As manifestações dos caminhoneiros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que não aceitam o resultado das eleições, já começa a ser sentido em vários setores da economia como supermercados, combustíveis, saúde, indústrias, viagens entre outros. Além deles, a população também está tendo inúmeros transtornos.
Iniciados ainda na noite de 30 de outubro, eles seguem hoje, 3 de novembro, em muitos estados, mesmo após a determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de liberar todas as estradas do país e com o pedido do atual presidente Bolsonaro, para que os protestos sejam findados.
Impacto das manifestações
Algumas entidades já estão emitindo alertas quanto ao fornecimento de itens indispensáveis para a população, que pode ser prejudicada por conta dos bloqueios das estradas. Postos de algumas regiões já estão apresentando falta de produto. As bases também estão com problemas de suprimentos (anidro e hidratado), uma vez que os caminhões não conseguem chegar para descarregamento.
Outro setor que também já está sentindo o impacto dessas paralisações é o de viagens e turismo. As rodoviárias de muitos estados já informaram o atraso e cancelamento de viagens que iriam ocorrer.
As linhas mais afetadas com as manifestações nas rodovias foram as interestaduais para São Paulo e Rio de Janeiro.
Em voos comerciais, muitas pessoas não conseguiram chegar no horário de seus embarques e outros também tiveram voos cancelados, devido aos bloqueios das vias. A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) publicou uma nota em seu site oficial informando ter alertado as autoridades sobre o impacto dos bloqueios na malha aérea. Se as obstruções persistirem, "o setor poderá sofrer com desabastecimento de combustível", alertou.
Em relação ao setor supermercadista, algumas unidades já começam a sofrer com baixas no estoque e enfrentam dificuldade na reposição.
No setor de saúde, a Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde (Abimed) também comunicou que enviou ofícios para as autoridades competentes a respeito da situação de bloqueio das vias de locomoção no País. O objetivo principal é garantir o pleno acesso à saúde por parte da população, mesmo em um momento conturbado.
Mas ainda assim, casos de pessoas que perderam consultas e exames importantes, por não conseguirem chegar aos locais devido aos bloqueios começaram a aparecer. Outros com parentes em estado grave, necessitando chegar logo aos hospitais para ter atendimento, famílias presas em estradas ou buscando "atalhos" por outros caminhos, aumentando o tempo e gasto das viagens também foram relatados.
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Prejuízo para comércio pode superar 2018
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apurou que as perdas diárias para o comércio com os bloqueios podem gerar um prejuízo maior que R$1,8 bilhão, registrado em 2018.
De acordo com a entidade, a greve dos caminhoneiros neste ano em questão causou retração de 5,8% no volume de vendas, com um custo total para o varejo, em valores atuais, de R$18 bilhões.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também alertou quanto ao risco de desabastecimento e falta de combustíveis, caso as rodovias não sejam rapidamente desbloqueadas.
Em nota, a entidade disse que “as indústrias já sentem impactos no escoamento da produção e relatam casos de impossibilidade de deslocamento de trabalhadores. As paralisações também já atingem o transporte de cargas essenciais, como equipamentos e insumos para hospitais, bem como matérias-primas básicas para as atividades industriais”.
Dados da CNI mostram que 99% das empresas brasileiras usam as rodovias para transporte de sua produção.
Quase 48 horas depois, Presidente se manifestou
Depois de mais de 40 horas sem se manifestar sobre as paralisações e protestos, o presidente Jair Bolsonaro se pronunciou na tarde do último dia 1º, de forma breve. Foi a primeira aparição da autoridade após a divulgação do resultado das eleições, em que ele não foi reeleito.
Durante a coletiva de imprensa, no Palácio da Alvorada, Bolsonaro comentou sobre os protestos feitos por caminhoneiros contrários ao resultado da eleição presidencial.
“Os atuais movimentos populares são frutos de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas nossos métodos não podem ser como o da esquerda, que sempre prejudicaram a população”, declarou.
Na noite de ontem (2), o presidente publicou um vídeo em seu Facebook pedindo que seus apoiadores desobstruam as rodovias que estão ocupando por todo o país. Ele disse que entende a frustração dos manifestantes, mas, o momento é de “colocar a cabeça no lugar”.
O presidente sugeriu que seus apoiadores manifestem sua indignação em praças e locais que não atrapalhem a locomoção dos demais brasileiros.
Por Érica Caetano
Jornalista