ressalta que, para combater o terrorismo nutricional, as pessoas sempre devem adquirir informações com profisionais sérios e éticos.

Bruna e Carol Alcarde, as “NutriGêmeas Alcarde”, nutricionistas comportamentais e esportivas, revelam que se informar é muito importante para tratar o terrorismo nutricional.

"A forma de combater o "terrorismo nutricional" é educando as pessoas com informações nutricionais de uma forma leve, sempre fornecendo informações nutricionais verdadeiras e baseadas em evidências. É crucial lembrar que ninguém deveria se sentir mal por comer. Todos nós merecemos uma relação saudável com a comida"

NutriGêmeas Alcarde

Fernanda Ramos concorda, detalhando que ela se dedica a desvendar mitos alimentares, utilizando literatura atualizada para desmascarar supostas correlações que carecem de fundamentos. Além disso, ela compartilha exemplos práticos que confirmam, na realidade, o mito dessas afirmações.

"Acredito que a educação informada é a chave para resistir a informações enganosas, como o terrorismo nutricional, e adotar escolhas alimentares mais conscientes e embasadas em evidências", salienta.

Por fim, a especialista em fitoterapia Juliana Salles ressalta que é muito importante que as pessoas procurem por profissionais especializados no assunto, no caso, os nutricionistas.

"Hoje, há muitos “coaches” e pessoas de outras profissões que querem desempenhar um papel que não lhes pertence. Procurar um nutricionista, seja para ser atendido ou para consultar suas dúvidas checando seus perfis profissionais em redes sociais, é primordial"

Juliana Salles

Juliana Salles

Dicas para lidar com o terrorismo nutricional 

As nutricionistas listaram dicas para que as pessoas não caiam nas armadilhas do terrorismo nutricional. Confira:

  • Procure informações corretas e verídicas com nutricionistas, e que sejam realmente habilitados para isso;

  • Bsque acompanhar profissionais que se baseiam em ciência para seguir, escolha bem suas influências, não acredite em notícias parciais e sensacionalistas em relação a um alimento;

  • O que determina se você pode ou não comer algo são suas queixas, presença de doenças/distúrbios/intolerâncias ou objetivos;

  • Entenda que muitas dessas regras e dicas que aparecem na internet são informações radicais e até mesmo falsas. A diferença entre o remédio e o veneno é a dose!

  • Sempre considere sua individualidade; se observe, perceba o que faz bem e o que não faz bem;

  • Tenha auto crítica sempre;

  • Lembre- se que nenhum alimento por si só é vilão ou mocinho, depende do contexto atual que essa pessoa está inserida incluindo corpo e mente;

  • Ame-se, acima de tudo, assim como você é, busque sempre o melhor da sua versão e não de nenhum fulano(a) na internet.

Leia também:

Entenda a diferença entre nutricionista e nutrólogoi

Créditos das imagens:

Arquivo pessoal

Por Silvia Tancredi
Jornalista